Eu não concordei muito com a ideia de ir para uma festa, estava exausto da viagem. E, além disso, bem lá no fundo, no fundo mesmo, eu não queria ver a patricinha bebendo mais e mais e acabar quase se fundindo com o mané do Jonnatan na minha frente. A tal Alexis até que era linda, mas por um motivo ridículo eu não tirava a Susie da minha cabeça.

Nós fomos em dois carros, Lennon, Ian, Rob e Luna em um e a patricinha, Jonnatan , Alexis e eu em outro. As duas não paravam de conversar futilidades e o idiota concordava e falava coisas sem sentido tentando impressionar, eu queria dar um soco bem no meio das fuças dele. A parte da praia onde ia ocorrer o tal luau era bem distante, e de acordo com Alexis isso é para o barulho não incomodar as pessoas. Quando chegamos, a festa já estava lotada, pessoas dançavam e se embebedavam ao som do reggae, uma nuvem de fumaça cobria o local e o cheiro da maconha era forte. Não me importei muito com isso, o cheiro de marijuana me acalmava.

Todos se espalharam rápido pelo local, minha hermana foi logo empurrando Rob para dançar, Ian e Lennon foram caminhando em direção à praia e a patricinha, o idiota e a Alexis foram ao bar pegar algumas bebidas e se juntaram a Luna e Robert. Eu fiquei no bar, enchendo a cara. Eu tava ficando maluco? Depois de bem a quinta dose de whisky eu resolvi fazer alguma coisa, comprei um pouco de marijuana e fumei um pouco, vi Rob e Luna estavam em outro mundo por conta do efeito da maconha e do álcool, Lennon e Ian estavam praticamente se fundindo e para a minha surpresa Alexis e Jonnatan também. Procurei a patricinha e a vi sentada, sozinha perto do mar com uma garrafa de Jack Daniels. Sorri. Foda-se. Eu fui até lá.

– Valentina, Valentina! – Disse perto da sua orelha o que a fez tremer um pouco – Qual o seu problema garota? – Ela gargalhou –

– O meu? – Sorriu e eu sentei ao seu lado – Você não se enxerga não?

– Não! – Nós rimos - Quer? – Ofereci o cigarro e ela pegou da minha mão e em seguida o tragando – Parece que Jonnatan e Alexis se deram bem! – Ela riu e me devolveu o cigarro –

– Acho melhor assim que ele para de encher o meu saco – Traguei o cigarro e o dei para ela – Eu não te entendo guerrilheiro, te juro. – Ela tragou o cigarro e fitou o horizonte –

– Digo o mesmo patricinha. – Ela sorriu e eu procurei gravar essa imagem na minha mente, ela estava maravilhosa –

– Desculpe por ter estragado a nossa trégua mais cedo – Quebrei o silencio e ela sorriu –

– Tudo bem, eu te desculpei quando vi essa marca de mordida bem no meio do seu rosto! Ficou ótima! – Ela gargalhou – Vem, vamos dançar! Eu gosto dessa música e tu foste à única coisa que me sobrou! – Ela levantou me puxando –

– Hey! Eu aqui tentando ser legal...

– Te cala! – Ela falou rindo e me guiou para o meio onde estava tocando dont you worry child, mas assim que começamos a nos mexer a musica para e outra um pouco estranha começou a tocar – Oh não! Isso é tudo culpa tua, sua imitação barata de Che! Fica lezando.

– Imitação do Che? Sério, você acha? – Perguntei sorrindo e ela afirmou com a cabeça meio desengonçada por causa do efeito do álcool. – É, você acabou de subir no meio conceito!

– Anyaway, você não subiu nada! Mas que musica é essa? – Ela perguntou rindo e começando a dançar lindamente- Você não vai dançar? – Ela perguntou séria –

“When I wake up well I know I'm gonna be
I'm gonna be the man who wakes up next to you”

(I'm Gonna Be (500 Miles) by The Proclaimers - http://www.youtube.com/watch?v=r1OggKaCFKQ)

– Eu não danço. – Ela arqueou a sobrancelha – Eu não sei dançar patricinha, satisfeita?

– Não! – A teimosa pegou minhas mãos e começou a mexe-las – Agora se mexe! – Ela falou com um tom mandão e eu obedeci –

Ela dançava como o mundo fosse acabar a qualquer instante, de um jeito contagiante e divertido e mesmo sem intenção, de um jeito provocante. Ela se movia para todos os lados rindo e fazendo umas coisas malucas que eu nunca pensei que Valentina Cooper fizesse, mas esses dias ela tem me surpreendido muito. E eu tentava acompanhar a garota.

– Oh céus! – Ela disse rindo como se o mundo fosse acabar – Definitivamente você não nasceu para isso, acho melhor voltar pra sua guerrilha! – Ela estava certa. Eu ri. –

– Porque você é uma excelente dançarina, não é? – Disse irônico, mas ela era mesmo, de tirar o fôlego de qualquer cara. –

– Dançarina não! Eu não fui obrigada a fazer ballet quase a minha vida inteira para um pangaré me chamar de dançarina! – Ela disse fechando a cara e eu gargalhei. – É bailarina. – Revirou os olhos - Olha aqui ...- Ela veio cambaleando para perto e acabou tropeçando nos próprios pés e eu a segurei pela cintura, colando nossos corpos. Ela olhou para baixo e colocou a mão na testa –

– Você está bem? – Perguntei erguendo seu rosto com meus dedos. –

Ela me fitou com os seus olhos insanos, eu sentia a sua respiração irregular no meu rosto e sabia que ela sentia que a minha estava do mesmo jeito. Fui me aproximando lentamente cada vez mais e depositei um beijo leve em seus lábios, eu não sabia qual ia ser a reação da maluca, mas a força com que ela puxou os meus cabelos foi terrível, o que me fez beija-la de novo, dessa vez minha pedi passagem com a minha língua e ela cedeu instantaneamente, eu queria fundir o seu corpo ao meu só para não precisar me separa dela, eu não estava mais nem ai que ela tenha virado o meu mundo de cabeça para baixo com esse gênio difícil, mimado e cheio de vontades, eu a queria e pronto, mesmo sabendo que quando acordar amanha quando o efeito da bebedeira acabar ela vai dar um chilique do tamanho da América.

Ficamos um bom tempo nos beijando, essa garota estava me deixando maluco, tinha vontade de mandar meu autocontrole estava para o espaço quando ela puxava os meus cabelos, mas antes que fizéssemos uma insanidade parei com aquilo. Que porra de consciência.

– Acho que é melhor nós procurarmos os outros, já não tem quase ninguém aqui. – Disse encostando nossas testas –

– Eu definitivamente te odeio guerrilheiro! – Ela revirou os olhos e me puxou para irmos –

– A afirmação é recíproca, Susie! – Ela me olhou feio –

– Susie é o caralho, sou no mínimo uma Barbie! – Bufou - Seu pangaré ridículo!

Achamos Lennon e Ian deitados na areia muito bêbados e Luna e Rob tomando banho de mar, e procuramos Alexis e Jonnatan e todo canto, mas nada dele nem da Alexis. Fomos para o Resort, ele estava na companhia de uma nativa então deveria estar bem. Subimos para os nossos quartos. Assim que entrei no meu, tirei a camisa e o tênis, mas alguém bateu na porta.

– Eu não to conseguindo usar a chave! – Valentina disse chorando e levantando uma chave com uma das mãos e eu ri – Eu não to conseguindo usar essa porra!

– Mas se abre com cartão magnético! – Disse saindo do quarto e a levando até o seu. –

– Não, foi isso que a Luna me deu! – Ela disse em meio a soluços – Eu sou muito burra, não sei usar uma chave quando to bêbada. – A abracei – E você é mais ainda porque não sabe usar uma quando testa sóbrio!

– Como é que é? – Disse me afastando dela – Valentina...

– Para! – Ela disse choramingando – Aqui ó, tem um monte de cartões, tem um gold maravilhoso! – Ela falou me entregando a carteira –

– Valentina, nenhum desses abre! – Eu só posso tá maluco mesmo, mas já que eu to no inferno vou abraçar o diabo. – Vem cá, dorme no meu quarto hoje!

A guiei até o quarto e ela entrou tirando os sapatos e o enorme casaco e eu fui deitar na cama.

– O que você pensa que tá fazendo nessa cama? – Ela perguntou se aproximando –

– Ué, vou dormir! Se não gostar dorme no chão ou no sofá. – Disse me virando e cobrindo o rosto com o travesseiro –

Ela reclamou durante alguns segundos e depois senti alguém deitando ao meu lado. É amanha que Luna morre!