Destino escrita por Eve


Capítulo 16
Capítulo Dezesseis


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pelo atraso, a minha internet de repente resolveu que não é digna de servir à reles mortais como eu. Mas espero que gostem dos capítulos!



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XVI

 

 

Atena estava sentada à janela de seu quarto provisório, um cômodo simples que parecia ter sido arrumado às pressas. O seu quarto, assim como o de todas as outras garotas, ficava na ala oeste do castelo e dali conseguia ver apenas a praia e as costas da muralha que protegia o feudo. Sabia que para além dos muros havia grandes campos de cultivo, seguidos por uma área descampada e então um bosque. Isso apenas no lado oeste. Do outro lado da estrada que cruzava todo o feudo, do primeiro muro à ponte levadiça, estava a vila, reunida basicamente em torno da pequena igreja de pedra. E próximo às casas havia os pastos onde eram criados animais como porcos, ovelhas e vacas, seguidos imediatamente à esquerda pelo pomar, que se estendia até topar no final da muralha leste. Isso fora apenas o que ela conseguira perceber durante sua passagem pela cidade.

Atlântida era bem mais fria do que o Olimpo e até mesmo Ótris, então Atena usava um vestido de lã cinza e grossa forrado com peles. Aquele vestido era um de seus preferidos, pois era mais confortável que os de veludo e menos delicado do que os de seda, e deixava seus ombros e pescoços despidos devido ao modelo do corte, mas tinha mangas longas e folgadas, as preferidas dela. Ainda assim, quando o vento soprou mais forte, ela teve de fechar a janela por conta do frio.

Jogou-se na cama displicentemente. Estava cansada, mas não conseguia dormir. Então se levantou e calçou seus sapatos, saindo rapidamente do quarto. Caminhou pelo castelo tomando cuidado para não se perder na imensidão daqueles corredores. Ela sequer sabia quantos andares tinha a construção; por enquanto havia conhecido apenas o térreo e o andar seguinte, onde estava alojada. Decidiu então bater de porta em porta e desbravar os aposentos que estavam vazios. A maioria eram quartos sem mobília e cobertos por tapeçarias desgastadas. Mas havia alguns cômodos que pelo tamanho poderiam ser qualquer coisa e muitas portas trancadas. Ela estava agora em um grande corredor, o último daquele andar, e todos os aposentos ali estavam trancados ou vazios, tanto que ela não se dava mais ao trabalho de bater de porta em porta. Chegou até a penúltima, que se abriu facilmente, e foi com curiosidade que ela viu que o quarto não estava vazio. Pelo contrário, era bem mobiliado e a lareira estava... Acesa?

“Merda!” Ela pensou enquanto tentava puxar a porta de volta para seu lugar. Havia acabado de invadir um quarto que estava ocupado. Finalmente, com um grande rangido, a porta cedeu e ela a fechou com mais força do que pretendia. O barulho ecoou por todo o corredor e Atena rezou para que o dono do quarto não estivesse ali para ouvir.

E não estava. O dono do quarto estava bem atrás dela, a encarando com olhos negros que exprimiam diversão quando ela se virou e assustou-se com sua presença.

— Hades! Quando você aprendeu a se mover tão silenciosamente?

Ele semicerrou os olhos, numa expressão que dizia que Atena não estava em condições de fazer perguntas. Então a observou de cima abaixo e ela rapidamente ficou ciente do quanto seus ombros e clavícula estavam expostos por aquele vestido. Arrependeu-se de não ter pegado um xale ou manto para cobrir-se antes de deixar seu quarto, e então simplesmente puxou seu cabelo, que estava solto, para frente, cobrindo seu decote o máximo que podia.

— Bem, eu, er... Desculpe-me por invadir seu quarto, eu estava apenas...

— Procurando por Poseidon? – Ele arriscou.

— Não! – Então percebeu que havia falado alto demais e baixou o tom. – Não, claro que não. Eu estava apenas tentando conhecer o castelo, e como todos os aposentos desse corredor estavam vazios eu pensei que esse também estaria e...

— Mas o que está acontecendo aí fora?

Atena fechou os olhos involuntariamente quando ouviu a porta se abrir, já pressentindo o constrangimento que estava por vir. Porque, obviamente, quem ocupava o quarto ao lado era Poseidon. Ele colocou apenas a cabeça para o lado de fora e olhou para Hades com uma expressão que tentava ser zangada mas falhava devido à situação em que se encontravam seus cabelos embaraçados e os olhos inchados de quem dormia.

— Mas o que diabos você está fazendo... – E viu Atena encostada contra a porta do quarto de seu irmão. – Aí?

Hades tomou a palavra.

— Digamos que eu vinha para meu quarto em busca de um repouso merecido depois de nossa longa viagem e encontrei esta bela dama saindo dele sorrateiramente. Ela diz que entrou aí por engano e que estava apenas tentando conhecer melhor o castelo. Que diz, irmão? - Os dois se entreolharam com uma expressão cúmplice. Estavam zombando dela! O sangue subiu às suas bochechas rapidamente.

— Digo que a dama terá bastante tempo para explorar o castelo quando ele for seu, o que deve acontecer em breve. Eu mesma posso oferecê-la um tour particular, se assim desejar. – Ela não conseguia identificar se a voz dele soava como divertida ou se havia alguma insinuação ali.

— Ora, eu... – Atena relanceou o olhar de Hades para Poseidon, e interrompeu-se ao ver que eles tentavam conter o riso. Com um som de indignação, deu as costas a ambos e voltou caminhando depressa pelo corredor. Antes que fizesse a curva já era possível ouvir as gargalhadas dos rapazes. Ela apressou o passo e por fim deu de cara com tia Deméter, parada em frente à porta de seu quarto. Ela provavelmente já devia estar à sua espera ali há algum tempo.

— Atena? O que faz vagando sozinha por aí?

— Eu estava... Er...

— Talvez eu deva dizer à Lady Valence que podemos celebrar o casamento hoje mesmo, já que a noiva está com tanta disposição que se dedica a passear por aí enquanto todos estão recolhidos em seus aposentos. - A reprovação em sua voz era quase palpável.

— Não! – Atena a interrompeu. – Nossa, tia, estou tão cansada... Acho que vou me deitar. - Forjou um bocejo e entrou rapidamente no quarto, trancando a porta atrás de si. Logo se deixou levar pelo sono, mesmo que contra sua vontade.


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Notas finais do capítulo

Capítulo "marromeno", passem logo pro próximo. Mas observem que haverá uma passagem de alguns dias entre um e outro, certo? Não estranhem.