Opostos escrita por Marina Andrade


Capítulo 16
Capítulo 16 - Poção do amor




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James olhava para o teto do dormitório que dividia com Collin, Peter e Dave. Sabia que devia dormir, considerando que já passavam de duas da manhã, e que um teste de Transfiguração o aguardava na primeira aula do dia seguinte. No quarto pairava um silêncio pesado, entrecortado apenas pela respiração dos três grifinórios que, ao contrário de James tinham caído no sono horas atrás. Depois de ter visto Anya e Logan se beijando nos jardins, James havia passado o resto do domingo no quarto, não tendo saído nem sequer para almoçar ou jantar no Salão Principal. Não queria vê-la.

Anya tinha tentado falar com ele durante todo o dia, mandado recados por Collin e Peter, mas James se recusou a conversar com a garota ou ouvir seus recados.

                Collin e Dave tinham passado o dia com ele, saindo apenas para as duas refeições no Salão Principal e para trazer comida para o grifinório. Mas ele não sentia vontade de comer. Ainda não tinha digerido a angústia e raiva em seu estômago. Peter tinha vindo lhe dar um apoio, e depois seguiu para a biblioteca para estudar para os testes da semana, o deixando com Collin e Dave.

James se sentia em uma das situações de filmes trouxas em que um anjo e um diabo imaginários conversam com a consciência do personagem, tentando convencê-lo sobre como agir. Collin passou o dia todo tentando convencer James de que ele deveria escutar Anya, ouvir o lado dela da história. Dave, por outro lado, passou a tarde defendendo que todos os sonserinos são iguais, e que ele sempre tinha desconfiado da garota.

 De certa forma James concordava com Dave. Ele nunca tinha compreendido o porquê de Anya ter aceitado ajudá-lo com Feitiços sem ganhar nada em troca. Um desconhecido, de uma casa rival. Não conseguia decifrar o que é que tinha de errado com ela. Era boa demais para ser verdade. Agora ele sabia.

James pensou por um breve momento em como seria voltar no tempo e recusar a oferta de McGonagall de estudar feitiços com uma desconhecida. Não. Sua consciência recusou a ideia de imediato. Ele suspirou e fechou os olhos. Amar era uma droga.

...

— Mas o que é que deu nele?! – Pansy perguntou com as mãos na cabeça, espantada. Ela e Linda tinham passado o final de semana na casa dos pais, e Draco estava as contando sobre o ocorrido durante o café da manhã. Anya ainda não tinha descido para o café.

— Não faço a menor ideia. – Draco deu de ombros. – O pior é que o Woodson viu. – Ele completou sussurrando e olhando para a mesa da Grifinória. Os três observaram Peter, Collin e Dave cochichando entre si, provavelmente sobre o ocorrido. Os grifinórios não tinham cumprimentado os amigos de Anya quando entravam no Salão Principal, exceto Peter e Linda, por serem um casal. Era como se a estranha aliança entre as casas tivesse sido quebrada.

— Anya explicou para ele, não foi? – Linda perguntou para Draco com um olhar preocupado.

— Ele não quis ouvir. – Draco respondeu com um olhar desapontado. – Ela tentou falar com ele o dia todo. – Ele olhou para a porta do Salão Comunal, por onde Anya entrou com um olhar desanimado. Ela correu os olhos pela mesa da Grifinória e depois se voltou para a mesa da Sonserina, indo sentar com os amigos, que a cumprimentaram, Pansy tocando em seu ombro com um gesto consolador.

— O que aconteceu depois que você bateu nele? – Pansy perguntou a Draco. Os três não precisavam fingir que estavam conversando sobre outro assunto para confortar Anya. Sonserinos eram muito leais uns aos outros, e bem diretos quando se tratava de resolver um problema.

— Ele caiu no chão. – Draco respondeu com a expressão séria. – Nem revidou. Ficou falando alguma coisa sobre o quanto amava a Anya. Ele parecia hipnotizado! Depois fui atrás da Anya, e não o vi mais. Ele nem dormiu nos dormitórios essa noite. – Ele disse a última parte com um tom de preocupação.

— E isso não foi o pior. – Anya falou com um tom de voz baixo e sério. – Quando eu virei o corredor, Owen Jordan surgiu do nada e me beijou também. – Ela disse apertando a base do nariz com o indicador e o polegar. Ela podia pressentir que este dia lhe daria uma tremenda dor de cabeça.

—O quê?! – Linda, Draco e Pansy perguntaram em uníssono.

— Ele parecia completamente fora de si. – Anya disse em um misto de tristeza e desespero. – Eu o ameacei com minha varinha e saí correndo o mais rápido possível. – Ela explicou. Malfoy correu os olhos pela mesa da Lufa-Lufa, procurando por Owen. Ele queria socá-lo com ainda mais intensidade que havia socado Logan. Para sua infelicidade, ele não estava no Salão Principal.

— Alguém deve ter os enfeitiçado! – Pansy sussurrou para os amigos.

— Não se preocupem, já sei como descobrir. – Anya sussurrou para os amigos enquanto pegava seus livros e se levantava. Os sonserinos a acompanharam para fora do Salão Principal. – Só preciso encontrar um deles.

—  O que vai fazer? – Draco perguntou enquanto o grupo caminhava para a aula de Trato das Criaturas Mágicas.

— Ler a mente deles. – Anya respondeu com um olhar furioso e determinado.

...

Três e vinte e oito.— James observou o relógio da sala de Feitiços. Era sua última aula do dia, que tinha com a Corvinal. Só mais dois minutos e ele poderia ir discutir táticas de quadribol com Collin nos jardins. Era o que ele precisava, falar sobre quadribol. Discutir táticas e estratégias para ultrapassar a Sonserina no campeonato. Tudo o que ele queria, na verdade, era falar sobre qualquer coisa que não o fizesse lembrar da Anya. E nada o fazia se lembrar mais dela do que essa maldita aula de Feitiços que parecia não ter fim.

— Bom, por hoje é só! – O professor Flitwick disse sorrindo para a classe. James suspirou em alívio. – Não se esqueçam de praticar os movimentos de mão dos feitiços ilusórios que aprendemos hoje para a próxima aula! – Ele ressaltou para a turma.

Já sei todos eles.— James pensou enquanto juntava suas coisas e saia da sala com Collin. Dave iria se encontrar com Lauren depois da aula, e Peter se encontraria com Linda, o que deixava James, Collin e o quadribol. Collin passou o braço pelo ombro do amigo, sorridente.

— O que acha de irmos para perto do lago? – James perguntou, enquanto desciam as escadas até os portões. – Acredito que lá os artilheiros da Sonserina não vão bisbilhotar. – Ele argumentou enquanto olhava ao redor e tirava uns papeis de sua mochila, nos quais estavam marcadas algumas jogadas de quadribol.

— Por mim tranquilo. – Collin disse enquanto piscava para uma lufa-lufa que passava por eles. – Só preciso dar uma passada na enfermaria. Fiquei sabendo que o Owen foi internado.

— Owen Jordan? – James perguntou, surpreso.

— Ele mesmo. Pensei em passar lá e ver como ele está. – Collin comentou virando no corredor que dava para a enfermaria. – Se quiser vir comigo.

— Claro que sim. – James disse, preocupado com o amigo lufa-lufa. Guardou os papeis de volta na mochila e caminhou com Collin até a enfermaria.

...

Anya, Pansy, Draco e Linda estavam voltando da aula de Trato das Criaturas Mágicas, que tinham com a Lufa-Lufa. Enquanto atravessavam os jardins de Hogwarts, Anya se perguntava por que será que Owen tinha faltado à aula. Ele jamais faltava, e parecia irônico que ele tivesse escolhido faltar justamente no dia em que Anya pretendia ler sua mente. Enquanto atravessavam os jardins de Hogwarts rumo ao castelo, Anya sentiu um esbarrão em seu ombro, e quando levantou os olhos e se virou para ver quem era, se deparou com dois olhos azuis e um sorriso irônico que conhecia bem. Mary Fay. Antes que pudesse controlar, olhou profundamente nos olhos azuis da grifinória e leu sua mente.

Poção do amor.— Anya vasculhou a mente da grifinória. Mary tinha preparado uma poção do amor com um fio de cabelo de Anya, e a colocado em sapos de chocolate, que tinham sido enviados anonimamente para Logan e Owen durante o café da manhã de domingo, com bilhetes que diziam “De sua admiradora secreta”.

Filha da mãe!— Anya pensou enquanto tirava sua varinha do bolso e caminhava ameaçadoramente até Mary.

...

James e Collin entraram na enfermaria, onde avistaram Madame Pomfrey vasculhando uma prateleira com frascos de poções de todos os tamanhos e cores.

— Pois não meninos? – Ela perguntou parando de mexer nos frascos e se virando para atendê-los.

— Viemos visitar o Owen. – Collin disse falando num tom de voz bem baixo, em respeito às regras da enfermaria.

— Ah, sim. Podem me acompanhar. – Ela disse caminhando pelas macas e indicando para os garotos a seguirem. – Terrível intoxicação, pobrezinho! – Ela disse e, logo em seguida, arredou uma das cortinas ao redor de uma maca. – Senhor Jordan, visita para você.

Owen estava deitado e com uma aparência terrível. Sob seus olhos estavam grandes olheiras, e sua pele estava de um tom pálido esverdeado. Ele abriu os olhos com dificuldade, e se virou para olhar para os visitantes.

— Cara, que diabos você comeu para ficar desse jeito? – Collin perguntou se sentando na beirada da cama de Owen.

— Antes tivesse sido comida. -  Owen disse esfregando os olhos.

— Foi uma poção do amor mal preparada. – Madame Pomfrey explicou enquanto checava a temperatura de Owen com as costas da mão. – Até agora não sabemos que foi que deu para o pobre coitadinho. – Ela disse com um olhar preocupado.

— James... – Owen olhou para James e segurou em seu pulso. – Queria te pedir desculpa. Eu nunca a teria beijado se não fosse a poção. – O garoto disse com um pesar enorme em seu semblante.

— Beijado quem? – James perguntou sem entender, mas sentiu seu coração acelerar com a possibilidade de ele dizer...

— Anya. – Owen disse e logo em seguida fechou os olhos, caindo num sono pesado.

Owen tinha beijado Anya.— James pensou sentindo seus olhos arregalados.

— É melhor o deixarmos descansar. – Madame Pomfrey disse empurrando Collin e James pela enfermaria. – O coitadinho está muito mal. – Ela suspirou pesarosa. – Mas pelo menos ele está consciente, ao contrário do garoto sonserino.

— Que sonserino? – James perguntou se virando para dentro da enfermaria subitamente.

— O Senhor Logan, do sétimo ano. – Madame Pomfrey disse puxando a cortina de outra maca. Logan estava nela, com a mesma aparência de Owen, porém inconsciente. – Ele também foi envenenado com a mesma poção. – Ela explicou, e James e Collin trocaram um breve olhar antes que James saísse correndo da enfermaria.

— Muito obrigado, Madame Pomfrey! – Collin disse saindo a passos rápidos da enfermaria. – Desculpe a correria! – Ele completou enquanto fechava a porta, saindo correndo atrás de James em seguida.

 


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