Hunter conduziu seus amigos pelo Acampamento Meio-Sangue. No meio do caminho, já perto dos chalés, ele parou o grupo.

— Gente... Vamos conduzir a Dippie para o chalé 7, que é onde ficam os filhos de Apolo. Depois vou continuar orientando vocês no passeio pelo acampamento, enquanto esperamos pelo jantar e pela fogueira. Até lá, com um pouco de sorte, todos terão sido reconhecidos.

Mal ele havia acabado de dizer isso, um vulto pousou perto deles, como se tivesse vindo do bosque.

Hunter se virou, e os meninos se juntaram atrás do sátiro. Era o guerreiro misterioso, que havia afugentado Anuska, a professora Fúria. Carregava sua longa espada de bronze.

Quando viu quem era, o sátiro abriu um sorriso.

— Já sei que é você – disse ele para o guerreiro encapuzado. – Pare de assustar os meninos com essa roupa, e, por favor, guarde essa espada.

O guerreiro começou a rir, e tirou seu capuz.

Era um jovem alto, forte e musculoso, de olhos castanhos claros e pele alva. Seu cabelo era bem cuidado e penteado, liso e negro. Após mostrar seu rosto ao grupo de Hunter, ele guardou a espada em uma bainha que carregava nas costas. Havia um pouco de tinta negra em torno de seus olhos, como se fosse um disfarce.

— E agora você deu para imitar o Arqueiro Verde? – indagou Hunter, olhando as marcas de tinta no rosto do rapaz.

— Muito hilário, Matt – retrucou o jovem. – Se eu usasse arco e flecha ao invés de uma espada, até poderia estar certo.

— Pessoal, este é Daniel Holmes, filho de Zeus e conselheiro-chefe do chalé 1 – anunciou Hunter.

— Sempre formal em excesso, caro amigo – disse Daniel, bem-humorado. Seu sotaque era levemente carregado. Em seguida se curvou para os recém-chegados. – Bem-vindos ao Acampamento Meio-Sangue, meus amigos. São todos indeterminados? – ele perguntou se dirigindo a Matt.

— Só a Dippie foi reconhecida. – Ele indicou a menina gordinha. – É de Apolo.

— Oho! – exclamou Daniel, aprovador. – Meus parabéns. Seu pai era um formidável guerreiro, e é um dos deuses mais formidáveis, também.

— Você o conhece? – perguntou Dippie.

O sorriso de Daniel vacilou.

— Olhe... Não exatamente. Apenas tento ser um bom aluno e aprender tudo o que posso sobre os deuses. Seu pai é um dos deuses mais fascinantes sobre os quais já estudei, talvez por ser meu irmão, filho de Zeus. Na verdade, eu sequer conheço o meu próprio pai.

— Além disso – interveio Hunter. – Os filhos de Zeus são muito raros. São, junto com os filhos de Hades e de Poseidon, os meio-sangues mais poderosos que existem. Após a Segunda Guerra Mundial, que foi basicamente um confronto regido pelos filhos desses deuses, eles fizeram um trato de não ter mais filhos semideuses. Que, obviamente, foi quebrado algumas vezes. Poseidon teve um filho chamado Percy Jackson, que foi um dos semideuses que ajudaram a derrotar os titãs um tempo atrás. Zeus teve dois filhos, Jason e Thalia Grace, que nasceram mais ou menos na mesma época que o Percy. Hoje Jason e Percy estão numa missão rumo às terras antigas, para Roma e para a Grécia, para deter Gaia e os gigantes. E Thalia vive com as Caçadoras da deusa Ártemis. É muito raro vê-los no acampamento nesses últimos tempos.

O belo rosto de Daniel exibia um semblante triste, fitando o chão enquanto ouvia as palavras de Hunter.

— Eu nunca conheci meus irmãos – admitiu ele. – Jason passou a vida no acampamento dos romanos, e, quando fui reconhecido e trazido para cá, ele já tinha partido na missão. E nunca encontrei Thalia pessoalmente.

— Que pena, Daniel – disse Neko, solidária.

— Não se preocupem – disse o espadachim. – Tento lidar bem com isso. Temos um acampamento para cuidar.

— Daniel é um guerreiro exímio – garantiu Hunter.

— Você parece sobrecarregado, velho amigo – afirmou Daniel. – Não quer que eu tome conta dos meninos enquanto você leva a Dippie para o chalé 7?

Hunter fitou o filho de Zeus e encarou os meninos novos, como se avaliasse a proposta.

— Tem certeza de que consegue vigiá-los e mostrar o acampamento a eles, Dan? Sem nenhuma brincadeira?

O filho de Zeus riu.

— Claro, Sr. Hunter. Quando faltei com a palavra com você?

Ele deu uma piscadela. Matt assentiu, embora tivesse torcido de leve o canto da boca.

— Ótimo, então, por favor, leve os meninos para um passeio. Eu vou deixar a Dippie com os filhos de Apolo e depois volto para conduzi-los. Não faça nenhuma brincadeira nem os leve para dentro do bosque.

Ele disse as últimas palavras em tom ameaçador, como se desafiasse o semideus a desobedecê-lo. Daniel riu de leve.

— Estarão sãos e salvos comigo, amigo.

Hunter tomou Dippie e levou-a em direção aos chalés, lançando um olhar de advertência ao filho de Zeus antes de partir.

Daniel juntou as mãos e olhou para o grupo de recém-chegados: Paul, Neko, Rina e Robbie.

— Hora do passeio, pessoal. – E ele fez sinal para que eles o acompanhassem.

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