Edward estava estranho. Aliás, nossa relação estava estranha. O que ele quis dizer com uma surpresa para mim? Não conhecia a estrada em que estávamos e muito menos para onde estávamos indo. Mas ele estava seguro. Ele apertou alguns botões do carro e a musica começou.

- Oasis? – perguntei não acreditando.

- Gosto da banda.

- Também. Essa é a minha favorita.

- Wonderwall? – ele ergueu a sobrancelha.

- Sim. Fui num show deles uma vez. Foi legal.

- Sempre quis ir.

- Coldplay? – queria tirar ele daquele pensamento triste.

- Não tanto. U2?

Sorri com a lembrança.

- Bom... eu também já fui a show deles.

- Você já rodou muito Sra. Swam.

- Tive um grupo de amigos bem animados na faculdade.

Quando me dei conta estava numa casa linda. Tipicamente americana, branca e grande com uma bandeira americana na entrada. Sorri para aquilo.

- Onde estamos?

- Bella preciso da sua ajuda. – ele ficou tenso. Triste.

- O que foi? Onde estamos Edward?

- Não sei o que fazer com Charlotte, nunca... Bella ela sempre teve alguém... eu não sei...

- Quer ajuda com ela? Para estar mais com ela?

- Eu posso estar mais com ela Bella, eu quero entender ela como você entende. Quero me comunicar com ela como você se comunica. Como conseguiu com Brian?

Fiquei chocada com aquilo. Reformulei uma resposta adequada.

- Brian tinha autismo Edward... Charlotte é uma menina fechada só isso. Brian tinha limitações, conseguimos muito porque ele tinha a nós. Charlotte precisa de você.

- Eu não sei se consigo... ela é igual a ela!

E ele chorou como uma criança. Ele ainda não tinha se aberto totalmente, e esse podia ser o começo.

- Ela não é a mãe. Charlotte é ela e pronto. Uma menina que adora livros e desenhar, um ser que se comunica sem palavras e que ama o pai apesar da distancia. Ela é uma menina assustada com as lembranças que seu subconsciente tem e que ela mesma ignora. Ela é Charlotte Cullen e ela está somente querendo ser a menina do papai, mimada e amada por todos. – deixei ele assimilar as palavras e se recuperar. Poderia ir mais fundo ou já era o suficiente? – Tãnia... ela tinha o lado bom não?

- Sim, uma mulher alegra e viva. Foi isso que me atraiu nela.

- Pense no lado bom de Tânia e foque nisso sempre que olhar em Charlotte. O lado bom, deixe de ser esse homem sombrio escondido no quarto escuro com medo.

- Medo?

- Sim. Você é a pessoa mais medrosa que já conheci.

Ele sorriu com a afirmação. Era a última coisa que ele espera ouvir.

- Qual é a minha surpresa? Pois essa casa não é um pedido de casamento.

Ele me olhou e sorriu.

- Vamos, minha mãe vai adorar te conhecer melhor.

E ele saiu do carro e me levou para casa dos pais dele? Que era aquilo. Tocou a campainha e Esme abriu suja de farinha.

- BELLA! Edward! Meu Deus! – ela me abraçou e senti o carinho dela por mim. Estranho. Mas me deixei levar. Os parentes de Michael nunca me trataram assim então eu realmente não sabia muito o que fazer.

- BELLA! – Alice desceu as escadas correndo e me deu um abraço também enquanto Esme conversa baixo com Edward. Ele me pareceu relaxo, feliz até.

- Onde está Charlotte?

E olhei para o alto da escada e a vi, não escondi o sorriso largo que apareceu quando vi minha princesa.

- Vem. – disse estendo as mãos e ela correu para me abraçar. Como era bom tê-la nos meus braços. Olhei para seus olhos quando ela desgrudou. – Não, eu não vou embora. – ela me deu outro olhar. E olhei para Edward – Sabe... também acho! – E rimos de uma conversa particular.

- Bom... posso participar?

Edward perguntou tímido. Nunca o vi desse jeito.

- Charlotte acho que seu pai quer saber da nossa conversa... vai contar para ele?

Ela deu um sorriso travesso para ele e ele entendeu que não. Sorriu para ela e estendeu os braços. Sussurrei algo no ouvido dela e ela me olhou como se perguntasse se deveria e eu a incentivei.   

Ela andou até ele e o abraçou. Alice e Esme ficaram olhando a cena espantadas.

- Bom, vieram para o almoço não? – Esme perguntou.

- Sim, mãe.

- Alice coloque mais pratos na mesa, ele ligue para o seu pai agora. Diga que duas pessoas podem não ser consultadas hoje para ele ver o filho dele! – Alice sorriu e foi fazer o que Esme queria.

- Edward por favor... Charlotte quer mostar alguns desenhos que estão no quarto. – disse Esme para se livrar dos dois eu desconfiei. Ele ficou sem graça, não sabia o que fazer. Edward tinha uma filha de seis anos e não sabia o que fazer com ela.

- Vá lá Charlotte, tem desenhos lindo eu acredito. Mostre alguns, dê a mão para o seu pai, suba e mostre. Já estou indo.

E ela obedeceu. Edward deu um sorriso para mim de agradecimento e subiu.

- Quer ajuda com o almoço?

-Não, na verdade já está tudo pronto. Quer limonada? Temos um pé lindo atrás da casa e eu fiz hoje de manhã.

- Seria ótimo.

E eu conversei com Esme enquanto ela fazia a salada. Fiquei curiosa em saber como Edward estava com Charlotte, será que ele estava precisando de ajuda com ela? Só que ele precisava se entender e minha presença poderia ser algo que facilitaria a comunicação, ele precisava achar um caminho com ela.

- Bella? – Alice me chamou.

- Sim. Edward pediu que eu entregasse isso a você, disse que era para colocar no carro.

Era uma maleta rosa. Peguei achando estranho e Alice me entregou as chaves do carro.

- Para onde vocês  vão? – ela perguntou.

- Bom... Edward estava me levando para minha casa.

Alice não escondeu a surpresa.

- Casa... sua casa?

- Ele... bom... Alice eu vou e acho que ele veio buscar Charlotte.

-O almoço está pronto, chame eles Alice, seu pai que coma depois!

E Esme me tirou daquela situação constangedora. Almoçamos tranquilamente e apesar de sentir Edward muito tenso querendo criar laços com Charlotte ele se saiu bem. Perguntou se ela gostava, deu opções e sorri com a falta de jeito dele com ela. Ele chegaria lá eu tinha certeza.

- Mãe, eu mando notícias sim?

- Mande.

E ela deu um abraço nele e Alice ajudou a colocar Charlotte no carro.

- Boa viagem e liguem se algo acontecer ou preicisarem.

- Tudo bem Alice. – falei.

Entramos no carro dando adeus coma s mãos e Edward buzinou quando o carro já estava a uma distancia. Olhei para Charlotte e vi que ela não estava fazendo nada.

- Edward para numa loja de eletrônicos por favor.

- Para quê?

- Verá.

E ele seguiu para um pequeno centro comercial. Tinha uma loja que deveria ter exatamente o que eu queria. Ele colocou Charlotte nos braços e me seguiu quando sai do carro.

- Por favor... preciso de um DVD para meu carro. – falei para o atendente.

- Hum.. qual modelo?

- Bom, quero um rosa.

O atendente sorriu e senti Edward para atrás de mim.

- Qual a cor que você prefere? – falei para Charlotte. O atendente pegou um rosa e um roxo. Ela não falou nada. – Bom, acho que você é uma menina inteligente e grande, pode escolher a cor não?

Eu sabia que ela queria o rosa, mas precisava forçar suas barreiras um pouco.

- Bom, aponte. Estamos esperando.

E ela timidamente apontou para o rosa. Edward sorriu e eu lhe dei um beijo.

- Ela quer o rosa e mostre uns DVDs infantis também. Opções por favor.

E eu fiz Charlotte escolher quais ela queria. Sorri vendo ela indecisa e muitas vezes confusa, ela não via muita televisão. Eu peguei alguns que achei que ela gostaria e fui para o caixa.

- Segure Charlotte Eva para o carro. – Edward disse já pegando a carteira.

- É um presente, eu quero dar.

- Bella... tenho uma coisa para te contar, mas no carro. Eu pago.

O   que raios Edward poderia me contar? Levei Charlotte para o carro, coloquei ela e Edward veio com a sacola. Ele abriu a porta e começou a instalar no carro, ele tinha algumas ferramentas embaixo do banco e como um homem ele fez o trabalho excelente. Sorri olhando para a cena tão familiar, era uma cena bem comum para uma família não? Olhei para Charlotte no banco de trás e Edward orgulhoso de si mesmo pelo trabalho excelente que estava pronto. Família, aquela palavra ecoou na minha cabeça durante alguns segundos.