Eles gostavam de passar os finais de semana, principalmente sábado, juntos. Para compensar a semana.

- Rony? - Rony arqueou as sobrancelhas. - Estou brincando paizinho querido que eu amo muito.

- Eu não vou te dar dinheiro. Que isso fique claro. - falou sem tirar os olhos do jornal.

Hugo o encarou fingindo indignação.

- Eu venho aqui, com a melhor das intenções e é assim que sou recebido? Tudo bem, acabe com os sonhos e esperanças de uma criança por um mundo melhor.

Ron rolou os olhos, típico de Hugo fazer drama por nada.

- O que você quer? - perguntou fechando o jornal, dando mais atenção ao filho.

- Nada não, só... Ah... Na minha sala tem um garoto, Felipe, e ele tem um irmão, acho que é Scorpius, que vai fazer aniversário no sábado. O Felipe me convidou... Será que... Hum... Será que eu posso ir? - Hugo juntou as mãos como se estivesse rezando para que a resposta fosse sim.

Rony ponderou.

- Eu sei que estou de castigo, mas deixa, por favor!

- Tudo bem, pode ir, eu deixo. - falou calmamente.

Hugo surpreendeu-se. Tinha sido muito fácil...

- Quer dizer, eu posso mesmo? Verdade? - era impossível controlar um sorriso que teimava em aparecer.

- Sim, sim, mas como você mesmo disse, está de castigo, então como condição, sua mãe, sua irmã e eu vamos com você.

- Ah, claro, vão comigo, me deixam lá e depois vão embora, né?

- Não, nós vamos com você para a festa, vamos ficar na festa e voltaremos todos juntos.

O sorriso de Hugo amarelou, ele encarou o pai descrente.

- Mas pai, eu tenho uma reputação a zelar, imagine você no meu lugar chegando a uma festa com a família...

- Você por acaso sabe o significado de reputação e zelar?

- Sei... Mais ou menos...

- Bom, a questão é pegar ou largar, além do mais, se eu fosse você ficaria feliz em ter uma família como a nossa. Uma mãe linda e carinhosa, uma irmã inteligente e dedicada e um pai lindo e sexy.

Hugo rolou os olhos entediado, não era a primeira, nem a última vez, que tinham essa conversa.

- Nós te amamos e queremos seu bem. E então, você só vai sob essa condição.

- Pai... - Hugo tentou persuadi-lo. - Eu prometo que não apronto mais, mas me deixa ficar sozinho lá, por favor.

- Essa é minha palavra final.

Hugo visivelmente decepcionado. Seu pai jogava sujo, mas o que ele queria? Afinal, ainda estava de castigo...

Saiu a procura da mãe. Hermione estava no jardim lendo algum livro para Rose.

"- [...] E a palavra guerra? - provocara Maria.

- Guerra em japonês termina como a palavra esperança, note bem: sensou é guerra, esperança é kibou..." (Não se Esqueçam da Rosa, de Giselda Laporta Nicolelis)

- Mãe, mãe.

- O que foi Hugo? - fechou o livro espantada. O menino veio correndo.

- Mãe, por que parou? Continua lendo! - Rose, ignorando o irmão, pediu.

- Um minuto Rose. O que houve Hugo? - perguntou aninhando o filho entre as pernas.

- Meu pai não me deixou ir a uma festa porque estou de castigo.

- Está de castigo? Por quê?

- Porque é um idiota! - Rose disse por detrás do livro que tinha pegado da mãe.

- Rose. - repreendeu a menina. - Por que você está de castigo?

- Longa história. - murmurou.

- Sei... Vamos entrar. Rose, depois eu continuo a ler, tá bem?

Rose nem respondeu. Passou bufando pela mãe e lançou um olhar de desprezo ao irmão.

Hermione estranhou, mas nada falou.

Entrou em casa procurando o ruivo e o encontrou na cozinha, lendo jornal. Pediu que os filhos fossem para seus quartos. Queria conversar com ele a sós.

- Ronald. - no primeiro chamado Rony baixou o jornal preocupado. Nunca era um bom sinal ser chamado pelo nome completo.

- O que eu fiz? - perguntou para preparar o terreno. Não se lembrava de nada errado. Será que Hermione tinha cortado o cabelo ou comprado roupa nova?

- Por que o Hugo está de castigo? - tinha aprendido com Rony e Gina a ser direto. Ir logo ao assunto e não enrolar.

- Aah... - falou aliviado. - Bom... Ér... Sabe... Ele se comportou mal, muito mal.

- E o que foi "mal, muito mal"? Posso saber?

- Claro amorzinho, senta ai. - ele indicou a cadeira a sua frente.

Em menos de dez minutos, Rony contou a travessura de Hugo. Contou que não era nem a primeira e muito menos a última que arrancava a cabeça de bonecas. Contou também o que ocorreu em algumas visitas a Harry.

Hermione ficou surpresa ao ouvi-lo contar tudo.

- Agora entende porque ele está de castigo?

- Sim, entendo agora.

- Mas então, seu filho quer ir para essa festa, e dei uma condição a ele. É pegar ou largar! - disse enquanto iam ao encontro dos filhos.

- Sai do meu quarto! - mal alcançaram o topo da escada e escutavam Rose gritar.

- Não!! O país é livre e eu tenho o direito de ir e vir, onde eu quiser. - gritou o menino em resposta.

- Me deixa em paz, você é chato! - ela o empurrou para fora do quarto e bateu a porta.

- Ei, Hugo. - Rony chamou sua atenção. - Já se decidiu?

- Ahn? Mãe!

- Seu pai quem decide, não vou me intrometer. Afinal, quando você ficou de castigo eu não estava presente, então...

- Eu tenho outra escolha? - resmungou.

- Considera não ir uma escolha?

- Ok, eu me rendo. Vamos juntos. - passou com a cabeça baixa pelos pais.

- Amanha nós podemos sair para comprar o presente. O que quer comprar para seu coleguinha? - ele deu de ombros. - Um carrinho?

- Tanto faz.

Hugo parecia ser um garoto mimado. Não seria por menos, já que como Rony trabalhava muito, na época em que Hermione estava em coma, para que os filhos o deixassem trabalhar no escritório em paz, cedia aos seus desejos e caprichos.

- Eu nem conheço o Scorpius direito, ele é mais maior que eu.

- Não existe mais maior. - Hermione o corrigiu.

- Que seja. É mais velho que eu uns dois anos. Acho que estuda na classe dela.

- Ótimo, depois eu pergunto se ela o conhece. Bom, está ficando tarde. Começarei a preparar o jantar. O que os garotos querem?

- Hambúrguer! - disse Hugo, um pouco mais contente.

- Que tal algo saudável? Como peixe?

- Frito?

- Não, isso não é saudável.

- Então não quero.

O resto do dia foi absolutamente tranquilo, ou tão tranquilo quanto aquela família podia ser. No dia seguinte passariam o dia todo no shopping.