Eu não podia acreditar no que acabara de ouvir.

Aro colocou Jane no comando de uma missão para sequestrar Bella? Por que ele a queria na guarda? O que ele pretendia fazer, a obrigar a ficar aqui? Eu jamais permitiria isso!

De tantas coisas que imaginei que Aro pudesse fazer essa era a última. Existia algo maior em seu propósito. Ele não queria simplesmente Bella na guarda. Ele queria mais. Eu sei disso.

- Quando você vai?

Eu queria dizer mais. Queria descontar toda fúria que sentia por Aro nesse momento em Jane, mas essas foram as únicas palavras que consegui pronunciar. Era como se houvesse algo entalado em minha garganta.

- Nós iremos hoje à noite. – ela colocou tanta ênfase no “nós” que fiquei com duvidas a quem ela se referia.

- Nós quem? – perguntei estupidamente. Eu já sabia a resposta. Aro jamais mandaria Jane em uma missão desprotegida. Ele mandaria Demetri, Alec – e talvez eu – junto. Não que Jane precisasse de proteção em tudo.

- Alec, eu, Demetri e você. – ela disse em tom de desdém, como se eu já devesse saber disso.

- E ele espera mesmo que eu vá a uma missão para seqüestrar minha companheira? – rosnei para Jane.

- Você não pode desobedecer a uma ordem de Aro. – ela pôs a mão em meu ombro e o apertou em sinal de apoio. – Daremos um jeito.

Ela sussurrou e saiu de meu quarto antes que eu pudesse responder.

Seqüestrar Bella.

Por um momento essa idéia me pareceu tão tentadora que eu até me perguntei por que estava relutante.

“O que há de errado nisso?” ouvi uma voz sussurrante dizendo. “Ela é sua companheira não é mesmo? Traga-a para cá. Ela ficará com você pela eternidade. É assim que deve ser.”

Concordei mentalmente com a voz. Ela deveria ficar aqui. Comigo. Era onde ela devia estar. Perto de mim era onde ela pertencia. Mas e se ela não quisesse ficar?

“E daí se ela não quiser? Você quer tê-la com você pela eternidade ou não?”

Eu queria. Isso era óbvio, mas eu não agüentaria vê-la sofrer. Eu não queria forçá-la a ficar na guarda.

“E prefere passar a eternidade sem ela?” a voz falou maldosamente. “Sabendo que ela está com outro... sabendo que ela ama outro?”

As imagens me acertaram como um soco no estomago. E antes que eu pudesse perceber estava de joelhos com a mão no lugar onde meu coração havia parado de bater fazia séculos.

A dor que eu sentia simplesmente imagina-lá com o Cullen era sufocante. As paredes do meu quarto no castelo não pereciam fortes o suficiente para agüentar toda a atmosfera dolorosa que exalava de mim e eu me vi correndo na velocidade de vampiro para fora do castelo.

Enquanto corria, joguei o capuz de meu manto por cima da cabeça para me proteger do sol e assim poder andar tranquilamente pelas ruas de Volterra.

Quando cheguei à enorme praça pude finalmente respirar. O cheiro dos humanos não me fazia sede, não agora que as imagens ainda me atormentavam.

Bella sorrindo para o Cullen. Bella abraçando o Cullen. Bella beijando o Cullen... Se casando com ele.

A dor parecia ter triplicado e a cada segundo eu estava mais convicto de que o plano de Aro era o melhor para todos nós. Talvez ela não sofresse tanto por ficar na guarda contra sua vontade. Eu faria de tudo para que ela se sentisse a vontade aqui. Faria de tudo para que ela fosse pelo menos um pouco feliz aqui. Por que eu sem duvidas estaria feliz, pelo simples fato de estar ao lado dela.

E as imagens vieram como um jato, tão rápidas – ou até mais – do que as anteriores, e dessa vez ao invés da dor, eu senti uma alegria inexplicável com as imagens que criei.

Bella estava abraçada a mim, sorrindo e feliz. Os olhos dela vermelhos como os meus, da mesma cor da crista do brasão dos Volturi que estava pendurado em seu pescoço.

Por um segundo me perguntei se eu era o melhor para ela. O Cullen a tinha deixado uma vez, quem garante que ele não faria de novo? Quem me garantia que ele a faria feliz? A voz em minha cabeça sussurrou que ele não poderia fazê-la feliz. Ou pelo menos, não tão feliz quanto eu.

Então, minha decisão foi tomada. Eu ajudaria a seqüestrar Bella.

“Tudo pela felicidade dela.” eu repetia em minha cabeça como um mantra, mas no fundo eu sabia que meus motivos eram os mais egoístas possíveis.