Capítulo 12

Nat

Natalie estava começando a achar cansativo ter que ficar subindo e descendo escadas no colo de Dan. Então, quando Amy disse que ia fazer algumas ligações, ela logo se jogou no sofá e disse que estaria esperando no andar abaixo.

Agora ela pensava se não tinha sido uma má ideia. Os outros três estavam demorando muito no escritório e, se ela fosse subir as escadas, chegaria lá só no outro dia. Natalie suspirou e afundou o corpo no sofá, com o tornozelo machucado para cima, apoiado no encosto. Alguns minutos depois, Amy apareceu correndo na escada com Dan e Ian atrás. Natalie se levantou abruptamente.

-Para onde estão indo? - perguntou quando passaram por ela. Amy se virou, como se tivesse acabado de lembrar de Natalie.

-Ah, é, Natalie. - ela murmurou - Sabia que estava esquecendo alguma coisa. Dan, ajude Natalie a andar até o carro.

Com resmungos irritados, Dan foi até Natalie e a pegou no colo, carregando-a. Ela sorriu maldosamente, segurando no pescoço do ninja Cahill. Ian e Amy esperavam os dois do lado de fora e estavam conversando, Amy tinha corado e Ian estava com um sorriso de lado no rosto.

Observando a cena, Natalie não pôde deixar de pensar como os dois eram idiotas. Seu irmão principalmente, porque tinha feito todas aquelas besteiras com a Amy e não queria assumir que a amava. E a Amy... Natalie não a culpava por ser tímida, até pensava que era melhor ela ser tímida e inteligente do que chata e patricinha, como algumas namoradas que Ian teve, mas talvez já estivesse na hora de um se declarar ao outro.

Dan revirou os olhos, Natalie acompanhou o gesto e os dois riram baixinho, se aproximando do outro casal. Ian foi até o carro e entrou no banco do motorista, enquanto Amy o seguia e se sentava no banco do carona. Dan carregou Natalie e a ajudou a se ajeitar no banco detrás do carro.

Ian dirigiu rapidamente até o aeroporto. Eles entraram apressadamente na sala de desembarque e ficaram lá esperando, enquanto Ian verificava os vôos que tinham chegado e Amy mandava alguma mensagem pelo celular. Dan estava ocupado observando mangás na livraria e Natalie tinha ficado sentada, novamente se sentindo inútil. Todos estavam muito ocupados para perceber que um garoto alto e loiro se aproximava. Natalie se levantou automaicamente ao reconhecer Hamilton, mas acabou caindo, provocando um estrondo que chamou a atenção de várias pessoas no aeroporto. Inclusive de Ian, Amy e Dan. Não era exatamente o que ela queria fazer, mas funcionou bem também.

Hamilton correu até ela carregando uma mala como se não pesasse nada e a ajudou a se levantar. 

-Você está bem? - perguntou Hamilton, com uma cara preocupada. Natalie assentiu enquanto os outros se aproximavam.

-Hamilton! - Amy o abraçou, fazendo com que Ian olhasse a cena de cara feia. Natalie quase riu. - Obrigada por vir. - ela completou, se soltando do primo. 

-Não há nada que eu não faria por meus queridos primos. - ele respondeu, batendo na mão espalmada de Dan. Ian estendeu a mão para o primo, que a apertou, havia uma pequena tensão entre eles, mas que logo se quebrou quando Amy começou a falar.

-É uma pena que suas irmãs não puderam vir, precisamos da maior ajuda possível.

Hamilton deu de ombros e eles começaram a atravessar o aeroporto para chegar ao estacionamento. Natalie mancava apoiada em Dan, o que os fazia ficar um pouco afastados do grupo. 

Por um momento, Natalie pensou ter perdido os outros de vista em meio à multidão. Ela começou a procurar freneticamente com os olhos entre os rostos à sua frente. De relance, viu que Dan fazia o mesmo.

-Para onde eles foram? - ele ergueu a cabeça para tentar olhar por cima da multidão.

-Não faço ideia. - Natalie respondeu, indiferente. Seus olhos estavam revistando todos no local. De repente ela parou. Uma figura de sobretudo preto estava sentada ao lado de uma loja de doces e parecia observar as vitrines. Era uma mulher alta, com cabelos castanhos e longos. Ela usava óculos escuros e uma bota. Por mais que Natalie achasse o look extremamente bonito, percebeu que havia algo de intimidador na mulher, parecia que algo estava errado.

-O que foi? - Dan perguntou, seguindo o olhar da menina. Quando viu a mulher, também ficou encarando-a.  

Foi então que Natalie viu: na bolsa da moça havia um pingente que parecia um V vermelho. Ela arregalou os olhos e começou a puxar Dan. "Oh-ou" ela pensou. "Estamos fritos". E o pior era que eles não poderiam avisar ou chamar Ham, Ian ou Amy, porque eles provavelmente estariam muito longe agora. E, além disso, Natalie estava com o tornozelo torcido e mal conseguia andar. Agora sim Natalie compreendia a lei de Murphy (se algo ruim pode acontecer, vai acontecer, no pior momento e da pior maneira).

-Vamos, Dan. - ele ainda não tinha se mexido. Natalie queria gritar com ele que eles estavam correndo grande perigo e que precisavam ir logo embora dali. Aos poucos, ele se deixou carregar por Natalie e voltou a atravessar o aeroporto.

Ela apressou o passo, mancando tão rápido quanto podia. Agora atenta ao seu redor e não mais procurando os parentes. Ela pôde notar que havia vários homens-armário, com distintivos de V vermelhos, espalhados por todo o lugar e começou a se perguntar se os outro não tinham sido pegos. Natalie percebeu que não, porque Hamilton era um bom lutador e Amy e Ian eram bastante inteligentes. E, se algo houvesse ocorrido, as pessoas provavelmente estariam correndo para todos os lados, desesperadas.

-Aqui, pegue isto. - Natalie estendeu para ele algumas pílulas de veneno que ela sempre carregava no bolso. - Causa morte instantânea.

-Está querendo me matar? - Ele soava incrédulo, mas Natalie sabia que era uma brincadeira.

-Não, seu idiota. Se eu quisesse te matar já teria feito isso. É para o caso de nos depararmos com alguns probleminhas.

Dan pegou as pílulas relutante e colocou no bolso do casaco. Natalie parou e se apoiou na parede, colocando as agulhas venenosas nas unhas e guardando uma faca no bolso. 

Eles voltaram a andar. Natalie procurou alguma pista dos parentes, mas não encontrou nada. A uma hora desses, eles já deveriam ter percebido que os dois tinham se perdido.  Como se tivesse lido seus pensamentos, uma funcionária sorridente parou à sua frente.

-Estão perdidos? - ela perguntou.

-Ahn... mais ou menos. - Dan respondeu, um pouco desconfiado.

-Uma menina ruiva me perguntou sobre um casal de adolescentes perdidos, a menina era morena e estava com a perna machucada. - ela suspirou. - Acho que ela falava de vocês.

Então Amy tinha perguntado sobre eles? Natalie decidiu dar um voto de confiança àquela funcionária. Quem sabe eles conseguissem finalmente encontrar os outros?

-Sabe nos dizer onde ela está? - Natalie omitiu a parte de que Amy estava acompanhada, talvez fosse mais seguro e os ajudasse a descobrir se ela era mesmo quem parecia ser. Dan ainda a olhava um pouco desconfiado.

-Por aqui. - Ela disse. Dan e Natalie a seguiram por um corredor pequeno. A medida que iam avançado pelo corredor, a iluminação ia ficando mais precária. Natalie suspeitou disso, mas permaneceu em silêncio.

Ele chegaram a uma porta e a moça a abriu, indicando para os dois entrarem. Natalie hesitou e se aproximou da porta, com Dan ao seu lado. Foi o suficiente. A mulher os empurrou para dentro e fechou a porta, trancando-a. A sala era escura, então eles não conseguiam ver nada.

Dan pegou um lanterna pequena em seu bolso e a acendeu. Ele iluminou o lugar e Natalie conteu um arquejo. Era um enorme maquinário.