Capítulo 13 O fim do Jogo – POV Percy

Percy se sentia assustado, como nunca havia se lembrado de ter ficado na vida, uma coisa era descobrir ser filho de um deus e lutar com monstros, agora esse vazio que ele sentiu era aterrorizante, principalmente porque isso estava errado, ele estava errado.

– Você está fazendo isso? – perguntou para Eric que olhava para ele esperando uma ação, o garoto apenas balançou os ombros, ele não sabia o que isso queria dizer nessa situação.

– Importa? – perguntou ele sorrindo maliciosamente, por todo o bosque os gritos aumentavam, ele não podia nem imaginar o que os outros estavam passando ou sentindo, mas o jogo continuaria até ter um vencedor.

– Desfaça! – ele não queria que tivesse soado uma ordem, porém foi uma daquelas coisas que acontecem sem perceber.

– Depois de vencermos, se você quiser vencer, esse é o único jeito, minar o poder dascaçadoras, agora elas são apenas algumas garotas normais, confusas e indefesas frente a um exercito. – ele não estava brincando, Percy duvidava que esse fosse o tipo de coisa que fosse fácil de fazer, que ele pudesse ficar horas nisso, tomou uma decisão, agarraria essa oportunidade e se preocuparia com o que Eric tinha feito depois.

Eles correram juntos, Percy não pode deixar de notar que ele havia perdido a agilidade anteriormente demonstrada, também que não havia se coberto com o véu da noite, quando ele usava essa coisa ele também era um garoto normal assim como seu adversário.

Ele apenas correu com Eric em seu encalço, em alguns momentos eles quase eram pegos por armadilhas, redes, buracos, toras que caiam com a intenção de esmagar o adversário, bombas e etc, era um repertorio de armadilhas tão variado que ele não se surpreendeu das caçadoras terem vencido o jogo tantas vezes, eles estavam jogando o jogo delas esse tempo todo sem perceber.

Ele encontrou três caçadoras mirando flechas neles com seus arcos em forma de lua, mas os tiros erraram o alvo por metros, não era natural, porém ele ficou satisfeito de não ter que machucá-las muito, a habilidade com o arco delas vinha da benção de Artemis, um poder que elas já não mais tinham acesso.

Percy havia sido treinado com a espada, ele usava o poder de semideuses, mas ele havia treinado por anos para conseguir dividir um monstro ao meio, não foi difícil nocautear as adversárias, ele venceu 2 com o lado sem corte da espada e Eric cuidou da outra com seu “protetor de pulso” de bronze celestial que escondia suas Katars.

Andaram alguns metros e pularam para traz alarmados, algo parecia querer sair da terra a sua frente, primeiro achou que devia ser algum tipo de armadilha engenhosa, depois se lembrou de como uma vez tinha visto um escorpião das profundezas sair da terra da mesma forma.

– Percy! – a cabeça de Hazel saiu do buraco, ela estava suja e enlameada – Frank deu a idéia de irmos por baixo da terra, mas o túnel meio que parou de abrir, Frank não está conseguindo se transformar, pelos deuses! O que está acontecendo?

Frank saiu logo atrás dela, ambos pareciam ter dificuldades de respirar, ele imaginou se o túnel tinha caído em cima deles, duvidou que eles estavam realmente tentando chegar até a bandeira, seus olhos foram de uma marca de batom na boca de Frank para uma mancha vermelha no pescoço de Hazel.

– Cara isso sempre acontece aqui? – perguntou Frank assustado.

– Não... eu explico depois – disse ele, não queria perder tempo – vamos!

Os quatro avançaram, abrindo caminho na mata, não demorou a encontrar a bandeira guardada por sete caçadoras com flechas armadas e preparadas para disparar, elas estavam em maior número, sim estavam, mas isso não intimidou, elas erraram as flechas e partiram para uma luta de espadas.

Percy liderou o ataque, seguido por Frank, Hazel e um Eric de rosto serio e sombrio, o filho de Poseidon lutou sozinho contra três delas, Frank e Hazel lutaram juntos contra duas, Eric por sua vez era atacado por duas, dentre todos ele parecia ser o que estava mais se divertindo, se movia como uma cobra desviando dos ataques, como se achasse divertido a idéia de ser um alvo humano, mas elas não atingiam.

Percy foi o primeiro a derrotar seu inimigo, seguido por Hazel e Frank, Eric simplesmente parecia ter se esquecido que tinha que vencer, só tomando uma atitude ofensiva quando notou que os outros já tinham terminado, mas no fim foram os quatro juntos que venceram suas adversárias, ele não pareceu ficar feliz.

Percy agarrou a bandeira, os quatro correram em direção à margem oposta, Eric, Hazel e Frank em sua cola, como uma guarda de honra, eles investiram para a outra margem sem dificuldade, a bandeira mudou de cor simbolizando sua vitoria, o jogo havia terminado.

Isso foi... divertido e cansativo, tentemos não repetir – disse Eric, logo Percy sentiu aquela sensação de vazio sumir, como se sua tomada estivesse ligada de novo, foi quando todos se reuniram no leito do lago cheios de machucados e hematomas, bem mais que o normal que ele percebeu que aquela vitoria havia custado muitos ossos quebrados.

Dentre todos os jogos de caça a bandeira, esse foi o único que teve uma reunião tão longa, todos os campistas queriam saber o que tinha acontecido, Quíron simplesmente não sabia o que falar.

– CALMA! – gritou Quíron frente ao grande número de gente falando ao mesmo tempo, não era natural dele perder a calma, todos se calaram –Afirmo que isso nunca aconteceu antes, e não, isso não é algo de Gaia! Ela definitivamente não tem esse poder, a única explicação é que isso é alguma magia, talvez alguma das crianças do chalé de Hecate... Lou Ellen?

A garota chamada Lou deu um passo à frente parecendo receosa como se fosse receber um castigo horrível.

– Posso contar com você para tentar descobrir qual foi o responsável por essa grande piada? – disse o centauro dando ênfase e encerrando a discussão.

– Percy...? – Frank chamou baixinho, querendo uma explicação, ele e Hazel pareciam saber que Percy sabia de algo, porém ele ficou em duvida se devia contar, era assustador alguém poder fazer isso, a explicação de ser magia era boa, mas ainda não batia, era algo mais como “vazio” ou separação, decidiu guardar o segredo de que Eric podia fazer isso para si, lançou a Frank um olhar de “por favor agora não” e se dirigiu ao seu chalé com Hazel e Frank, queria checar se havia esquecido algo antes da partida.

Percy viu Thalia discutindo com as outras caçadoras próximo ao chalé de Artemis, quando Eric passou por ele indo em direção a elas, quando ele se lembrou de algo que o garoto havia dito na floresta “talvez eu peça para entrar no grupo quando tudo acabar”.

– Ele não vai!? – disse Percy mal podendo acreditar, não pode deixar de olhar para ver o que acontecia, o misterioso garoto parou para falar com elas, depois viu uma crise de risos por partes das caçadoras, o garoto ficou parado enquanto elas riam dele por alguns segundos, até que uma delas falou algo para ele, Eric fez a coisa do véu da noite e desapareceu ali.

Ele teve a maior crise de risos que já havia se lembrado, sentiu alguém trombar com ele com muita força e a voz do rapaz “Isso não foi legal Percy Jackson, nada legal, vou ir dormir”, era difícil simpatizar com o garoto, ele não tinha certeza se gostava ou não dele, mas sem duvida alguma se lembraria desse momento para o resto da vida, Hazel e Frank apenas olhavam para ele confusos.

Eles partiriam a qualquer minuto.