Past Vs Future escrita por letycia


Capítulo 41
Capítulo 41 - Viver ou Morrer




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/264230/chapter/41

Capitulo 41

Viver ou Morrer

Se fosse uma humana e me magoasse de verdade, neste momento acho que teria umas quantas costelas partidas, nódoas negras em quase todo o meu corpo, arranhões e sangue a sair-me pela boca. Alguns membros partidos também. Estaria ofegante e quase sem forças. Mas como sou feita de “mármore” encontro-me perfeitamente bem, pelo menos aparentemente. Quase não tenho um cabelo em desalinho e a minha respiração flui sem pressas.

Por entre os meus braços está a cabeça de um vampiro desfeito, que há algum tempo perdeu as forças para continuar a lutar e agora me implora, por entre soluços de lágrimas que teimam em não sair, que o mate.

Estamos sós, nem mesmo os animais no meio desta floresta imensa testemunham a nossa luta, a nossa conversa. Tenho por entre mãos uma das decisões mais difíceis que já enfrentei na minha vida.

*** Há uma semana atrás ***

- Nunca pensei que o Angel tivesse passado por tanto! – Comentou comigo Jayden.

Estávamos no acesso da entrada para a garagem da casa dos Cullen. Vi que ele andava a remoer há já algum tempo a história que Angel tinha contado a Jasper e a Alice, mas como nunca tivemos a oportunidade de estarmos sozinhos ainda não me tinha falado sobre o assunto.

Angel estava no escritório de Carlisle a rever com este os planos para a viagem. Todos teríamos que partir durante um tempo. Não sabíamos qual a próxima jogada dos Volturi, Alice não conseguia ver nada pois eles andavam todos muito confusos e desorganizados depois na nossa fuga, por isso decidimos que seria melhor afastarmo-nos de Forks antes que fosse tarde de mais para tal.

Do meio das árvores apareceram Bella e Renesmee carregando, cada uma, uma mala. Desviei imediatamente o olhar de Bella assim que o dela se cruzou com o meu e nesse momento tive a certeza que lhe dera a entender que sabia o que se tinha passado entre ela e Edward. Renesmee pousou uma mochila cor-de-rosa que trazia ás costas junto da sua mala e caminhou na minha direcção.

- Olá Caroline! – De seguida fitou Jayden.

- Olá Nessie. Este é o Jayden, ele é um amigo meu. – Apresentei.

Houve uma breve introdução entre eles mas antes que a conversa tivesse tempo para fluir Bella chamou a filha para o seu lado. A pequena olhou para mim com um olhar interrogativo e triste mas obedeceu à mãe. Compreendi que Bella não o fazia por mal, mas seria difícil para ela ver o seu marido afastado por minha causa e não queria que acontecesse o mesmo com a filha.

Segundos depois Edward apareceu do mesmo sítio onde as duas tinham surgido, transportando consigo mais duas malas. Pousou-as junto das outras e também ele veio ter comigo.

- Desculpa, Caroline… - Começou Edward.

- Não faz mal, eu compreendo o que Bella pode estar a sentir.

- Isso é uma coisa que ambos temos que resolver, entre nós. Não gosto que ela tente afastar a Renesmee de ti.

- Neste momento ela tem o direito de fazer o que quiser! – Respondi secamente. Estava irritada comigo própria por ter criado toda aquela desavença. Teria sido desnecessário se me tivesse controlado mais.

O aeroporto estava cheio de gente naquele fim de tarde. Havia pessoas e malas por todo o lado, gente a embarcar e a sair das portas. Crianças irrequietas e irritadas e adultos cansados. Na porta de entrada tínhamos encontrado Jacob. Também ele de malas feitas não nos deixou passar enquanto não lhe disséssemos que também poderia vir connosco. Acabou por acontecer passado quase 10 minutos de negociação com Carlisle, Esme e Rosalie. Quando me perguntaram qual a minha opinião limitei-me a encolher os ombros. Para mim, tanto me fazia se o lobo iria naquela viagem, eu não ia.

O meu plano estava traçado. O meu escudo estava ao máximo para que nem Edward nem Alice descobrissem a minha intenção. Tinha pedido especificamente, quando reservei o meu bilhete, para que não fosse perto dos restantes. Um dado que se veio a tornar fácil, pois quando marcamos a viagem para a Austrália o avião já se encontrava quase preenchido. Entrei com eles no avião e sentei-me no lugar previamente escolhido, atrás de todos os Cullen, do Jayden e de Angel. Esperei quase até ao último minuto e usei um poder que me permitia fazer com que eles pensassem que eu permanecia sentada no lugar quando na verdade já me encontrava fora do avião. Só se deveriam aperceber da minha falta, com sorte, quando o avião já fosse quase a meio do caminho.

O mais fácil estava feito agora, faltava o mais difícil, descobrir Afton antes que ele me descobrisse a mim.

*** Hoje ***

Encontro-me algures, perdida no norte da Estónia, numa floresta de gelo. Estão cerca de 10 graus negativos e eu tenho vestido apenas umas calças de ganga e uma t-shirt preta. Felizmente a civilização mais perto fica a mais a 100 km.

O meu último contacto para encontrar Afton dissera-me que o tinha visto a vaguear por esta zona gélida a apenas dois dias atrás. Dissera-me também que a guarda se tinha separado depois do que acontecera no castelo. Marcus tinha saído do castelo para não matar Aro e Caius tinha seguido o exemplo. Era como se os Volturi se tivessem desintegrado. Muito poucos permaneceram no castelo com Aro. Jane, Alec, Demetri e Félix tinham sido alguns deles.

Aproximava-me cada vez mais do local descrito pelo meu contacto. Desejava com todas as minhas forças que Afton ainda lá permanecesse. O sítio era uma clareira no meio das montanhas onde se encontrava uma pequena casa de lenhador abandonada e um pouco degradada. Feita de uma madeira escura, destacava-se no meio de todo aquele branco.

Entrei com precaução embora os meus sentidos me dissessem que a casa se encontrava vazia. Só tinha uma divisão por isso foi-me fácil descortiná-la em busca de alguma presença. Preparara-me para dar meia volta e ir embora quando algo em cima da cama me chamou a atenção. Aproximei-me e confirmei a minha visão, era uma capa cinzento-escuro, uma capa da guarda dos Volturi. Levei-a até ao meu nariz e inalei o seu odor. Era sem dúvida de Afton, o que queria dizer que ele não deveria ter partido há muito, se a capa ainda continha o seu cheiro.

Antes de conseguir pensar qual seria o meu próximo passo alguém me agarrou e me atirou contra a parede da casa em madeira. De seguida prendeu o meu pescoço e utilizou o peso do seu corpo para me manter imóvel.

- Eu sabia que se me mantivesse no mesmo sítio durante algum tempo me encontrarias. – Falou a voz do corpo que me prendia.

- Afton! – Falei por entre dentes.

Ripostei contra o seu corpo, mas a sua segunda investida contra mim fez com que a frágil parede cedesse e acabássemos os dois na neve. Afton segurava-me pelo pescoço, apertando-o e impedindo-me de falar. Dobrei as pernas contra o seu peito e tentei que elas fizessem uma espécie de alavanca. Não resultou. Afton era um vampiro mais velho que eu, o que significava que tinha mais experiência e força no que toca a imobilizar. Só me faltava utilizar aquilo em que era boa. Usei o pouco poder que ainda me restava de Jane.

Afton contorceu-se com as dores e a sua prisão afrouxou. Dei-lhe um pontapé no peito o que me permitiu colocar em posições inversas. Agora era ele quem se encontrava no chão enquanto eu o segurava pelos ombros.

- Afton, pára! – Supliquei.

- Nunca. – Rosnou-me ele enquanto impulsionava o seu corpo para a frente fazendo-me sair de cima dele.

Estávamos os dois em pé, frente a frente. Fitávamo-nos mutuamente. Afton usou o seu poder e imediatamente ficou invisível para mim.

- Bolas! – Falei baixo por entre dentes. Depois subi o tom para que me ouvisse. – Isso não irá resultar muito tempo Afton, tu sabes disso!

Instintivamente coloquei-me em posição de defesa, baixa, com as pernas flectidas e os braços junto ao corpo, pronta para qualquer ataque que pudesse surgir.

- Só preciso que resulte o tempo suficiente. – Ouvi a sua voz vinda da minha direita, mais perto do que julguei e virei-me na sua direcção.

Logo senti um ataque do outro lado que me acertou directamente nas costelas e me vez vacilar. Cai de joelhos no chão e logo levei com um pontapé na barriga e outro no queixo. Rebolei na neve mas depressa me coloquei novamente em pé. Tentei com mais força arranjar um bloqueio ao poder de Afton, algo que me permitisse vê-lo mas os seus ataques sucessivos dificultavam o meu trabalho. Ouvi uma deslocação do ar do meu lado esquerdo e desviei-me a tempo daquilo que me pareceu ser um soco mas logo levei uma pancada no peito que me vez voar até às árvores mais próximas embatendo em duas delas. O eco da primeira a cair ressoou nas montanhas à minha volta. Alguns pássaros voaram com o som. Deixei-me ficar quieta durante algum tempo, tentando recuperar o raciocínio. Aos poucos comecei a ouvir uns passos a pisarem a neve que se aproximavam de mim. Concentrei-me ao máximo.

- Estou a ver-te! – Disse com um sorriso nos lábios quando finalmente consegui criar uma barreira ao poder de Afton.

Levantei-me num salto e ataquei-o. Embati contra o seu peito, rodeei-o e prendi Afton pelas costas. Agarrei os seus braços e imobilizei-o.

- Afton, escuta-me! Eu não queria matar a Chelsea, mas era a única saída. Aro ia matar os meus amigos…não íamos conseguir escapar do castelo com vida.

- Claro! Só foste a Caroline de sempre. A Caroline que só pensa em si, em mais ninguém. Para protegeres os teus amigos mataste a minha mulher. Não pensaste que para salvares quem gostas terias que matar um pessoa que alguém ama.

Ele estava certo. Para mim sempre fora uma questão de manter os meus amigos vivos, nunca pensei na dor que causaria a Afton por matar a sua companheira.

- Afton, desculpa-me! Era a minha única maneira.

- Não, não era. – Berrou ele. – O que tu não sabias era que eu, a Chelsea e mais alguns já andávamos a arranjar um plano para te tirar-mos da prisão.

Todo o meu corpo endureceu ao ouvir aquelas palavras.

- Só te preocupas contigo, sempre foste uma menina mimada. Sempre olhaste apenas para o teu umbigo, só fazias aquilo que te dava prazer sem nunca te preocupares com o que isso causava aos outros. Nunca gostei muito de ti e até me zanguei com a Chelsea quando ela me falou que te teríamos que ajudar a fugir de Volterra.

Afton lutou contra o meu aperto e conseguiu soltar-se, mas assim que se virou para me encarar eu ceguei-o com o poder de Alec. A verdade é que não tinha forças para atacar Afton mais uma vez, não depois do que ele me disse. Este deixou-se cair de joelhos no chão quando a sua visão ficou turva.

- Então foi assim que a Chelsea se sentiu minutos antes de a matares.

Tal como estava a fazer com Afton foi assim que matei Chelsea, primeiro ceguei-a enquanto me posicionava nas suas costas para ter melhor ângulo para lhe arrancar a cabeça e todos os membros.

- Afton, por favor, as coisas não têm que acabar assim…

- Não, não tinham! – Interrompeu-me ele. – A esta hora a minha mulher poderia estar junto de mim, poderíamos ainda estar todos no castelo a fazer a nossa vida de sempre. Mas por tua causa ela está morta e a guarda está destruída. O lugar a que eu chamava casa já não existe.

O silêncio instalou-se entre nós durante uns minutos. À nossa volta a floresta também estava silenciosa, apenas a neve e o gelo crepitavam indicando que não estava surda. Permanecíamos quietos.

- Mata-me! – Disse por fim Afton.

- O quê? – Perguntei quase incrédula.

O seu corpo estava totalmente relaxado, Afton estava de joelhos no chão, sentado sobre as suas pernas. Os seus ombros descaiam derrotados e as suas mãos já não estavam cerradas em punho. A imagem de um homem conformado com o seu destino assombrou-me.

- Mata-me, por favor! Já não estou vivo desde que a Chelsea partiu…quer dizer, já não estou vivo há algumas centenas de anos. – Sorriu perante a sua tentativa de humor. – Não há mais nada a fazer neste mundo. Tenho saudades da minha mulher e quero voltar para junto dela.

- Eu não posso…

- Caroline, por favor! Nunca te pedi nada…por isso peço-te agora, neste momento. Mata-me. Deixa-me ir para junto de quem amo!

Foi com alguma relutância que me coloquei atrás de Afton e lhe rodeei a cabeça com os braços.

Se fosse uma humana e me magoasse de verdade, neste momento acho que teria umas quantas costelas partidas, nódoas negras em quase todo o meu corpo, arranhões e sangue a sair-me pela boca. Alguns membros partidos também. Estaria ofegante e quase sem forças. Mas como sou feita de “mármore” encontro-me perfeitamente bem, pelo menos aparentemente. Quase não tenho um cabelo em desalinho e a minha respiração flui sem pressas.

Por entre os meus braços está a cabeça de um vampiro desfeito, que há algum tempo perdeu as forças para continuar a lutar e agora me implora, por entre soluços de lágrimas que teimam em não sair, que o mate.

Estamos sós, nem mesmo os animais no meio desta floresta imensa testemunham a nossa luta, a nossa conversa. Tenho por entre mãos uma das decisões mais difíceis que já enfrentei na minha vida.

O que faço agora?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Past Vs Future" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.