Past Vs Future escrita por letycia


Capítulo 26
Capítulo 26 - Sem compromisso




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Capítulo 26

Sem compromisso

Estava sentada naquela poltrona há mais de cinco horas, mirava o vazio de uma parede. Parte da minha mente estava longe do México, estava em Forks, tinha saudades de jogar Scrabble com os Cullen, de ganhar a Alice de forma justa num jogo de xadrez, de brincar com Renesmee, e principalmente, tinha saudades de Edward. Sentia saudades do toque dele, do cheiro dele, do sorriso dele, do brilho dos olhos dele sempre que olhava para mim, da melodia da sua voz e dos seus lábios, sentia saudades de quando eles se encontravam e tudo encaixava na perfeição, como se pertencesse-se-mos um ao outro.

Como estaria ele? Será que também sentia saudades minhas? Talvez ele e Bella tivessem resolvido as coisas depois de me ter vindo embora. Será que estavam juntos como antes de eu aparecer? Antes de saber que eu e Edward éramos noivos? Como se eu não existisse? Será que Edward se apercebeu que afinal tinha confundido as coisas, e não me amava mais? Que aquilo que sentia por mim era uma coisa do passado? Que não existia mais?

Tantas perguntas sem resposta. Aquilo estava a dar comigo em doida. Queria estar com ele, a verdade era essa. Por mais que tentasse esquecê-lo não conseguia. Por mais que quisesse afastar-me dele, não conseguia. Iríamos ter sempre uma ligação, nem que fosse uma estúpida de uma lua que brilhava quase todas as noites.

Apertei a tecla 3 da marcação rápida do telemóvel, e o visor foi assaltado com a foto de Edward e com as palavras “a ligar” a piscar.

Antes da ligação ocorrer, escutei Jayden no quarto ao lado a saltar para cima da cama. Ouvi o barulho da madeira a rachar, a cama iria ceder a qualquer instante. Carreguei no botão vermelho antes mesmo de ouvir o primeiro bip e corri para o quarto de Jayden de forma a evitar que se ouvisse um estrondo em todo o hotel e não houvesse forma de explicar como aquele rapaz de 18 anos teria partido uma cama de casal e madeira maciça com um simples salto.

Quando entrei pela janela do quarto de Jayden, este já estava a segurar na cama, evitando que esta tocasse no chão.

–Decidiste fazer-me companhia? – disse com um enorme sorriso, pousando docemente a cama na alcatifa do seu quarto de forma a que ninguém ouvisse que uma cama tinha acabado de se partir em duas.

–Não, vim apenas ver a borrada que tinhas feito. – disse furiosa. – Qual foi a tua ideia de saltar dessa forma para cima de uma cama de madeira? Ainda por cima num hotel cheio de humanos?

–Desculpa, estava aborrecido. – disse Jayden com um encolher de ombros. Depois olhou para mim, e focou os seus olhos vermelhos nos meus. – Desculpa! – e fez um pequeno gesto com a cabeça, como que uma pequena vénia. Algo que era costume fazer aos nossos superiores.

–Não faz mal. – disse aproximando-me dele – Apenas tens que ter mais cuidado quando não estamos no castelo. Ninguém pode saber de nós. Temos que dar o exemplo. – coloquei a mão no braço dele, sentindo assim os seus bíceps, separados apenas por o tecido da sua camisola.

–Ao menos deu para apareceres aqui no meu quarto – colocou as mãos na minha cintura e aproximou os seus lábios dos meus. Antes olhou para os meus olhos, como que a pedir permissão para me beijar. Como não me mexi, os lábios dele tocaram nos meus, num beijo suave, tão suave que não sentia a pressão dos seus lábios. A mão de Jayden começou a deslizar para debaixo da minha camisola, num movimento bastante lento, ainda veloz aos olhos de um humano, mas lento para um vampiro.

Aproximei-me mais de Jayden passando os meus braços à volta do seu pescoço. O nosso beijo ganhou mais vida, tinha agora todo o meu corpo colado ao de Jayden, os olhos fechados. No entanto, a única imagem que visualizava era a de Edward, ajoelhado a pedir-me em casamento, o beijo que demos em seguida. Ouvia a respiração de Edward, a voz dele a dizer o meu nome. E desejei com todas as minhas forças para quando abrisse os meus olhos visse o cabelo acobreado de Edward, o dourado dos seus olhos, o seu sorriso quando me dissesse que tudo ia correr bem.

Tal não aconteceu, estava ali com Jayden. Não que ele não fosse atraente, ele era, e muito. Sabia o que fazer para uma mulher se sentir feliz, mas não era Edward. E eu não era capaz de estar com Jayden naquele momento. Não por Edward, não por Jayden, mas por mim. Pela minha saúde mental.

–Desculpa. – afastei-me de Jayden e apanhei a minha camisola vestindo-a. Jayden fitava-me confuso. – Não temos cama lembras-te, partiste-a! – disse com um sorriso. Não lhe queria dizer que estava a pensar noutro quando estava com ele. Não o queria magoar, apesar de saber que ele o sabia. Conseguia ver nos seus olhos.

–Claro, eu percebo. A cama… - Jayden desviou o olhar e fez um sorriso forçado.

–Vou ver à loja do hotel se há algum tipo de cola ou assim que possamos usar para colar essa cama, vamos partir hoje para Volterra. Já não estamos aqui a fazer nada! – disse enquanto me dirigia para a porta. Sentia o olhar de Jayden cravado nas minhas costas. – Até já.

Não havia cola que colasse aquela cama, no entanto queria sair daquele quarto o mais rápido possível. Não é que não quisesse estar com Jayden. Queria! Mas não quando tinha o Edward tão presente na minha mente. Não depois de uma lembrança, da lembrança do pedido de casamento que Edward me fez. Não me parecia correcto.

Não fui à loja sequer, sabia que lá não teria nada para arranjar uma cama partida. Invés disso dirigi-me ao balcão de atendimento do hotel e pedi para ligarem para o aeroporto, pois iríamos regressar a Itália nesse mesmo dia. Disse que queria o avião ainda nesse dia, no entanto à noite.

Já tinha a minha mala feita, coisa que demorou menos de um minuto a fazer. Peguei na mala e no casaco para vestir em Itália, pois lá iria estar frio quando chegássemos e teríamos que manter as aparências. Bati na porta de Jayden, para este se despachar. Ainda faltava fazer o check in e entregar o carro alugado antes de embracar. Lancei um olhar para o quarto de Jayden e lá estava a cama em pé, no sítio correcto.

–Tenho que admitir, está muito boa. – disse com um sorriso. Jayden tinha saído do hotel quando o sol se pôs para ir comprar pregos para fazer qualquer coisa com a cama. Estava um trabalho bastante bom, para alguém que não percebia nada de carpintaria.

–Boa? – Jayden olhou para a sua obra de arte com um iolhar indignado – Está óptima, queres tu dizer. Nem o próprio Andrew Dan-Jumbo* conseguia melhor.

Não consegui evitar e sorrir.

–Vamos, temos quase que correr para chegar a tempo do avião – sorri a Jayden, perante tal piada. Faltava mais de três horas para o avião, tínhamos tempo que sobrasse para lá chegar. Ainda dava tempo para jantarmos antes de embarcar.

Jayden seguiu-me até à entrada do hotel onde pagamos a nossa conta e depois dirigimo-nos ao aeroporto, onde entregamos o carro numa daquelas mini lojas que se encontram no aeroporto. Depois aguardamos que chamassem pelos passageiros para o nosso avião.

Estava-mos sentados numas mesas de um pequeno café, enquanto aguardávamos, ambos olhávamos para o ecrã que passava as notícias de uma catástrofe natural que tinha ocorrido no Japão. Toda a gente à nossa volta estava a ver a notícia, víamos algumas das imagens da terra a tremer, algo forte e violento. Famílias a chorarem, telhados a caírem, mostraram as imagens de um infantário no momento do sismo. De repente a locutora começa a falar também de um tsunami, via-se imagens das pessoas em pânico.

No aeroporto, tinha-se instalado um silêncio absoluto enquanto viam as noticias, por vezes ouvia-se exclamações devido ao terror mostrado nas imagens. Mas conseguia ouvir um burburinho de um grupinho de raparigas com uma facha etária dos 16 aos 18 anos que estavam a comentar o quanto Jayden era bonito, atraente e o que fariam com ele num quarto. Jayden ficou um pouco embaraçado, com a última parte da conversa das meninas, eu apenas me divertia com as fantasias delas e o embaraço dele.

–Pena é ele ter namorada. – disse uma delas com um grande suspiro no final.

–Eu cá não me importo, não sou ciumenta.

–Desafio-te a ires lá falar com ele. – disse ainda uma outra.

–Se ele ficasse sozinho podes crer que não me escapava. – afirmou a segunda rapariga muito segura de si mesma.

Eu apenas sorri com a conversa delas, o que fez Jayden olhar para mim.

–Acho que vou buscar qualquer coisa para beber e comer. Vai ser uma viagem longa. Queres que te traga alguma coisa? – Jayden olhou para mim em pânico.

–Só podes estar a brincar comigo Caroline. Tu não me vais deixares aqui sozinho com aquelas miúdas. – Jayden falou demasiado rápido para um humano se aperceber ou ouvir. Apenas sorri e dirigi-me ao bar. – Caroline!

Ouvi uma das raparigas se levantar, consegui ver num reflexo dum vidro que ela se estava a arranjar para ir ter com Jayden. Tive o cuidado de permanecer sempre de costas. Iria ser divertido ver Jayden a falar com uma humana que se estava a atirar a ele.

A humana tinha acabado de se sentar na cadeira onde outrora me pertencera. Estava completamente em cima de Jayden, tinha-se estrategicamente colocado de forma a que o seu decote ficasse na direcção de Jayden. No momento em que me apercebi que a rapariga se ia lançar nos braços dele e beija-lo, achei que estava na hora de parar com a brincadeira. Não sabia até que ponto Jayden iria conseguir controlar-se perto dela.

–Querido, queres ir para outro sítio? – disse agarrando-lhe a mão e fazendo com que ele se levanta-se.

–Adoraria. – Jayden segurou na minha mão como se fossemos namorados. Pegou nas malas e afastamo-nos da mesa onde estava uma rapariga loira, bastante bonita, para uma humana.

–Nunca mais voltes a fazer isto. – disse Jayden quando já estávamos a uma certa distancia da mesa onde ainda se encontrava a rapariga estática a olhar para nós.

–Oh, não sejas assim. Foi divertido. – abracei o seu braço, sem nunca largar a sua mão. Jayden largou as malas e abraçou-me, beijando-me. Um beijo diferente daquilo que tínhamos dado até agora. Um beijo demorado, para que todos os humanos conseguissem ver.

Permanecemos assim agarrados até embarcarmos. Já no avião Jayden não largou a minha mão.

–Sabes, já podemos parar de fingir, as tuas fãs viajaram para o Haway. – disse eu a Jayden olhando para as nossas mãos.

–Mas eu não estou a fingir por causa delas. Alias nem sequer estou a fingir. Simplesmente não sei quando vou voltar a estar contigo, ou se vou sequer estar contigo novamente. Quero aproveitar enquanto posso.

Fiquei a olhar para Jayden. Porquê que ele pensava aquilo?

–Porque dizes isso?

–Por favor Caroline. Tu és uma das capas mais negras, já eu, eu sou das mais claras. Não se vê ninguém de capas escuras a andar com uma hierarquia tão baixa como a minha.

–Tu não vês ninguém do castelo a ter relações com ninguém, no entanto não quer dizer que elas não existam. – disse eu pensando em Angel e Jane. Não que eles admitissem entre andavam juntos. O que eles tinham era algo como eu e Jayden, sexo sem compromisso, mas eu sabia que eles gostavam um do outro, apenas não admitiam.

–Então isso quer dizer que vais admitir que temos um caso? – Jayden olhou para mim com os olhos bastante arregalados de espanto.

–Não. Não quer dizer isso, porque nós não temos nada. – nesse momento larguei a mão de Jayden. – Jayden, já falamos sobre isso. Eu não quero nenhum tipo de relação. Disses-te que percebias e que conseguias viver com isso. Mas acho que não consegues, talvez seja melhor ficarmos por aqui.

–Não! Eu consigo, desculpa. Apenas pensei…não sei o que pensei. – Jayden desviou o olhar. Fitava agora uma mancha no chão do avião.

–Jayden – coloquei a minha mão sobre a dele. – Eu gosto muito de ti, mas só como amigo. Um amigo mais especial, e vamos estar mais vezes juntos. Lembras-te? Eu vou treinar-te, vamos começar a trabalhar juntos. – Jayden olhou para mim e sorriu, não aquele sorriso que vai de orelha a orelha, foi mais um sorriso discreto, mas sorriu. – Mas lembra-te, em Volterra, no castelo, vais ser como os outros, não vais ter tratamento especial só porque fomos para a cama juntos. Não me posso dar ao luxo de te tratar de forma diferente. Se começo a tratar um depois os outros começam a abusar da sorte. – Jayden apenas acenou com a cabeça e deu-me um beijo rápido.

Sorri-lhe e consegui vislumbrar um sorriso, a sério desta vez, nos seus lábios. Encostei a minha cabeça no ombro dele e fingi dormir o resto do caminho.

Já estávamos, finalmente, no castelo. Jayden vinha atrás de mim, de cabeça baixa. Tínhamos encontrado Alec no caminho, que me abraçou quando me viu e mirou Jayden de cima a baixo.

–Como correu? – perguntou Alec ignorando totalmente Jayden e focando toda a sua atenção para mim.

–Sim Alec, correu bem. O Jayden portou-se bem, se é isso que queres saber. Até foi bastante útil neste caso. – senti Jayden sorrir. – Podes ir, estás dispensado. – disse olhando para Jayden.

–Sim menina. – Jayden baixou a cabeça, em sinal de respeito, olhou para Alec e repetiu o mesmo gesto – Senhor!

Vi Jayden afastar-se, e eu permaneci com Alec. Já não o via à bastante tempo. Estava com saudades para ser sincera. Queria estar com todos, matar saudades, essas coisas. Afinal de contas eles eram a minha família.

Alec acompanhou-me até ao meu quarto, para eu me arranjar, para me transformar numa verdadeira Volturi.

Depois de ter tomado o meu banho, vestir uma roupa mais apropriada e colocar o meu manto novamente, tinha decidido ir ter com Angel, já tínhamos combinado estar juntos. Tinha muito para lhe contar, as novidades de Forks, que Edward era meu noivo, que ainda era perdidamente apaixonada por ele, mesmo ao fim destes anos. Falar do meu anel, que ainda não tinha comentado com ninguém e estava a matar-me. Teria também que lhe contar sobre Jayden, não sabia se Angel iria aprovar, visto apesar de tudo ainda ser um anjo e ainda defendia alguns dos seus ideais. No entanto, ele era o meu melhor amigo.

Estava já a sair do quarto, em direcção ao mato que se encontrava além das muralhas de Volterra, onde ia encontrar Angel, quando ouço Félix a chamar por mim.

–Caroline, o Caius chama-te.


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Notas finais do capítulo

Recomendem a fic, por favor ;)