É possível sentir o amor, quando se estar perto de pessoas apaixonadas, e aquele parque estava cheio de amor, casais felizes, e tinha alguns pais brincando com seus filhos, estava um dia perfeito para isso. Mas o que me chamou atenção mesmo foi um casal discutindo, era possível escutar longe. Cheguei um pouco mais perto, eles eram um casal jovem, ele tinha no máximo trinta anos, e ela devia ter vinte e cinco anos.

-Onde eu estava com a cabeça quando eu casei com você, Ian?

-Sua cabeça estava em cima do seu pescoço, assim como esta agora, mas se você perguntar onde estava a sua razão, eu posso te garantir que ela estava enterrada na Tequila. – disse ironicamente.

Ri com aquilo, ele parecia aquele tipo de cara irritante e irônico, que tirava qualquer um do serio. Resolvi interceder, o que eu tinha a perder? No máximo eu ganharia uma patada daquelas.

-Desculpe, mas dá pra ouvir a discussão de vocês a metros, eu posso ajudar vocês? – perguntei.

-Só tire esse irritante de perto de mim. – disse a garota se sentando em um banco.

-O problema é essa doida, eu não a suporto.

-Olha, meu amigos dizem que eu sou boa resolvendo problemas, por que vocês não contam a história de vocês?

-Vamos ver qual de nós esta certo Nina, a propósito sou Ian – disse.

-Bia, como vocês se conheceram?

-Um nosso tinha acabado de ganhar um milhão de dólares na loteria, e resolveu gastar tudo de uma vez só, convidou varias pessoas, incluindo nos dois. Nunca nós dois os demos bem, sabe. Nos conhecemos em Florença, na casa desse nosso amigo, Paul é o nome dele, foi ódio a primeira vista. – Ian me contou.

-Mas isso é outra história, como essa coisa ia dizendo, Paul me convidou para irmos á Las Vegas, eu aceitei só que eu nunca poderia imaginar que essa peste ia também. – disse Nina.

-Você queria o que? Ele eu somos melhores amigos. Eu só não sei por que ele te chamou para ir.

-Paul e eu nos conhecemos no jardim de infância. Eu sou a melhor amiga dele.

Eles começaram a discutir novamente, dessa vez para saber quem era o melhor amigo desse Paul.

-Gente, foco na historia – falei.

-Ok, como eu ia dizendo fomos para Las Vegas ficamos numa suíte presidencial, tudo bancado pelo nosso amigo. Resolvemos sair anoite, fomos a um cassino, o limpamos, todos acharam que estávamos roubando, fomos presos, depois de uma hora liberados, não havia provas contra nós, mais que dobramos o dinheiro.

-Resolvemos ir para um bar, enchemos a cara ate não podermos mais e foi a partir daí que as coisas ficaram loucas, ninguém se lembra direito, Ian me pediu em casamento. Acho que ele me dopou pra eu aceitar.

-Dopei nada, você pulou no meu pescoço falando que me amava – disse rindo.

-Como eu disse, estávamos bêbados, principalmente eu.

-Ela é fraca pra bebida. – Iam me contou.

-Ian me pediu em casamento, fomos a uma daquelas capelas.

-E tinham dois rockeiros drogados lá – disse Ian rindo.

-E eles pediram pra que nos fossemos os padrinhos deles. E eles se juntaram com o resto da nossa galera e foram os nossos padrinhos.

Eles nem se quer perceberam que um estava completando a frase do outro, que estavam rindo juntos, e ele nem se lembravam que estavam brigando há poucos minutos, havia amor ali, apenas eles não percebiam isso.

-O CD que estávamos escutando arranhou e ficou só naquela musica, Vermilion Pt. 2, era ate lenta, devido a musica depressiva, a bebida e o casamento todo mundo começou a chorar abraçados.

-Eu já ouvi a musica – falei.

-A nossa lua de mel foi no quarto da suíte, nem nos lembrávamos do que havia acontecido pelo menos eu não me lembrava não havia indícios de nada, eu acordei no quarto e Ian na banheira. – disse Nina totalmente confusa.

-Ah eu me lembro, só que idade não permite contar – disse Ian sacana.

-Acordamos de ressaca, pedimos alguma coisa pra comer, você lembra o que era Ian?

-Parmegiana, só que estava fria e podre – disse ele praticamente gargalhando.

-Foi isso mesmo! Você ligou no serviço de quarto reclamando, o gerente despediu o funcionário, para abafar o caso ele não cobrou nossa estadia no hotel e nos pediu desculpas.

-E quando vocês começaram a brigar? – perguntei.

-Quando eu descobri que estava casada com este traste, nossos amigos chegaram horas depois ainda totalmente bêbados perguntando como havia sido a nossa noite de núpcias, achamos que era brincadeira até que recebemos a certidão de casamento hoje, quer dizer ele recebeu.

-Eu a chamei aqui, um lugar publico, pareceu um bom lugar pra mim, caso ela fosse me matar, haveria muitas testemunhas. – disse Ian.

-Ele contou o que ele havia recebido, eu surtei e aqui estamos nós. Eu não posso estar casada, eu só tenho vinte e três anos e ele é um velho de trinta e três.

-Você tem trinta e três anos? – perguntei assustada, ele não parecia nem um pingo ter tudo isso.

 -Eu sei que eu não pareço ter tanto. Eu passo por vinte fácil.

-Vocês estão brigando apenas por isso? Idade? – perguntei desacreditada.

-Você não conhece essa peste, ele é irritante, irônico, idiota...

-E ela é louca e ela pintou o cabelo, ela era ruiva.

-Ele tem uma fascinação por ruivas, ele é fã de Hermione de Harry Potter.

Eles começaram a discutir novamente, dessa vez por causa da fascinação de Ian por mulheres ruivas, só pode ser brincadeira.

-Gente, foco. Qual é o problema de vocês dois? Será que não da pra parar de brigar? – perguntei irritada.

-Estamos tomando uma bronca de uma garota de treze anos Nina? – Ian perguntou a ela.

-É eu acho que estamos.

-Por que vocês brigam tanto? Eu não consigo entender.

-Como eu ia dizendo, ele é irritante, grosso, idiota, irônico e... Tremendamente sexy.

-E ela é louca, doida e... Gostosa.

-Admita gente, todo esse ódio de vocês é um amor não assumido e mal resolvido – conclui.

-É – disseram juntos.

Eles começaram a se olhar de um modo intenso, como se um fosse comer o outro e depois olharam pra mim, como se tivessem dizendo “O que você ainda esta fazendo aqui?”

-Parece que vocês não precisam mais de mim, tenham uma ótima vida de casados. – falei.

Não esperei resposta, e nem teria, pois eles já estavam se beijando, ou melhor, dizendo, se engolindo.

E então o cupido faz mais duas vitimas.