Xeque-Mate! escrita por Queen of Hearts


Capítulo 6
A Tristeza de um bispo


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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Pov Rose Weasley

Nossos passos ecoavam naqueles corredores enquanto andávamos em direção à gárgula de pedra. Não queria entrar ali e me parecia irônico voltar naquele lugar logo depois de ser o motivo da suspensão de duas pessoas. Porém, rezava para não ser o motivo de minha própria. Nunca vi Thomas tão sério desde que pus os pés naquela escola e segurava o livro com tanta força que parecia querer arrebentá-lo com as minhas próprias mãos. Malfoy andava no lado oposto, quase ombro a ombro comigo, mas parecia querer manter certa distância e aquilo me doeu.

Quanto a mim, não conseguia entender o que estava acontecendo. É bem verdade que nunca vi aquele livro, apesar de já ter visto outro exemplar em uma vitrine na travessa do tranco, mas era impossível negar minha inocência quando meu nome estava escrito em preto e de forma simples muito parecido com minha letra em uma das capas velhas. Senti meus olhos arderem quando pensei nisso e uma mão fria encostou-se à minha. Não entrelaçamos nossos dedos, mas sentir Malfoy acariciar minha mão com o polegar e soltá-la quando paramos em frente à estátua de pedra. Thomas murmurou a senha, mas eu ainda olhava para o lugar onde os dedos de Malfoy estavam há poucos minutos.

Quando enfim entramos naquela sala, foi que pude perceber o quão problemático aquilo poderia ser e pela expressão de McGonagall, senti que ela estava surpresa ao me ver ali. Ignorei seu rosto severo e preferir me concentrar no guia nas mãos de Thomas. Não era corajosa, então não precisava encarar o rosto da diretora se não quisesse. Ouvir Thomas lhe contar o acontecimento que me envolvia e apesar de detestar vassouras, resolvi que queria uma ali para escapar janela a fora. Meu coração pulsava tão rápido parecendo querer quebrar minhas costelas e mais uma vez sentir meus olhos arderem, mas dessa vez não pude apreciar a sensação de consolo que Malfoy transmitia, então olhei para ele.

Seu rosto estava impassível e não conseguir retirar nada dali, mas notei seus olhos se direcionarem várias vezes à capa negra daquele guia. No que você está pensando? Me vi perguntando a mim mesma, enquanto o olhava. Entretanto, quando sentir seu olhar sobre mim, preferi olhar para os meus próprios pés, não queria que ele pensasse que eu o estava olhando por vontade própria e sim por precisar de seu apoio como a garota ingênua que precisava de alguém para salvá-la. Sentia-me patética.

— Weasley o que tem a dizer em relação ao que o Sr. Thomas me contou? — ouvir a voz de McGonagall e me sentir perdida.

Gaguejei.

— Ahn... Nã-não me lembro de já ter visto este livro di-diretora.

Droga! Mas o que eu estava fazendo? Certo que minha afirmação era verdadeira, mas minha maneira insegura estava piorando a situação. Senti todos os olhos pararem em mim e realmente quis ali uma vassoura. Quando senti alguém segurar meu ombro e um rosto conhecido se aproximar do meu. Recuei assustada e sua voz fria foi ouvida.

— Não foi isso que me disse, Rose. Se me lembro bem, queria o livro para comparar um feitiço com um outro que tinha em teu livro de feitiços. Pois achou estranho algo assim que se referia às artes das trevas estar em um livro de sexto ano.

Ele falou isso tão calmamente que um arrepio percorreu minha espinha, não fazia a mínima ideia do que aquele garoto loiro estava falando. Mas observei seu sorriso de canto, o qual, McGongall e Thomas não eram capazes de ver. Vi meu reflexo em seus olhos e sua boca mexer quase que imperceptivelmente em algumas palavras. Não as entendi, mas compreendi o motivo de tudo aquilo.

— Talvez eu tenha esquecido, Scorpius e peço perdão para os senhores também por minha horrível memória. — olhei para McGonagall e para Thomas e os vi nos observando. Malfoy se afastou de mim.

— Então diga a eles. Diga que é inocente e que tudo isso não passou de um mal entendido — sua voz foi ouvida novamente e me esforcei para não sorrir.

— Não precisa. Eles já ouviram Malfoy, você não é o que podemos chamar de discreto — vi um sorriso estampar seus lábios e me dirigi aos professores que estavam ali — Creio que os senhores já podem tirar suas próprias conclusões a respeito disso.

— Certamente, Srta. Weasley, mas ainda não sei como Malfoy sabe de tudo isso e o porquê dele está tentando lhe proteger. Será que poderia nos contar? — respondeu McGongall.

— Eu estava na biblioteca quando a vi indo em direção à área reservada e estranhei sua atitude, pois essa garota que está em sua frente é tão politicamente correta que sinto vontade de fazê-la passar por algo realmente assustador a fim de fazê-la enxergar algo além de livros. Creio que um dia ainda conseguirei realizar esse milagre, mas como estava dizendo antes aos senhores...

O olhei incrédula e se não fosse a situação em que me encontrava, teria lhe dado um tapa no braço. Ainda podia ouvir sua voz, mas a expressão “politicamente correta” parecia ocupar toda minha mente. McGongall voltou a falar.

— Entendi tudo o que me disseste, mas isto... — ela estendeu o grosso livro sobre a mesa e apontou para o meu nome. — Ainda não explicou o significado, Sr. Malfoy!

— Eu o escrevi aí — me adiantei, antes que Malfoy pudesse falar alguma coisa. — Achei que estaria tudo bem, uma vez que o livro estava comigo e que poderia perdê-lo. Mas é claro, foi bem idiota escrever meu nome em algo que poderia me causar problemas. Eu realmente não sei o que estava pensando.

Todos agora olhavam para mim, mas Thomas se pronunciou mais uma vez.

— Falta ainda uma última coisa, qual era o feitiço que estavam procurando? Já que estamos todos aqui, poderíamos resolver esse mistério juntos — falou o professor com falsa cortesia, deixando a mim e Malfoy mudos.

— Nã-não precisa mais se preocupar com isso — respondi rapidamente e Malfoy olhou para mim. – Eu já consegui achá-lo, na realidade era apenas um simples feitiço de levitação, mas parece que naquela época esse feitiço era pronunciado e escrito de forma diferente e por isso achei que se tratava de um feitiço das artes das trevas.

— Interessante. Realmente um grande erro vindo de sua parte, o qual causou toda essa situação, mas realmente espero que devolva o livro de onde o pegou — respondeu Thomas um tanto impaciente, parecia querer por logo um fim a tudo isso, o que achei estranho devido às circunstâncias anteriores. — Mas não ficará impune a respeito disso. Os livros da seção reservada são proibidos a todos os alunos e a não ser que tenha autorização de algum professor, tirá-los da seção é considerado burlar as regras. Ficará de detenção por uma semana.

Senti-me injustiçada quando ouvir aquelas palavras. Nunca tinha visto este livro em minha vida, muito menos sei como ele foi parar na minha mochila, e agora ganharia uma detenção por causa desta mesma coisa?! Realmente estava zangada, mas se Malfoy e eu havíamos chegado até ali com falsas verdades, não poderíamos ficar com o pé atrás e voltar com tudo. Assenti involuntariamente.

— Ótima escolha, Srta. Weasley ou devo dizer nenhuma, mas saiba que tudo que está acontecendo se reflete em seus atos. Agora, gostaria de saber se a diretora concorda comigo? — disse por fim se virando para McGongall.

Não a vi dizer uma palavra e o sorrisinho de autoconfiança de Thomas sumiu. A diretora olhava para nós e parecia enxergar algo que Thomas não podia ver. Senti meu rosto ficar vermelho e não sei se era impressão, mas ela parecia saber de toda a verdade e aquilo me fez ficar ainda mais envergonhada. Olhei para Malfoy e percebi seu nervosismo desde que entrou naquela sala. Não tinha mais nada o que fazer ali e quando a diretora nos ordenou a saída de seu escritório, só consegui sentir o alívio e infelizmente a chateação da detenção que seria delegada a mim.

~~XXX~~

Após aquele dia, pensei que nunca mais gostaria de voltar à sala da McGonagall, pois do mesmo jeito, nunca mais gostaria de ter que limpar o banheiro da murta-que-geme, nem lustrar todos os espelhos enferrujados que tinha ali. No entanto, havia algo de bom em ficar com um balde na mão e uma escova enquanto limpava os espelhos: estar longe dos olhares irritados, a exceção dos olhares da própria murta que parecia irritada por eu ter “invadido” seu banheiro. Mas naquele momento, ela havia ido ao banheiro dos monitores, os espionar e pela primeira vez no dia eu estava feliz fazendo aquele trabalho.

Depois do meu pequeno acidente com o guia das artes das trevas, todos do meu ano pareciam saber desse assunto e até mesmo algumas outras pessoas. A conclusão era os olhares irritados se viravam para mim, os dizeres que eu deveria ir para sonserina e principalmente as palavras que me faziam sentir mal, mas que ninguém parecia perceber. Eles só queriam alguma coisa para se ocuparem por um momento, até que aparecesse uma outra que chamaria mas atenção do que meus problemas. Eu, porém, torcia para este dia chegar logo.

Mais uma vez, me levantei do lugar onde estava lustrando um dos espelhos e me dirigir para a porta. Quem sabe se eu terminasse logo aquilo minha detenção terminaria mais cedo. Havia um mosaico de vidro na porta, então me dirigir para lá, mas quando a afastei para olhar melhor o mosaico, deixei o balde cair com o susto que levei. Droga! Será que ele queria me causar um infarto? Malfoy estava parada atrás da porta, a qual eu limparia e parecia ter entrado há poucos segundos fazendo tudo aquilo apenas para me dar um susto. Realmente o detestava. O ignorei, era o melhor que eu conseguia fazer.

Ele se pronunciou.

— Vim ver como estava — disse divertido. — Os boatos por toda escola não são nada bons e sabe que eu entendo bem sobre isso.
Fingir que não tinha o ouvido e ele se aborreceu.

— Ora, vamos Weasley. Não fiz de propósito!

— Me diga uma coisa. És um vampiro? — perguntei, o olhando nos olhos.

— O quê? Não. De onde tirou isso? — respondeu incrédulo.

— Então pare de se esconder atrás das portas! Não sou seu brinquedo.

O deixei parado ainda olhando para mim e me dirigi a um espelho. Ele veio atrás de mim e segurou meu pulso. Dessa vez, parecia tentado a sorrir e realmente percebi que não compreendia aquele garoto.

— Não estou brincando com você, apesar de sempre parecer que é isso que eu faço. Você me ajudou uma vez Weasley, então realmente quero saber se está bem.

Suas palavras me afetaram e juro que quis sorrir com todas as minhas forças, mas não fiz isso. Então aquilo era apenas uma troca? Nunca vi Malfoy tendo uma conversa civilizada com ninguém, a exceção de Alvo, McGonagall e seus pais. Nunca conversamos e só trocamos poucas palavras, podendo ser agressivas ou não como aquela vez no trem que o vi da primeira vez. Naquele tempo, ele parecia ver um tipo de diversão em mim, mas eu era só a prima de seu melhor amigo, sardenta, com roupas maiores que o normal e livros. Agora, eu o havia ajudado e ele permanecia grato a mim por isso. Mas eu não queria que fosse assim, pelo menos o algo dentro de mim não queria. Ele não precisaria se prender a mim por isso, eu não iria forçá-lo a ser amigo da nerd da escola.

Soltei meu pulso de sua mão e me virei de frente para ele. Seu sorriso era tão bonito... Mas me contive e respondi friamente.

— Não preciso de um guarda-costas.

Seu sorriso sumiu e seus olhos cravaram em mim tão frios quanto foi minha voz. Porém, ele rebateu.

— Não sou um, Weasley. Além disso, você resolveu entrar em minha vida por conta própria. Então não pode sair, a não ser que eu permita.

— Que pensamento egoísta — murmurei baixo, mas respirei fundo e respondi — Se é assim, então me deixe sair.

— Não — respondeu.

— Idiota!

Levantei a cabeça e ele depositou um beijo na minha testa, arregalei os olhos e achei que tinha perdido os movimentos dos braços, não conseguia me mexer. Malfoy se afastou de mim e deu um sorriso, o empurrei nervosa. Parece que meus movimentos haviam voltados. Ele puxou o banquinho encardido que eu estava usando enquanto limpava as pias e se sentou. Fiquei em pé de costas para ele. Porém, Malfoy parecia impaciente com nosso silêncio, então resolveu interrompê-lo.

— Suponho que saiba quem colocou o livro em sua bolsa, não sabe? — perguntou e percebi pelo seu tom de voz que estava sério.

— Tenho uma hipótese, mas não tenho provas de que foi ela.

— Ela? Quem lhe fez isso foi um garoto, Weasley! — rebateu e me virei rapidamente para ele.

— Do-Do que está falando?

— Estou falando de Brandom. Ele lhe fez isso.

Suas palavras passaram por mim como facas. Sentir meu coração bater rápido e meus olhos arderem, mas não deixei que as lágrimas caíssem. Afinal, aquilo era só uma brincadeira certo? Malfoy estava brincando como sempre fazia e na minha cabeça aquilo era uma mentira horrível.

— Você está mentindo! — acusei-lhe e vi seu rosto se retrair.

— O que?

— Acabei de lhe dizer que está mentindo — respondi calmamente com um sorriso nos lábios. Malfoy era uma criança em tamanho maior. — O que é verdade, não é? Você só está brincando, realmente loiro isso é ridículo.

Tentei ver uma ponta de sorriso em seus lábios e o momento que ele iria coincidir com minhas suspeitas, mas o que eu esperava não veio. Malfoy não sorriu, não gargalhou ou sequer rebateu sarcasticamente. Seu rosto adquiriu uma expressão desesperada e o vi segurar meus ombros. Seu gesto me assustou.

— Weasley, você enlouqueceu?! — o vi berrar para mim. — Aquele cara lhe fez isso, lhe mandou para a diretoria e ainda lhe fez ficar nesse lugar a lustrar espelhos. Mas ainda sim, sei que isso não é nem a pior das coisas que ele pode fazer.

— Mentira! — gritei zangada e tentei me soltar dele. — Brandom nunca faria isso! Por que está fazendo isso, Malfoy? Falando de uma pessoa gentil de um modo horrível!

Você é a única que o acha gentil! — gritou e eu paralisei. — Ele nunca o foi, Weasley! — continuou.

Nunca o vi assim e seus olhos expressavam tanta raiva que antes que eu pudesse fazer qualquer coisa para impedir, senti algo molhado em meu rosto. Não acreditei quando as senti e vi-me sendo derrubada por mim mesma, enquanto Malfoy me encarava com seus olhos mais claros que o normal. Percebi que seu aperto em meus ombros havia afrouxado e ele me olhava com um misto de arrependimento e infelicidade. Não consegui fazer nada diante disso e quando menos esperei suas palavras perfuraram-me mais uma vez:

— Poderia ser... Você gosta dele? — perguntou sério.

— Sim — respondi sincera.

Então ele virou-se de costas para mim e foi em direção à grande porta do mosaico, mas antes de fechá-la, parou ali e me jogou algo que sentir ser um pacotinho. O virei e percebi ser um pacote de sapos de chocolates. Quase corri atrás dele, mas suas palavras me pararam novamente.

— Vi isso quando fui a Hogsmeade, você gosta não é? Observei quando aquela sua prima ruiva te deu um e você parecia feliz com esses chocolates. Faça bom proveito, Rose.

E se foi, me deixando sozinha naquele lugar solitário, com meu reflexo insosso refletido em um dos espelhos. Acho que agora entendi o porquê da murta se sentir tão infeliz ali.


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Notas finais do capítulo

Reviews?
Espero que sim, apesar de achar que esse capítulo ficou um tanto dramático. Mas prometo que o próximo terá menos drama e até tenho uma surpresa para vocês relacionado a um dos personagens dessa fanfic que sei que vocês gostam. Bom, agora as explicações do capítulo:
Sei que vocês viram Brandom ser visto nesse capítulo como um garoto "diferente" do que estamos acostumados a ver, observado pelo o modo de Rose. Bem, a dica está em um dos pontos relacionado a isso e vocês entenderão melhor o porquê de Rose o ver assim ao passar dos capítulos. Espero que tenham gostado e leitores por favor, comentem, vejo apenas alguns dos meus leitores comentando e os agradeço muito por isso, mas realmente gostaria de ver todos aqui expressando suas opiniões. Falem sobre os personagens, sobre a história e sobre o que acham que vai acontecer. Estou aqui justamente para isso, para debater com vocês e para agradecê-los por lerem esta história.



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