Xeque-Mate! escrita por Queen of Hearts


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo é apenas o prólogo, mostrando o primeiro contato deles com o jogo de xadrez. Será o próximo capítulo a iniciar o desenrolar da história.



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Pov Scorpius Malfoy

Quando tinha nove anos, meu pai me mostrou pela a primeira vez como era uma partida de xadrez. Já o havia visto jogar inúmeras vezes, quando escondido de minha mãe, descia até um vão logo abaixo da escada e me sentava ali, observando meu pai mexer nas peças pretas. A verdade é que eu não tinha permissão para ficar ali, pelo menos não quando alguma dessas reuniões acontecia. Nunca soube bem o porquê e se me perguntassem em que meu pai trabalha, sendo sincero, não saberia o que responder.

Minha mãe, sempre na dela, nunca tocava nesse assunto e quando eu cravava os pés no chão, agarrava o braço do sofá e parecia que nunca mais me levantaria dali, ela fechava a cara e me dava um sermão.

“Escute Scorpius, você sabe que seu pai possui assuntos importantes a resolver, então não seja uma pedra no caminho dele e suba para o seu quarto.”

No final, eu realmente ia para o meu quarto, mas não ficava lá por muito tempo como comentei anteriormente. Sei que devem estar pensando “Essa parece ser uma história estranha, pois o filho nada sabe sobre o emprego do pai.” Porém, se tratando do Sr. Draco Malfoy, parecia haver realmente uma certa preocupação em torno disso.

Em festas da escola ou reuniões familiares sempre passava vergonha, pois a única coisa que podia falar sobre o trabalho do meu pai era “Ele trabalha em uma empresa” e assim, abaixava a cabeça e ia me sentar em meu canto. Mas havia outra coisa que eu sabia sobre o trabalho dele além da frase citada acima, minha mãe era a que mais me lembrava disso e quando eu a questionava, ela dizia: “São assuntos d’O Lobo Scorpius, você sabe”.

O Lobo é o dono da empresa na qual meu pai trabalha, tem esse apelido por seu sorrisinho de dentes amarelados e por não ser o cara mais simpático do mundo. Raras vezes ele aparecia em nossa casa e quando aparecia, sempre era obrigado a me vestir como um pinguim de geladeira e ir atendê-lo na porta, onde ficava parado, vendo-o entrar sempre com uma mulher diferente do lado. Mas voltando ao jogo de xadrez, era natal em um domingo chuvoso quando meu pai se sentou a minha frente e retirou um pequeno tabuleiro de dentro das vestes. Fiquei paralisado ao ver a cena, mas quando o olhei, ele nada mais fez do que sorrir para mim. Em seguida, começou a montar as peças no tabuleiro e a falar sobre as instruções como se estivesse contando uma história da era medieval.

— A primeira coisa que precisa saber em uma partida de xadrez Scorpius, é que o rei sempre será o centro das atenções, independentemente de haver outro personagem no tabuleiro. As outras peças estarão ali apenas para protegê-lo e até sacrificar-se se for preciso. Cavalo na H7! — o jogo havia começado e constatei que meu peão branco acabava de ser derrubado pelo o cavalo negro de meu pai. Olhei-o espantado e percebi que ele continuou com as instruções como se estivesse tudo normal.

— Há dois reis no jogo e apenas um pode ter a glória de ganhar ou o jogo nunca terminará. Tudo se trata de um jogo de interesses, onde um é derrotado, e o outro fica com toda a sua riqueza, no caso do xadrez, no comando. Levando em conta que não é possível dois reis governarem um único reino, será também no tabuleiro.

Eu escutava tudo atentamente e tentava assimilar os lances feitos no jogo por meu pai. Já fazia algum tempo que estávamos ali e constatei infeliz que estava perdendo miseravelmente para ele. Nesse meio tempo, uma imagem me veio à cabeça, era a de um Harry Potter desenhando em um papel com o nome “procurado” escrito logo abaixo do desenho. No jogo do meu pai, Potter seria o rei do lado alvo e Tom Riddle o rei do lado negro e isso era bem estranho de pensar, pois nunca imaginei colocar uma guerra de forças em um tabuleiro gigante, mas meu pai parecia estar demonstrando que isso era possível.

Saí do meio de um turbilhão de pensamento e voltei a escutá-lo.

— Quando se está jogando Scorpius, é preciso tentar salvar o maior número de peças possíveis ou então, o seu lado ficará fraco e o seu rei será nocauteado. Entenda que cada jogador se alimenta da fraqueza do outro, pois ao se descuidar um segundo, o jogador adversário não terá pena de você. Bispo na A5! Xeque! — olhei rapidamente para o tabuleiro e vi o bispo negro de meu pai a um só passo de nocautear o meu rei, tentei salvá-lo, mas quando fiz minha jogada, meu pai deu um sorriso estranho.

— Nem sempre o que está na frente de seus olhos é o que aparenta ser. Xeque-Mate! — rebateu ele e sem ter a mínima ideia de como aquilo havia acontecido, analisei o tabuleiro.

Percebi um tempo depois que estava preocupado demais com a jogada que o bispo de meu pai faria, mas havia ali uma peça que discretamente procurava não chamar atenção, quase que invisível, apenas esperando para nocautear o meu rei e eu não havia notado. Ao mover meu rei para a última fileira , fazendo-o se livrar do bispo, não notei que havia uma torre ali e quando terminei minha jogada, ela me nocauteou. Só então percebi o que meu pai queria dizer com aquela frase.

Olhei chateado para ele e observei-o dar um tapinha amigável nas minhas costas, levantando-se. Em seguida, o vi apontar para o tabuleiro e me dizer três simples palavras:

— Feliz natal, Scorpius!

— Feliz natal, pai! — retribui baixinho, mas ele já estava longe, entrando por uma porta à esquerda no corredor.

Continuei sentado no chão, de frente para a lareira. Peguei o jogo já arrumado nas mãos e fiquei olhando para o fogo, pensando que assim como a história de Potter pode ser colocada dentro de um tabuleiro, por que a minha também não poderia? E assim, pensei que seria um dos bispos desse jogo, sempre me esquivando dos problemas, pena que a palavra mais importante do jogo, não foi dita do meu lado.

Pov Rose Weasley

Não sei se estão lembrados, mas foi meu pai quem protagonizou uma das maiores partidas de xadrez do mundo bruxo e um dia espero ser como ele. Claro, não vencendo um jogo gigantesco como quando meu pai tentava fazer com que ele, minha mãe e meu tio saíssem vivos de lá, pois isso é mérito dele. Mas vencendo minha própria partida, onde eu mesma estou inclusa dentro dela e as outras pessoas não conseguem enxergar isso.

Então vamos dar início a não tão bonita história da minha vida.

Lá estava eu, sentada em um sofá na Toca, quando vi meu pai e meu tio começarem uma partida de xadrez. Meu pai costumava falar muito sobre esse jogo, mas nunca havia me interessado muito por ele. Nesse dia, só havia nós três na sala e eu podia ver, mesmo com os meus seis anos de idade, o suor escorrendo pela testa do meu tio Harry enquanto o Sr. Rony Weasley fazia sua jogada. Com os olhos castanhos que havia herdado da minha mãe, analisava cada lance feito e tentava entender aquilo. No final, meu pai ganhou como sempre, mas em vez de meu tio ficar irritado e ir embora, eles começaram outra partida. Isso pareceu esquisito para mim. O que esse jogo tinha?

Dois dias depois e eu estava olhando para meus pais vestidos em seus trajes a rigor, se preparando para ir a uma festa no ministério, mas as crianças não eram permitidas lá e por conta disso, fiquei. Logo depois que ouvi o som da aparatação, olhei para Thalia e ela olhou para mim, parecia mais quieta que o normal. Thalia era nossa empregada, mas tinha um pequeno defeito: era sempre muito isolada e às vezes isso parecia me assustar.

Quando percebeu que só havia ficado nós duas na sala, ela foi até a cozinha e por lá ficou. Parece que tinha deixado alguma coisa queimar no fogão, provavelmente meu jantar e o de Hugo. Aproveitando sua saída, me veio uma ideia na cabeça e eu sabia que era errado, mas minha curiosidade era maior.

Subi as escadas até o quarto de meus pais, uma vez que Hugo estava dormindo, e entrei no aposento. Não tinha permissão para entrar lá, ao menos não quando eles não estavam, pois corria o risco de quebrar alguma coisa com a minha ótima coordenação motora. No entanto, olhei para o guarda-roupa e logo localizei o tabuleiro prateado de meu pai. Subindo em cima de um banquinho, tentei puxá-lo lá de cima, por pouco não o quebro, mas consegui pegá-lo quando o puxei de uma vez.

Após está com o tabuleiro nas mãos, sentei no chão e comecei a montar as peças ali mesmo. Depois tentei fazer como meu pai fazia com o tio Harry, mesmo sem haver ninguém com quem jogar. Não preciso nem dizer que sair frustrada, não por não ter um parceiro, mas sim por não entender como aquele jogo funcionava e percebi naquele momento, que teria que fazer aquela pergunta ao meu pai.

O sorriso grande dele e o brilho em seus olhos estavam me cegando, não sabia que estender o tabuleiro em sua direção e fazer essa pergunta “Me ensina a jogar papai?” iria fazê-lo ficar tão feliz. Mas tenho que admitir que meu pai sempre vai me ver como uma garotinha, por mais que eu não queira. E nesse dia, a garotinha dele estava querendo aprender a jogar xadrez e isso era quase uma segunda mundial de quadribol.

Inicialmente, ele me ensinou como a partida funcionava naquele dia e preciso dizer que xadrez se tornou meu jogo de tabuleiro favorito, até entrei para um clube de xadrez em Hogwarts. Só não esperava que eu fosse ser um tipo de peão nesse jogo, onde havia uma “rainha” e mais uma penca de peças que me detestavam.


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