Deus Deve Odiar-me! - 1 Temporada escrita por BouvierDesrosiers


Capítulo 4
O castigo


Notas iniciais do capítulo

mais um capítulo! :) E parece que agora começa a confusão na cabeça de alguém... :b



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/263037/chapter/4

Soquei o despertador para que aquele toque irritante parasse. Esfreguei os olhos e levantei-me. Ainda estou de mau humor, depois do dia de ontem. Entro na casa de banho e tomo o meu duche, voltando depois para o quarto, vestindo-me. Ainda não acredito que aquele loiro convencido é aquele rapaz doce e querido, que eu achava que ficaria um coador! Ele disse que só me reconheceu pelo meu nome, afirmando que estou diferente. Sim, talvez esteja um pouco. O meu cabelo está mais curto, mais encaracolado e já não tenho franja nem madeixas. Também já não uso os óculos.

Apesar de tudo até gostei da noite. Foi difícil, mas consegui ficar a sós com o Sebastien. Bem, ele também fez por isso. Conversei bastante com ele e percebi que temos muito mais coisas em comum do que o que pensava. Ele é tão querido e sinto-me tão bem ao seu lado. O seu olhar seduz-me.

- Ai, Magda, tens de parar com isso! Não te vais apaixonar. – Resmunguei comigo mesma. Não, não quero e não posso.

Fui até ao quarto do Pierre e ele já estava acordado. Na verdade, bem acordado. Estava estendido no chão a fazer flexões e apenas de boxers. Ele tem a mania de dormir e andar pela casa assim. Fiquei à beira da porta até que ele deu por mim e se levantou.

- Podes entrar. Não é nada que já não tenhas visto. – Disse ele, de mãos na cinta.

- Engraçadinho. – Ri-me, aproximando-me dele. – Já te estás a preparar para as fãs?

- Claro! Nenhuma vai resistir aqui ao rouxinol. – Respondeu, erguendo a sobrancelha e fazendo cara de importante. Ele é tão convencido, às vezes…

- Pois, claro. – Disse eu, dando-lhe uma leve palmada no braço. – Tenho de ir para as aulas. E não sei a que horas volto…

- Porquê? Não me digas que…

- Que o quê? – Perguntei, vendo a cara de safado que ele fez.

- Tu e o Seb… – Sugeriu ele, roçando os dedos indicadores.

- Não sejas parvo! Somos só amigos! – Resmunguei. Só cá me faltava o meu irmão a fazer filmes, também.

- Sim, claro, claro. Isso vai dar coisa, maninha! – Insistiu ele, procurando uma toalha na gaveta.

- Não, não vai. Eu não quero envolver-me com ninguém. – Respondi. Não senti confiança nas minhas palavras, talvez porque nem eu mesma sinta que isso é verdade.

- Mas confesso que me enganei. – Revelou ele, tirando a toalha da gaveta.

- Enganaste? Em quê? – Questionei-o, confusa. Ele raramente se engana.

- Sempre pensei que acabarias com o David. Não sei explicar, mas acho que são muito parecidos e que se iam apaixonar.

- Estás louco! – Disse eu, rindo à gargalhada. – Eu e o David? Nunca na vida!

- Maninha, quem desdenha, quer comprar. – Respondeu, erguendo as sobrancelhas e preparando-se para tirar os boxers para ir tomar banho.

- Nem de borla! – Refilei, virando-me de costas.

- Não é nada que já não tenhas visto. – Repetiu, em tom aborrecido. O meu irmão tem uma particularidade. Quando fica bêbedo tem tendência a despir-se… totalmente. E digamos que já o vi bem bêbedo umas quantas vezes.

- Está bem, mas não me apetece ver as tuas partes íntimas logo pela manha! – Respondi, encaminhando-me para a porta. – Até logo.

- Oh, oh menina! – Resmungou ele.

- Que foi? – Perguntei eu, espreitando na porta.

- Ainda não me disseste o porquê de não saberes as horas a que chegas. – Relembrou ele, enrolando a toalha à cintura.

- Estou de castigo.

- De castigo, no primeiro dia? Ok, bateste o recorde! – Riu-se. – O quê que fizeste?

- Estava distraída a olhar para o David e não ouvi a professora. Acabamos os dois de castigo. – Bufei, revirando os olhos.

- A olhar para o David? O dois de cast…

- Não comeces, Pierre! – Interrompi, ao ver a expressão tarada dele.

- Só estou a constatar factos. – Disse ele, levantando as mãos em tom de rendição.

- Quem não te conhece, que te compre! Vou-me embora.

Dei-lhe um beijo no rosto e ele fez-me uma festa no cabelo, desejando-me um bom dia. Sim, um bom dia. Havia de ser muito. Cheguei à faculdade e subi a escadaria. Tive curiosidade e, como ainda faltavam cinco minutos para entrar, fui até ao placard, onde ainda estavam afixadas as notas. Procurei pelas do David. Pela atitude irresponsável que tem, a melhor nota deve ser um 12. Ri-me sozinha, com o meu pensamento. Percorri o vidro, procurando o nome dele. Arregalei os olhos e tive de confirmar o nome. Era incrível. A nota mais baixa que tinha era um único 17. História da Música.

- Wow! – Disse eu, falando sozinha.

Ele tem excelentes notas. Não me fica nada atrás. Parece que para além de competição no baixo, teremos competição nas notas. Mas porquê que ele se comporta desta maneira? Age como se não se importasse com nada.

Soou a campainha e dirigi-me para a sala. Ia ter matemática. Quando ia entrar, olhei para o fundo do corredor e vi-o abraçado a uma rapariga de cabelos longos, castanhos-claros e dando-lhe um beijo no rosto.

Sem me aperceber, entrei furiosa na sala e sentei-me no meu sítio. Tirei o caderno e o estojo, batendo com os mesmos na mesa. Com que então tem namorada e anda a querer almoçar comigo. Mas ele pensa o quê? Eu não sou assim. Não só não gosto de playboys como não era capaz de me meter com um rapaz comprometido. Para além de irresponsável, é infiel. Odeio. Em tanto tempo que falei com ele, nunca o julguei assim. Sempre pensei que fosse querido, mas é estupido.

Fui tirada dos meus pensamentos pela voz do professor. Estava tão distraída que não dei conta de que já toda a turma estava na sala, incluindo o loiro, ladrão de táxis e infiel. Suspirei e ele parece ter ouvido, pois reparei que olhou. Revirei os olhos e tentei tomar atenção ao que o professor dizia.

- Ah, e querida turma, têm teste para a semana. Terça-feira. – Informou ele.

- O quê?! – Questionei eu, abismada. Hoje é sexta-feira. Como é que pode marcar um teste assim, com tão poucos dias de antecedência?

- Algum problema, Bouvier? – Perguntou ele, erguendo a sobrancelha e com ar sério.

- Não. Nenhum. – Respondi eu, com ar emburrado. Não valeria a pena reclamar.

- Já estava a demorar. – Comentou David, abanando a cabeça e de braços cruzados. – Habitua-te, com ele é assim.

Fiquei preocupada. Será que o ter mudado de universidade me vai afectar as notas? Os professores daqui são muito mais exigentes. Não que lá na Califórnia não sejam, porque são. Porém, não marcavam os testes assim. Só espero que isto não me faça baixar as notas, pois não quero deixar que o David tenha melhores do que eu. Nem pensar.

O professor passou uns exercícios de revisões no quadro para que resolvêssemos. Olhei o quadro e mentalmente resolvi tudo. Não eram difíceis. Na verdade, também nunca tive grandes dificuldades nesta disciplina. Olhei para o lado, pelo canto do olho, e ele estava a resolvê-los, com ar aborrecido. O rapaz que se senta à minha frente, o que tem ar de ser fresco, virou-se para trás, assustando-me.

- Desculpa, não te queria assustar. – Disse ele, sorrindo.

- Ah, não faz mal. – Respondi, devolvendo-lhe um sorriso.

- Sou o Dean. – Apresentou-se. Não tinha reparado que tem olhos azuis. É aloirado e encorpado. – Podes ajudar-me? Não consigo resolver isto.

- Claro. Onde tens dúvidas?

Ele apontou para o exercício. Era uma dúvida básica. Mas para mim a matemática parece-me toda ela básica. Expliquei-lhe como se resolvia e ele sorriu, batendo levemente com a mão na testa, como se tivesse reconhecido o erro. Agradeceu-me e virou-se novamente para a frente. Sorri para o ar, lembrando-me de quando ajudava os meus antigos colegas de turma. Como era a melhor aluna, vinham sempre tirar as dúvidas comigo. Assustei-me novamente e pisquei os olhos várias vezes, ao ver o David de sobrancelha erguida a olhar para mim, com ar sério. Ignorei-o.

A manhã passou rápido e agora era suposto ir para casa almoçar, pois não tenho mais aulas. De tarde o meu irmão e os amigos vão ensaiar pela primeira vez. Mas claro, têm de esperar que o David chegue. Por falar nele, onde é que ele anda? Claro deve estar com a namoradinha. Peguei no caderno e comecei a fazer os resumos da matéria pedida pela chanfrada da professora. Ela nem sequer chegou a falar nisto! Ao fim de um tempo, atiro a caneta e encosto-me na cadeira.

- Estamos nervosas. – Disse David, entrando na sala e abanando-se tentando imitar uma rapariga e tentando gozar comigo.

- Estamos. É melhor teres cuidado. – Respondi, rude.

- Ui! – Soou ele, voltando ao normal e sentando-se ao meu lado, espreitando para o meu caderno. – O quê que a chanfrada queria, mesmo?

Chanfrada? Fiquei a olhar para ele. Ele chamou-lhe o mesmo que eu, para meu espanto.

- Então? – Voltou a perguntar, impaciente. – O que é?

- É isto. – Apontei-lhe para o livro. – Mas ela não falou nisto.

- Claro que não. Ela nunca castiga os alunos com matéria que já deu, embora diga que sim.

- Mais uma maluca. Que fixe! – Disse eu, em tom irónico.

- E já fizeste isso tudo?

- Já. Não andei a passear com a namorada em vez de cumprir o castigo.

- Ahn? – Soou ele, com ar confuso. – Namorada?

- Sim. Em vez de andares a namorar, devias ter vindo mais cedo para fazeres isto. – Resmunguei, olhando para o caderno. Nem sei porque disse aquilo, mas saiu-me.

- Mas eu não estive a namorar. – Disse ele, rindo. – Nem sequer tenho namorada.

- Não? – Questionei eu, olhando-o. – Pois, deves ter mais do que uma. Uma para cada dia da semana.

- O quê? Por quem me tomas? – Perguntou ele, ofendido.

- Por playboy que se faz a todas. Eu vi-te, de manhã abraçado à rapariga. – Disparei eu, nem sabendo bem porquê. – Não te jugava assim, David.

- Rapariga…? – Perguntou ele, tentando lembrar-se e rindo-se depois. – Ah! Não sejas tonta. A rapariga a quem eu estava abraçado é a Julie, a minha irmã.

- Tua irmã? – Perguntei, baixinho. Senti-me idiota. Idiota por lhe estar a pedir justificações e idiota por ter ciúmes. Eu, ciúmes! Onde é que já se viu! Acho que a chuva que apanhei ontem me afectou o cérebro. Eu sabia que ele tinha uma irmã, mas nunca a vi.

- Sim. Ela veio cá ter com uma amiga que estuda aqui. Já não a via há bastante tempo, já tinha saudades.

- Ah. Desculpa… – Pedi, baixando a cabeça e começando a escrever, para que ele não notasse que estava a ficar corada.

- Eu sabia que eras ciumenta. – Disse ele, rindo.

- Cala-te e acaba isso! – Ralhei, dando-lhe uma palmada no braço. – Tens um ensaio, ou esqueceste-te?

- Não, não me esqueci. – Respondeu, fazendo beicinho e esfregando o braço.

Não me faças essa cara, não faças, por favor. Fechei os olhos e inspirei fundo, expulsando depois o ar lentamente. Quando os abri, ele estava a olhar-me, com um sorriso de lado. Ergui a sobrancelha em tom de “o quê que foi?!” e ele voltou a olhar para o caderno e a escrever. Acabámos os resumos em menos de 15 minutos. Talvez ele não seja tão baldas como eu o julguei. Pelo que fui percebendo, ele até percebe disto e tem muito boas notas.

Arrumamos as coisas e saímos da universidade.

- Vens comigo, não vens? – Perguntou ele, com as chaves do carro na mão.

- Pensei que só roubasses táxis. – Piquei, deixando-o irritado.

- Eu não roubo táxis! – Resmungou. – O meu carro estava para arranjar.

- Hum…

- Anda! – Disse ele, puxando-me pelo braço, como no primeiro dia, quando me levou até ao gabinete do director.

Encaminhamo-nos pelo portão lateral da universidade que dava acesso ao parque de estacionamento. Ele caminhava à minha frente olhando para os lados, não sei bem porquê, até que parou e fez uma expressão confusa. Olhei para o lado e sorri. Um carro igual ao meu, só que preto. Aproximei-me para ver se por dentro era também igual.

- Mas que raio… Onde é que estacionei o carro?

- Perdeste o carro? És mesmo distraído! – Ri-me, colocando as mãos junto do vidro, para ver o interior. Era diferente. O interior deste era preto e o meu é azul, tal como o exterior. Afastei a cara do vidro.

- Encontraste-o! – Disse David, carregando na chave para abrir o carro. Assustei-me. – Como sabias que era o meu?

- Adivinhei. – Ri. Eu não sabia que era dele. Mas por alma de quem é que tem um carro igual ao meu? Abri a porta e entrei, seguida dele, que rapidamente pôs o carro a trabalhar e arrancou.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Acho que a Magda vai ser uma personagem muito irritante para vocês... ou talvez não! :b Reviews? ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Deus Deve Odiar-me! - 1 Temporada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.