Assim que chegou ao prédio do departamento de Ohio, Jade foi imediatamente desfazer suas malas. Guardou peça por peça em seu guarda-roupa de uma forma tão devagar, apreciando cada memória que elas continham, que acabou levando a noite inteira. Na manhã seguinte ela foi chamada na sala do sr. Jackson. Exausta e completamente irritadiça pelo cansaço, ela foi. Bateu na porta e entrou.

- Jade... Que bom vê-la. E ainda por cima viva. - O homem de cabelos grisalhos abriu um largo sorriso ao ver a garota bem à sua frente. - Sente-se.

- Obrigada, senhor. - Ela sorriu levemente se sentando na cadeira em que havia se sentado tempos atrás, no dia em que havia recebido sua missão. Ela se lembrava como havia sido no dia anterior. 

- Você é uma das nossas agentes mais comepetentes e por isso acho que posso lhe entregar mais um caso delicado em suas mãos.

- O que está acontecendo dessa vez?

O homem colocou uma pasta preta em frente a garota, que abriu cuidadosamente.

- Como você pode ver, querem raptar a filha do presidente e não pretendem devolvê-la com vida.

Jade observou os papéis atordoada com aquele plano. Se assemelhou muito até com o que aconteceu com sua mãe. Ela simplesmente desapareceu e semanas mais tarde foi encontrada morta perto de um córrego. A garota gechou a pasta, contendo algumas lágrimas que queriam cair de seus olhos.

- Conte comigo, chefe. O que devo fazer?

- Deve entrar para a segurança nacional e fazer o possível e o impossível para evitar que a pequena Claire seja raptada.

Ela se levantou da cadeira e colocou a pasta por debaixo do braço esquerdo.

- Vou começar agora mesmo. - E saiu da sala, arrumou as malas em seu quarto e foi embora.

Uma leve risada escapou de seus lábios enquanto ela voltava se suas lembranças.

- O que há de tão engraçado, agente West? - O sr. Jackson ergueu as sobrancelhas cheias de fios brancos.

- Lembranças, senhor. Lembranças muito boas.

- Sim, estou vendo que sim... Mas então, conte-me. Os relatórios eram tão vagos... Como foi?

Naquele momento a garota gelou, sentiu seu coração falhar duas batidas. Como explicar toda aquela complicada situação? O seu "inimigo" acabou sendo o amor de sua vida, além de um grande amigo. Ele havia se arrependido e agora estava tudo bem. Mas como contar?

E assim alguns minutos de silêncio se passaram. Ele foi apenas quebrado pela alta risada que o mais velho soltou.

- Estou vendo que foi uma missão complicada. Não se preocupe. Me mantive totalmente informado por demais agentes.

- Desculpe, senhor.

- Está pedindo desculpas pelo que exatamente? Por ter deixado que seu coração fosse conquistado pelo ex-inimigo? - Ele parou, olhando fundo em seus olhos. - Jade, já estou velho e sei de muitas coisas. Uma delas é que mesmo que seja de uma forma estranha, o amor existe pra qualquer um e pode mudar qualquer pessoa, como no seu caso com Beck Oliver. Não estou dizendo que o que ele fez foi certo ou errado, mas sim que estou feliz que no final tudo ficou resolvido.

- Ele está arrependido pelo que fez.

- Eu sei... E como não se arrepender após ter contato com alguém como você? Espero que não o tenha torturado muito. - Ambos deram risada. - Estou brincando. Foi bom que ele tenha encontrado o amor com você... 

- Pelo menos ele não fez nenhuma besteira, de fato.

- Do contrário Claire não seria a única pessoa que teríamos que desapegar, não é?

- Talvez... - Ela estremeceu. - Não sei se teria tido coragem.

- Estou vendo. Bom, ao que me parece você está bem cansada. Acho que precisa de férias. Sim, é melhor. Está de férias, West. Agora vá descançar.

- Obrigada, senhor Jackson. - Ela disse se levantando.

- Não precisa agradecer, Jade. - O homem respondeu enquanto a morena saia da sala. Ela foi direto para seu quarto e ligou o computador. Cat estava online - para sua alegria - e as duas resolveram fazer uma chamada de vídeo. Todos, exceto por Tori e Andre estavam reunidos.

- Já estão com saudades de mim?

- Você nem imagina, Jade. O seu namorado aqui fica o tempo todo "eu preciso falar com ela..." - Brincou Cat. Ao fundo, aonde Beck estava, o garoto ficou vermelho.

- É verdade mesmo, cabeludo? Chegue mais perto.

- Que mania é essa que você pegou de me chamar de cabeludo?

- Você precisa cortar o cabelo. - Ela deu risada.

- Não! Levou anos para ele ficar comprido e sedoso...

- Você parece uma garota com esse cabelo até o ombro!

Beck não respondeu nada, apenas fez bico.

- Corte como antes, ficaria melhor.

- Você acha?

- Eu tenho certeza.

- Está bem, está bem.

- Depois sou eu quem consegue convencer as pessoas. - Claire interrompeu.

- Oi loirinha, como você está?

- Desesperada, eu preciso de você aqui. Agora.

- Bem que eu queria...

E desde então essa foi a rotina de Jade em suas "férias". Ela passava o dia inteiro em seu quarto no chat com o pessoal, e parecia que o assunto não acabava nunca. Era quase como se Jade ainda estivesse lá, só que a única diferença é que todos faziam através de uma tela de computador. Assim se passaram dois meses de muita conversa, até que um dia...

- Oi gente! - Era sexta-feira de manhã. Cat e Claire estavam em frente à cam com a garota.

- Bom dia, Jadey.

- Cadê o Beck? Foi trabalhar ou cortar o cabelo?

- Teve que sair. Ele foi ontem, mas não disse pra gente aonde ia.

- Eu odeio quando ele faz isso!

- Calma... Ele não foi fazer nada de errado e... Ai meu Deus do céu! Jade, liga no canal de notícias agora. - Cat começou a gritar.

- Mas por...

- Só liga!

- Tá bom!

- Dois meses e meio após a quase tragédia em que foi envolvido o atual preso Alex Gomez, tudo chegou a um final bom. O garoto de 19 anos fora atrás de um de seus ex-colegas de escola e, por grande efeito de drogas e álcool, acabou por tentar atirar na namorada dele, mas o jovem Beck Oliver entrou na frente e acabou por escapar da morte por um triz. Ele ficou internado por alguns dias e então voltou para casa. Alex foi julgado até a noite passada aonde pegou prisão por tentativa de homicídio. Eu sou Grace Bennett, para o Jornal da Manhã.

Jade entou desligou a televisão, começando a rir.

- É... Distorceram bem a história.

- Verdade. - Cat concordou com uma leve risada.

- Gente... O pior é que é verdade. o Alex estava sob os efeitos de droga e álcool. - Claire disse.

- Sério? Bom... Ele sempre me pareceu um bêbado mesmo. - Jade deu de ombros. - Que bom que prenderam aquela peste. Um a menos pra me preocupar.

- Verdade. Agora só temos um problema...

- Você poderia por favor não voltar no assunto? - A morena rosnou irritada. - Aonde aquela coisa foi? Mas quando eu ver ele... Vou torcer o pescoço!

Cat e Claire se encolheram. Por favor, Beck... Se apressa. A loira pensou. Como que por mágica, ouve duas batidas na porta. 

- Jade, o chefe está te chamando. - Era a voz de Steevie. - Rápido, é importante.

- Já vou! - Ela revirou os olhos. - Se importam de ficar aqui um pouco? Eu já volto.

- Está bem. - Ruiva e loira disseram juntas e Jade saiu do quarto. Enquanto fechava a porta pôde ouvir algumas risadinhas partindo de ambas. Qual o problema delas?

Enquanto caminhava continuava a pensar aonde será que Beck poderia ter ido. Ele prometera que tentaria não se meter em confusão. Será que havia sido uma boa ideia deixar Claire e Cat tomando conta dele?

Chegou na sala do sr.Jackson, que estava com a expressão séria.

- Mandou me chamar?

- Sim, Jade. Sente-se.

Ela engoliu em seco e fez o que pediu. Não tinha uma boa recordação daquele tipo de situação.

- Algum problema?

- Não, eu só estou me sentindo um pouco culpado por arruinar suas férias. Mas é importante...

- O que houve?

- Um agente novo entrou, mas não tem nenhuma experiência. Eu queria que você o treinasse.

- Mas por que eu, senhor?

- Porque ele já ouviu falar muito de você e se sentiria honrado por ser treinado por uma agente de seu nível, quanto mais pela própria Jadelyn West. - O senhor de meia-idade abriu um largo sorriso ao final de sua frase. Então houveram algumas batidas na porta. - Pode entrar. Jade... Já o conhece?

Ela se virou, sem entender até que seus olhos pousaram no garoto de cabelos longos - só que dessa vez um pouco mais curtos, à certos pedidos - e olhos castanhos.

- Beck! - A morena gritou e correu para abraçá-lo. - Não acredito! Você é o novato?

- Sim senhorita. E seria um prazer tê-la como minha tutora. - O garoto pegou na mão direita dela e beijou a mesma. - Senti sua falta.

- Eu também senti.

- Olha... Eu sei que eu to enrolando demais isso, mas... Não sei se é um bom momento aqui na sala do sr, Jackson, mas...

- Fiquem à vontade, crianças.

Os três sorriram.

- Jade, você quer namorar comigo?

Os olhos azul-esverdeados da garota se arregalaram e ao mesmo tempo se encheram de lágrimas.

- Sim, sim, sim! Com toda certeza, sim!

Beck suspirou aliviado.

- Agora eu entendi por que aquelas duas estavam tão estranhas hoje. Mas... Como você...

- Lembra que o Andre demorou um pouco mais pra ir embora?

- Lembro sim.

- Então... 

- Nossa... Ok, eu devo uma à ele.

- Não, chega de dívidas. Pelo amor de Deus!

- Tem razão...

- Ah, esqueci de te dizer... Na minha mala lá no quarto tem milho na manteiga. Acho que eu te devo isso. Minha última dícida. - Deu uma leve risada.

- Ai meu Deus! - Jade riu também.

- Mas o milho é pra nós dois comermos juntinhos, ok? - Ele sussurrou em seu ouvido e então deu um sorriso maroto.

Ela riu novamente e deu um soco de leve em seu braço.

- Idiota.

- Pelo menos eu te faço rir.

Alguns minutos se passaram com os dois ainda abraçados.

- Ei, esqueci de te dizer uma coisa hoje.

- O que seria? Você não fez besteira, fez?

- E eu lá tenho cara de quem faz besteira depois de me apaixonar por alguém como você?

Ela não respondeu. Beck apenas deu risada.

- O que você esqueceu de me dizer?

- Que eu te amo.

- Eu também te amo. 

Beck a puxou para mais perto e a beijou mais uma vez.