As Guerreiras do Olimpo

O Mistério da Vitalidade

Capítulo 1- Impressões Nem Tão Erradas

Luísa jogou a cabeça para trás, cansada de assistir a aula de geometria, a matéria parecia vazar de sua cabeça e ela não conseguia absorver nada que fizesse sentido, por mais que tentasse. Ela tinha cabelos castanhos lisos, e olhos escuros. Era alta, nem magra, nem gorda, e tinha uma mania de morder os lábios sempre que pensava. Ela mexia as pernas, incapaz de ficar parada e, por vezes olhava para os lados, cochichando algo para sua grande amiga Stella, que estava logo atrás dela.

Stella tinha a mesma altura que Luísa, cabelos escuros que caiam em cachos desfeitos nas suas costas. Seus olhos eram da mesma cor que os cabelos, ressaltados por um lápis-de-olho azul. Era igual a Luísa, não exageradamente magra, mas não gorda. Ela prestava atenção na aula, realmente tentando entender, e por vezes, realmente entendendo. Parecia se forçar a prestar atenção, mas seu olhar se perdia como se estivesse ido para longe, mordendo de leve o lábio.

Ao lado de Stella, parecendo concentrada, Ana Luisa desenhava algo em seu caderno. Ao contrário do que a professora poderia pensar, o desenho não tinha nada haver com figuras geométricas. Ana tinha o cabelo cacheado preso num rabo mal-feito, e óculos escorregando em seu nariz. Era magra e alta, sua boca se mexia levemente, como se estivesse cantando algo em silêncio.

Uma outra garota sentava perto das meninas, do lado de Luisa, mais precisamente. Seu cabelo preto curto e crespo, com uma única mecha loira em um lado, seus olhos cor de mel fitavam a folha de papel em sua frente, enquanto as reclamações sobre a matéria já começavam a sair de sua boca. Ela, diferente das outras meninas, já era mais solta e gostava de ser a melhor em quase tudo, por isso se esforçava, mas não conseguia entender a matéria. Pra que ela utilizaria isso? Se fosse ao menos alguma luta...

—Stella, Stella! Ste! — Stella voltou de o que parecia uma transe com o relógio.

—O que é Be? — ela perguntou levemente irritada, como se algo muito importante estivesse para acontecer e Beatriz tivesse impedido.

—Você ta entendendo isso? — Stella suspirou e abriu a boca para responder, mas Luisa se apressou e disse

—Silencio voces duas, vocês querem que a professore nos pegue e mude de lugar?

—Mas eu estou com uma duvida — debateu Be.

—Não importa, faça que nem a Ana, finja que ta fazendo alguma coisa

—O que que tem eu?— Ana perguntou levantando os olhos de sua folha, ao ouvir a menção de seu nome

—Nada não Ana, Luisa xiu, e Stella vem aqui me ajudar — Beatriz ordenou, Stella havia ficado quieta, pois ao longo dos anos percebeu que era o melhor a se fazer em uma discussão.

—MENINAS... — gritou a professora com os olhos brilhando vermelhos

Vermelhos? Não, deve ter sido impressão das meninas. O sinal tocou no exato instante e as meninas soltaram a respiração. A sala parou de ter aquele silencio aterrorizado que apenas aquela professora conseguia deixar, e burburinhos enchem o lugar. Aliviadas, as amigas começam a arrumar o material, mas a professora não às deixou sair.

—Eu não acredito em vocês quatro! — disse a professora, seu bafo enjoando as garotas — conversando, de novo, na minha aula! Detenção!

As quatro se olharam espantadas.

—Ah... Marina. — disse Stella incerta — nós não temos detenções nessa escola.

Ela pareceu desnorteada por alguns segundos.

—Fique quieta menina insolente! Eu quero vocês na escola às duas da tarde! Ouviram?

Elas acenaram positivamente, ainda meio perdidas, e saíram da sala.

— Eu não acredito! Vadia, monstro horroroso — disse Luísa

—Eu nem sabia que haviam "Detenções" no Brasil —disse Ana

—É por que não existem, ela não poderia dar isso para nós — respondeu Stella, arrumando a mochila no ombro.

—Então a gente mata a "detenção" — falou Be, como se fosse obviu

—É, e amanhã a Marina devora nossas cabeças. —disse Stella

Elas deram risadas.

— Mas que fuzuê todo foi aqueles meninas? — perguntou Jean, um "amigo" delas vindo em suas direções meio andando, meio saltitando.

Jean era alto, bem alto, tinha cabelos e olhos cor de mel. Ele não fazia educação física, ninguém alem de um amigo sabia o porquê, e as meninas também nunca o viram comer.

— Foi a Beatriz me irritando pra ajudar ela em D.G. a Luisa brigando com ela por me chamar e a Marina vendo tudo e nos dando uma bronca — respondeu Stella, particularmente, ela tinha um histórico interessante com Jean, ela apaixonada por seu melhor amigo, ele enchendo ela dizendo que não sabia cantar.

— Vocês quatro juntas não pode dar coisa certa — disse ele rindo, mas, de certa forma parecia, preocupado.

— Exato Jean, coisa boa não vai dar, mas com a Marina por perto só vai ser pior. Aquela vadia — disse Beatriz

— E ela ainda nos colocou em detenção! — disse Luisa jogando suas mãos no ar em um gesto de irritação

— Mas eu não sabia que tinha detenção nessa escola! — retrucou ele pensativo

— É porque não tem Jean — disse Stella, deixando Ana continuar sua frase

— Não tem no Brasil, na verdade, mas a Marina só que nos deixar infeliz.

Jean fez que sim com a cabeça, e eles andaram por alguns instantes em silencio, pensando, em paz. Mas uma voz cortou essa paz, uma voz que uma das meninas não tinha tempo para ouvir.

— E aí cara, como foi a aula? — as meninas levantaram a cabeça do chão, mas Stella logo que fez, voltou-a para sua posição inicial.

— Chata como sempre Eric, e a sua?

— O que você acha? Mesmas professoras, oras. — ele respondeu olhando para o lado de Jean, e só agora notando a presença das meninas.

— Oi Ana, Be, Luisa, e Stella — ele disse sorrindo, seus cabelos loiros estavam desarrumados, e ele parecia estar cada dia mais alto.

— Oi Eric — elas responderam ao mesmo tempo e podia-se ver que Stella estava corando um pouco.

— Eu vou, hã, indo para o meu, hã, armário! A gente se encontra lá! Tchau! — com isso Stella se apressou, largando os cinco para trás.

As meninas foram até o armário junto com Stella

—O que foi aquilo? —perguntou Luísa

—Você tem que superar ele Sté! —falou Beatriz — ele não gosta de você e ponto.

Stella abaixou levemente o olhar.

—Eu sei meninas, eu estou tentando.

—Vocês acharam o Jean estranho? —perguntou Ana Luisa der repente, sem prestar atenção que mudara o rumo da conversa.

—Um pouco — disse Luísa franzindo as sobrancelhas

—Agora que você falou — disse Stella —ele parecia...

—Preocupado — completou Be

Elas ficaram em silencio enquanto Stella abria seu armário, perdidas em seus próprios pensamentos. Marina parou na frente delas e as meninas tiveram que fazer esforço para não gritar. "Como ela chegara ali?"

—Hoje às 14h horas queridinhas. Não se esqueçam.

Luísa mordeu o lábio com força. Os olhos dela tinham raiva e ela não tentava esconder. Atrás dela algo fez barulho, parecia um cano estourando.

Segundos depois um jato d'água veio em direção a professora, encharcando suas roupas e cabelo. As meninas seguraram o riso, mas Luísa parecia meio perdida, olhando para as próprias mãos como se sentisse algo ali.

—Mais 2 horas de detenção! —gritou a professora, saindo para o banheiro

—Mas, a gente não fez NADA! — disse Stella encostando-se ao armário. A água já havia parado de vazar, e o bebedouro voltara ao normal.

—Como... —começou Ana Luisa, que não concluiu a pergunta. Não sabia como continuar. "Como o bebedouro explodiu? Como estamos secas?" não tinham sentido.

As garotas se entreolharam. Não seria a primeira vez que elas fizeram coisas sem explicação. Não seria a ultima. Na verdade, estava longe de ser a ultima.

—Eu não sei —disse Luísa —eu só fiquei com raiva. E eu senti... Senti como se a água do bebedouro fosse parte de mim, como se eu pudesse sentir cada gota de água do lugar e ai... Ela estava molhada.

Ela não sabia por que contara para eles, mas as palavras só escorregaram. Jean empalideceu e olhou para Erick.