– O Mar! – gritou DongHae, que só não pulou pela janela porque isso era fisicamente impossível – e eu posso ter certeza disso, pois ele realmente tentou fazer isso.

– Sim DongHae, o mar. O mesmo que você já viu um milhão de vezes e insistiu para que viéssemos aqui de novo – disse HyukJae tentando acalmar a criança interior de DongHae.

– Eu amo o mar! – disse DongHae pulando no banco. Comecei a pensar que era realmente perigoso ter deixado ele ficar na janela, quando HyukJae segurou ele pelo braço.

– Se você não ficar quieto, não vou te comprar o peixe que lhe prometi – disse.

O peixe devia ser muito bonito, ou DongHae devia querer muito ele, porque no mesmo instante ele parou de saltitar, o que me deixou mais aliviado.

Eu realmente me importava com DongHae, não queria que algo acontecesse com meu dongsaeng, na verdade, nenhum deles. Estar em uma viagem como aquela me deixava com os nervos a flor da pele, pois todos no ônibus eram meus preciosos dongsaengs do conselho estudantil.

Como presidente, eu devia fazer o possível para que nada de ruim acontecesse naquela viagem, incluindo a opção de DongHae voar pela janela porque queria ver o mar mais de perto.

– Presidente, você gostaria de comer um cookie? – perguntou RyeoWook a mim. Ele era realmente muito gentil, apesar de não ser sua obrigação, fez comida o bastante para todos nós comermos durante esta viagem.

– Ah, obrigado – disse lançando um sorriso a ele e peguei o cookie. Uma tarefa um pouco complicada, porque apesar de eu estar no corredor, RyeoWook estava do outro lado, na janela, e entre nós havia YeSung que estava dormindo, mas no fim, eu consegui pegar.

Devo comentar aqui, que todas as comidas que RyeoWook faz, ficam maravilhosas, e aquele cookie não era diferente.

– JongWoon hyung... JongWoon hyung... – RyeoWook chamou, pois YeSung estava quase caindo no chão.

O garoto murmurou algo e começou a cair para o lado contrário, deitando sob o ombro de RyeoWook que, estranhamente, corou e deixou ele daquele jeito.

– Olhe KyuHyun! O mar como é lindo! – disse SungMin para o garoto que estava totalmente entretido com seus games.

– SungMin hyung... Você me desconcentrou... E eu perdi – disse chateado.

– Ah... Mas olhe como o mar é lindo! – repetiu sem dar muita importância para o precioso jogo de KyuHyun.

– LeeTeuk... – de repente senti alguém sussurrar no meu ouvido.

Só existiam três pessoas naquele ônibus que se achavam próximo o bastante de mim para chamar-me de LeeTeuk. HeeChul que estava no fundo do ônibus fazendo uma mini festa com Han Geng e KiBum. YeSung também me chamava assim e a outra pessoa era... Kim YoungWoon.

– O que? – perguntei carinhosamente a ele, que era a pessoa sentada no assento da janela ao meu lado.

Eu era muito próximo de YoungWoon, quando eu tinha que lidar com G-Dragon e seus amigos baderneiros na escola, muitas vezes tinha que contar com sua força bruta, para resolver o assunto, e ele era um excelente amigo e dongsaeng.

Eles estava um pouco sonolento, pois estava dormindo, como YeSung. Tínhamos saído muito cedo naquele dia e os dois não pareciam ter dormido muito a noite. Bom, para YeSung aquilo era normal.

– Estou com fome – disse e mordeu minha orelha, apesar de saber que ninguém estava prestando atenção na gente, minha barriga deu uma volta. KangIn não era muito de fazer esse tipo de coisa. HeeChul era de fazer esse tipo de coisa, mas não vamos falar sobre isso agora.

A verdade é que apesar de não ser o normal de YoungWoon, eu tenho que admitir que senti algo bom vindo daquilo.

– Você está me confundindo com comida KangIn? – perguntei rindo nervosamente.

– Eu bem que queria comer vo... – eu empurrei ele de perto de mim, com o rosto pegando fogo de vergonha. O que YoungWoon estava pensando?

– MINHAS TARTARUGAS! – YeSung gritou de repente, assustando a todos do ônibus.

– JongWoon hyung... Está tudo bem, Henry está com elas lá no fundo... – disse RyeoWook, acalmando YeSung de seu pesadelo.

Com o susto, YoungWoon acordou completamente, e em poucos segundos estava rindo e fazendo brincadeiras sobre o jeito que YeSung acordou.

– YeSung hyung... Não grite mais assim, eu acabei perdendo de novo aqui... – resmungou KyuHyun.

Eu não podia ver muito bem KyuHyun e SungMin de onde eu estava, mas consegui notar SungMin abraçando o menor, rindo e dizendo o quanto ele era fofo.

Apesar de parecer um pouco incomodado por não poder jogar daquele jeito, KyuHyun não reclamou dos abraços.

Alguns minutos depois SiWon vinha andando pelo corredor e me deixando apreensivo por ficar de pé justo naquela parte do trajeto.

– Presidente, você vai mesmo deixar aqueles três se pegando ali no fundo? – reclamou.

– Você está com ciúmes do Han Geng, SiWon. Admita - disse YoungWoon sorrindo maldosamente.

– Ciúmes do...? Está louco?! Claro que não. Só estou incomodado, porque sou um homem de Deus e...

Ele foi interrompido por DongHae que bufou e levantou-se da cadeira, olhando para trás, como as crianças fazem. E coincidentemente ficando de frente para YoungWoon.

– Falta muito ainda para a gente chegar? – perguntou.

– Não, já estamos chegamos – disse eu sorrindo afetuosamente. Realmente, DongHae às vezes parecia uma criança que não havia crescido.

– Tem mais comida? – ShinDong apareceu, vindo do fundo do ônibus.

– Tem sim, hyung – RyeoWook disse entregando-lhe uma sacola e ShinDong voltou ao seu lugar.

Só quando vi todo mundo rindo, que notei o que havia acontecido.

Um segundo depois de RyeoWook ter respondido a ShinDong, YeSung havia colocado os dedos em seus lábios. Foi algo tão inesperado que RyeoWook deu um pulo no banco e deu um grito fino de susto.

YeSung se desculpou e RyeoWook ficou mais corado do que antes.

Antigamente eu ficava preocupado pensando se YeSung tinha se juntado ao grupo do G-Dragon e estava usando drogas, mas logo percebi que esse jeito um pouco estranho dele, era da sua personalidade mesmo e logo acostumei-me a ele.

– EunHyuk hyung... – disse DongHae. – Você vai entrar no mar também, não vai?

– Claro – respondeu. – Por quê?

– Porque eu iria gostar muito de ir nadar com você – ouvi DongHae sussurrar, provavelmente fui o único a ouvir, pois os outros estavam ainda entretidos com as risadas que YeSung provocava durante a viagem.

– DongHae... – disse HyukJae um pouco constrangido. – Ok, tudo bem, mas só não tente pular pela janela de novo, tudo bem?

– Ok! – disse DongHae feliz.

YoungWoon pegou na minha mão, me trazendo de volta para a realidade e me deixando um pouco nervoso.

Não devia comentar sobre isso, mas... KangIn era sim um dongsaeng precioso para mim, mas ele era de alguma forma, muito mais precioso que os outros, pois eu era apaixonado por ele.

Vê-lo fazer esse tipo de coisa me deixava a plenos nervos, mas não queria demonstrar isso. Primeiro porque YoungWoon não parecia ser o tipo de cara que era gay, segundo, porque se alguém visse, pensaria esse tipo de coisa e ele ficaria com essa fama.

E como você já deve ter notado, eu me importo muito com o bem-estar das pessoas a minha volta, e com ele não era nada diferente, talvez até me preocupasse mais do que com os outros.

Fazia-me até sentir um pouco mal por isso, pois eu sentia que tinha um dever de mãe para com meus dongsaengs e devia amar todos eles igualmente, mas era impossível amar todos como amava KangIn. Como posso dizer... Ele parecia mais como o pai dos outros e não um irmão...

Um flash me cegou por alguns segundos e então notei que YeSung havia pegado uma câmera e tirado uma foto.

– Me dá essa câmera, YeSung! – ordenou KangIn e YeSung riu.

– YeSung hyung – corrigiu ele e YoungWoon rangeu os dentes. KangIn não estava no terceiro ano, como eu, HeeChul e YeSung, e ele não gostava de chamar-nos de Hyung. E YeSung sabia disso.

– Me dê a câmera logo – disse YoungWoon novamente, passando por cima de mim e tirando a câmera de cima de YeSung.

Sua pele quente tão próxima a minha me deixou ainda mais nervoso que antes, e eu nem consegui processar porque a câmera era tão importante até que o vi olhando para a foto e apagando-a.

YeSung tinha tirado uma foto nossa de mãos dadas.

Fazia completo sentido em querer apagar aquela foto, mas não conseguia deixar de me sentir chateado por YoungWoon querer tanto apaga-la. Foi ele que pegou minha mão, para começar.

– Chegamos! – disse DongHae, quando o ônibus parou.

– Não DongHae, é só um semáforo – disse SiWon rindo.

– Que praia longe! – reclamou. – Já vimos o mar faz um tempão!

– Falta pouco agora - HyukJae bagunçou o cabelo dele e DongHae sorriu pra ele, já conformado.

– Descarregou... – disse KyuHyun com a voz vazia.

– Isso! – disse SungMin feliz, pulando no banco. – Agora você é só meu!

– Quem disse isso? – disse SiWon encostando no banco deles.

– SiWon, por favor, sente, se houver uma curva... – disse preocupado.

KyuHyun ficou de pé e fez sinal para SiWon sentar no lugar dele.

– Isso não muda nada, KyuHyun – disse eu, rindo.

– Claro que muda – SiWon disse colocando KyuHyun no seu colo.

É, ele tinha razão, aquilo mudava. Piorava na verdade, porque SungMin não parecia mais tão feliz.

– Tem alguma bebida aí? – perguntou YoungWoon de repente.

– Eu trouxe vinho – disse HeeChul, lá do fundo.

– Trás pra cá – disse SungMin.

YoungWoon deu de ombros e disse:

– Vamos ver SungMin bêbado agora, então.

Alguns minutos depois, chegamos.