A noite já tinha chegado, o que indicava que o vampiro já podia sair de sua caverna sem que seja queimado. Ele até poderia passear por sua dimensão se quisesse, mas nunca gostou tanto assim daquele local. Não que se recordasse, pelo menos. Tudo que Marshall Lee sabia é que aquele não era mais o seu lugar.

Ficou encarando a lua, sua mente estava bem longe daquele local. Ele estava pensando em uma garota. Não era aquela loira na qual ele costumava pensar sempre. Afinal, ela era somente sua amiga. Fionna pertencia ao príncipe Gumball. Ele estava pensando em Marceline, sua versão feminina de outra dimensão.

Não sabia se aquela garota era real ou simplesmente um fruto de sua imaginação. Marshall só tentava acreditar que Marceline era de verdade. Caso contrário, ele estaria se apaixonando aos poucos por uma garota que sequer existe. E essa ideia o deprimia um pouco. A ideia de estar se apaixonando por alguém já o deixava magoado.

Marshall sempre fora um rapaz livre, no qual sua única ocupação na vida era incomodar os amigos e assustar os outros. Porém, as coisas começaram a ficar mais chatas com o tempo. Virou tão repetitivo, tão normal... Ele sempre fazia isso, nunca variava um pouco! Seus amigos não se irritavam mais com suas brincadeiras. As outras pessoas se assustavam com ele em algumas horas, mas o vampiro não achava mais graça em ver os outros com medo. Marshall queria achar alguém como ele.

E achou. Só não tinha certeza se aquele alguém era de verdade.

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Marceline flutuava por sua caverna enquanto fitava intensamente o teto. Era uma vampira, mas da mesma forma sentia um pouco de sono. Mas o sono não era o que lhe incomodava mais no momento. Nem mesmo a sede que ela sentia por vermelho. Era o rapaz da outra dimensão, o rei dos vampiros, Marshall Lee.

Aquele rapaz lhe tirava o sono todas as noites. Ela já estava se acostumando com isso. Era quase forçada a se acostumar, pois aquilo não mudaria nem se ela quisesse. Seu coração já pertencia a um garoto que nunca tinha visto na vida.

Ás vezes, achava que era só bobagem de sua cabeça. Preferia se convencer que uma vampira como ela não se deixaria levar por um amor tão bobo como esse. E dizia que era algo tosco também, pois se apaixonar por uma versão masculina de si mesma é ridículo. Marceline nunca se achou a criatura mais bela do mundo, porque acharia Marshall Lee tão bonito assim?

Olhou para a lua e se sentiu diferente. Como se tivesse que fazer alguma coisa importante. Então, parou de flutuar e caminhou para fora da caverna. Ficou apreciando a noite por um tempo. O vento fresco, as estrelas brilhantes, o céu escuro. Era assim que ela gostava. Na verdade, essa assim que todos os vampiros gostavam. Eles não gostam de sol, e isso é evidente. Só faltava uma coisa para a noite ficar perfeita para ela: Marshall Lee.

E ele queria a mesma coisa, só que ela não sabia disso. Só havia sentido. E em seguida, sentiu que era certo fazer o que queria. E foi lá e fez, mesmo que fosse loucura. Arriscar todo o universo só para tocar seu amado.

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Eles não sabiam exatamente aonde estavam. Só olhavam em volta e tentavam se localizar. Aquele local era realmente estranho. Se parecia com o universo, mas não podiam ter certeza. Tudo que queriam era encontrar um ao outro. E assim voaram entre as estrelas, estavam tentando se aproximar, mesmo com tanta dificuldade.

Marceline e Marshall se olharam antes de fazer o que desejavam. Iam arriscar tudo e todos por um simples toque. Pelo menos, agora eles sabiam que era tudo real. Marceline era real para Marshall Lee, e Marshall Lee era real para Marceline.

"Se você conhecer sua versão paralela e tocar nela... o mundo explodiria?"

Tentaram esquecer dos fatos por um minuto e cada um estendeu uma de suas mãos. Fecharam os olhos e sentiram o toque que tanto desejavam. Para a sorte deles, não ocorreu nada demais. Marceline deu um suspiro de alívio e Marshall Lee entrelaçou seus dedos nos dela, puxando-a contra seu corpo. Havia encontrado sua companheira.

– Então, você é Marceline? - Perguntou o vampiro com um pequeno sorriso no rosto.

– Sim, sou eu. - Respondeu de modo simples. - Você é Marshall Lee, não é? O rei dos vampiros.

– Isso mesmo.

– É bom saber que você existe. - Deu uma risada.

– Digo o mesmo. - Riu junto.

Aquilo era muito estranho para ambos. Ver uma versão sua do sexo oposto em sua frente era incomum. Mas aquilo era o de menos. A vampira sabia que seu amor não era mais uma bobagem, e Marshall concluiu que não estava ficando louco, afinal de contas.

Não podiam ficar muito tempo juntos. Tinham que voltar para sua dimensão logo logo. Aquilo seria somente para se conhecerem. E os dois já sabiam disso.

– Eu acho melhor já ir indo. - Falou desanimado.

– Eu tenho que ir também. Não podíamos ficar tanto tempo aqui.

– É, eu sei. - Suspirou. - Nos veremos novamente, Marceline?

– É claro que sim! - Exclamou a garota. - Agora que nos conhecemos, dimensão nenhuma nos separa. - Sorriu. - E temos todo o tempo do mundo para essas visitas.

– Certo. Até mais, Marceline. - O rei deu um beijo na bochecha de sua rainha e olhou para sua mão presa na de Marceline. Não queria soltá-la.

– Nos vemos em breve, Marshall Lee. - Ela soltou sua mão da dele delicadamente e flutuou para longe.

Cada um voltou para sua dimensão. Estavam afastados de novo. Só fisicamente, é claro, pois os pensamentos do garoto pertenciam á ela e vice-versa. Sabiam que se veriam denovo, então não ficaram tão preocupados. Podia ter acontecido coisa pior. O universo podia ter explodido quando eles se tocaram. Mas não aconteceu nada, e os dois saíram com vantagem. Além de não terem feito nenhum estrago, conseguiram sentir o toque do outro. Foi divertido para ambos.

E essa foi uma experiência que merecia ser repetida.