Capitulo 3

Gamzee

Ele estava em seu quarto, treinando malabarismo. Se queria ser artista de rua, tinha que aprender alguns truques, certo? Por enquanto estava usando bolinhas, mas já tinha arrumado umas clavas com um amigo.

Ouviu alguém tocar a campainha, mas não foi atender; Tinha que continuar treinando! A pessoa na porta insistiu, tocando repetidas vezes, impacientemente. Mas, se fosse importante, a pessoa saberia como entrar, pensou Gamzee. Logo, a campainha parou. Alguns minutos depois, ouviu alguém bater em sua janela. Dessa vez, parou o malabarismo e foi atender; Lá estava Karkat o encarando irritado.

– Não atende a porta mais não?

Gamzee apenas sorriu e deu espaço para o amigo pular a janela e entrar. Karkat entrou e paralisou ao perceber algo.

– Gamzee... Que merda é essa na tua cara?

Gamzee deu um sorriso enorme.

– É a minha maquiagem de palhaço. Gostou, irmão?

Karkat ficou abrindo e fechando a boca varias vezes, fazendo careta, sem saber o que falar.

– Puta que pariu, Gamzee! Sério.

Gamzee riu e abraçou Karkat, que tentou se debater e xingar, mas o mais alto o mantinha num aperto firme.

De repente, eles ouvem o barulho da porta da frente se abrindo e em poucos minutos, um homem chega a porta.

– Gamzee, eu... - Ele percebe a presença de Karkat. - Ah, olá, Karkat.

Karkat consegue se soltar de gamzee.

– Er, olá, senhor Makara. - Karkat sempre ficava um tanto intimidado pela presença do pai de Gamzee. Não que ele fosse assustador ou algo assim, mas via ele tão raramente que ele era quase que “um mito”. Era um homem alto, bem magro, mais até do que Gamzee, com aquela mão de dedos longos e ossudos. O cabelo, tal como o de Gamzee era armado, mas talvez pelo fato de ser comprido não parecia tão bagunçado quanto o do filho.

– E aí... Pai? - Cumprimentou Gamzee.

Sempre havia uma certa tensão quando Gamzee falava com o pai, o que sempre levava Karkat a fica confuso, tentando entender o que se passava na casa do amigo.

– Gamzee. - O homem apenas deu um aceno com a cabeça. - Só para avisar, seu avô quer te ver hoje.

Gamzee arregalou os olhos por um segundo e depois voltou ao normal e sorriu.

– É, claro. Imaginei que ele fosse querer isso. Já tá de saída?

O pai dá de ombros.

– Só vim pegar minhas coisas. Tenho que ir até São Paulo.

– Boa viagem. - Gamzee acena e o pai sai do quarto.

Karkat encara o amigo.

– O que rola com você e o seu avô? Você tá sempre indo lá ultimamente... E aliás, cê nunca me disse onde raios ele mora.

Gamzee apenas deu um largo sorriso, e deu uns tapinhas na cabeça de Karkat, seus olhos parecendo sóbrios por um momento.

Nepeta

Colocou a ultima caixa da mudança no chão. Uau. Ela ia mesmo morar sozinha. Não era um apartamento muito grande, e nem muito perto da faculdade (e por muito perto leia-se em plena zona norte) mas era perto de um shopping, do que mais ela precisaria?

– Meu bebê... Meu bebê tá mesmo crescendo. - Disse sua mãe chorosa. Era uma mulher alta negra, com os cabelos rebeldes, que em nada tinha ver com a pequena asiática Nepeta.

– Awn, mãe... - Ela corre para abraça-la. - Venha me visitar depois!

– Com certeza... Não sei se vou aguentar de saudade, minha pequena caçadora.

As duas imitam um ronronado de gato e riem. Nepeta não tinha ideia de como seria sua vida agora sem sua mãe, vivendo completamente sozinha na “cidade grande”. Mas ela era uma aventureira, e como toda a aventureira, estava ansiosa para ver no que isso iria dar!

Karkat

Ele estava de volta em casa, entediado. Sem Gamzee ou Sollux por perto ele não tinha nada apara fazer! Quer dizer, ele podia ir roubar alguém mas...

De repente, o facebook avisa de uma atualização. Terezi Pyrope quer te adicionar como amigo. Espera, Terezi, a cega no ônibus? Aceitou-a imediatamente e foi chama-la no chat.

Karkat Vantas: COMO É QUE UMA CEGA USA O FACEBOOK?????

Terezi Pyrope: OH WOW QU3 RUD3 P3ERGUNT4R 1SSO 4SS1M, N4O 4CH4, KK?

Karkat Vantas: EU SEI QUE VOCÊ NÃO LIGA. E QUAL É A DOS NÚMEROS?

Terezi Pyrope: H3H3H3H3H3

Terezi Pyrope: 3U T3NHO UM PROGR4MA QU3 L3 O QU3 3ST4 3SCR1TO PR4 M1M, G3N1O.

Terezi Pyrope: QU3 NUM3ROS? 3U N4O TO V3NDO NUM3RO N3NHUM

Terezi Pyrope: H3H3H3H3H3H3H3

Karkat Vantas: NOSSA, MUITO ENGRAÇADA, EHM. MUITO MESMO.

Terezi Pyrope: H3H3H3H3H3H3H3

Terezi Pyrope: M4S 3 41, F4Z3NDO O QU3?

Karkat Vantas: TESTANDO SE É POSSÍVEL MORRER DE TÉDIO.

Terezi Pyrope: OR4, S3 VOC3 N4O T3M N4D4 PR4 F4Z3R QU3 T4L V1R 4QU1? D4 PR4 VOC3 4PROV31T4R 3 ROUB4R OUTR4S G4ROT4S C3G4S NO ON1BUS.

Karkat Vantas: HAHA. É, OK. TALVEZ EU VÁ AI. PASSA SEU ENDEREÇO.

Mais tarde

Lá estava ele na Barra (NA FUCKING BARRA, COMO ASSIM? A CEGA TINHA DINHEIRO MESMO, É ISSO?) em frente a um condomínio de luxo (!!!) sendo questionado por um porteiro do tamanho de um armário. De repente não tinha sido uma boa ideia vir com uma blusa do flamengo desbotada e aquele short meio rasgado, mas que ainda tava dando pra usar.

– Pra onde? - Pergunta o porteiro com uma sobrancelha arqueada.

– Er, bloco 1, apartamento 503, Terezi Pyrope.

Ele interfona para o 503 e Karkat consegue ouvir a voz dela ao atender.

– Com licença, senhorita Pyrope tem um... Indivíduo aqui querendo subir.

– Se tiver cara de marginal é pra cá mesmo. - A voz dela responde.

– Ei! - Karkat exclama ofendido.

O porteiro abre a porta e ele segue. Ele não podia deixar de reparar em como 1 – O lugar era enorme 2 – O tal bloco 1 tinha um hall de entrada maior que a casa dele inteira e juntando com a do vizinho, e que aparentemente servia pra PORRA NENHUMA.

Ele pega o elevador logo ele estava de frente para a porta do 503. Quando ele ia tocar, alguém abre a porta.

Um loiro de óculos escuros e sem blusa.

– Aí, Tez, acho que o tal Vantas chegou. E você tinha razão, tem cara de marginal mesmo.

– Ei! Querem parar com isso?

– Ih, se não quer que te chamem de marginal para de andar com o uniforme.

– Unifor--- Tu tá tirando uma com a camisa do meu time, Justin Bieber?

– Justin Bieber? Porra, cara, nada a ver. Se vai xingar pelo menos tenta achar algo que faça sentido.

– Ah, cala a boca, viadinho! Tu é o que, tricolor? Fluminense não pode falar nada do Flamengo não, tudo cria da casa.

– Sem chance. Fluminense é mil vezes melhor e----

– Meninos, será que dá pra parar de brigar por causa de futebol na minha porta?

– É. Malz aí, Tez. - O loiro finalmente dá espaço para Karkat entrar.

O apartamento não era muito grande mas parecia bem maior pelo fato de que quase não haviam móveis no lugar. Terezi estava parada no meio da sala, se apoiando na bengala, com um largo sorriso no rosto.

– Karkat! - Ela dá um forte abraço nele. E uma cheirada.

– Ei, que isso! - Ele empurra ela, que cai na gargalhada.

– Fica tranquilo. Da próxima vez ela te lambe. - O loiro descamisado comenta, com um meio sorriso.

– Karkat, esse é Dave Strider, meu irmão.

Karkat olha de um para o outro.

– De jeito nenhum que eu caio nessa.

Terezi cai na gargalhada e Dave dá um tapinha no ombro de Karkat.

– Talvez você não seja tão otário assim, afinal.

– Mas qual é a dele? - Karkat pergunta, limpando o ombro e lançando um olhar desconfiado para o Strider. - Ele fica assim andando por aí sem camisa, é?

– Ele tá sem camisa? - Terezi pergunta.

– Você não vi--- - Karkat quase fala e os outros dois riem da cara dele.

– Eu sabia, sim. Mas qual o problema? - Terezi pergunta.

– Eu não sou o namorado dela se é isso que você tá pensando. - Dave se inclina para que só Karkat ouvisse a próxima parte. - O caminho tá livre pra você.

– - Vamos, seus molóides. Vamos pro meu quarto! - Terezi marcha para o próximo cômodo, seguida por um Strider inexpressivo e por um Vantas corado...