-Riss – uma pequena criança de cabelos loiros entra saltitando no holograma e pula no colo de Josh. Reconheço Lucy, que estava com um sorriso gigante no rosto. – Parece que você está aqui mesmo! – ela exclamou, completamente hipnotizada pela minha imagem no holograma.

-Oi, minha princesa – falei, tentando dar o meu melhor sorriso. –É incrível, não é? Mas amanhã a gente vai se ver pessoalmente, não precisaremos mais deste holograma.

-Eu sei, quero te ver logo, Riss – ela falou, os olhos azuis espantados e fixos no holograma. –Como é aí?

-Aqui é muito bonito – falei. Não mencionei o fato de só ter visto a cidade da minha janela. – Você vai adorar.

-Bom, agora Reesa precisa descansar e vocês embarcarem para vir para cá. Adeus – Mark falou, sem paciência e Josh, Finn e Lucy desapareceram. Mark saiu da sala sem falar mais nada, me deixando sozinha no quarto. Estava me sentindo cansada, mesmo tendo acabado de acordar. Adormeci rapidamente.

Quando acordei, ainda estava na mesma cama. Só percebi o quanto tinha dormido quando olhei para o lado e vi Josh sentado na mesma poltrona em que Mark havia sentado. Ele abriu um sorriso quando me viu.

-Oi – ele disse. Sua voz adquiriu um tom triste. –Hoje você sai daqui. E de noite você será anunciada como tributa do Estado 10 junto com o seu parceiro, que ainda é um mistério.

Meu parceiro. Tinha até me esquecido disso. O menino que “me apaixonei”. E nem mesmo o conheço.

-Finn estava preocupado com você – Josh disse. –Ele estava nervoso ontem, e acabou falando besteira. Você não tem noção do que foi aguentar ele reclamando que você nunca iria perdoa-lo por um dia – ele riu. –Agora ele foi com a Lucy pegar um lanche para ela, apesar de ela ter comido toda a comida do avião, que não era pouca. Nunca tinha visto tanta comida na minha vida!

-Eu imagino. Ela está animada? – perguntei, sorrindo ao me lembrar de Lucy.

-Muito. É claro que ela não sabe que você vai participar dos Jogos Vorazes. Acha que é um reality show normal – ele disse. –Se ela soubesse o que são os Jogos Vorazes, ela ficaria desesperada – Josh riu. Uma risada triste. Ele não tirava os seus olhos do chão, com seus cotovelos apoiados em seus joelhos.

-Ela não vai saber. Quando eu voltar, tudo ficará melhor – eu disse. Nem eu mesma acreditava que ia voltar, mas ia fazer com que eles acreditassem. E eu ia tentar voltar, mesmo que as chances sejam contra isso.

-E se você não voltar, Reesa? O que será de nós? – Josh falou. Sua voz falhou.

-Eu vou voltar, Josh – segurei sua mão, que estava próxima a minha.

-Eu estou com tanto medo de te perder – ele falou. Não. Ele não podia chorar agora. Se ele chorasse, eu choraria junto.

-Ei – falei, erguendo o seu pescoço, - eu vou ficar bem. E vocês também.

Ele apenas assentiu e ficou em silêncio. Não falei mais nada. Sei que ele estava se esforçando para manter a calma, e se eu ficasse falando não ia ajudar em nada. Ficamos os dois em silêncio, pensando na desgraça que é a nossa vida. Depois de um tempo em silêncio, a porta do quarto abriu e Lucy entrou saltitante, com um pacote de doce nas mãos.