A pequena Enobaria tinha a pele morena e os cabelos tão pretos quanto seus pequenos olhos que me observavam calmamente.

Dei um grande sorriso a pequena menininha, brincando com seus minúsculos dedinhos.Ela é linda, extremamente bonita. E só pensar que alguns anos atrás foi tão difícil conseguir engravidar.

Não que eu e Vicent nao tentamos. É claro que tentamos, mas fiquei um ano inteiro tentando engravidar e depois de tanto insistir, eu desisti.Mas aí os sintomas vieram: Nauseas, desejos. E logo percebi que nao tinha mais dúvidas.Eu estava grávida!

E então veio meu primeiro pacotinho, que eu e Vicent escolhemos chamá-lo de Deep, em homenagem ao homem que salvou minha vida. E incrível que depois veio Alexia, e agora Enobaria, um presentinho que me enviaram quando eu menos esperava.

Só de pensar que anos atrás eu pensava que não tinha possibilidades de ter filhos, e agora estou com dois de sangue e uma que tenho no coração.

Segurei firme o embrulhinho nas minhas mãos e subi a escada de madeira eufórica esperando contar a novidade para Vicent

> Será que ele vai ficar feliz? E como vai ser agora?< - Pensei nervosa, passando pela grande porta de madeira que indicava nosso quarto.

— Vicent,Vicent! Olhe só! - Falei toda molenga com o encanto da bebêzinha.

— O que é isso, Clari? O que? - Vicent disse com os olhos arregalados, algo dizia que ele estava nervoso.

— Alguém deixou essa gracinha na nossa porta, e no bilhete dizia pra nós cuidarmos dela, ah, e pediram pra chamar de Enobaria, uma antiga guerreira de PANEM.

— Clarivith, não seja estúpida. Isso pode ser armação da Capital e do presidente barbudo de neve! Já pensou que isso é para nos atingir? Que podem jogar nossos filhos nos Jo...

— Chega!- Dei um grito com Vicent.Eu estava extramente vermelha e nervosa. Mas eu não podia deixar Vicent me possuir com suas paranoias.Então engoli seco minha saliva e continuei minha fala. - Eu vou garantir que nossos filhos nao irão pros Jogos! Eu iriei fazer alguém da Academia se voluntariar no lugares deles se algo aconteça! Eu estarei no comando, então chega de paranoias, estou dentro da Academia de Carreirista. Posso  matar pessoas e cometer fraudes para meus filhos continuarem vivos e não irem pros Jogos.

— Confio em você, Clarivith. Por isso que me apaixonei por você...Aquela mulher forte desde os dezoito anos de idade.Aquela que sabia suas prioridades e suas intenções. A mortífera. Hm, será que ainda é mortífera mesmo?

— Claro que sou, e ninguém dúvida da minha força.Você deveria se achar sortudo por ter uma mulher como eu. 

— Acho que eu amoleci esse seu coração duro, senhora Clarivith. - Vicente disse entre risadas maliciosas e eu virei os olhos tentando ignora-lo. Parecemos dois adolescentes mimados e muitos orgulhosos, só que dessa vez em pele de COROAS.

— Você é muito convencido, senhor Vicent. Acho melhor abaixar a guarda. -Falei em um tom malicioso e até meio bizarro, colocando Enobaria na minha cama.

— Acho que precisamos de um berço pra ela - Vicent disse, passando a mão sobre sua barba mal cortada.

— Temos um quarto vazio aqui, pode pegar o antigo berço de Alexia e a decoração resolvemos depois. - Disse gentilmente pro meu marido, a qual concordou com a cabeça em um sinal de positivo.

— E as crianças? Serão que vão aceitar a bebê? Hm, será que elas vão notar que a pequena Enobaria é adotada.

— Elas terão que aceitar de alguma forma, poderão ficar até com ciúmes, mas isso é coisa de criança. Além disso são muito pequenas, nem sabem omo os bebês chegam. 

— Está bem Clari. Irei montar o bercinho da Enobaria, e daqui a pouco irei pegar as crianças na escola, nao se esqueça que hoje virá meus amigos pra jantar aqui.- Nem vi Vicent saindo, e logo me deparei sozinha no quarto com a pequena. 

Eu estava admirada com ela. Minha nova filha. 

Depois de tanto tempo brincando com ela, deslizei minhas mãos sobre meu novo relógio de ouro, notando que já estava quase na hora da janta.

Daqui a uma hora, eu veria a reação de Deep e Alexia ao ver a nova irmãzinha e eu não faço a mínima ideia do que iria acontecer com as crianças. Mas eu não deveria me preocupar, como disse pra Vicente tão firme.

Quando notei, Enobaria estava dormindo tão serena na minha cama que resolvi tomar um relaxante banho.

Corri para o banheiro e liguei a ducha de água quente, logo retirando todas minhas vestes e deixando-a penduradas.

Terminando o banho, corri para o quarto aonde a Enobaria continuava dormindo que nem um anjo e coloquei um vestidinho amarelo tomará-que-caia de seda. Era leve e parecia me deixava um tanto jovem.

Fui para minha penteadeira, sentando-me e jorrando um perfume que ganhei de Natal sobre meu corpo. E deslizei minhas mãos sobre a pequena caixa de maquiagens que guardava meus ''make dark''.

Era assim que Vicent chamava de ''make dark'' a qual usava antes de ir para os jogos e depois. Devo admitir que larguei essa mania de me esconder em roupas góticas e me fazer como a fria trocando por maquiagens mais leves e chiques. Mas devo contar que ainda uso o ''make dark''  na Academia de Carreirista e perante a Capital.

Deslizei minhas mãos sobre a caixinha de ''make dark'' pegando apenas meu delineador e fazendo o famoso risco de gatinho.

Já estava pronta e como hoje havia o jantar com os amigos de Vicente, arrumei Enobaria como uma princesinha. As crianças chegariam a dez minutos e os convidados daqui á duas horas.

Minha empregada estava fazendo um belo banquete, e antes que os convidados chegassem iriamos contar sobre Enobaria. Isso era um plano estratégico, por exemplo, mesmo que as crianças ficassem chateadas, eram iguais os Vicent, gostam de passar uma boa impressão para os convidados, mesmo que a sejam simpaticas até acabar o jantar e depois acabam com o rancor.

Levantei-me da minha penteadeira e identifiquei o risinho de Deep no andar de baixo. Agora era a hora. Respirei fundo e desci as escadas com a Enobaria no colo.

Os olhares das crianças viraram os bebês. Agora é a hora!