Capítulo 043: Os grupos.

            Faltavam apenas vinte e quatro horas para a ocorrência do torneio regional. Sato já estava tendo alta (sendo que Kim estava sempre dizendo que Sato estava em sua casa por todo o tempo) e já estava pronto para sair do hospital. Ao seu lado, estavam Kim, Anika e Haiki.

            - Ai, ai... e eu nem treinei depois da minha luta contra o Kurodo e o torneio regional será daqui a um dia! – disse Sato.

            - É, mas sabe, desta vez vai ser um pouco diferente, Sato... – disse Haiki.

            - Como assim? O que quer dizer com isso? – disse Sato.

            - É que o torneio regional, pelo menos, pelo que estão dizendo aqui no Clube... – disse Haiki. – Vai durar uns três dias consecutivos... porque são mais lutas...    

            - É, eu ouvi algo a respeito... – disse Sato. – Menos mal...

            - Tomara que nós consigamos passar para o torneio nacional! – disse Kim.

            - A propósito, alguns de vocês sabem do Hikoru? – disse Sato. – Eu acho que ele nem apareceu nos arredores do Clube esses dias aí, não é?

            - Eu não o vejo há um bom tempo... – disse Anika. – Acho que desde o fim do torneio aqui do Clube...       

            - Hum... e eu nem quero ver acara dele tão cedo! – disse Kim.

            - Ah, tem mais uma coisa que eu queria perguntar pra vocês... – disse Sato. – Já foi informado onde será o torneio?

            - Eles vão informar hoje... – disse Haiki. – Mas não deve ser nenhum lugar longe daqui não...

            - É, tomara que não mesmo... – disse Sato. – Bom, eu acho melhor eu ir...

            - Certo, eu vou com você, Sato... – disse Kim. – Afinal, se eu falei pra sua mãe que você estava na minha casa todo esse tempo, vai ficar meio estranho eu não estar contigo... sei lá, não sei se isso tem a ver, mas de qualquer forma...  

            - Hehe! Ta certo então! Vamos? – disse Sato.

            - Vamos! – disse Kim.

            Sato e Kim se despediram de Haiki e Anika que ficaram ali no Clube Marcial. Os dois garotos andavam tranqüilamente pelas ruas na direção da casa de Sato.

            - Escuta, Sato... – disse Kim. – Algo um pouco estranho estava me passando aqui pela cabeça...

            - O que é? – disse Sato.

            - Pensa bem... – disse Kim. – Você estava achando estranho o fato de esse Rinus está te procurando muito pouco tempo depois de você ter entrado no Clube, certo?  

            - Sim, eu ainda estou achando tudo isso muito estranho... – disse Sato. – Talvez possa ter alguém por trás disso, não é?

            - Exatamente! É neste ponto que eu quero chegar! – disse Kim.

            - Como assim? Você por acaso está desconfiando de alguém, é isso, Kim? – disse Sato.  

            - Sinceramente sim, Sato! – disse Kim.- Quem nunca gostou nem de mim e nem de você? E quem entrou no Clube e tem uma raiva obcecada por você?

            - Bah! Que ridículo! O Hikoru! Você acha que ele pode ta envolvido nisso? – disse Sato.

            - Não sei não... – disse Kim. – A gente não sabe se ele começou a despertar a energia sobrenatural dele só depois que entrou no Clube... e se ele já havia despertado antes e o Rinus, percebendo que ele tinha uma grande energia, e era bem próximo de você... sei lá e percebendo que o Hikoru sempre foi meio rebelde assim... fez alguma proposta pro Hikoru ficar na sua cola, sei lá...

            - Isso não deixa de fazer sentido, Kim... – disse Sato. – Mas mesmo assim, eu ainda acho pouco provável que ele esteja me vigiando... pro Rinus...

            - Talvez essa raiva nem seja por causa daquela briga que vocês tiveram na escola, talvez seja por que ele esteja sendo usado pelo Rinus apenas para te capturar... – disse Kim.

            - Será...? – disse Sato. – Será mesmo que o Hikoru é um dos principais espiões do Rinus?

            - Bom isso não é impossível! – disse Kim. – Além disso, desde que a competição do Clube terminou, ele não deu as caras em nenhum lugar e foi no mesmo período em que Rinus fez o que fez...

            Sato parecia estar bastante pensativo.

            - Ah, outra preocupação agora! Pra falar a verdade, isso já tinha me passado pela cabeça, mas eu ignorei logo, mas agora, com você falando... realmente pode ser, isso não é impossível não... – disse Sato. – Ah, eu sei lá! De qualquer forma, não tem jeito de a gente descobrir! Além do mais, nem temos tempo pra isso! Os caras do Clube Marcial de Tóquio já estão cuidando de procurar pelos espiões que ficam ao redor do Clube, principalmente os mais distantes que devem ser mais fracos... ou melhor, menos fortes, porque eu acho que o Rinus não tem absolutamente nenhum subordinado fraco...

            - É, mas pelo que o Tsukynare e alguns outros professores falaram... – disse Kim. – Essa busca não está tendo muito sucesso não... eles procuraram pelos espiões mas não há absolutamente nada... esses caras conseguem se esconder muito bem!

            - Eles são mesmo muito habilidosos! – disse Sato.

            Os dois continuaram andando pelas ruas na direção da casa de Sato e então, depois de alguns minutos eles entraram na casa do garoto. Ambos cumprimentaram a Sra. Akira e depois subiram para o quarto.

            Enquanto isso, na sala de Rinus, ele estava com uma lista de papel em sua mão e a examinava atentamente.

            “Hum, de acordo com o que fui informado... o torneio regional vai começar daqui a um dia... e durará mais três dias... hum, será tempo suficiente... é melhor eu mandá-los espionar o Sato para ver o seu desempenho no torneio... quero ver o quanto ele evoluiu por causa de sua luta contra Kurodo...” pensou Rinus.

            Rinus examinava atentamente a lista de papel que continha uma grande quantidade de golpes.

            “Preciso selecionar um bem forte para que não haja possibilidades de falha no meu plano! Tudo tem que correr da forma mais perfeita possível! Não posso falhar de jeito nenhum!!!” pensou Rinus, bastante concentrado.

            Rinus continuava examinando nome por nome da lista até que sorriu.

            “É esse! Ele será perfeito!” pensou Rinus.

            Sato e Kim ficaram conversando por longas horas, até que a Sra. Akira entrou no quarto.

            - Sato, tem uma carta e um envelope aqui pra você... – disse a Sra. Akira. – Acabou de chegar!

            - Uma carta e um envelope? – disse Sato. – Deve ser do torneio regional...

            A Sra. Akira entregou a carta e o envelope a Sato e então foi para a cozinha. Sato começou a abrir a carta primeiro.

            - Lê logo, cara! – disse Kim. – Hah, eu to ansioso!

            - É, eu sei... vou ler logo agora... –disse Sato.

            Então, o garoto começou a ler.

            - Sato Akira, nós estamos orgulhosos por você ter passado para o torneio regional, representando o nosso Clube Marcial de Tóquio. Já deve saber, assim como os outros participantes, que o torneio será disputado entre oito lutadores divididos em dois grupos de quatro nos quais apenas os dois primeiros de cada passarão ao torneio nacional. O torneio terá início dentro de um dia. Informamos que a localização do torneio regional será num ginásio recentemente construído pela organização, na rua Yoku, número 104. O ginásio tem capacidade para duzentas pessoas e você pode convidar cinco pessoas para assistirem a competição. Compareça lá às sete horas da manhã para podermos iniciar a competição. No envelope, há a tabela do torneio regional, com as lutas, os dias e também os grupos selecionados. Acho que acabamos aqui... já é o suficiente... abraços, Sato Akira.

            Direção do Clube Marcial de Tóquio.

            - Puxa vida! – disse Sato. – É impressionante! Eu to animado! To animado!

            - Abre logo o envelope, cara! To ansioso pra ver os grupos! – disse Kim.

            Rapidamente, Sato rasgou todo o envelope e retirou um papel.

            - Aqui estão os grupos e os horários das lutas. – leu Sato, no topo da folha.

            Sato passou o olho pelo papel até que viu os dois grupos.

            - Grupo A. Hikoru Kazawa. Haiki Tishu. Anika Brux. Narin Renshou. – disse Sato.

            - Eita! Tem três do Clube Marcial de Tóquio e só dois do Clube Marcial Makuma. – disse Kim. – Espera aí! Isso quer dizer que...

            - Sim, Kim... – disse Sato. – Eu e você estamos no mesmo grupo!

            - Bah! To ferrado! – disse Kim.

            - Sato Akira, Kim Hian, Ryouma Kai e Kirino Hajin. – disse Sato. – Esses são os integrantes do grupo B.

            - Ah! Eu não acredito nisso! – disse Kim. – Eu caí no pior grupo possível! Eu nem conheço a força desses aí, o Ryouma e o Kirino e você... nem falo nada...

            - Ora, você também não é nenhum fraco, Kim! Deixa de drama! – disse Sato. – Ei, olha aqui...

            - O que foi? – disse Kim, voltando sua atenção para o papel.

            Sato apontava para os horários.

            - A cada dia vão realizar duas lutas de cada grupo... – disse Sato. – Então vão ser quatro lutas por dia, então o torneio vai acontecer mesmo em três dias...

            - É... eu e você vamos lutar logo na primeira... – disse Kim.

            - É claro que nós vamos lutar logo na primeira... – disse Sato. – Só tem quatro em cada grupo, as duas primeiras lutas vão incluir todos os participantes do grupo...

            - Heh! É, pode crer, eu nem reparei nisso! – disse Kim.

            - É, eu e você vamos nos enfrentar... – disse Sato. – E pra valer dessa vez!

            - É isso aí! Mas eu com certeza vou acabar perdendo! Eu tinha que ter treinado muito mais se quisesse ter mais chances no torneio regional! – disse Kim.       

            - Não, eu não acho! – disse Sato. – Você está muito forte, Kim! E aquela energia que você despertou na luta contra o Shukan na competição do Clube Marcial de Tóquio, definitivamente foi demais cara! Você é forte pra caramba! 

            - Hum... eu sei... mas eu não derrotei nenhum subordinado do Rinus, né? – disse Kim.

            Os dois ficaram rindo. O resto do dia foi se passando bem lentamente. Depois de algumas horas, Kim foi para sua casa e Sato continuou examinando atentamente a tabela do torneio.

            “Ryouma e Kirino... Será que esses caras são fortes? Eu não posso ficar muito confiante só porque derrotei alguém como o Kurodo... afinal, eu só consegui despertar todo aquele poder porque eu estava com bastante raiva na hora! Eu certamente não conseguirei despertar todo aquele poder no meu estado normal! Vai demorar muito tempo para que eu consiga isso! É melhor eu descansar... preciso dormir bem essa noite pra que eu esteja nas mais perfeitas condições...” pensou Sato.

            Então, o garoto guardou a tabela e a carta. Neste momento, a Sra. Akira entrou no quarto.

            - Oi filho, eu queria te falar uma coisinha... – disse a Sra. Akira.

            - O que foi, mãe? Fale rápido, porque sabe, eu preciso descansar essa noite... preciso ficar bem descansado pro torneio regional... – disse Sato.

            - É exatamente sobre isso que eu quero falar com você... – disse a Sra. Akira. – Eu gostaria de ir ver o torneio... será que eu poderia ir?

            - Ah... é isso... – disse Sato. – Mãe, eu acho melhor não, porque na verdade, a platéia pode acabar sendo atingida... não são golpes de luta normal que vai ter lá e você sabe muito bem disso... então vai ser bem perigoso você ficar lá...

            - Mas vão ter pessoas normais lá, não vão? Até porque eu já vi esse torneio, acho que no ano passado... – disse a Sra. Akira.

            - Eu sei, mas eu to falando isso por causa do que eu já vi como isso é na competição do Clube Marcial de Tóquiio... – disse Sato. – Lá só não aconteceu nenhum acidente com os espectadores porque eles eram poucos, mas uma grande quantidade das arquibancadas acabou sendo atingida inúmera vezes, entende?

            - Entendo... mas é que eu vou ficar muito preocupada! – disse a Sra. Akira.

            - Não se preocupe, mãe! O treinamento lá do Clube foi bem pesado para esse torneio, então não se preocupe..,. seu eu me ferir vai ser coisa leve, não vai ser nada sério, eu garanto! – disse Sato.

            - Ta, tudo bem... eu vou deixar você descansar... – disse a Sra. Akira saindo.

            Então, ela fechou a porta.

            “Puxa, tomara que ela entenda... mas é essa mesmo a minha preocupação e além disso... eu não sei se aquele desgraçado do Rinus vai tentar alguma coisa no torneio regional... eu não sei, eu estou extremamente preocupado com isso tudo...” pensou Sato. “Em pensar em Rinus... o Hikoru logo me vem à cabeça... será que ele pode mesmo ser um subordinado do Rinus?”

            Então, depois de quase dez minutos pensando no torneio e em Hikoru, Sato caiu no sono. Então, o garoto acordou às seis horas da manhã do dia seguinte e às seis e meia, saiu de casa.

            “A rua Yoku... é bem próxima do Clube Marcial... eu to me sentindo bem revigorado hoje! Vai ser perfeito! Eu to bem ansioso!” pensou Sato. “Eu nem convidei ninguém... o Kim falou que ia convidar o Shukan, a Kiwa, o Zabou, o Daiken e o Wagaky... eu espero que eles estejam lá!” pensou Sato, andando rapidamente.

            Quando o relógio marcava seis horas e cinqüenta minutos da manhã, Sato chegava na entrada do ginásio onde seria realizado o torneio. Havia uma grande quantidade de pessoas ali na frente.

            “Ah! Que droga! Deve ser tudo espectador!” pensou Sato.

            Então, Sato foi empurrando as pessoas, pedindo licença, até que ele avistou a porta de entrada do ginásio e nessa hora, sentiu uma mão puxando-o rapidamente. Ele acabou cruzando a porta do ginásio com o puxão e depois, viu Tsukynare na sua frente.

            - Mestre! Que bom que você está aqui! – disse Sato.

            - Bah! Você não achou que eu perderia o torneio regional, não é? – disse Tsukynare.

            - Tudo bem, Sato... – disse uma voz ao lado de Sato.

            - E aí, Kim? - disse Sato. – Já estão todos aqui?

            - Não... – disse Kim. – Eu acho que faltam dois do Clube Marcial Makuma e também o Hikoru...

            Sato e Kim ficaram se olhando estranhamente.

            - Você pensou naquele assunto do Hikoru, Sato? – cochichou Kim.

            - Pensei, mas a gente não pode ter certeza de nada, Kim! – disse Sato. – Escuta, é melhor nos concentrarmos no torneio agora...

            - Certo... – disse Kim.

            Sato olhou à volta o ginásio e viu que as arquibancadas já estavam lotadas.

            - A Kiwa, o Zabou, os outros, já estão aqui, Kim? – disse Sato.

            - Sim, não se preocupe... eu não te falei que os convidaria? – disse Kim. – O que foi difícil foi driblar a minha mãe para que ela não viesse...

            Às sete horas, Hikoru cruzou a porta e em menos de cinco segundos depois, os dois lutadores do Clube Marcial Makuma entraram também. Sato olhou de esguelha para Hikoru e Hikoru retribuiu o olhar.

“Esse miserável... eu só espero que ele não seja capanga do Rinus... se for...” pensou Sato começando a ficar com raiva.

- Sato... – disse Tsukynare.

- Sim, mestre... – disse Sato.

- Eu já vou lá pras arquibancadas, espero que todos vocês aí dêem o melhor de si! – disse Tsukynare.

Todos agradeceram. Sato, Kim, Anika e Haiki estavam lado a lado enquanto Hikoru ficou mais afastado e Ryouma, Kirino e Narin estavam lado a lado, um pouco mais afastados.

            Tsukynare estava indo mas Sato o pegou pelos ombros.

            - Mestre... – cochichou Sato. – E quanto ao Rinus? E se ele agir aqui no torneio...?

            - Não se preocupe... – cochichou Tsukynare. – A segurança está mais do que reforçada... além disso, o Herzuz combinou com os médicos que têm uma sensibilidade muito maior do que os lutadores... se eles perceberem algum tipo de energia que cause ilusões e tal... eles vão conseguir neutralizar... 

            - Certo... – disse Sato.

            Então, Tsukynare sorriu e foi para as arquibancadas. O ginásio era um salão parecido com aquele onde havia acontecido a competição do Clube Marcial de Tóquio, mas com um ringue um pouco maior e com muito mais espectadores.

            “Tomara que eu consiga ser muito bem sucedido neste torneio!!!” pensou Sato, sorrindo.