Juliane POV:

Estava começando a me irritar com o miserável que estava dividindo a pia comigo. O que garotos tem na cabeça? Bom, acho melhor não responder.

-Da espaço!- Ele “bestemava” empurrando-me para o outro canto da pia.

-É só o que me falta! Sai tu do meu local!- retruco de volta, aumentando um pouco o tom de voz no “Meu Local”.

-Deu pombinhos!- Vem Joana batendo em nossas costas.

-Cala a boca!- Kleiton realmente não tem respeito.

-Mas credo! Vem calar, bezerro desmamado!- Não adianta quem não tem classe, não tem. Joana como se não bastasse empurrou Kleiton, que começou a correr atrás dela. Finalmente uma pia só minha! Acho que meus olhos brilharam! *-*

-Em flor. O que vai ser de almoço?- pede Jessica se aproximando.

-Peixe com fritas! Pode ser?

-Por mim pode, mas a Jo não come carne, esqueceu?

-Não, por isso as fritas pra ela. Sei lá, pensei em fazer algo tradicional de Londres!

-Ótima idéia!- fala Jess pegando-me para um abraço de urso.

-Me faz um favor?- peço.

-Depende.- responde Jess se afastando de meus braços.

-Desce no mercado e me compra umas batatas!?- peço, entregando-lhe um sorriso quase implorado.

-Wonn!- fala apertando minhas bochechas. –É claro.

E assim termino de por meu peixe no forno.

-Sai de cima de mim seu canalha miserável!- Grita Joana deitada no sofá com Kleiton em cima. Sério, cena comprometedora.

-Ta na hora de calar a boca Joana. – e com isso Kleiton é atingido com tudo em suas partes intimas. Soltando um grito de dor.

-Acho melhor você calar a boca, antes que os vizinhos me denunciem para a defesa ambiental. –Termina Joana entrando no banheiro.

Kleiton se contorcia no chão, e instantaneamente eu ria.

Jessica POV:

-Olá, Jessica!- Aparece John.

-Ah!Oi, tudo bem?

-Claro, e contigo? O que faz aqui?

-Vim lavar roupa!- respondo abrindo um “mini-sorriso”.

-Bom, então tu veio pro lugar errado, eu acho!- Só sorrio. Credito!

-Bom tenho que ir.

-Ta, tchau.

-Tchau.

Nossa, que super conversa, fico pensando enquanto saia do supermercado.

Ao chegar no apartamento Kleiton estava no chão, e Model estava morrendo de tanto rir, e Joana, bom, não vi ela.

-O que aconteceu aqui?- peço.

-Joana!- Juliane responde tudo num simples nome.

-A que beleza!- viro-me e sento no sofá ligando a teve.

Joana POV:

Quem ele acha que é? Humph, era só o que me faltava na minha casa ser mandada calar a boca. Mas vai pra merda!

Entro debaixo de uma ducha morna, meus pensamentos não paravam de fluir pelos canais de meu cérebro. Oh vida! As vezes fico me perguntando, o que eu fiz pra estar aqui hoje? Por que o tão temido, e adora “Deus” me deixou sem o essencial a uma criança? Porque “Deus” me privou de uma família concreta? Quem é “Deus”? Acho que é pelo simples fato de não saber, que eu não acredito...

Meus pensamentos fluíam, e um cheiro insuportável de queimado começou a perturbar minhas narinas. Enrolo-me em uma toalha e saio do banheiro ver o que estava acontecendo.

Juliane’s POV:

Depois de postas as batatas para fritar, sento-me do lado de Jessica, para assistir Bem10. Que Maravilha! – sentiram a ironia?

Kleiton sai da sala me encarando com cara má, não ligo, afinal, é sempre assim.

-Ei Ju!- Kleiton me chama, mas ninguém me chama de Ju!

-O que você quer agora?-peço ranzinza.

-Tem a toalha pegando fogo!- Fala Kleiton, provavelmente pra querer nos assustar, mas não ligo pra isso, afinal né, por favor! E assim mesmo que tivesse realmente uma toalha pegando fogo, Kleiton não falaria desse jeito manso, com certeza estaria fazendo o maior escândalo e jogado a toalha na pia.

-Sim Kleiton.

-É sério!- fala ele vindo em nossa direção.

-Tá!

-Ai Santa Mãe de Deus!- começa a gritar Jess pulando em cima do sofá, apontando para a cozinha.

-Tá, vocês só podem estar brincando comigo. Eu não vou olhar, e vocês, vão pra...- mas sou interrompida (detesto isso).

-Não estamos brincando Ju, é sério, daqui a pouco toda a cozinha vai pegar fogo. -fala Kleiton sem parecer abalado ou sei lá!

-Então vai lá e apaga!- enquanto nós “conversava-mos”, Jess, não parava de gritar. Eta escândalo!

-Não!- responde sem emoção na voz. – Você é quem tava cozinhando! Não queria cozinhar? Agora arque com as conseguencias.

Finalmente sinto um cheiro um tanto estranho, era de...

-Fogo!- grito logo que vejo aquele fogaréu subindo pela frigideira.

-Eu disse.-responde Kleiton ainda parecendo calma.

-Faz alguma coisa!?- grito enquanto sacundindo-o implorava.

-Já disse que não.

-Mas tu que é o homem!- responde entrando em pânico!

-E tu a cozinheira.

Jess não parava de gritar, Kleiton se sentou (agora me dizem, como pode? A casa ta pegando fogo e o homem lá sentado?) e eu implorava por ajuda.

Até que um homem (na verdade um homem lindo e gostoso, que fique bem claro!) adentrou a porta e olhando para nós, pediu:

-Com lisença mas vocês teriam as... O que ta acontecendo aqui?

-FOGO!- Jess gritou apontando para a cozinha.

Não tardou muito e o homem (gostoso!) apagasse o fogo.

A fumaça já começa a se apossar de nós.

-Obrigada. -Digo descendo do sofá chegando mais perto do homem (gostoso!).

-Imagina!-Responde pondo uma de suas mechas de cabelo para trás. – Sabia que já fui voluntario do corpo de bombeiro!?- pede dando um sorriso de canto da boca.

-Ah Sério? Na verdade eu não sabia não!- respondo também sorrindo, vendo agora aquele homem (gostoso) soltando um tímido riso.- Afinal, como é o nome do nosso herói?

-Gilberto! E o da senhorita?- ele estende a mão.

-Juliane!- respondo, encaixando nossas mão. Olho no olho, mão com mão!

-Err...- ele fica meio que encabulado- sou novo por aqui, na verdade, vim pedir um pouco de sal emprestado. Você talvez teria?- sinto um leve tom de nervosismo em sua voz.

-Claro! Afinal, você salvou não só a minha vida, mas de todos aqui!- respondo me agachando para pegar o sal em baixo da pia.

Após entregar-lhe o mesmo levo-o até a porta onde nos despedimos.

Viro-me e todos estão me encarando.

-O que foi?

-Eu que pergunto senhorita, o que foi aquilo?- pede Joana pondo as mãos na cintura.

-Aquilo o que?

-Ah como se a senhorita não soubesse!- ela fala, dando um giro ao redor de si.

-Bom gente, vamos comer fora?- peço.

-Ta vendo outra opção?- pede Kleiton com um timbre de grosseria e tédio.- Se eu tivesse feito a comida isso não acon...

-Cala a boca Kleiton, Jo se veste logo, que eu to com fome.

Todos exceto Joana desceram de elevador num silencio inaudível. Já Joana desceu de escadas, provavelmente cantarolando uma de suas musicas.

Chegamos quase todo mundo junto no saguão da entrada e já recebemos o vento gélido que Londres nos depositava nas faces.

Todos fazem caretas.

- O que vocês queriam? – Joana pede e todos a olham. – Um dia de inverno em Londres, quente!? Sonhem minha gente, sonhem!- termina sua linda exclamação indo na frente de todo mundo atravessar a rua.

Comemos comida comum, num restaurante comum, sem nada de mais, além é claro, como eu teria me esquecido? Fomos expulsos! É expulsos graças a Joana e a criança interior de Kleiton.

 Jess e eu saímos atrás dos dois, os empurrando até o apartamento, sem falar nada.

-Agora me dizem o que foi aquilo?- Jess pede, indignada.

-Ele quem começou!- defende-se Joana apontando para Kleiton-  eu só tentei ajudar.- fala Joana meio que envergonhada do que fez. Afinal, não era pra menos!

-E por que você Kleiton, começou aquela bendita briga!?- minha vez de tirar as intermináveis duvidas que rodopiavam em minha mente.

Ele se negou a falar.

Todas o encaravam.

-Joana?- peço.

- O que?

-Vai, fala o por que?

-Eu não sei, ta legal!-responde ficando nervosa.-A única coisa que sei é que eu ouvi aquele cara feio do restaurante chamando as – Joana faz aspas no ar- garotas do bixinha, de vadias esfarrapadas, e minha mãe e meus pés informigaram!- termina soltando um longo suspiro.

Deixamos por assim, afinal, saímos até sem pagar a conta, se bem que... não sei se o dinheiro que não foi pago pela comida, suporta o vexame que passamos!