Revolução Francesa escrita por Night Crow


Capítulo 4
Estranhos acontecimentos...


Notas iniciais do capítulo

Uma coisinha apenas, logo vão achar isto aqui:
* http://www.polyvore.com/everlasting_light/set?id=58303963
Estou um tanto sentimental hoje, é que estou de tpm hehe mas enfim, espero que gostem (ou goste, já que tenho apenas uma leitora).



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Estava sentada em baixo da sobra de uma grande laranjeira, vislumbrando o enorme e perfeito palácio de Versalhes, relembrando tudo o que passei de quatro anos até agora. E sim, eu lavei as roupas e arrumei o quarto do demônio que tanto inferniza minha já infeliz vida. Perdida em meus devaneios, fui acordada quando senti alguém parando bem ao meu lado. Viro lentamente os olhos e encontro-o em pé olhando o castelo distraidamente. Tento levantar-me e sai dali discretamente, mas ele se vira e me segura fortemente pelo pulso e virando-me defronte a ele, assustando-me.

– Que susto! – Exclamo, com a mão no peito, enquanto ouço a risada sarcástica de sempre.

– Sou tão feio assim? – Rio com isto e coloco minha melhor cara de desdém.

– Ah sim, você é horrível. – Digo lentamente, enfatizando a palavra “horrível”. – Não sei como ainda não espantou todos que aqui vivem.

– Cala-te, sua louca. – Diz enquanto seus olhos frios e cinzas ficam mais intensos e gelados do que de costume. – Aposto que eles morreriam se vissem sua cara horrenda. – Apenas sorrio mais abertamente. – O que há?

– Apenas achei graça de sua idiotice. – Respondo, olhando agora para minhas unhas. Ele apenas olha-me confuso, levanto meu olhar até ele novamente. – Disseste que as pessoas morreriam se me olhassem.

– E... – Arqueia uma sobrancelha.

– E o caso é que você ainda está vivo, sendo que me vê todos os dias. Como é possível? – Pergunto, com um tom de falso espanto. Seu rosto geralmente pálido como a neve fica levemente ruborizado na parte das bochechas. Sorrio satisfeita. – O que houve? Por que está assim, tão vermelho?

– Não te interessa. – Responde rispidamente. – Fora daqui, vá logo trabalhar.

– E qual é a tortura de hoje? – Pergunto com tédio, vendo-o reprimir um sorriso, mas ele logo fica sério novamente.

– Faça qualquer coisa, mas desapareça de minha vista. – Responde-me com frieza. Suspiro pesadamente e saio em direção ao castelo, irei ter com minhas novas amigas.

Havia subido as escadarias que levavam à área de trabalho correndo e agora encontrava-me indo em direção à Gina.

– Ei! – Exclamo, chegando, finalmente, até ela.

– Olá, meu amor! – Abraça-me e beija minha bochecha. – Meninas, venham ver quem está aqui! – Grita ela, logo vejo Mione e Natália surgindo do lado oposto ao que estávamos.

– Ah! Aqui estás! – Gritavam histéricas, abraçando-me e beijando minha bochecha como havia feito Gina, instantes atrás.

– Parece até que não me veem há séculos. – Digo rindo de suas caras.

– Mas não é verdade? – Pergunta Gina, dando pulinhos, e as outras concordam.

– Ah... Na verdade não apareço aqui há apenas dois dias. – Vejo suas faces desanimarem um pouco.

– Mas então, conte-nos, por onde andou? – Pergunta Mione, parecendo realmente interessada em saber.

– Bem, ando trabalhando mais nos jardins, ontem mesmo tive que trocar a água do lago que há em frente ao castelo. – Respondo, olhando para cima e relembrando.

– Mas por quê? – Perguntaram as três ao mesmo tempo.

– Bem, não sei como e por que motivo aconteceu, mas quando cheguei ele estava negro. Inteirinho, todo negro, sem nenhuma parte salva. – Conto a elas, que ficam horrorizadas.

– Oh, mas que horror! – Comenta Gina e eu assinto com a cabeça.

– E tem mais: Eu ainda tive que lavar as roupas e limpar o quarto daquele folgado. – Digo com raiva.

– Está falando do... – Começa Gina.

– Imbecil que ama você? – Diz Nati e eu quase engasgo com a minha própria saliva.

– Mas hein? – Pergunto, corando violentamente. Elas se dobram de tanto rir.

– Uh, tem certeza que foi apenas limpar o quarto dele? – Pergunta Mione em tom de malícia. Arregalo mais os olhos.

– Pervertidas! – Exclamo e rimos todas. Ri tanto que acabei caindo sentada no chão, o que nos fez rir mais ainda. Estava quase sem ar quando percebi a galinha loira aproximando-se.

– De que estão rindo? – Pergunta ele, em seu tom irônico.

– Creio que isto não lhe interessa. – Respondo friamente. Ele apenas sorri maleficamente, estreitando os olhos.

– Talvez você precise de algumas aulas de boas maneiras... – Comenta.

– E isto por acaso importa para você? – A este ponto da discussão as meninas já haviam se afastado.

– Claro... Que não. – Responde, estupidamente. – Mas não quero você faltando respeito com seus superiores.

– E quem seriam meus superiores? – Pergunto sarcasticamente, enfatizando a palavra “superiores”.

– És tão burra assim? – Pergunta com grosseria. – Você sabe que todos aqui, com exceção de outras empregadas, são seus superiores.

– Ninguém aqui é meu superior, muito menos você! – Quase grito. Ele apenas ri desdenhosamente.

– Claro que sim, agora cale a boca e ao trabalho, plebeia ridícula. – Diz e aproxima-se, levantando-me bruscamente pelo braço, que segurava com força.

– Solte-me, idiota! – Exclamo e tiro meu braço de sua mão, enfurecida. Ele logo reage dando-me um belo tapa na face, que então fica marcada. – Covarde.

– Vadia. – Retruca. – Agora deixe de ser mais ridícula do que já é e vá ao trabalho.

Viro-me e saio de lá com lágrimas nos olhos, por que ele faz isto comigo? Fiz algo de errado em minha vida para ser tratada desta maneira? Desço até o jardim, segurando as lágrimas, o coração apertado, querendo morrer da maneira mais rápida e trágica possível. Corro até o fundo do interminável campo verde que há ao redor de todo o castelo e encosto-me a uma árvore, descendo aos poucos até encostar-me ao chão. Encontrava-me presa em um mundo escuro, minha vida, antes já infeliz, agora mais infeliz ainda, queria apenas voltar para minha antiga e simples vida, com meus pais, a plantar e colher o que plantávamos. Queria apenas ir embora.

Draco’s P.O.V

O que eu era? Um covarde. Minha mãe sempre ensinou-me a tratar bem as mulheres, mas parece que meu pai exerce maior influência sobre mim. Tentava ao máximo não fazer mal a ela, mas parece mais que ela pede para morrer. E aliás, quem ela pensa que é para discutir sobre seus superiores? É apenas uma pobretona que trabalha aqui, meus pais sempre ensinaram-me a desprezar os inferiores, inclusive minha mãe, mesmo que fossem mulheres. A única diferença é que minha mãe me ensinou a apenas desprezar mulheres inferiores, nunca a maltratá-las.

Mas como eu havia dito antes, meu pai exerce uma influência enorme sobre mim, e ele sempre tratou quem ele crê ser inferior de forma assustadora. Talvez eu seja apenas um fracassado que segue os passos do pai para tentar ser alguém, mas se quer saber, eu não ligo. Ao menos assim a plebeia perceberá quem ela deve ou não obedecer. Mesmo que às vezes eu force para parecer mal, ela me amolece. Não completamente, não iria rebaixar-me a este ponto. Mas o suficiente para trata-la “normalmente”, o que acaba deixando-me ainda mais irritado.

Discuto com ela, mais uma vez, e observo-a sair da área de trabalho com lágrimas dos olhos. E eu me pergunto apenas o que tenho que fazer para ser uma pessoa decente. Nunca quis machucar ninguém, mas parece que é algo natural, herdado. Não me conformo com isto, apesar de às vezes ser realmente prazeroso ver as pessoas sofrendo. Ainda assim tento ser “bom”, o que nem sempre consigo. O que mais me deixa inconformado é saber que me importo, mas é apenas questão de tempo para descobrir o que realmente sinto.

Draco’s P.O.V off

Não recordo-me bem do que houve, apenas recordo-me que estava a chorar sentada bem debaixo de uma pereira. Como sei que era uma pereira? Por conta da fome que me dominava, acabei por pegar uma pera que estava mais próxima a mim. Mas voltando a realidade, quando acordei encontrava-me em uma cama sofisticada, branca e bordada com fios de ouro, o cheiro doce que emanava fez-me suspirar e voltar a fechar os olhos, sentia dor de cabeça e estava cansada. Aconcheguei-me melhor na cama, para o caso de isto ser um sonho eu aproveitá-lo muito bem. Tento dormir novamente, mas não consigo, o que é normal para mim.

Escutei passos cada vez mais audíveis, e então alguém entra no quarto. Parecia não querer fazer barulho, pois andava lentamente. Fechei os olhos e puxei o cobertor até a altura do nariz, felizmente não sentindo nenhuma presença ao meu lado. Abri um pouco meus olhos e o vi de costas parado na varanda, observando atentamente o movimento abaixo de si. Virou de repente para mim, e eu com o susto, acabei caindo da cama.

– Uh... Socorro... – O som estava abafado pelo cobertor que estava enroscado em mim.

– Fique parada um instante. – Diz calmamente. Eu estava debatendo-me como um peixe fora d’água. Logo ele desenrolou-me e subitamente começou a rir.

– De quê está rindo? – Pergunto distraidamente. Ele então para de rir.

– Está toda descabelada e com olheiras. – Ao escutar isto levanto-me rapidamente, quase caindo em cima dele.

– Oh, droga. – Exclamo sem querer. Ele apenas segurava o riso.

– Está precisando de um banho... – Diz, olhando para um quadro ao lado da cama em que estava deitada há poucos instantes.

– Claro, como se eu pudesse tomar banho aqui. – Digo, ironizando minhas palavras.

– Ah... – Ele apenas revira os olhos. – Pode fazê-lo aqui. – Diz e eu arregalo os olhos.

– Desde quando é gentil comigo? – Digo brincando.

– Acho que estou com febre. – Diz e eu abafo o riso com a manga do vestido.

– Bem, e onde é o banheiro? – Pergunto, ficando séria novamente.

– Por aqui. – Guia-me por um curto caminho, até que vejo uma porta em mármore, arregalo levemente os olhos por conta da surpresa. É muito perfeito. – Bem, aproveite. – Diz e retira-se.

Não digo nada, apenas entro e tranco a porta. Quando dou conta que não tenho nada para vestir vejo algumas roupas ao lado da banheira branca com bordas de ouro. Deixo meu queixo cair com a visão magnífica daquele banheiro. Era imenso e várias partes eram decoradas com ouro e pedras preciosas na proporção ideal, sem exageros. Demoro um pouco para tomar meu banho, mas apenas o suficiente para relaxar e esquecer a dor que o trabalho causa a meu corpo.

Após vários suspiros decido que já é hora de sair. Encontro uma toalha também branca e bordada com fios de ouro ao meu lado e seco-me lentamente. Pego e analiso a roupa com cuidado. Um vestido branco não muito curto e nem muito longo, com alguns “babados” nas mangas e no centro, era leve e extremamente perfeito para mim. E ainda havia uma sapatilha branca ao lado. Arregalei os olhos, era muita gentileza para um garoto com coração de pedra. Vesti-me rapidamente e olhei-me no enorme espelho que enfeitava a parede do banheiro, estava consideravelmente bonita.

Ainda confusa saí do banheiro, olhando envolta sem saber aonde ir, até que o avisto.

Draco’s P.O.V

Andava pelos cantos do palácio à procura de Carollyn, não sabia onde ela estava e precisava achá-la, não poderia deixá-la sem trabalho. Esta era uma obrigação minha, apesar de ser desconfortável, irritante e um tanto cansativo também eu era responsável por ela. Não aguentando mais procurá-la, decido chamar um de meus... “ajudantes” de serviço, assim dizendo. Eles são bem maiores, mas fazem tudo o que quero. Chamei-os e mandei-os procurar Carollyn, eles a conhecem, pois a veem sempre a trabalhar.

Andava pelo corredor escuro que nem todos conheciam, sempre fora cheio de quadros da família real e de muitos nobres que marcaram as épocas anteriores. Percebi uma movimentação mais a frente, e quando olhei vi Jullyet. A garota que já “ficou” com quase todos os garotos do reino. É uma oferecida que sente atração por mim.

Loira com belos olhos azuis, feições angelicais e inocentes. Mas toda esta inocência morria em seus atos e atitudes. Reviro os olhos quando ela aproxima-se pulando para perto de mim. Usava um vestido um pouco curto demais para sua idade, era rosa bebê e nos pés calçava um salto também rosa claro.

– Ah, aqui está você. – Diz tentando ser sexy. Apenas levanto as sobrancelhas.

– Não, estou na esquina, por que não vai lá ver? – Pergunto com sarcasmo, não aguento sua presença.

– Ah, Draquinho, sempre fazendo piadinhas... – Aproxima-se ainda mais. E eu ainda chamo Carollyn de vadia, penso cansado. Suspiro e prendo-a na parede, ela morde o lábio e eu seguro o riso, aproximando-me ainda mais. É claro que não iria beijá-la, é apenas para deixá-la na vontade. E não, não sou mal, apenas não me entrego para qualquer uma. Quando estávamos quase unindo os lábios, eis que Josef aparece.

– Draco? – Pergunta ele, fazendo-me agarrar Jullyet pelos braços e jogá-la no chão.

– Diga. – Viro-me para ele e respondo com meu tom de voz frio. Ouço a garota que joguei no chão soltar uma exclamação de dor.

– Encontrei a garota. – Diz, não antes de fazer uma pequena reverência a mim.

– Que garota? – Ouço a voz esganiçada de Jullyet.

– E onde ela está? – Pergunto, ignorando Jullyet, que agora estava em pé ao meu lado.

– Está nos campos. – Responde, parecendo nervoso. – Deixe que eu o leve até ela.

– Claro. – Respondo simplesmente e o sigo, deixando a loira atrás de mim resmungando coisas inaudíveis.

Chegando aos infinitos campos verdes, os pássaros cantavam em cima de nós como se nos indicassem o caminho, então, avisto-a. Estava deitada na grama verde e macia e dormia profundamente. Não quis acordá-la e imaginei que ela estava desconfortável dormindo naquela posição.

– Leve-a daqui. – Digo simplesmente, virando-me para ir embora.

– Mas para onde a levo, senhor? – Pergunta confuso. Irrito-me ainda mais.

– Ao meu quarto, aonde mais? – Respondo com agressividade. – Agora vá, ande logo, sabe que eu odeio que demore.

– Sim, senhor. – Responde, carregando-a com cuidado.

Não sabia o porquê de ter feito aquilo, mas não me importo. Eu apenas estava fazendo as coisas sem pensar. Passei todo o tempo pensando se ela já acordara, e por curiosidade me dirigi ao quarto onde ela está. Entrei cuidadosamente, tentando ao máximo não fazer barulho. Vejo que ela parece sentir minha presença e puxa as cobertas até seu nariz. Dirijo-me até a varanda, observando o movimento abaixo de mim. Servos trabalhando, mulheres nobres rindo e balançando os leques... E os homens apenas passeando com suas amadas. Viro-me de repente para a garota que encontrava-se deitada em minha cama, assustando-a e fazendo-a cair.

– Uh... Socorro... – O som estava abafado pelo cobertor que estava enroscado nela.

– Fique parada um instante. – Digo calmamente. Ela estava debatendo-se exatamente como um peixe fora d’água. Logo eu desenrolei-a e subitamente comecei a rir.

– De quê está rindo? – Pergunta distraidamente. Eu então paro de rir.

– Está toda descabelada e com olheiras. – Ao escutar isto ela levanta-se rapidamente, quase caindo em cima de mim.

– Oh, droga. – Exclama, parecendo perdida. Eu apenas segurava o riso.

– Está precisando de um banho... – Digo, olhando para um quadro ao lado de minha cama.

– Claro, como se eu pudesse tomar banho aqui. – Diz, ironizando suas palavras.

– Ah... – Eu apenas reviro os olhos. – Pode fazê-lo aqui. – Digo e ela arregala os olhos.

– Desde quando é gentil comigo? – Diz ela em tom de brincadeira.

– Acho que estou com febre. – Digo e ela abafa o riso com a manga do vestido.

– Bem, e onde é o banheiro? – Pergunta, ficando séria novamente.

– Por aqui. – Guio-a por um curto caminho, até ver uma porta em mármore. Observo-a arregalar os olhos, não deve estar acostumada com tanta beleza. – Bem, aproveite. – Digo e retiro-me. Ela entra no banheiro e fica lá. Desço novamente e fico com pessoas que posso considerar “amigos”.

Após algum tempo, o que eu considero o suficiente para ela terminar, subo novamente e quando chego lá vejo ela fechando a porta do banheiro. Ela estava bem bonita para meu gosto. Passo as mãos pelo cabelo, estranhamente fiquei envergonhado em olhá-la daquela maneira... Ela sorri para mim.

– O que há? – Diz olhando baixo e ajeitando seu vestido.

– Nada. – Minha voz sai rouca e baixa. Ela olha-me sorrindo levemente e aproxima-se.

– Obrigada. – Sussurra perto de meu ouvido, saindo logo em seguida. Sinto um arrepio percorrer meu corpo. Não posso estar sentindo isto...


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Notas finais do capítulo

O capítulo é dedicado à Carol Valdez, recomendou duas histórias minhas e uma das primeiras fics que li foi a Me gusta da nova escola, e por isso fiz uma conta, apenas para comentar.
Bem, espero que tenha gostado ><'



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