Capítulo 10 – Eletricidade atrativa

-Teresa? – Klaus voltou a chamá-la e deu um passo na sua direção. Teresa voltou a recuar, mas embateu na parede.

A respiração dela estava descompassada e Klaus começou a pensar que ela estava a ter um ataque de pânico ou claustrofobia.

-Eu… eu… eu não sei! – ela disparou e olhou-o nos olhos com medo. – Vais matar-me?

-Claro que não! – exclamou ele como se fosse algo óbvio. – Diz-me que isto não é por teres medo de mim.

-Não sei – Teresa disse num fio de voz e os seus olhos ficaram molhados. – O que temos… é estranho.

-O quê?

Teresa pegou na mão dele e a eletricidade começou logo a correr entre eles. Era uma sensação tão boa que ela não o queria largar nunca mais.

-Isto! Tu também sentes, eu sei! E… é mau e bom ao mesmo tempo – ela tentou explicar-se, mas não havia palavras no dicionário para explicar o que era aquilo.

-Eu sei como te sentes – a voz de Klaus era rouca e pesarosa, como se ele não tivesse gostado de dizer aquilo. – Parece que nunca mais te quero largar.

-Parece? Eu tenho a certeza que se o meu livre arbítrio fosse isto que há entre nós, eu nunca te largaria – Teresa disse e riu nervosa. – Isto é tão estranho!

Os olhos dela brilhavam de felicidade, e os olhos dele queriam saber o que aconteceria a seguir, qual era o protocolo a seguir. Ele sentia-se bem a tocar nela, e não queria que a sensação de segurança que ela lhe trazia jamais acabasse.

Bateram à porta e Teresa terminou com a conexão deles os dois. Foi até á porta e destrancou-a. O professor Eduardo apareceu, com Maria e Liliana logo atrás dele a espreitar pelo ombro.

-Está tudo bem? – indagou ele, olhando com os olhos em fogo para Klaus.

-Sim, está – respondeu Teresa dando um passo para fora da sala.

-A porta estava trancada – afirmou Eduardo.

-Eu sei. Precisávamos de privacidade para falar sobre uma coisa da Faculdade – disse Teresa, sem desviar o olhar do professor um único segundo. Ela sabia muito bem mentir, sempre tinha tido muito jeito para isso, era uma das coisas que ela agradecia ter porque já a tinha tirado de situações muito constrangedoras.

-Hum – ele fungou. – Não vai voltar para a festa?

-Claro que vou – Teresa fingiu-se ofendida e deitou um último olhar a Klaus antes de desaparecer com as suas amigas para o ginásio.

-O que foi aquilo? – disparou Maria mal chegaram ao ginásio.

-Não foi nada – desconversou Teresa, e Liliana parou-a colocando uma mão no antebraço.

-Somos tuas amigas, podes contar-nos.

Teresa revirou os olhos. Ela não podia contar nada sobre Klaus a Lili, ou então ele podia descobrir. Mas Maria também estava ali, e Liliana tinha sempre ótimos conselhos para dar.

-Ele é…

-É sexy, e giro e tem aquele sotaque britânico pelo qual tu juraste apaixonar-te – completou Maria, acenando com a cabeça em gesto de compreensão da amiga. – Tu gostas dele.

-O quê? Não!

-Não o quê? Não, ele não é sexy ou não, tu não gostas dele? – indagou Liliana, olhando-a com os olhos azuis muito abertos.

-Eu… eu nunca me senti assim, está bem?! Estou confusa! – exclamou Teresa exasperada. – Ele faz-me sentir coisas que nunca senti e não sei se isso é bom ou mau!

-É claro que é bom, Teresa – falou Maria num tom de voz doce e compreensivo.

-Não, não é! Ele é… meu tutor – Teresa corrigiu rapidamente vampiro para tutor, uma vez que Maria não sabia a verdade dele

Maria arqueou as sobrancelhas.

-E? Não é muito mais velho do que nós.

-É velho o suficiente – falou Teresa e olhou para Liliana, que estava muito calada. – Estás muito calada, Lili. Não tens nenhum conselho para me dar?

-Na verdade tenho: vai com calma. Não existe ninguém tão sexy como ele em todo o planeta. Isso pode ser uma atração e depois vai-se embora – disse Liliana e Teresa arregalou os olhos.

-Concordo com a Lili. Espera este ano porque para o próximo vais estar muitas mais vezes com ele, por isso podes conhecê-lo um pouco melhor.

-É esse o problema: eu sinto que o conheço desde sempre.

Liliana sorriu.

-Amiga, tu sentes-te atraída por ele – disse ela e pousou uma mão no ombro da amiga. – Aceita isso.

Teresa arregalou os olhos.

-Vocês não estão a perceber, pois não? Eu não posso!

Ela correu do ginásio passando por várias pessoas que diziam que a festa estava fantástica. Ela forçou um sorriso para todas elas e foi-se afastando o mais que podia de todas elas sem ser inconveniente.

Assim que encontrou uma sala aberta, entrou lá para dentro e trancou a porta. O coração dela batia a mil e todo o seu corpo desejava tocar-lhe outra vez. Parecia um vício: quanto mais tinha mais queria aquela sensação. Aquilo tinha que parar, ela pensava mas com a cabeça e o coração apertados daquela maneira tornava-se impossível pensar claramente. Ela só esperava que aquele Baile e aquela noite de lua cheia passassem e bem depressa.

©AnaTheresaC