Eram cerca de 14 horas quando Artha e Lissie chegaram em casa. O homem estacionou seu carro de Ions, que era acelerado pelos raios solares e controlado por um motor composto de mercúrio e aço temperado, fazendo com que o controle de velocidade fosse algo além da compreensão da inércia. Artha puxou devagar a porta do carro para trás, abrindo-a. Lissie fez o mesmo e então foi em direção à porta da casa. Abriu a porta de entrada e correu subindo as escadas, indo em direção a um dos quartos da casa. Lá havia uma mulher de cabelos alvos. Seus olhos eram quase da mesma cor de seus cabelos e seus olhos não tinham foco. Estava assentada numa cadeira, em frente a uma janela.

Lissie pausou na porta. Demorou um pouco até que pudesse chegar finalmente próximo à mulher. Repentinamente a mulher sorriu. Lissie levou a mão até o rosto da mulher. Antes que a mão da menina pudesse alcançar o seu rosto, a mulher a segurou.

- No mesmo instante que você parecia chateada, ficou feliz. Outrora aflita, até que finalmente foi acalmada. – a mulher falava enquanto segurava na mão de metal da garota, sorrindo.

- Você sempre sabe como me sinto mãe. – a menina sorriu abraçando a mulher.

A esposa de Artha Lamys, Unnish Tah Lamys. Eles eram amigos de infância, porém por muito tempo ficaram afastados. Até que finalmente o destino os uniu.

- Você é minha filha, Fleur. Nossas energias estão unidas.

- Se fosse seguir essa lógica, papai e eu iríamos nos dar muito melhor. – a menina brincou, fazendo uma expressão chateada enquanto inflava as bochechas um pouco.

- Não se preocupe Fleur. Seu pai te ama, assim como eu também te amo.

A menina abraçou a mãe. Aconchegou-se naquele abraço que parecia ser o único que lhe dava certeza e convicção. Então, lembrou-se de como aquele garoto a abraçou.

- Está pensando no garoto que conheceu hoje, não é? – Unnish sorriu enquanto acariciava os cabelos da filha.

- Ma-mãe! Nada de ler minha mente! Is-so é injusto!

- Fleur... – Unnish sorriu. – Dá para ver que está envergonhada...

- Mãe!!

A mulher sorriu enquanto a filha ficava envergonhada. Fleur logo abaixou a cabeça. “Alguém pode escolher amar uma pessoa? Porque por alguém que me controlou daquela forma... Acho que a energia dele é muito poderosa e ele só não sabe.” Ficou pensativa durante alguns instantes até finalmente ter coragem de falar com a mãe.

- Mãe...

- Sim. – a mulher respondia como se soubesse o que viria depois. – Você pode escolhê-lo. E sim, pode treinar a energia dele.

- E sim. – a voz repentina de Artha surgia junto com o homem, entrando no quarto – Eu vou aprovar se quiser namorá-lo.

- Pai!

- Brincadeira, brincadeira de verdade.

Todos riram juntos, depois de um longo tempo. Artha quase nunca tem tempo para falar de alguma coisa senão a LightTech – a empresa mais poderosa do mundo – Na qual era dono. Artha se recordava no dia em que criou o braço de Lissie.

O braço de metal de Lissie foi feito após um acidente de carro em que a garota sofreu aos 6 anos. O braço direito da garota foi totalmente esmagado, assim tendo que ser amputado. O pai então resolveu investir na área de transporte- Criou os carros de Íons. Sua forma lembra um pouco um torpedo: Fino, longo e de cor metálica. Os acidentes no trânsito foram reduzidos em 95% no primeiro mês da venda do automóvel que era econômico, limpo, seguro e barato. Mas Artha não se sentiu satisfeito.

Com um material especial – de denominação “shard”- no qual guardava nos laboratórios da LightTech, o homem criou um motor que interagisse com as ondas cerebrais de seu usuário, de forma que assimilasse o sistema nervoso humano. Projetado também com juntas e articulações totalmente artificiais, o novo braço de Lissie foi chamado de shard-05.

Mas o braço parece reagir de forma estranha com os pensamentos de Lissie. Às vezes, a garota escuta vozes vindas do membro artificial. Dizendo coisas que às vezes a deixa motivada, outras deprimida, outros totalmente fora do comum.

Artha Lamys já tentou verificar o braço dela. Por mais que saiba a fonte do problema, o homem prefere deixar em segredo. “Lissie será capaz de lidar com isso.” É o que o homem pensa. Talvez... Seja melhor que Lissie permaneça com o braço assim.