Listen To Your Heart escrita por ClaraVB, julinmi


Capítulo 5
Capítulo 5 - Who are you?


Notas iniciais do capítulo

Oi.



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A campainha tocou. Ela o olhou de forma nervosa, recebendo olhos despreocupados. Rachel não deveria estar ali, conhecendo os amigos de Finn. Estava muito cedo. Ou não? Quase todos os valores que Rachel tinha sobre relacionamentos foram desconstruídos nos últimos dias apenas por causa de um homem. O único valor que lhe restou foi o respeito. Respeitar um ao outro e a si mesmo acima de tudo e de todos que não estivessem envolvidos no romance.

Um homem com seus trinta e poucos anos abriu a porta. Tinha cabelos cacheados, trajava um colete e a covinha no seu queixo chamava atenção. Apertou a mão direita de Finn e o abraçou. Falaram alguma coisa em libras, o que deixou Rach perdida, até que seu gigante a explicou:

– É um amigo, Will. Me ajudou muito na reabilitação depois de que fiquei sem ouvir. É o dono do lar.

Will cumprimentou Rachel e, para a sua surpresa, falou:

– Não acredito que Finn está saindo com uma mulher fora desse grupo.

Ela se fez de sonsa. Que não sabia da história de Lucy. Se bem que dessa parte das mulheres do grupo, ela também não sabia.

– Parece que ele está saindo mesmo.

– Rachel, não é? Vamos entrando.

Segurando no braço de Finn, entrou na casa. Era grande, mas nada anormal. O espaço externo era maior que o interno. Tinha uma piscina e um parquinho. Will deveria ter filhos, já que era casado. Hudson contara que Will era a única pessoa sem a mesma deficiência que ele no grupo, sua esposa tinha o mesmo problema que Finn e os dois conviviam em paz com isso.

Havia uma grande mesa no centro, onde a luminosidade era focada. O resto do ambiente era escurecido. Ao todo, tinha pouca gente na sala. Três mulheres conversando em libras, e dois homens assistindo a um jogo de futebol na televisão. O silêncio prevalecia no ambiente, mas eram todos tão comunicativos que seus gestos tinham o efeito de palavras. Rach foi apresentada a todos na sala, mesmo com uns sendo menos simpáticos do que outros. Finn sentou-se no sofá para ver o jogo de futebol e Rachel juntou-se as mulheres numa tentativa de criar amigas. Perdeu-se em meio a tantos movimentos, gestos, e a dinâmica com que se comunicavam. Kurt e Finn até ensinaram várias frases em língua de sinais, mas sempre com paciência. O jeito com que falavam era bem mais complexo e rápido. Antes que ficasse com dor de cabeça, pediu licença educadamente e direcionou-se a cozinha, onde Will preparava o jantar.

– Rachel! Ainda não se enturmou?

– Estou tentando, mas gesticulam rápido demais. Fico um pouco perdida.

– Já explicou isso a elas? Terri é como Finn, é mais fácil de se comunicar contigo.

– Ele tinha comentado... Terri já está ocupada lá, melhor não atrapalhar.

– Garota, Finn é como um irmão mais novo pra mim, farei de tudo pra você se sentir confortável aqui. Minha esposa tem problemas sérios para se relacionar com as pessoas, mas se você souber chegar nela, vai ver uma pessoa diferente.

– Entendo. Quer ajuda aí?

Ela pegou uma luva e ajudou Schuester a levar a refeição para a sala. Todos juntaram-se a mesa e a única pessoa que realmente se alimentava era Rachel. Todos os outros estavam ocupados conversando, até mesmo Finn. A esposa de Will, sentada na ponta da mesa, começou a contar uma piada chamando toda atenção possível. Rach estava mais perdida do que antes. Cutucou Finn e falou, de modo que ele pudesse vê-la:

– O que ela está dizendo?

– Uma piada pra surdos. Te conto depois.

Ela suspirou. Olhou para o relógio de pulso que ganhou de Shelby, sua madrinha e o mais próximo de figura materna que tinha, afinal, era criada por dois pais homens, no seu último aniversário. Dez horas e quinze minutos. Ainda? A noite estava se arrastando. Pelo menos ela teria mais tempo sozinha com Finn quando a “festa” acabasse. Voltou a encarar Terri. Todos riam tanto que sua curiosidade aumentou e começou a movimentar seu braço em frente a Terri para que ela a olhasse e lesse seus lábios.

– Vai devagar! Não estou entendendo.

Terri queria se mostrar superior. Desprezava Rachel sem motivo algum. Sim, Will havia lhe explicado que ela tinha problemas de relacionamento, mas não que ela era desse jeito. Terri parou de gesticular para falar e deixar o pavio de Rachel mais curto do que já estava.

– Não é para você entender, só tem graça caso seja surdo.

– Então sinto muito por não ser surda.

– Também sinto muito por você não ser.

Rach deu um tapa na mesa formando um forte barulho que não teve muita relevância junto as pessoas de que estava, e em seguida levantou, saindo da sala e desculpando-se:

– Will, não era isso que eu tinha planejado. Desculpe. Obrigada pelo jantar.

Ele passou a mão na covinha do queixo, imóvel. Todos os outros continuaram assim, até que Finn foi atrás dela. Berry estava na rua de trás da casa de Will. Estava muito frio. Ela estava sentada no chão, abraçando as próprias pernas. Rachel falou:

– Terri é uma vaca!

– O que? Rachel, eu não estou te entendendo.

– Terri é uma vaca! Não respeita ninguém.

– Ela não consegue socializar bem com outras pessoas. Vamos lá pra dentro, Rachel. Vocês vão acabar se dando bem.

– Por que você está defendendo-a?

Finn estava confuso. Continuava sem entender muito o que Rachel falava. Não conseguia ler seus lábios, e ela não estava com cabeça para lembrar das poucas coisas em libras que tinha aprendido. Ela continuou:

– Você não percebe os problemas, Finn?

Infelizmente, desta vez ele tinha entendido bem.

– Percebo. É que você só vê o surdo em mim. E não o verdadeiro eu.

– Vou embora!

E foi isso que ela fez. Saiu incapaz de gritar, espumar de raiva, demonstrar toda sua indignação com o acontecido. Sua única reação era automática, chorar. Pensou em ligar para Kurt, mas não podia metê-lo nessa discussão agora. Seus pais não poderiam saber que ela estava nesse relacionamento justamente quando acabou. Não tinha mais ninguém com quem contar, não naquele dia. Se colocou no lugar dos amigos mais próximos. Blaine teria afogado as mágoas cantando. Ela não queria cantar, e lembrar que a pessoa que ela gostaria que ouvisse não poderia desfrutar de sua voz, ainda mais agora. Tina iria chorar. Típico dela. Se bem que Rach já estava fazendo isto. E Kurt... Kurt fugiria para um maço de cigarros.

Talvez fosse a hora de Rachel Berry arrumar um novo vício.



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Notas finais do capítulo

NÃO ME MATEM/JOGUEM PEDRAS/BATAM/ESPANQUEM, PELO AMOR DE DEUS. Reviews?