Ela estava linda como sempre. Um vestido floreado, seu cabelo castanho e longo estava solto. Nós passeávamos pelo shopping tranquilamente, mas sempre com dois seguranças nos olhando de longe. Eu percebia que Giulia se sentia incomoda com isso, mas era preciso. Eu não arriscaria nem mais um pouquinho a nossa segurança.

Nós andávamos de mãos dadas, e chamávamos a atenção em cada lugar que nós passávamos. Algumas fãs nos pararam para pedirem autógrafos e tirar fotos conosco. Giulia atendia aos pedidos sempre com um sorriso no rosto, mas eu percebia que tinha alguma coisa preocupando ela. Eu conhecia muito bem minha namorada, e sabia que por baixo daquele sorriso, havia uma angústia muito grande. Decidi não perguntar nada a ela, mas se continuasse, eu teria que tocar no assunto.

Depois de todo o assédio das fãs, conseguimos finalmente entrar em um restaurante para almoçar.

O lugar estava bastante cheio, então nos colocaram em uma mesa VIP. Era calmo, e nós podíamos ficar a sós sem ninguém pedindo autógrafos e nos olhando curiosamente.

- Sabe, estou até me acostumando com tudo isso. – falou Giulia, dando um sorrisinho de canto.

- Fico feliz... Olha, eu sei que você não gosta dos seguranças, mas... Eu só quero que você fique segura, nada mais. – olhei fixamente nos olhos dela, acariciando sua mão delicadamente.

- Eu entendo você Bill. Sabia que é só com você que eu me sinto protegida? – dessa vez Giulia abaixou a cabeça, com uma expressão triste.

Agora sim, eu não iria esperar nem mais um segundo.

- Ei... – falei calmamente, fazendo carinho no rosto dela – O que está acontecendo? Conte-me.

Giulia levantou a cabeça, com o rosto completamente triste, mas ela tentava disfarçar de todos os jeitos.

- Não está acontecendo nada...

- Eu conheço você. Está triste hoje... Nem quis comer direito. – falei, esperando por uma resposta.

Ela hesitou um pouco em falar de novo. Depois de algum tempo, ela quebrou nosso silêncio.

- É que... – ela fez uma pausa – Eu não consigo parar de sentir medo, pelo que aconteceu... Eu não quero ter que passar por isso de novo.

Eu me senti muito mal naquele exato momento. Eu era o culpado de tudo que tinha acontecido. Giulia estava com medo, tudo por causa minha. Eu era um monstro. Eu era o culpado pela infelicidade dela.

Arrastei minha cadeira para perto dela, coloquei minhas mãos no seu rosto, com os olhos cheios d’água, e comecei a falar.

- Eu não queria estar te causando isso Giulia. Eu sou o culpado por tudo que aconteceu, eu sei. E me dói tanto ver você assim... Triste e com medo. Mas eu prometo que eu nunca vou deixar que nada aconteça com você de novo. – enquanto eu falava, lágrimas escorriam pelo meu rosto.

Giulia pegou minhas mãos, beijou meu rosto e depois me abraçou forte.

- A culpa não foi sua. – ela disse baixinho no meu ouvido – E eu prometo que eu vou superar tudo isso. Eu amo você Bill, não esqueça disso.

Senti as lágrimas quentes dela pingando na minha blusa. Ficamos abraçados por algum tempo. Compartilhando nossas dores, nossos medos... Mas acima de tudo, nós nos amávamos mais que tudo.

Giulia:

Eu não estava suportando mais. Eu não queria ter inventado aquilo, eu queria ter contado a verdade. Ter contado tudo que estava acontecendo comigo. Mas eu não podia. Não até eu ter certeza. Eu tinha tentado esconder minha tristeza ao máximo, mas Bill sempre percebia quando eu estava triste. Ele era um ser humano tão lindo, que conseguia ver através das pessoas. O calor do corpo dele me confortava, me dava paz de espírito. Eu tinha vontade de abrir todo o jogo, ali mesmo. Colocar tudo pra fora. Contar que minha mãe era contra nosso namoro, contar que eu poderia estar grávida... Eu detestava esconder as coisas dele, e eu sei que eu não conseguiria por muito tempo.

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Estacionei o carro na frente da casa dela. Giulia tirou o cinto de segurança e deu um sorriso.

- Foi ótimo ter passado esse tempo com você. – falou ela, encostando os lábios nos meus.

- Eu te amo muito, e eu não quero perder você Giulia, nunca. – falei.

- Você... Você não vai me perder. – ela baixou a cabeça e depois me abraçou, caindo no choro.

Eu a trouxe para o meu colo, e beijei sua testa, tentando acalmá-la. Não falamos mais nada um pro outro, apenas ficamos abraçados, mais uma vez, como no restaurante.

Eu me abracei nela o máximo que eu pude, e fiquei acariciando seu cabelo, enquanto cantava um trecho de That Day, uma das músicas preferidas dela.

Ela acabou fechando os olhos e adormecendo ali. A lua brilhava no céu, querendo chamar a atenção de todos.

Depois de algum tempo ali, vi que já era tarde, então decidi levar Giulia para dentro de casa, mas ela acordou antes que eu pudesse me mexer.

- Nossa... – sussurrou ela olhando em volta – Não acredito que eu dormi aqui.

- Sim, você dormiu. – dei um sorriso pra ela.

- Me desculpe. – ela pulou para o banco dela.

- Você sabe que não precisa se desculpar. – eu disse, a beijando com ternura – Agora você precisa entrar. Já está tarde.

- Minha mãe... Deve estar pirando. – disse ela, com certa preocupação.

- Quer que eu entre com você? – perguntei.

- Não... Não precisa, pode deixar que eu explico a ela.

Nós nos abraçamos pela última vez, e depois ela saiu do carro. Na porta da casa ela virou-se novamente, olhou pra mim e me atirou um beijo. Eu atirei outro e depois ela entrou na casa. Por um breve momento, tive vontade de sair daquele carro e ir atrás dela,  mas me controlei. Liguei o carro e segui de volta ao meu hotel.

CONTINUA...