Lights Will Guide You Home escrita por Dorothy Eaton


Capítulo 3
Where's the bravery?




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A primeira coisa que Ronald pensou ao observá-la passar em frente à delegacia foi que ela parecia muito mais bonita. Fazia dois dias que ela estava na cidade e ele ainda tentava juntar coragem para falar com ela, mesmo que um simples “oi”. Sentia-se como no colegial novamente, prestes a convidar alguém para o baile, mas sem ter muita certeza de como fazê-lo. 

Com um suspiro cansado, virou sua cadeira de volta para o computador e voltou a digitar o relatório que estava bastante atrasado. Não demorou muito para que fosse interrompido pela porta, que se abriu com um estampido seco. Eles precisavam reformar a delegacia, mas não havia verba suficiente para tanto. “Ora, mas não é possível ter um segundo de descanso por aqui, vo— Oh” parou quando percebeu que era ela quem entrava.

Os cabelos estavam molhados pelo orvalho da manhã, o rosto meio avermelhado, talvez por estar envergonhada. “Harry me disse que estaria aqui” a voz dela falhou por um instante, e parecia estar bem deslocada naquele ambiente sem realmente saber o que fazer em seguida. O coração dele descompassou-se por um instante e começou a bater mais rápido, mas ele não fez menção em se mover. Estava paralisado.

***

“Eu...” começou antes de se interromper. Percebeu que depois de dez anos sem vê-lo não sabia mais o que dizer em sua presença. Os olhos verdes de Rony pareciam ainda mais verdes e profundos e o cabelo ruivo estava mais longo do que se lembrava. O rosto cheio de espinhas de um adolescente fora substituído por traços firmes de um homem e ele começara a deixar a barba crescer. Ficava muito bem nele.

Eles apenas se encararam por algum tempo, ambos com vontade de matar a distância e dar um abraço apertado, mas sem coragem suficiente para fazê-lo. “É bom vê-lo novamente, Ronald” resolveu que o primeiro passo deveria partir dela, mas a voz saiu em um tom mais formal do que pretendia. “É bom vê-la novamente, Hermione.” Foi o que ele respondeu, em um tom igualmente formal. Ela sentiu um aperto no coração, um medo de perder aquele que fora seu tudo por causa de um erro no passado.

“Eu...” tentou novamente, mas não conseguiu falar. Pediria desculpas? Diria que não fora sua intenção partir tão abruptamente? Diria que sentia muito por não ter lhe respondido as cartas? Que ainda o amava? Era o que deveria. Mas no momento em que tudo isso passou pela sua cabeça, as únicas palavras que lhe escaparam pelos lábios foram “Preciso ir agora.” E saiu tão rapidamente entrara, as lágrimas ameaçando transbordar pelos seus olhos.

Seu instinto fora correr para casa, acovardar-se quando deveria ser corajosa. Onde estava o espírito que tanto se orgulhava de ter no passado? Faltara-lhe em um dos momentos que deveria estar lá firme e forte. Mas fora a trsiteza, a saudade, e ainda mais a vergonha de ter abandonado-o que a fizera sair dali daquela maneira, não a covardia que de fato achava que era.

“Ah, Rony” suspirou “como eu sinto ter feito o que fiz. Ter partido sem lhe dar adeus.” Enxugou o rosto antes que alguma lágrima caísse, andando vagarosamente pelas ruas que conhecera tão bem outrora, sem perceber que havia um par de olhos observando-a.

***

Ainda naquele dia, porém algumas horas mais tarde, Gina Weasley estava ocupada de um lado para o outro, organizando os detalhes da festa de boas-vindas que queria dar para Hermione. Desejava que tudo estivesse perfeito e mais ainda, desejava que aquele fosse o dia em que ela e seu irmão finalmente ficariam juntos de novo. Sabia que ainda se amavam, via-se nos olhos de ambos claramente, mas é algo não admitiriam tão cedo.

Ronald trancara seu coração a sete chaves desde que ela partira muito tempo atrás. Nunca mais olhara para outra mulher, nunca mais fora capaz de se apaixonar, apenas vivera uma vida vazia. Ela sabia, sentia isso por ser irmã dele, por ser tão próxima. Sabia que ele tentara sufocar a tristeza em vão. Tentara aproximá-lo de Lavender Brown, mas tudo o que conseguiu foi brigar com ele, já que se enfurecera por ela intrometer-se em sua vida. Depois dessa desistira de tentar, nunca quisera que Lavender fosse sua cunhada, de qualquer maneira. Era grudenta demais.

E agora que Hermione voltava, tudo ficaria certo de novo. Percebera que Hermione ainda sentia alguma coisa pelo seu irmão, principalmente quando quase falara o nome dele naquele primeiro dia. Desenvolvera alguma empatia por pessoas apaixonadas desde que ela própria se apaixonara, e por isso pretendia dar uma de cupido e juntar os dois. Sabia que não seria fácil, ainda mais porque ambos eram cabeças duras, mas tinha algumas ideias que sabia que seriam perfeitas. Bastava começar a colocá-las em prática.

Ainda assim, precisava resolver algumas coisas mais urgentes, como a faixa de “Bem-Vinda de Volta Hermione” e a data da festa, que não podia ser longe demais a ponto de ficar deslocada, nem perto demais a ponto de não conseguir juntar o casal até lá. Precisava também de um Buffet, o que seria difícil de arranjar numa cidade tão pequena. Ela até poderia cozinhar, ou pedir sua mãe para fazê-lo. Sim, seria mais fácil e mais barato desta maneira, embora bem mais trabalhoso.

Não que se importasse em trabalhar. Longe disso! Gina podia ter muitos defeitos, mas nenhum deles era conhecido como preguiça. Cabeça quente sim, talvez até um pouquinho ciumenta, mas se orgulhava de nunca ter sido preguiçosa para fazer o que devia ser feito.


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