After You are Gone escrita por Jennifer Borges, Tayla Zafir


Capítulo 46
Capítulo 46




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A confusão havia acabado. E infelizmente parecia verdade. A Jennifer tinha matado o meu filho. Eu não sabia o que pensar. Eu tinha saído do quarto de Caroline minutos depois dela e já estava no meu. Eu fitava a parede e tentava não pensar em como havia gritado com ela. Eu ainda não conseguia aceitar. A mulher pela qual eu era apaixonado havia me magoado. Eu não conseguia suportar a ideia, a Jenni, a minha Jenni, o meu amor, tinha feito uma coisa tão horrível. Eu só queria confrontá-la. Perguntar o porquê de ela ter feito isto comigo. Mas ao mesmo tempo, eu só queria que tudo aquilo fosse mentira. Que nada daquilo tivesse acontecido. Que ela estivesse em meus braços agora. Eu não conseguia sentir as dores pelo meu corpo, só sentia um aperto profundo no meu peito. Essa dor parecia não passar, só aumentava. E cada vez que eu pensava na Jenni, parecia que estavam apertando o meu coração. Eu simplesmente desejava que aquilo não estivesse acontecendo. Eu não queria, eu não podia perdê-la. Ela era, é, o meu grande amor.

- Harry? – Minha mãe me chamou entrando no quarto.

- Oi. – Disse a olhando e ela aproximou-se.

- Eu sinto muito. – Ela disse e me abraçou. – Eu imagino como deve estar sendo difícil para você. Mesmo que não tivesse nascido ainda. Era seu filho.

- Mãe, eu ainda não consigo acreditar que a Jenni pode ter feito uma coisa dessas. – Disse olhando e sentido uma enorme dor ao pronunciar o nome dela.

- Eu imaginei isto, mas você tem que encarar os fatos. – Minha mãe disse e pousou uma mão em meu ombro. – Você está apaixonado por ela. Você vai demorar aceitar isso, já era de se esperar.

- Você realmente acredita que ela que provocou o aborto? – Perguntei baixo.

- Meu filho, com o tempo você conseguirá enxergar a verdade. – Ela respondeu e acariciou meu rosto. – Ela, como você mesmo dizia, é uma bêbada suicida.  E não gostava da Caroline. Temos que encarar os fatos.

- Você acredita que ela o causou. – Disse a analisando.

- Sim. – Ela disse e suspirou. – Mas vamos esquecer isto por um momento, porque eu tenho uma ótima notícia.

- Ótima notícia? Por favor, fale logo. – Disse e tentei sorrir.

- Você está livre. – Ela disse sorrindo torto. – O médico acabou de assinar a sua alta.

- Isso é verdade? – Questionei contente.

- Sim, mas você terá que continuar com alguns remédios e o máximo de repouso possível. – Ela respondeu calma. – E você sabe que agora terá que ficar com Caroline. Se está sendo difícil para você, imagine para a pobre.

- Eu sei. – Disse e me levantei. – Eu acho que vou agora mesmo ver como ela está.

   Saí do quarto e dei de cara com o médico. Por um momento, quis contá-lo tudo que estava acontecendo, vai ver assim ele me dava um remédio para curar isto tudo. Mas não o fiz, fiquei apenas o escutando. Ele falou várias coisas, pediu para que eu obedecesse as suas recomendações e depois de longos minutos me deixou ir. Eu sabia que deveria ir para casa e repousar. Mas eu não podia fazer aquilo. Eu tinha que cuidar da Caroline. Por mais que não fosse a minha vontade, eu deveria fazer. Enquanto caminhava até o seu quarto, tentei ligar para o Louis. Não consegui. Tentei o celular do Zayn e do Niall, mas não atenderam. E para a minha surpresa, nem mesmo o Liam. Eles deveriam estar em alguma reunião. Entrei no quarto de Caroline e ela sorriu ao me ver.

- Soube que você teve alta. Isto é ótimo. – Ela disse sorrindo fraco e sentou-se na maca.

- Sim. – Disse e me aproximei dela. – Você está melhor?

- Não quero mentir, está doendo muito. O médico até me encaminhou para um psicólogo. – Caroline me informou. – Ele disse que eu vou precisar de muito apoio.

- Mas... Você está precisando de algo? – Perguntei.

- Na verdade, eu queria muito uma roupa. – Caroline respondeu e sorriu fraco. – Você poderia ir a minha casa?

- Claro, mas pode demorar um pouco. – Disse sem graça.

- Não tem problema. Eu vou receber uma amiga mesmo. – Caroline disse baixo. – Eu não estou querendo ficar muito sozinha.

- Ok, tchau. – Disse e saí do quarto.

   Ela não parecia ter acabado de perder um filho. Estava triste, mas eu esperava mais. Ou talvez ela estivesse e só não queria demonstrar. Eu estava cansado de supor coisas sobre ela. Eu gostaria que ela fosse mais verdadeira. Poder enxergar nela um pouco mais de sinceridade. Acabei saindo do hospital e pegando um táxi. Por uma razão desconhecida, quase passei o endereço da Jenni para o taxista. Mas resisti. Ela havia me magoado profundamente. Então, segui para casa da Caroline.

   A porta estava aberta, para a minha sorte, já que eu não tinha pegado as chaves. Entrei e acendi a luz da sala. Já tinha um bom tempo que eu não ia ali.

- Espera, Harry? O que você está fazendo aqui? – Louis indagou me fitando.

- Eu que deveria estar perguntando isso, você não acha? – Retruquei.

- Bom, eu vim... Visitar a Carol, saber se ela está bem. – Louis explicou.

- Carol? Você nunca gostou dela Lou. – Disse desconfiado.

- Eu sei, mas é que... – Louis disse tentando me enrolar. – Você recebeu alta?

- Sim. – Respondi e coloquei as mãos nos bolsos da minha calça. - Louis, explique-se.

- Eu concordei com isso. Eu sou o errado. – Liam disse aparecendo de trás do sofá. – Eu deveria saber que iria dar errado. Isto é ilegal. 

- Está vendo? É o Liam. Como ele disse; ele concordou. Então não estamos agindo tão errados. – Louis disse segurando nos ombros do Liam

- Liam, você concordou com uma invasão?! – Indaguei o fuzilando.

- Foi por uma boa causa. – Liam defendeu-se. – E eu tenho uma coisa para dizer.

- O que?

- A Caroline é muito irresponsável. Deixou a porta aberta e o alarme desligado. – Liam disse em tom de reprovação. – E se alguém invadisse?

- Tecnicamente, nós invadimos. – Zayn disse aparecendo de trás da cortina.

- Zayn? – Chamei incrédulo ao vê-lo e ele começou a arrumar seu cabelo.

- O Liam quis dizer criminosos, Zayn. – Niall disse aparecendo mancando atrás de mim.

- Niall?! – Indaguei confuso.

- Oi. – Niall disse sorrindo. – Já que todo mundo resolveu aparecer, eu também resolvi! Minha perna estava doendo.

- Espera, nós estamos agindo fora da lei, não é? Porque eu queria realizar esse sonho... – Louis perguntou preocupado e Liam o fuzilou.

- Afinal, o que vocês vieram fazer aqui?  – Questionei assustado.

- Viemos provar a inocência da Jenni, não é óbvio? – Zayn questionou e balançou a cabeça negativamente.

- Espera, vocês acreditam nela? – Perguntei confuso.

- Lógico. Você não? – Niall disse me olhando.

- Ela estava bêbada. – Disse os olhando.

- Ela nos garantiu que se lembra de ter conferindo os frascos da vitamina. – Louis explicou.

- É, vamos provar que a Caroline é uma grande vadia mentirosa. – Zayn disse terminando de arrumar o cabelo e sorriu.

- Eu vou repetir; ela estava bêbada! – Disse alto e Liam aproximou-se de mim.

- E você acha que só porque ela estava bêbada deixou de se importar com você? Ela se tornou egoísta quando bebeu? – Liam disse olhando em meus olhos. – Ela deixou o trabalho de lado para doar sangue para você! Perdeu um grande processo, perdeu crédito com uma multinacional. E depois disto tudo, ela mataria o seu filho. Só para te atingir? – Liam debochou e depois voltou ao discurso. – Não, eu tenho certeza que ela não fez isso. E tenho dó de você por pensar nessa possibilidade. Até mesmo porque, a única pessoa irresponsável da relação é você. Eu esperava que você pensasse nisto sozinho.

- Mas a minha mãe disse... – Tentei me defender.

- A Caroline fez uma lavagem cerebral na Gemma e na Anne. – Louis disse me fitando.

- A Jenni nunca faria algo assim. E no fundo, você sabe. – Niall disse sentando-se no sofá.

- É, nós confiamos nela. – Zayn disse aproximando-se de mim. – Por isso invadimos, mas não achamos nada.

- Gente, tudo bem, legal da parte de vocês. Mas vamos encarar os fatos. – Disse os olhando. – Tudo indica que foi ela.

- Espera, você está deixando de acreditar na Jenni para apoiar a Caroline? – Liam indagou pasmo.

- São os fatos. Ela não se lembra. – Disse. – Desistam, vocês não acharam nada!

- Pare de jogar a culpa nela! – Niall esbravejou.

- Não há nada a favor dela. – Disse alto.

- Isso é o que veremos. – Louis disse direcionando-se a porta e os outros o acompanharam.

- Você está sendo muito estúpido. – Niall disse passando por mim.

- É melhor você treinar suas desculpas, você precisará de uma convincente para não ter acreditado nela. – Zayn disse sério.

- E é melhor ficar esperto, já tem concorrência... – Louis disse enquanto saía.

- Concorrência? – Repeti sem entender.

- O Logan voltou. – Niall disse e fechou a porta.  

  A Jenni desistiu do processo da multinacional por mim? O Logan voltou? Ela doou sangue para mim? Eu não sabia disto. Na verdade, isso nunca passaria pela minha cabeça. Depois de alguns minutos pensando sobre aquilo, acabei me lembrando de algo que Catarina falara durante a minha discussão com a Jennifer. Sobre a Jenni ter motivos para beber. Será que o motivo dela ter bebido foi à volta do Logan? E se foi, ela havia bebido de raiva? Eu não sabia as respostas para a maioria das perguntas na minha cabeça. Mas o aperto no meu coração aumentou muito mais e eu comecei a tremer. Um ódio tremendo do Logan me subiu. Concorrência? Ele não podia ter voltado. E muito menos para querer a minha namorada de volta. Eu estava furioso, ou melhor, com ciúmes. A magoa passara e agora vinha o ciúmes. 

  Muitas perguntas e constatações passavam pela minha mente e a deixavam conturbada sobre este assunto. Ao mesmo tempo em que eu queria correr para Jenni e impedi-la de voltar para aquele desgraçado. Eu não parava de pensar que ela realmente poderia ter causado o aborto. Por mais que eu não quisesse aceitar; os meninos não haviam achado provas. A coragem e confiança deles me deixaram surpreso. Eles estavam totalmente decididos quanto àquela situação. Eles acreditavam nela. Eu queria poder fazer o mesmo. Mas eu estava agarrado a uma coisa e eles não; eu queria realmente acreditar que a Caroline não mentiria quanto a isto. Os meninos a odiavam, mas eu não. De qualquer maneira, eu não era o maior fã dela, mas ela é, ou era, a mãe do meu filho. Ela não mentiria para mim. Pelo menos era o que eu achava.

  Peguei uma roupa para Caroline e voltei ao hospital. Minha cabeça agora doía e eu não parava de tentar procurar uma saída para o meu problema. Eu queria achar um meio racional de poder sair atrás da Jenni. Mas quando se trata de amor, nada é racional.

  Eu ia abrir a porta do quarto, mas eu escutei Caroline conversando. Ela falava com alguém. Pela porta entreaberta eu podia ver uma mulher morena respondendo e rindo com ela. Abri a porta lentamente e tentei prestar atenção na conversa.

- Tudo aconteceu maravilhosamente bem graças a essa belezinha aqui. – Caroline disse rindo e balançando um frasco.

- Ele realmente acreditou no seu teatrinho? – A morena perguntou entre gargalhadas.

- Lógico, eu sou a mãe do filho dele, ou era. – Caroline disse fingindo séria e depois riu.

- Credo Carol, você é tão má. Você matou seu filho e fica gargalhando. – A morena disse enquanto sentava-se na ponta da maca.

- Ah, você sabe que eu nunca quis ter filhos mesmo. O que eu realmente quero e sempre quis. Eu tenho. – Caroline disse sorrindo satisfeita. – Harry Styles.

- É, e é isso o que importa. Filhos só atrapalham. – A morena disse sorridente.

- E além do mais, eu nem sei se este bebê era realmente filho dele. – Caroline confessou.

  Depois daquela frase, eu paralisei. Eu sentia a raiva e o ódio percorrerem todo o meu corpo. Comecei a tremer e meus olhos marejaram. Eu queria chorar e gritar. Como ela conseguia ser tão falsa? Por causa dessa maldita gravidez, a minha vida havia virado uma droga. A única coisa que sempre me fazia seguir em frente era saber que tudo no final valeria à pena. Que no final, eu teria um filho. Briguei com a Jenni, Simon e até os garotos; tudo por culpa dela e agora escuto isto. E o pior; ela matou o próprio filho e não sentiu nada. Estava tudo bem para ela. Caroline era totalmente psicopata. Eu sentia nojo dela. Mas no fundo, eu sentia mais pela criança; ter sido morta pela própria mãe. Mas me parecia ainda pior, ter que aturá-la pelo resto da vida; ser criado por um monstro. Arrepiei-me de pensar na possibilidade. Apenas fechei os olhos e pedi para que Deus cuidasse desta criança, assim como eu cuidaria.

- Tem alguém na porta? – Caroline perguntou à morena e eu abri a porta. - Harry? O que você fazia parado a porta?

- Eu estava conversando com uma enfermeira. Algum problema? – Indaguei ao ver Caroline totalmente preocupada.

- Não. – Caroline disse e sorriu forçado. – Você já estava ai há muito tempo?

- Alguns minutos. – Respondi casualmente e entreguei a roupa a ela. – Este remédio é o que você tem que tomar?

- Err... – Caroline gaguejou enquanto eu pegava o remédio abortivo de suas mãos. – Eu não sei...

- A enfermeira havia mencionado que tinha deixado um remédio para você tomar e que com certeza você não iria querer tomá-lo. – Menti descaradamente e ri. – Ele tem o gosto ruim? – Questionei e ela assentiu. – Sinto muito, mas a enfermeira me fez prometer que faria você tomar.

- Mas eu acabei de tomar... – Caroline disse e a morena assentiu.

- Pois é, mas são duas cápsulas. – Disse sorrindo e me virei para morena. – Você poderia pegar um pouco de água?

- Hmm, claro. – A morena respondeu receosa e saiu do quarto.

- É só um remédio, está tudo bem. – Disse e acariciei o rosto dela; se ela só conseguia ser falsa, então eu falaria na língua dela.

- Aqui está. – A morena disse me entregando a água.

- Obrigado. – Disse sorrindo e entreguei a Caroline. – Tome!

  Caroline pegou uma cápsula e o copo. Olhou-me nos olhos e sorriu. Voltou o olhar para o comprimido, receosa o colocou na boca. Quando ela aproximou o copo da boca eu a fitei pasmo. Como ela conseguia? Caroline poderia ficar estéril se tomar demais desses comprimidos; ou até coisa pior.

- Chega! – Disse alto e arranquei o copo da mãe dela. – Tire esse remédio da boca.

- Como? – Caroline disse tirando o remédio.

- Como você consegue?! – Perguntei a fitando. – Você mata o próprio filho, acusa uma pessoa inocente e ainda quase toma um remédio abortivo! Você é maluca! Você é desequilibrada, não, pior do que isso. Você é psicopata!

- Não Hazz, eu posso te explicar... – Caroline disse começando a chorar. – Me obrigaram a fazer isto...

- Não. Pare de jogar a culpa em outras pessoas! Assuma os seus atos! – Gritei surtando e me afastei. – Siga o conselho do médico; procure um psicólogo e o mais rápido possível. Você está precisando.

- Espera Harry, aonde você vai? – Caroline perguntou nervosa.

- Eu? Eu vou em busca da minha felicidade. – Disse sincero.

- Não acredito que você vai atrás daquela garota. Você acha o que? Que ela é o amor da sua vida? – Caroline disse irônica.

- Eu vou atrás dela sim. Ela pode até não ser o amor da minha vida, mas é por ela que eu estou apaixonado e é ela quem me faz feliz. – Disse e saí do quarto.


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