Apple Pie escrita por Ailish


Capítulo 1
único


Notas iniciais do capítulo

Dedico essa fanfic para a querida da Emanuelle Aguayo, que é praticamente viciada pelos dois fofinhos.
Espero que aprecie :)



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– Você não pode entrar ai, Kardia! – Sísifo chamou a atenção do cavaleiro de escorpião que desfilava pelo santuário de Athena. Ele fingiu ignorar os berros do guerreiro de sagitário, e continuou caminhando tranquilamente pelos aposentos da Deusa.

O moreno irritou-se com a atitude infantil do guerreiro, e aproximou-se velozmente, puxando Kardia pelo ombro, fazendo-o parar no mesmo instante. – Você não pode ficar circulando por aqui sem a autorização do Mestre do Santuário, Escorpião!

– E daí? – Kardia segurou o pulso de Sísifo, e retirou a mão de seu ombro, olhando-o com total desprezo. – Se você pode estar aqui, eu também posso. Afinal, todos nós somos cavaleiros de ouro. Não há nada que me impeça, já que você também está aqui. E além do mais... ­– o escorpião sorriu maldoso, despejando todo o seu veneno nas palavras que dizia para Sísifo. – Sasha é minha amiga, ela nunca ficaria braba por eu estar aqui.

– Sísifo de Sagitário. – a voz grossa e imponente, chamou a atenção do cavaleiro dourado. O Mestre do Santuário estava ali, perfeitamente trajado com suas vestes de algodão e seda, chamando a atenção dos dois guerreiros que discutiam pelos corredores do templo.

Sísifo ajoelhou-se cordialmente, entretanto Kardia permaneceu na mesma posição, pouco intimidado com a presença do velho homem. O escorpião sabia que estava sendo mal educado, mas como não estava vestindo a armadura de ouro, - ao oposto de Sísifo -­, não havia porque se ajoelhar perante o mestre.

– Sim, mestre. Posso ajudá-lo?– O sagitário permaneceu de cabeça baixa, irritando-se com a atitude do amigo. Afinal, o quê Kardia pensava que era ali? Era só mais um jovem cavaleiro de ouro mimado, e com um grande ego inflamado.

– Olá, mestre. – o escorpião sorriu cordialmente, dando um tapinha no ombro de sagitário, pouco se importando com o cosmo ofensivo que emanava do amigo. – Vejo que Sísifo está ocupado, volto em outro momento. Com licença.

– O quê! Não brinque comigo, Kardia. – o moreno cerrou os dentes e deu as costas para o mestre, impedindo que o cavaleiro de escorpião saísse daquela encrenca. Kardia afastava-se sorridente, provocando o cavaleiro de Sagitário de todas as formas possíveis, inclusive passando o dedo em torno do pescoço, sinalizando que Sísifo havia entrado numa fria. – Até mais, Sagitário.

O escorpião prendeu o riso na garganta e afastou-se furtivamente para que o mestre não o repreende-se por estar nos aposentos de Athena. Na verdade, Kardia não estava procurando por Sasha, até porque a garotinha sempre fugia para a casa de Escorpião para aproveitar o curto tempo que possuía para se distrair com a presença dele. Desde o pequeno incidente no bar de Calvera, Sasha e Kardia tornaram-se grandes amigos, amizade que foi se intensificando ao longo dos anos. Amizade que, muitos cavaleiros e serviçais, morriam de ciúmes do cavaleiro de escorpião.

E mesmo que ele não estivesse procurando a pequena deusa, era impossível não pensar nela ao circular por ali. Afinal, haviam vários símbolos e inscrições que remetiam a Athena, desde as pilastras, até os entalhos dourados das portas de madeira perfeitamente lustradas. Com certeza, o santuário era extremamente luxuoso e cômodo, mas será que a garotinha sentia-se bem naquele local?

­– Finalmente! – o cavaleiro afastou todos os devaneios ao ver as portas da cozinha logo a frente, prontas para serem sabotadas por um ardiloso guerreiro. Kardia não era ladrão mas, infelizmente, não haviam mais maças em sua casa, obrigando a adotar métodos alternativos de adquiri-las sem gastar o pouco dinheiro que ainda lhe restava. Com certeza, Sasha seria paciente com ele, caso alguém lhe pegasse no flagra, ela o defenderia.

O escorpião caminhou ardilosamente até a porta dupla, abrindo-as com cuidado, evitando causar algum tipo de barulho que pudesse despertar a atenção das servas que trabalhavam pelo santuário de Athena. Porém, ao entrar na cozinha, quase teve um ataque do coração.

Sasha estava ajoelhada sobre um banquinho de madeira, vestia um avental de algodão cru, e havia pó de trigo em todos os cantos do ambiente. A garota estava concentrada em bater uma meleca grudenta dentro de um pote de ferro, passando despercebida a presença de Kardia. O cavaleiro permaneceu parado onde estava, analisando toda a bagunça que ela havia feito na cozinha, controlando-se para não rir do pó de trigo que tingia todo o cabelo lilás de branco. Kardia poderia jurar que ela havia rolado na farinha, devido a situação em que a cozinha se encontrava.

Determinado em pregar uma peça na menina, ele afastou-se da porta, e caminhou silenciosamente como um verdadeiro escorpião, pronto para dar o bote em uma presa indefesa.

– O que está aprontando? – ele falou baixinho, próximo do ouvido dela, fazendo-a se desequilibrar do banquinho. Ele sabia que aquilo aconteceria, já preparado para pegar-la no colo para que não se machucasse com a queda.

Sasha comprimiu o grito na garganta e fechou os olhos esperando pelo baque que não veio. Ela abriu os olhos verdes, e deparou-se com um par de olhos azuis intensos e claríssimos, muito familiares. Com certeza era Kardia que estava ali.

– Kardia?! – surpresa, ela ficou encarando o cavaleiro de escorpião, recuperando-se do susto que acabara de receber do rapaz. – Porque fez isso? Quase me matou do coração.

Ele sorriu animado, colocando-a no chão como uma bonequinha de porcelana. Irritada, ela cruzou os braços e deu as costas para o guerreiro, praguejando algumas palavras que Kardia não conseguiu entender.

– Não fique tão irritadinha, só estava brincando, Sasha. – ele a puxou pelos ombros, virando-a novamente para frente, surpreso pelas pequenas lagrimas que se formavam nos cantos dos olhos da menina. – Porque está chorando? Não me diga que eu fui tão rude assim?!

– Você é um bobalhão. – ela ergueu as mãos até os olhos, enxugando as pequenas lágrimas que escorriam lentamente pelas bochechas. Kardia ficou receoso ao ver a reação da garota, talvez tivesse pego pesado, mas no momento achou que ela não ficaria tão alterada como estava agora.

Ele ergueu a mão e afagou o topo da cabeça de Sasha, aproximando-se gentilmente da deusa. – Não imaginei que você choraria por algo tão banal. Mas afinal, o que você estava fazendo ali, tem farinha até dentro do seu ouvido. – ele mexeu nas orelhas dela, fazendo-a berrar zangada, provocando-a novamente.

– Qual o seu problema? Afinal, o que você está fazendo aqui? Tenho certeza que Sísifo ficara muito zangado ao vê-lo aqui. – ela segurou as duas mãos dele, tirando de suas orelhas.

– Você iria me dedurar para ele, Sasha? – Kardia afastou-se dela, sentando no banquinho em que ela estava anteriormente, pegando uma maça do cesto de frutas que havia sobre a bancada de mármore. – Não acredito que fui traído pela minha deusa.

– Não diga essas coisas, Kardia. – ela o repreendeu, aproximando-se da mesa, ocultando como podia o que estava ali com um pano de prato. Obviamente aquele detalhe não passou despercebido pelo o escorpião, atiçando a curiosidade do mesmo.

Ele inclinou-se sobre ela, tentando espiar o que havia ali, mas não conseguiu identificar. – O que você estava fazendo, Sasha? O quê é isso que esta tentando esconder? – ele mordeu a maça, degustando-a com prazer.

Sasha estremeceu ao escutar as palavras do cavaleiro. As bochechas da jovem deusa estavam rubras, deixando evidente que ela estava bastante constrangida. Kardia ergueu uma das sobrancelhas, realmente muito curioso para saber o que Sasha escondia logo atrás de si.

– É algo que você não pode saber. – ela mordeu o lábio inferior, esforçando-se para intimidar Kardia de alguma forma, mas, infelizmente, ela sabia que ele não iria recuar, só iria embora ao descobrir o que ela estava escondendo.

Ele mordeu outro pedaço da maça, e ofereceu para a menina, sorrindo pacificamente, o que surpreendeu Sasha, afinal, ele raramente era gentil com ela. Ela o encarou por longos segundos, antes de dar uma pequena mordida na maça que Kardia havia lhe oferecido. Ela não sabia ao certo até que ponto ele queria chegar, mas simplesmente não havia conseguido negligenciar a atitude fofa do escorpião. Algo extremamente raro.

– Eu não irei contar para o mestre que você está cozinhando para seu namoradinho, Sasha. – a expressão de Kardia era maliciosa, o que deixou a menina de boca aberta. Ela sentiu o rosto ferver, deveria estar roxa de tanta vergonha. O escorpião gargalhou satisfeito com as reações dela, realmente acreditando que aquilo fosse algo para algum menino qualquer das vilas próximas do santuário.

– Não! – Sasha berrou, praticamente cortando a risada do cavaleiro. – Eu estava tentando fazer um bolo de maças para você, mas está horrível. – ela baixou a cabeça e deu espaço para que ele visse o que ela estava cozinhando.

Kardia ergueu-se do banquinho e caminhou até a mesa, levantando o pano que cobria o bolo. Realmente aquilo estava esquisito, torto como a torre de Pisa e murcho como o velho do santuário. Havia vários cubos de maça cortados, e uma calda vermelha gelatinosa cobria a superfície do bolo.

Ele não conseguia esconder o sorriso de satisfação ao ver tudo aquilo somente para ele. Seria o cavaleiro de escorpião tão importante na vida de Athena? Ele girou nos calcanhares e abraçou Sasha com um braço, quase a erguendo do chão, enquanto o outro segurava o caroço da maça que havia comido.

– Essa é a coisa mais legal que já recebi de presente. – ele afastou-se dela e sentou no banquinho novamente, sinalizando para que ela pegasse o bolo e cortasse um pedaço para ele. Sasha se iluminou, partindo para cima do escorpiano com os braços abertos, envolvendo-o em um forte abraço.

– Eu me esforcei muito para fazer aquilo, espero que aprecie.

– Eu tentarei, Sasha. – ele grunhiu ao levar um cascudo da deusa. É, pelo visto ela não havia apreciado o comentário. – Certo eu comerei tudo.

– Eu espero que sim. - ela sorriu mimosa, apreciando a companhia tão agradavél que somente Kardia possuia. Com certeza, estariam sempre juntos.



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