Todos os flashes estavam direcionados para nós. Principalmente pra mim que estava indo para a arena pela terceira vez. Sorri o máximo que pude, mas aquelas pessoas não gostavam de mim. Connor fez um discurso pequeno sobre o quanto odiava ter que fazer aquilo e depois nos tiraram dos cavalos e nos colocaram no chão. Todos pretendiam ir festejar, mas eu não tinha cabeça pra isso.

- Você quer que eu suba com você? - Marco disse inocentemente - Espera, não foi o que eu quis dizer.

Comecei a rir tão loucamente que provavelmente chamei atenção de Gale, Cody e Erick. Coisa que eu não queria. Abaixei o tom de voz e segurei a mão de Marco, por pura pirraça.

- Eu estou bem. E eu não tenho tanta autoestima assim pra achar que todos os garotos de Panem gostariam de dormir comigo.

Sai andando quando ouvi Marco gritar, no meio de todo mundo:

- Johanna Mason, seu maior defeito é não aceitar que é uma das garotas mais bonitas do universo.

Eu provavelmente ficaria vermelha depois de ouvir algo assim. Mas a única coisa que passava pela minha cabeça era: “Gale não pensa assim”.

Fui direto para o 4º andar, aproveitando que Erick ia sair com Plutarch e com os garotos. Bati na porta e ouvi os passos leves da Annie. Corri para abraça-la antes mesmo dela abrir toda a porta.

- Meu Deus, senti taaaaanto sua falta – disse enquanto sentia o cheiro de seu perfume e não soltava nosso abraço.

- Isso não é um abraço de saudade – ela disse enquanto acariciava meu novo cabelo.

- Não mesmo – engoli seco.

Ela me puxou até o sofá e eu deitei em seu colo.

- Você quer falar?

Fiz que não com a cabeça a adormeci no colo de Annie. Sonhei com Finnick aquela noite.

Acordei com Mike chorando.

- Eu vou Annie – me levantei e corri até o berço. O peguei no colo e fiquei uns 20 minutos o ninando. Até ele cair no sono novamente. Quando estava saindo do quarto, trombei com Erick. Engoli seco, eu sequer me lembrava de quando foi à última vez que ficamos assim, completamente sozinhos.

- Ele me contou – ele quebrou o silêncio – eu sinto muito.

- Não sinta – disse enquanto saia do quarto. Bati meu ombro no seu e respirei fundo pra não sair correndo.

- Não sei por que você foge de mim.

- Não sabe?

Ele fez que não com a cabeça e me aproximei.

- Eu vou morrer Erick. Essa pode ser a última vez que senti o cheiro do Mike. Pode ser a última vez em que dormi no colo da Annie. A última vez que sonhei... Que sonhei com Finnick – ele me olhava, sério – Eu não quero que ninguém carregue esse fardo comigo. Eu nunca fiz nada pra merecer ser amada e mesmo assim eu sei que a hora que aquele canhão soar anunciando minha morte, pelo menos um de vocês vai sentir minha falta. E isso me irrita. Eu quero que vocês me odeiem, assim não sentiram minha falta. Eu só quero que vocês entendam que eu não vou voltar. Não vou ter uma família, não vou ser feliz pra sempre. Mas tudo que eu fiz não foi em vão. Eu estou pronta como nunca estive antes. Essa sou eu e eu tenho orgulho disso. Eu sou Johanna Mason e eu ajudei Panem. Isso fez toda a minha vida valer...

Então Erick me puxou e me beijou. Ele me empurrou para a parede e pressionou seu corpo contra o meu. Minhas mãos estavam em seu pescoço muito antes de eu pensar em tentar soltá-lo. Nós não nos soltamos, nem para respirar. Eu não senti nada romântico. Nenhuma borboleta, nenhuma canção de anjos soando, nenhuma fada madrinha vindo me abençoar. Mais eu senti o calor. E eu gostava daquilo.