Minhas mãos ainda estavam firmes na parede. O elevador fez um barulho ensurdecedor quando alcançou o chão. Ele não ia voltar. O sangue começou a escorrer da minha mão machucada. Eu tinha que subir até o andar mais próximo. O que até era fácil. Difícil era o fato de eu estar na parede errada. Eu estava presa do outro lado. Como um rio em fúrias em que não existe ponte. Eu não podia descer. E mesmo se subisse, não conseguiria passar. Todas as portas de segurança dos andares se fecharam. Como eu pude ser tão burra? Ele/ela não quer me matar com uma queda terrível. Ele quer tirar meu ar. Comecei a gritar como uma louca. As pessoas provavelmente acordaram com a queda, mas quando eles iam notar que a Johanna também tinha sumido? Alguém estava batendo com força na porta do elevador. Tentei subir até a porta enquanto gritava o mais alto que podia.

- Socorro. Eu estou aqui. Eu estou aqui dentro.

Comecei a sentir meus pulmões pedindo socorro. O ar estava acabando. As batidas ficaram mais constantes, alguém tinha me encontrado. A porta abriu um pouco e vi Enobaria. Ela sorriu pra mim e por um segundo tive certeza que ela voltaria a fechar a porta. Mas ela começou a gritar e ouvi os passos na escada. Erick e Plutarch surgiram com a corda. Eles a jogaram até mim:

- A amarre na cintura e pule até o outro lado. – Erick gritou.

- O que? – gritei abismada – Vocês são loucos? Eu vou morrer.

- Não tem outro jeito.

- Onde está Gale?

- Provavelmente subindo – Plutarch gritou e jogou a corda. Eu não consegui alcança-la. Ele a puxou de volta e a jogou novamente. Soltei uma das mãos e a segurei. Eu não fazia ideia de como amarrar aquilo sem soltar meus braços.

- Ela não vai conseguir. – Enobaria gaguejou – Ela teria que se soltar pra conseguir fazer o nó.

- O que fazemos então?

- Arranjem outra corda. Eu vou buscá-la.

Não, nem pensar. Ela me odeia, não faria nada pra me salvar. Ou faria?

Enobaria amarrou a corda em sua cintura e pulou tão alto que conseguiu alcançar a parede em que eu estava. Ela desceu um pouco e senti o peso do seu corpo em minhas costas.

- Eu preciso de ajuda aqui, certo?

Fiz que sim com a cabeça, provavelmente porque a falta de ar já estava deixando meus sentidos lentos.

Enobaria colocou suas mãos nos ferros da parede e eu coloquei as minhas sobre as dela. Ela entrelaçou suas pernas nas minhas pra conseguir ficar firme enquanto prendia a corda em minha cintura. Eu estava começando a ficar zonza e tinha certeza que se eu caísse ninguém conseguiria me puxar de volta sem que eu batesse a cabeça em algum destroço.

- Enobaria – sussurrei – acho que vou desmaiar.

- Não faça isso, sério. Não agora.

- Eu estou tentando – sussurrei ainda mais baixo.

- Terminei. Se segure em mim.

- O que?

- Você vai pular comigo. Você não conseguiria fazer isso sozinha.

Sentia-me fraca demais pra responder. Senti nossos corpos levitarem e não fiz nenhum esforço pra ficar mais leve. Enobaria estava quase me carregando. Consegui sentir os braços de Plutarch me tirando do elevador. E então tudo se apagou.

Eu estava abraçando alguém. Alguém de cabelo curto. Um garoto. Espera, era Cody? Por que eu estaria abraçando Cody? Eu não estava abraçando. Ele estava me chacoalhando. Talvez me enforcando. Forcei meus olhos tentando acreditar que aquilo era um sonho, mas a dor era real. Comecei a bater em meu rosto pra ver se acordava. E acordei. Mas a realidade era tão ruim quanto o sonho. Eu estava deitada em um hospital. E era Cody quem estava sentado ao lado da cama, me observando.