Nina abriu os olhos e percebeu que estava sozinha no quarto, olhou para o lado onde Loki dormira, ele não estava mais lá, mas dava para sentir o seu aroma. A garota relembrou os momentos da noite anterior, corou levemente e achou que um banho lhe cairia bem. A jovem caminhou para a sala de banho que ficava dentro do quarto, pelo visto alguém já havia deixado tudo pronto para que ela se banhasse. Sigyn entrou na banheira, relaxando. Com sua mente a vanir tentava de alguma forma se lembrar de mais alguma coisa a respeito dela com o príncipe asgardiano, mas nada parecia vir.

Sigyn deu um longo suspiro.

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Loki havia acordado um pouco mais cedo, o caçula de Odin bateu na porta do irmão ante mesmo do raiar do Sol, mas não esperava encontrar o irmão e lady Sif enrolados entre lençóis. O casal é claro ficou muito embaraçado, e não era por menos.

Porém o trapaceiro estava com tantas coisas na cabeça que tirar um sarro do casal lhe parecia uma perda de tempo naquele momento. E assim ele foi escalando: o irmão, Sif, os três guerreiros, Heimdall... e Odin.

Loki teve uma ideia de chegar em Svartalfheim pelo lado sombrio de Asgard, percurso que ele conhecia melhor do que ninguém, ou melhor, era o único que o conhecia. Após bolarem um plano foi decidido que o grupo partiria ao final do dia.

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No café da manhã o clima era estranho, as pessoas pareciam apáticas, Sigyn estava sentada e ao seu lado, um lugar vazio. Loki não estava lá, a garota não o via desde.... bem, ao pensar no último momento em esteve com ele corou levemente.

– Sigyn, você está bem, querida?

– Hum? – a jovem encarou Frigga que a fitava com certa preocupação.

– Parece meio febril menina.

– Estou bem! – a jovem afirmou sorrindo sem graça – não é nada...

Mais tarde a menina caminhou pelo jardim do castelo, parecia tão distraída que nem percebeu um portal que surgia atrás de si, e então alguém acabou por cair em cima dela. A menina se assustou o corpo gelado em cima de si, porem ao ver quem era ficou surpresa.

– Loki?

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Já na masmorra Odin tentava arrancar alguma informação de Skurge, mas nada parecia dar certo.

– Se o pai de todos permitir eu ficaria honrado em arrancar a cabeça desse desgraçado – disse Tyr, que já havia perdido a paciência.

– Tenha calma Tyr – disse Odin, e agora mirou o prisioneiro – E então? Fale logo de uma vez, o que Malekith quer? Uma resposta sua pode diminuir seu triste destino, ou melhor, você não tem nada a perder, porque a sua – ele fez aspas com os dedos – “senhora” se importasse mesmo com você, o senhor não estaria aqui, preso.

Skurge não queria admitir mas em parte Odin estava certo, e ele também sabia que Amora só o tinha com instrumento.

– Não sei o que Malekith quer – ele disse – e mesmo que soubesse, não diria. Só posso afirmar que vocês subestimam a minha senhora, enquanto ao elfo, ele é o menor dos males.

Odin estreitou os olhos.

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– Como veio parar aqui? – a vanir encarava Loki de forma curiosa – não o vi pela manhã.

– Estava resolvendo um assunto de última hora.

Os dois ficaram em silêncio.

– Nina?

– Sim? – a jovem o mirou.

– Terei uma batalha importante hoje – ele começou – eu, Thor e os demais iremos partir no fim da tarde.

A jovem sentiu o peito apertar e uma sensação estranha lhe incomodou a mente.

– Batalha?

– Sim. – ele se aproximou dela – uma difícil batalha, mas nada que eu não possa vencer – ele sorriu.

Nina ficou cabisbaixa, sentiu uma tristeza estranha e nem percebeu que chorava, encarou Loki que a olhou surpreso.

– Por que você mente? – a pergunta saiu de forma inconsciente dos lábios da garota.

– Eu... eu não estou mentindo – Loki falou um pouco chocado.

– Está mentindo sim – ela afirmou outra vez – eu sei que você está sofrendo, que está com medo....e isso em parte é culpa minha.... – a jovem fechou os olhos deixando as lagrimas descerem.

– Não! Não diga isso – ele a segurou pelos ombros – não é sua culpa, a culpa de tudo isso é minha, eu que fiz as escolhas erradas – ele suavizou o olhar – ter você apenas me possibilitou ver isso, acredite, eu irei conseguir, por todos nós. Por favor, acredite em mim!

– Eu acredito em você – ela disse olhando dentro de seus olhos – mas me prometa que irá voltar, e... eu também vou prometer que vou me esforçar para me lembra do que nós um dia tivemos.

Loki riu fraco.

– Obrigado – ele segurou as mãos pequenas da garota depositando um beijo – quanto a lembrar de mim ou não, não me importa, podemos recomeçar o que formos...

Ao dizer isso o jovem príncipe tomou os lábios de sua esposa desmemoriada outra vez.

–

Nina estava na varanda do quarto vendo o sol se pôr, a jovem tinha sua mente voltada para o príncipe de olhos verdes, logo ele estaria indo para o lado sombrio de Asgard. A vanir caminhava pelo quarto e então sentou na cama e fitou a mesinha que ficava do lado da cama foi quando algo lhe chamou a atenção: um medalhão dourado, ela então pegou-o e observou seus detalhes. Quando de repente um forte lampejo caiu sobre sua mente. Então lembranças lhe vieram à tona:

O doce rapaz de olhos verdes que a salvou de um troll quando ainda era uma criança. O homem que tentou lhe tocar a força. O mesmo homem que lhe pediu perdão. O rapaz que lhe salvara a vida e ficara na beira da morte, que lhe disse que a amava e a pediu em casamento, aquele lhe mostrara o seu lado mais vulnerável que apenas ela conhecia e mais ninguém. O príncipe invejoso, problemático e travesso que havia lhe fisgado o coração, o seu Loki.

“Quero que fique com isto, para que se lembre de mim, e para que quando eu a veja também me lembre de você.”

O coração de Nina deu um pulo.

– Loki!

–

– Senhor está tudo pronto! – disse um dos soldados a Thor.

– Obrigado – agradeceu o loiro.

O barco que os levaria ao mundo sombrio estava finalmente a postos. Thor então fitou os companheiros, Vostagg que se despedia dos filhos e da esposa, Frandal que falava com Lorelei – os dois havia se tornado amigos devido as circunstancias dos últimos dias – e Hogun falando com sua noiva. Já Sif estava mexendo a espada analisando sua leveza. Loki estava próximo de Thor, ele tinha o olhar perdido em algum lugar, o vento que soprava deixava os fios negros bagunçados em sua cabeça.

– Loki – ele chamou pelo mais novo que enfim lhe olhou – já podemos partir?

– Claro – ele disse - quanto mais rápido fizermos isso melhor.

– Certo. Mas, só há uma coisa que eu queria saber?

– O que seria?

– Você fez aquilo que me disse que ia fazer?

Loki deu um meio sorriso.

– Ah se fiz...

– Acha que eles virão?

– Espero acreditar que sim, mas eles virão, eu deixei tudo encaminhado.

Thor riu fraco.

– Eu mal vejo a hora de acabar com isso, mas só te peço uma coisa irmão, não morra.

– E você também não – ele disse – irmão.

Os dois se encaram por alguns segundos, com aquele velho olhar de cúmplices.

– Eu falo sério mesmo, Loki – Thor colocou a mão no ombro deste – tenha cuidado quando for usar essa espada.

– Eu sei, eu sei – ele revirou os olhos e riu.

– Podem partir!

O grupo finalmente começou a entrar na embarcação.

– Que a sorte esteja do nosso lado – disse Loki por fim.

–

Nina corria como nunca, sabia que Loki estaria prestes a ir para o lado sombrio, mas queria vê-lo, queria dizer que agora ela se lembrava de tudo, queria lutar ao seu lado, mas sabia que ele jamais deixaria. A jovem montou um cavalo e foi para perto do grande rio, onde ele e os outros provavelmente estariam. Porém quando Nina chegou já era tarde, o barco não estava mais ali, ele havia subido distante, a jovem ofegou inconformada, o ventou batia violentamente contra os seus cabelos longos. Entretanto o olhar de frustração logo deu lugar ao velho e destemido olhar que ela tinha, as íris turquesas miravam o barco que parecia pequeno. Ela iria atrás dele, queria lhe ajudar.... e de uma coisa ela tinha certeza: não ficaria em Asgard parada esperando algo acontecer.