Parte Um:

O som estridente do despertador mais uma vez a acordou, automaticamente sua mão voou em direção do objeto de seu incomodo, Bella já devia estar acostumada, mas acordar nunca foi seu forte desde a adolescência. Ela já estava entrando no mundo da inconsciência de novo mais a batida à porta a despertou por completo. Rose já estava de pé e só Deus sabia o quanto demoraria no banho. Infelizmente o humilde e pequeno apartamento que Bella dividia com sua amiga só contava com um banheiro. Mais por sorte naquela manha foi diferente, uma Rose resplandecente e alegre cruzou com uma Bella despenteada e ainda sonolenta.

–Como você acorda assim, sem nenhuma marca do lençol ou algo do gênero. –perguntou Bella.

–eu sou perfeita. Não tem explicação. ­ – disse Rose soltando um beijinho no ar.

–e modesta também. – retrucou Bella ao fechar a porta do banheiro e começar sua rotina matinal. Ela pelo contrario, não se achava bonita, razoável seria sua definição. Bella tampouco se importava com beleza exterior, ela gostava de roupas confortáveis e tinha seu próprio estilo, embora sua querida e fútil amiga tentasse a todo custo dar-lhe aulas de beleza. Esperta Bella sempre se esquivava, mais o que ela podia fazer. Para Bella a beleza das pessoas estava em seu interior e cada uma o tinha diferente. Cada pessoa tinha qualidades diferentes e são bonitas a sua maneira.

Bella se olhou no espelho e viu uma garota comum, os traços harmoniosos do seu rosto ela herdara de sua mãe, já seus olhos vinham do seu pai, De um vivo e plácida cor de chocolates, ela gostava do contraste deles com sua pele acetinada e branca, já seu cabelo era uma mistura de tons, que ate agora não soubera definir, ela os classificava como uma cor mogno, embora Rose vivesse mandando ela os tingi, Bella sempre os manteve ao natural.

Bella ainda estava perdida em suas conjecturas, quando ouviu Rose gritar seu nome, a despertando pra realidade. Teria que dispensar o café da manha de novo.

Bella descia as escadas correndo, encontrando com uma Rose preparada para arrasar, ela estava perfeita, apesar de serem diferentes em quase tudo, elas se davam muito bem e para Bella era como ter uma irmã mais velha. Elas iam juntas para seus respectivos trabalhos, a Rose trabalhava em uma boutique e Bella na floricultura, ambas amavam seus trabalhos. Pelo menos Bella já que cursava paisagismo, sua paixão desde que descobriu o que queria fazer. Ela amava o que fazia e se empenhava em defender a ecologia e preservação da natureza. Estava no sangue dizia sempre Rose.

–Bella acorda, estamos atrasada. – reclamou Rose tomando a dianteira, Bella a seguiu.

When I look into your eyes
It's like watching the night sky
Or a beautiful sunrise
There's so much they hold
And just like them old stars
I see that you've come so far
To be right where you are
How old is your soul?

I won't give up on us
Even if the skies get rough
I'm giving you all my love
I'm still looking up

xx

Quando olho em seus olhos
É como observar o céu de noite
Ou um belo amanhecer
Eles carregam tanta coisa
E como as estrelas antigas
Vejo que você evoluiu muito
Para estar bem aonde está
Qual a idade da sua alma?

Não desistirei de nós
Ainda que os céus fiquem violentos
Estou lhe dando todo meu amor
Ainda olho para cima

(I Won't Give Up– Jason Mraz)

~|~ ~|~ ~|~

Milhares de pessoas passavam pelas calçadas de Oxford Street naquela manha e nenhuma delas notava o homem parado que fazia de tudo pra chamar atenção. Ele balançava os braços, parava a centímetros das pessoas e não era notado, por muito tempo as pessoas atravessava seu corpo Incorpóreo e translúcido. A Muito custo ele se rendeu e aceitou que estava vivendo em um momento bizarro e paranormal. Suas ultimas lembranças era de estar em seu escritório no centro empresarial de forks quando tudo desabou. Ele sempre foi meio cético em relação a fenômenos paranormais, mais agora que se tornara um desses fenômenos descobrira que não gostava da ideia. Ele só sabia que tinha que voltar e que precisava de ajuda, fazia duas semanas que havia acontecido o acidente, sua família estava cogitando a possibilidade de desligar os aparelhos que o mantêm ainda vivo, só havia um detalhe, ele estava vivo e corria contra o tempo. Tinha que encontrar alguém que o ajudasse com sua família. Fazia dias que andava a esmo por muitas cidades na esperança de encontrar algum sensitivo ou algo do gênero. Mas ele já estava desesperado. De repente Edward vê uma jovem vindo em sua direção, ela estava alheia procurando algo em sua bolsa, levantou seus olhos e por um momento eles ficaram conectados ao dele, ela o via–pensou Edward andando em sua direção ate que parou e a olhava sem acreditar, ela levantou seus olhos em desafio.

–com licença, senhor. –pediu Bella mais educada possível.

–você realmente me ver? –perguntou ele surpreso.

–claro, você estar impedindo a minha passagem. –retrucou Bella sarcástica.

–eu não acredito. –diz Edward pausadamente.

– você estar bêbado. –perguntou Bella embora não sentisse bafo de bebida, talvez ele fosse apenas mais um louco na movimentada Londres. Coisa que ela não achou necessário verificar, agora realmente estava atrasada. Ela se esquivou e começou a andar a passos largos, de relance viu que era seguida pelo doido. –hoje não é meu dia. –pensou mentalmente e tentando se distanciar daquele homem, embora não falasse coisa com coisa, não tinha aspecto de louco ou drogado, se vestia bem e era muito bonito. Mais infelizmente Bella não tinha tempo para admirá-lo.

Um tempo depois ele ainda a seguia-a, Bella se virou e fez a sua melhor cara de intimidadora.

–cara eu estou realmente atrasada, pare de me seguir se não eu vou chamar a policia. –bradou Bella a plenos pulmões. Atraindo a atenção de um homem que estava atrás do Edward, ele olhou pra Bella assustado e se afastou dela com medo.

–eu não estou falando com o senhor. –tentou Bella se explicar, mais isso o fez a apressar o passo.

Bella se virou para o Edward e o acusou e ele só riu abobalhado, ele percebeu que convencê-la a ajuda-lo não seria uma tarefa fácil.

–eu preciso de ajuda. –pediu Edward ao seu lado.

–desculpa não posso te ajudar, estou atrasada. Se estiver perdido procura algum policial.

–você não entendeu só você pode me ver, eu sou um fantasma.

–ah é, eu sou a mulher maravilha. –retrucou Bella. Suspirou quando dobrou a esquina e viu a floricultura a sua frente, foi com alivio que ela viu a dona Ângela abrindo e colocando a placa de Aberto, Bella apresou o passo e olhou para traz e percebeu que estava sozinha.

–Bom dia dona Ângela.

–Bom dia minha querida, você estar bem? Parece aborrecida.

–não é nada, só um maluco que eu encontrei na rua. Bella se virou e o viu do outro lado do vidro, bufou aborrecida. O que ele ainda estava fazendo lá fora. Perguntou-se mentalmente. –aquele ali perto do carro branco, talvez eu tenha que chamar a policia. –disse Bella apontando pra direção do maluco que se diz ser um fantasma.

–onde? –perguntou Ângela

–ali. –sibilou Bella apontando.

–mais querida não há ninguém ali.

–como não, ele esta acenando ridiculamente.

–Bella não há ninguém ali, querida. –falou Ângela em tom gentil, com preocupação.

–não a senhora tem razão, mentiu Bella. Ainda o vendo rir debochadamente, Bella ainda estava ao mesmo lugar quando o viu atravessando o vidro, era a sensação mais aterradora que ela já sentiu, seu coração batia frenético e medroso. Seu subconsciente lhe dizia que ela ainda estava sob efeito do sono, ou no mínimo imaginando, logo ela que sempre teve uma imaginação fértil. Mais ali a sua frente estava o louco que a perseguia, Ângela arrumava as plantas tranquilamente. Bella o viu Aproxima-se da sua patroa e começou a conversar, Ângela cantarolava tranquila alheia ao fantasma e Bella ainda continuava parada, estática se convencendo que isso era loucura, que talvez estivesse vivendo em um universo paralelo e que tinha uma explicação. A voz da Ângela lhe tirou de suas divagações e lhe trouxe de volta.

–algum problema, minha querida.

–não, esta tudo sob controle. –disse Bella se encaminhando para os fundos da loja, com fantasma ou não tinha que trabalhar. Bella estava entretida e não o viu se aproximar.

–agora acredita em mim. –perguntou Edward muito próximo de Bella, a assustando.

–o que você quer? –sussurrou Bella, era muito irreal pra ela estar falando com um fantasma e estranhamente não sentia mais medo ou sentimento algum, era como estar conversando com qualquer pessoa. Quer dizer com o vento.

–eu preciso de ajuda. –repetiu Edward.

–desculpa eu tenho trabalho, você deveria ir para a luz ou algo do tipo.

–Bella você precisa me ajudar.

–como você sabe o meu nome. – ela perguntou assustada.

– eu ainda escuto, ouvi a sua patroa te chamando.

–ah.

–só você pode me ajudar. É caso de vida ou morte, no caso a minha morte.

–você já estar morto cara, me deixa em paz. Se alguém me pega falando com você Vão acabar me internando em um hospício por sua culpa.

–Bella, só me escuta ok. –minha família estar pensando em desligar os aparelhos que me mantém vivo, mas eu ainda estou vivo, talvez com o tempo ou de alguma forma eu volte. Você tem me ajudar.

– E quem acreditaria em mim, se eu contasse que vejo e escuto um homem que esta praticamente morto, hem, ninguém e eu não vou embarcar nessa loucura, talvez você seja fruto da minha imaginação, amanha eu irei acordar e descobrirei que nada disso é real. Eu não posso me deixe em paz. – Bella pediu em um sussurro. Nesse estante a Ângela entrou e a olhou curiosa.

–estava falando sozinha?

–não, estava cantando uma musica. –mentiu Bella.

–ah, preciso que me ajude nas encomendas.

–estou indo. – disse Bella se virando e descobrindo que estava sozinha, ele finalmente havia ido embora, Bella suspirou e começou a trabalhar, mas aquela historia não saia da cabeça a deixando desatenta e longe. O dia passava lentamente e nada do seu fantasma aparecer, Bella estava considerando a possibilidade de que tudo foi um pesadelo que ela teve mesmo estando acordada, mais quando ao virar a esquina, seu amigo indesejável estava a sua espera. Bella tentou ignorá-lo, mais ele ainda estava ao seu lado em silencio quando ela chegou ao seu apartamento.

Bella se virou e o viu esperando encostado a sua porta.

–por favor, me deixe em paz. Vá para luz, lá é seu lugar.

Ele desapareceu como mágica. Algumas pessoas que passava na calçada olhavam para Bella como quem olha para uma pessoa em um estagio de loucura avançado.

Bella abriu sua porta e a fechou rapidamente se recostando a ela, tentando se refugiar, mais para seu horror e aborrecimento ao elevar seu olhar o fantasma estava ali, a olhando com um sorriso debochado.

–o que faz aqui? Vai embora, não posso te ajudar.

–só sairei do seu lado quando resolver me ajudar.

–não! –gritou Bella.

–bom à escolha é sua. –disse Edward tranquilamente.

–deixe-me em paz, por favor.

–Bella? –perguntou Rose entrando no hall.

–oi, não sabia que você já tinha chegado.

–cheguei a pouco tempo, com quem você falava? –perguntou Rose notando a palidez do rosto da sua amiga.

–com ninguém. –respondeu Bella se encaminhando para seu quarto. Ao seu lado Edward a seguia.

–vai embora. –mandou Bella, ele só riu.

– o que disse Bella? –perguntou Rose realmente preocupada.

–nada, eu só estou cansada, vou tomar um banho e cama. E não se preocupe já comi por lá mesmo.

–ok. –disse Rose indo para a cozinha.

Bella fechou a porta do seu quarto pra fugir do fantasma perseguidor, mais não tinha barreira que o segurasse, ele já estava deitado a sua cama e ria.

–não mude sua rotina por minha causa. – disse Edward, ele sabia que venceria pela insistência, iria enlouquecê-la, ate que ela o ajudasse.

–você não pode invadir minha vida desse jeito, todos acham que estou ficando louca, conversando sozinha e é culpa sua.

–me ajude e eu sairei da sua vida. –disse Edward e Bella se sentiu mal por essa afirmação, estranhamente ela não queria que ele se fosse para sempre. Suspirou resignada, pela sua sanidade ajudaria ele e depois voltaria para sua vida e esperava não ter pegado nenhuma habilidade de ver mortos e fantasmas.

–ok, você venceu, o ajudarei e você some da minha vida.

–perfeito. –disse Edward saltando da sua cama e se postando a sua frente, Bella o olhou detalhadamente pela primeira vez, ele era muito lindo. O homem mais bonito que já vira e o único que passara mais de dez minutos em uma conversa. Ele também a analisava, ela era uma garota bonita, tinha sua beleza incomum. Mais o que o deixava fascinado era a cor dos seus olhos e ele ficou perdido dentro deles ate ela pigarrear.

–Então o que você quer que eu faça, quer que eu ligue para seu pai e diga “ola estou vendo o espírito do seu filho, ele estar bem aqui no meu quarto e ele pede que não desliguem os aparelhos, que ele pode voltar”. –perguntou Bella sarcástica.

–não, você terá que vir comigo.

–o que! Você só pode estar maluco, eu não posso deixar meu trabalho e a faculdade de lado e sair por ai com um fantasma ao meu lado.

–Bella, você tem que os convencer. –disse Edward.

–Como? Se eu mesma não acredito que estou falando com um fantasma no meu quarto.

– acredite, eu realmente preciso de você, é minha vida que esta em jogo.

–onde você mora. Como você chama?

–eu moro em forks e meu nome é Edward Cullen.

– você mora em forks?

–sim, você conhece? –perguntou Edward curioso, nunca a vira lá. Por certo que nunca a vira em toda a vida ate o dia de hoje e se fosse o contrario se lembraria dela, de seus penetrantes olhos cor de chocolate.

–sim, meu pai mora lá. –disse Bella.

–interessante coincidência, o bom é que não preciso lhe explicar como chega lá.

–eu não posso ir para forks no meio do semestre. –retrucou Bella.

–bom, então eu ficarei aqui. –disse Edward andando ao redor do seu quarto.

– ta bom, eu irei, direi a sua família essa historia e quando sair de lá, não quero o ver mais a minha frente.

–prometo, quando iremos?

–amanha, preciso falar com a dona Ângela, por sorte tenho alguns dias de folga acumuladas, também tenho que ligar pro Charlie.

–Bella.

–o que?

–obrigado, eu não sei como lhe agradecer.

–Eu vou pensar em algo, por hora me deixe sozinha, tenho que resolver alguns assuntos.

–desculpe-me, estarei lá embaixo fazendo companhia para sua adorável amiga. Edward saiu antes de Bella retrucar.

Bella deitou-se a sua cama e tentou dizer a si mesma que isso ia passar que ela ajudaria o Edward, aproveitaria para ver o Charlie, mudaria um pouco da rotina de Londres e que principalmente se veria livre do fantasma do Edward. Mais porque ela se sentia triste a essa perspectiva. Ela só sabia que estava embarcando em uma loucura.

Continua...