(P!nk - Blow Me)

Pov's Brianna

Acho que o Josh não estraga só a vida do irmão dele, mas também está conseguindo estragar a minha.

- Logan? - Josh fez biquinho. - Quero água!

O Steiner suspirou e foi pegar a água do Josh na cozinha.

- Bem, acho que somos só nós dois agora, Brianna! - Se aproximou, sentando em cima de mim.

Realmente, não é fácil tentar bater no Josh quando ele está segurando suas mãos e te imobilizando por completo. O que eu poderia fazer, era só rezar para que o Logan chegasse agora, antes que o Josh fizesse alguma besteira. 

- Ei, calma! - Josh me segurava mais forte, enquanto eu me debatia no sofá. - Não vou fazer nada que não queira!

- Se não me soltar, eu grito! - Ameacei.

- Bom, não vai conseguir gritar depois disso. - Me beijou.

Sua boca tinha gosto de vodka, era estranho para mim. Eu não queria aquilo, estava sendo obrigada a fazer, mas não correspondi. Josh aumentava a pressão da sua mão no meu pulso, fazendo a circulação sanguinea parar naquele local. 

- Pronto, peguei a sua águ... - Logan se interrompeu. - Josh?! 

Finalmente Josh parou de me beijar e encarou o Logan sorrindo. 

- Ela beija tão bem, Logan! - Josh sentou do meu lado, limpando a boca.

Argh, que cínico! Fiquei sem reação, mas percebi que o clima não estava nada legal naquela sala. 

- Mas eu nem... - Fui interrompida.

A verdade é que aquilo era mais uma briga de família do que uma crise no namoro. Logan e Josh vivem competindo entre si e isso já está me cansando.

- Você é um babaca, Josh! - Logan segurou o irmão no sofá e fechou os punhos.

- É só uma garota, cara! - Josh argumentou, com a voz falha. 

- Você tem razão. - Logan soltou o Josh e me olhou com desdém. - É só mais uma garota! Ela é igual a qualquer outra.

Tentei dizer alguma coisa, mas a voz não saia. Eu não tinha forças para falar. As lágrimas tomaram conta dos meus olhos. 

- Vai chorar?! - Logan continuou. - Não adianta. Eu deveria estar chorando depois de tudo isso e não estou! Isso só me prova que você é pior que a Adams. 

Dito isso, subiu as escadas sem nem olhar na minha cara. 

[...]

- O Absolutismo na França ocorreu entre os séculos dezesseis e dezoito. - A voz aguda do Sr. Levine ecoava por toda a sala. 

Eu nunca gostei muito de História, mas qualquer coisa era mais interessante no momento, do que olhar para o Logan. 

- Não acha errado sair do elevador com o Josh?! - A Adams virou e disse, me irritando. - Ainda mais quando ele estava sem camisa. Bem suspeito isso, Hooper!

- Sabe o que é errado?! - Ergui uma sobrancelha. - É inventar uma gravidez! Isso sim é totalmente errado. 

- Pelo menos, ela não estava beijando o meu irmão bem na minha frente. - Logan disse baixo, mas foi o suficiente para que a turma inteira ouvisse.

Todos pararam imediatamente o que estavam fazendo, inclusive o Sr. Levine. Sim, ele parou de explicar a matéria e não interviu na discussão. Eu sempre soube que o professor de História gostava de uma briga. Ele sempre dizia que era igual novela, só que ao vivo e sem roteiros.

- Como é, Steiner?! - Protestei.

- Você ouviu, não me faça repetir isso, Hooper! - Retrucou.

Ouvi alguns gritinhos abafados e o Sr. Levine encostou na parede e cruzou os braços, permanecendo calado. Senti que isso ia durar até alguém partir para a agressão física. Agora a briga já não envolvia a Adams, era apenas eu e o Steiner.

- Quer saber?! - Me levantei. - Você está pior que o seu irmão, se é que isso é possível.

- O quê?! - Me olhou, incrédulo. - Vocês fariam um belo casal, Hooper! Dois ridículos e traidores.

Todos assistiam aquilo calados, observando cada movimento e cada expressão. Acho melhor colocar um fim nisso, antes que confundam isso com um reality show. 

- Se ainda não percebeu, isso não passa de uma briga de família, Steiner! - Coloquei a mochila nas costas. - Eu cansei de ter que servir de prêmio para você ou para o Josh! Eu não sou um troféu. Os únicos ridículos são vocês! 

Sai da sala, batendo a porta. Finalmente o Sr. Levine caiu em si e percebeu que aquilo não era nenhuma novela mexicana e foi atrás de mim. 

- Espera aí, Brianna! - Gritou. 

Olhei para trás e parei, deixando o Sr. Levine me alcançar. 

- Não vou voltar para a sala. - Cruzei os braços. - Nem adianta pedir. 

- Não quero que você volte, só quero conversar com você. - Suspirou.

- Olha, aquilo realmente foi horrível, mas acho que não precisa chamar meus pais aqui no colégio ou algo assim. - Mordi os lábios. - Prometo me comportar! 

- Não quero conversar com você como professor. - Sentou em um banco e eu sentei do seu lado. - Quero conversar como amigo. 

Suspirei e cedi. Talvez não fosse tão ruim assim, até porque eu preciso mesmo falar com alguém.

- Eu não fiz por querer, sabe?! - Prendi o cabelo em um coque e me preparei para dizer tudo o que eu estava sentindo. - O problema é que eles são assim desde pequenos. Sempre um querendo ser melhor que o outro. Não sei se vou conseguir desse jeito. Na verdade, eu nem sei como vai ser daqui para frente. Não sei que atitudes tomar ou o que fazer!

- Você sabe o que fazer sim. - O Sr. Levine se levantou e me encarou. - Talvez você só não queira admitir para si mesma. Lá no fundo, você sabe o que deve fazer. Lógico, ninguém sabe do futuro, mas tenta. Se precisar, tente mil vezes, mas tenta. Não desiste, Hooper! 

Dito isso, ele caminhou em direção a sala. Pode parecer sem sentido o que ele disse, mas para mim, fez todo o sentido do mundo. Ele tem razão. Acho que eu só precisava ouvir isso. O Sr. Levine é bem mais que um professor, com certeza.

[...]

O moletom pode não ter mais o cheiro do Steiner, mas tem história. O que aconteceu na sala de aula hoje, me deixou nostalgica. Talvez eu não queira encarar o fato de que as coisas estão piores agora e não melhores, como eu esperava que fosse. Quando cheguei em casa, vesti o moletom do Logan e um short. Estou agindo como um zumbi, estou ligada no modo automático. Talvez o moletom do Steiner vire meu uniforme a partir de agora. Bom, de qualquer forma, o que estava ruim, piorou. Era incrível como tudo me lembrava o babaca do Logan. Liguei a televisão no canal rural, para tentar esquecer o Logan, mas lá estava uma vaca. Lembrei da Adams. Realmente, ela causou essa briga. Talvez assistir Bob Esponja seja minha única saída. 

Assim que troquei de canal, a campanhia tocou. Se for aquelas menininhas que vendem biscoito, vou comprar uns mil e virar uma baleia. Estou precisando disso agora, mas não eram as menininhas que vendem biscoito, era uma coisa muito melhor que isso. Logan Steiner. Aqueles olhos verdes ainda me encantavam, mesmo depois de tanto tempo.

- Entra... - Murmurei.

- Não precisa disso. - Me olhou, frio. - Só vim aqui para te avisar que eu vou morar com o meu pai, na Alemanha.