(Airplanes - B.o.B feat. Hayley Williams)

O vento estava forte e bagunçava meu cabelo. Os fios vermelhos estavam molhados pelas lágrimas que teimavam em descer. Odeio chorar, me faz parecer fraca, mas nesse momento, eu não quero ser forte. Sentei em um ponto mais afastado de todos, no jardim da escola. A manga do meu moletom está encharcado de lágrimas. Eu só não consigo entender o que está acontecendo! Quando a Adams me contou que vai ser "mamãe", a minha garganta deu um nó imenso e eu não consegui segurar as lágrimas. Com certeza a Adams vai usar essa gravidez como pretexto para voltar com o Steiner. Mordi os lábios e fechei os olhos, deixando as lágrimas descerem. Por que nada pode dar certo para mim, pelo menos uma vez na vida?!

– O que você está fazen...?! - Logan se interrompeu. - O que aconteceu?!

Sabe quando você se sente menor que tudo e todos?! Eu estava assim. Agora eu não sabia o que eu sentia ao certo pelo Logan. Uma mistura de ódio com amor, só que tudo isso muito confuso na minha cabeça. Eu queria que ele ficasse ali, comigo, para me proteger disso tudo, mas ao mesmo tempo, queria que ele sumisse e que nunca tivesse entrado na minha vida. Se quer saber, eu estou me sentindo como se tivesse sido atropelada, como no sonho, só que dez vezes pior. Atropelada por um caminhão! Quando me dei conta, Steiner me sacudia pelos ombros.

– O que aconteceu, Hooper?! - Me sacudia com mais força agora. - Abre os olhos! Olha para mim, por favor. - Sussurrou.

– Me deixa, Logan. - Disse, num fio de voz quase inaudível.

– Não quero! - Limpou minhas lágrimas com o polegar. - Não vou te deixar, Brianna! - Senti sua respiração quente sobre a minha pele fria, provocando um tipo de choque térmico. Mas esse era diferente, me fazia bem.

Logan me abraçou, porém dessa vez, eu não correspondi. Eu chorava cada vez mais, o que me fez soluçar.

– Vai, me conta! - Ajoelhou de frente para mim, afastando o cabelo do meu rosto.

– Parabéns, papai! - Respondi, irônica.

– Mas a gente nem... - Pareceu confuso e coçou a nuca.

– Quem disse que a mamãe sou eu?! - Engoli o choro e tentei me manter estável.

Logan pareceu processar as informações e depois deu um leve sorriso. A possível idéia de ser pai o deixou feliz?! Patético! Não é nada legal ser pai aos dezesseis anos.

– Pai?! Eu...?! - Segurou a minha mão e limpou mais algumas lágrimas que escorriam pela minha bochecha. - Isso não é verdade! O que a Adams te disse...?!

– Isso não importa, Logan! - Tirei minhas mãos rapidamente das mãos do Steiner, em um puxão. - Parabéns, seja feliz com a Chloe!

– Feliz?! Com a Adams é impossível. - Fez uma careta.

– Eu te odeio, cara! - Limpei mais umas lágrimas, com violência.

– Quer saber de uma coisa?! - Sentou do meu lado e suspirou. - Eu sou virgem, Hooper!

– Oh sim, e eu sou touro, Steiner! Não me interessa o seu signo, babaca. Continuo te odiando muito! - Dei um longo suspiro e enterrei o rosto nas mãos.

Depois disso, ele riu bastante, mas quando percebeu que eu não estava brincando, parou de rir.

– É sério, eu sou virgem! - Murmurou no meu ouvido. - E mesmo se não fosse, esse filho não seria meu. Eu estava esperando a menina especial, mas acho que já encontrei.

Arrepiei com essas palavras e cheguei a uma conclusão. O Ryan também tem olhos verdes! Meu Deus, me diga que eu não estou sonhando. Bom, a Chloe não chegou a mencionar o nome do Logan quando citou a gravidez. Talvez eu tenha me precipitado. Limpei as lágrimas, mais calma agora. Depois, quem sabe, eu poderia tentar falar com a Adams sobre isso.

– Vai ficar tudo bem, não tem que se preocupar. Eu estou aqui. - Steiner disse, me acalmando.

Tudo parecia muito melhor quando ele estava por perto, mas sempre tinha algo que atrapalhava o nosso momento de paz.

– Sr. Steiner, poderia me acompanhar até a minha sala...?! – A Sra. Petrova pediu.

Senti uma sensação horrível na garganta, seguido de um arrepio.

Pov's Logan

Dei um beijinho rápido na testa da Brianna e acompanhei aquela silhueta baixa, com um coque tão apertado, que dava dor de cabeça, só de olhar. Ela seguiu na frente, com o nariz empinado, me deixando para trás, um pouco nervoso. Trancou a porta da sala e revirou uns papéis sobre a mesa.

– Creio que já saiba porque estamos aqui! - Me olhou indiferente.

– Na verdade... - Me sentei na cadeira grande de couro, de frente para a Sra. Petrova. - Eu não faço a mínima idéia!

– Humpf, deveria saber! Primeiramente, - Subiu o óculos que teimava em escorregar pelo nariz fino e analizou um papel. - Quero lhe dar os parabéns! Não é todo o dia que ganhamos um filho. Sabemos também que, isso só está acontecendo devido a sua irresponsabilidade. - Me encarou por cima dos óculos grossos. - Está disposto á assumir esse filho, Steiner?!

Suas palavras e seus gestos, mexiam comigo de uma forma que me dava medo. Até que ponto a Adams vai levar essa mentira...?!

– N-não, isso está errado! - Baguncei o cabelo. - Eu sou virgem, Sra. Petrova! Esse filho não é meu. - Murmurei.

Ela suspirou com uma calma imensa e ajeitou os óculos novamente.

– Não precisa ter medo. Eu estou aqui para te ajudar! - Guardou os tais papéis em uma gaveta.

– Medo?! - Engoli seco e franzi o cenho. - Não estou com medo!

– Sou psicóloga! Sei perfeitamente o que você está sentindo! - Me encarou.

O que eu sinto, é revolta! Se a Adams fosse um homem, provavelmente já estaria sem o dentes nesse momento. Suspirei.

– Quero uma prova! - Passei as mãos no rosto. - Esses testes de gravidez que vendem em farmácia! Isso, é isso que eu quero. Provas de que a Chloe está realmente grávida!

– Faremos isso o mais rápido possível. - Apoioiu os braços na mesa e chegou mais perto de mim. - E se der positivo...?!

Minha vontade era correr para bem longe, mas eu ia para onde?! Não pretendo deixar a Brianna aqui, sem mim.

– Se der positivo, - Engoli seco. - Veremos o que podemos fazer depois...

Ela balançou a cabeça e fez sinal para que eu saisse da sala.

Eu não conseguia mais pensar em nada. Mesmo sabendo que esse filho não é meu, as coisas poderiam realmente se complicarem para mim mais tarde. Procurar pela Adams agora, seria uma boa coisa a se fazer. Ela estava revirando o armário, procurando por mais uma barra de chocolate. Isso é deprimente! Peguei no seu braço, fazendo com que ela virasse de frente para mim.

– Olha quem chegou, filho! - Passou a mão na barriga.

Não vou negar que eu fiquei bem irritado com isso.

– Dá para parar de fingir...?! - Apertei seu braço, inconsientemente. - A única coisa que você consegue de mim, é nojo!

– Está me machucando, Log! – Se retorceu. - Nosso filho não vai gostar disso!

– Qual é o seu problema?! - A soltei. - Não existe nosso filho, garota! - Berrei.

Acho que eu tinha saido de mim, pois eu só sabia gritar com a Chloe. Se eu continuasse, iria atrair curiosos. Não preciso de mais problemas na minha vida.

– Logan, para. Vamos embora! - Brianna apareceu e me tirou de lá, aos poucos.

[...]

Sentei nos degraus da casa da Brianna, fechei os olhos e deixei as lágrimas cairem. No momento, era a única coisa que eu poderia fazer. A Hooper sentou do meu lado e me abraçou.

– Eu não deveria chorar, não é?! - Limpei as lágrimas. - Homens não choram!

– Quem disse isso?! - Levantou meu rosto pelo queixo. - Homens de verdade, choram sim!

Sorri e encarei seus olhos azuis por um bom tempo. Me perdi neles.

– Eu te amo, Brianna Hooper! – Foi o primeiro "eu te amo" que eu já havia dito, á não ser para a minha mãe.

Ela puxou meu rosto para mais perto, puxando meu queixo até encostar nossos lábios. Sugou meus lábios de leve. Talvez o momento não permitisse um beijo quente, mas com certeza esse beijo foi intenso. Ela enroscava suas mãos no meu cabelo e eu apertava sua cintura com uma mão e a outra, passeava pelo seu corpo.

– Eu amo bem mais, Steiner! – Sorriu.

[...]

– Está aqui, Adams! - Joguei a caixinha do teste de gravidez sobre a pia de granito do banheiro.

– Não acredito que está duvidando de mim, Log! - Enrolou o cabelo com a ponta dos dedos. - Me recuso a fazer isso aqui, na escola!

– Se você não vai fazer, - Suspirei, para me acalmar. - Então eu posso deduzir que não tem filho nenhum aí!

– Eu faço, Logan! - Bufou e pegou a caixa, com raiva.

Depois de uns minutos, ela saiu com o teste na mão. Olhou para o teste várias vezes confusa.

– Me dá isso! - Pedi, grosso.

– E-eu acho melhor não! - Hesitou. - Você não sabe ver se... - Puxei de suas mãos.

Nunca pensei que uma linha pudesse mudar a minha vida completamente.