Separados Por Uma Vida escrita por Tony


Capítulo 1
Capítulo 1 - Ela


Notas iniciais do capítulo

Era uma noite calma de outono, quando me dei conta de como o tempo havia passado tão rápido. Percebi que era hora de partir para uma nova vida, em vez de ficar ali. Só lembro-me que depois dali minha vida acabou... Sim, a vida de um simples estudante. Estava prestes a jogar tudo fora quando ela passou a minha frente. Era ela, Helena. Para mim, perfeita em todos os aspectos. Ela quem me dava motivos para continuar respirando, para manter meus pés firmes ao chão.
Eu estava amando em segredo.



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Eu estava debruçado sobre a mesa da biblioteca, apenas olhando o movimento. Pessoas iam e viam o tempo todo, até que ela passou. Ah... Quando ela passava roubava meus pensamentos e tudo que ainda havia em mim. Minha vida, minha alma, meu coração. Se ela me pedisse para morrer por ela eu o faria.

-Terra chamando Leo, Terra chamando Leo! Você deveria falar com ela, já que gosta dela tanto assim. – Diego estava me observando com uma cara de reprovação. Será que mais alguém notou que eu estava olhando há tanto tempo para ela?

-Fale baixo! Não quero que ela ouça... – O respondi rapidamente. Mal notei que já estava quase tacando o livro em sua cabeça e ele estava começando a se esquivar.

-Ok! Mas não me bata! – Ele já estava com os braços em volta a cabeça, se protegendo. Parecia até que eu iria matá-lo. Se bem que... Depois de quase ter me denunciado, não seria uma má ideia.

-Está bem... Mas recomponha-se! Todos estão achando que eu vou te matar! – Acabei rindo, enquanto a bibliotecária me olhou com advertência e fiquei quieto naquele exato momento.

-Ela está olhando pra você. – Diego disse entre os dentes.

-O quê?! – Olhei para trás com uma expressão de alerta e, sim, Helena estava me olhando. Encolhi-me na cadeira tentando me esconder. Diego começou a rir e eu movi os lábios dizendo um “eu te mato! Espere só!” o que só o fez rir ainda mais. Por sorte, a bibliotecária veio até nós e retirou Diego da sala, enquanto eu permaneci rindo em silêncio.

Com toda aquela confusão, mal percebi que Helena havia se sentado ao meu lado. Congelei. Helena sentou ao meu lado! Eu diria algo? Eu ficaria em silêncio? Não sabia o que fazer. Só me restava esperar para ver o que ela diria. Isso! Se ela conversasse comigo, eu responderia. Mas estaria sendo muito “robô”respondendo tudo no modo automático. Certo... O que eu diria?! Oi? Olá? Não... Definitivamente não!

Estava muito imerso em pensamentos. Quando me dei conta, ela já tinha se levando e saído da sala. Que ótimo! Perdi minha chance de falar com ela.

Levantei-me e saí da biblioteca. Fui até o estacionamento e peguei a chave de meu carro no bolso, apertei o alarme e fui me direcionando a ele em passos lerdos. Afinal, não estava com pressa. Por fim, abri a porta e entrei no carro.

Só sei que dirigi por mais ou menos uma hora e meia até chegar em casa. Cumprimentei minha mãe e depois meu pai, que se encontrava no sofá, deitado e – como sempre – assistindo televisão. Subi as escadas e fui direto para meu quarto. Tomei um banho, coloquei meu pijama e fiquei até tarde no computador, pesquisando e conversando com meus amigos, e vendo um dia para nos encontrarmos e sairmos. Eu precisava sair o mais rápido possível, mas a semana não terminava nunca. Parecia que a sexta nunca iria chegar. Tudo bem... Isso era bom. Assim eu poderia ver Helena com mais frequência e... Não! Chega de Helena! Estou pensando demais nela.

Como se faz para poder para de pensar na pessoa que você ama tanto?!

Lembro-me até hoje. Ela estava com um vestido florido que ia até o joelho e eu estava com uma camisa branca, praticamente preta, e um short jeans todo sujo e rasgado, descalço,jogando futebol com os meninos no campo – eu simplesmente adorava jogar futebol. Ela passou de bicicleta onde nós jogávamos. E já que eu estava a observando, acabei não percebendo que Diego estava prestes a tocar para mim e a bola me acertou na cabeça com uma força deveras grande. Não demorou muito para eu que eu perdesse a consciência depois daquilo.

Acordei em casa, deitado em minha cama. Levantei-me e desci as escadas com certa dificuldade e...Ela estava em minha sala, sentada no sofá.

-Oi? – Olhei em volta vendo minha mãe e meu pai sentados no sofá ao lado dela.

-Finalmente você acordou! Agora me diga o que aconteceu! – Minha mãe estava muito preocupada.

-Não foi nada... Estou bem. – Olhei para baixo tentando disfarçar o quanto estava embaraçado com a situação.

-Eu não diria isso depois daquele tombo! – Sua voz era doce e melodiosa. Seus cabelos castanhos claros na altura dos ombros caiam pesados, seu rosto parecia ter sido desenhado por um anjo e sua pele lembrava a mais delicada porcelana. – Me desculpe não ter me apresentado corretamente. Sou Helena, prazer...

Aquilo bastou para mim. Foi o suficiente para que eu percebesse que estava apaixonado. Eu nunca acreditei muito em amor à primeira vista, mas aquilo bastou.

-O-o-o-o-o-o-oi... Sou Leonardo, mas pode me chamar de Leo. – Estava gaguejando?! Como assim? Ai meu Deus, quanta vergonha.

-Não fique envergonhado. Afinal, eu também ficaria depois de cair daquele jeito na frente de tanta gente... Mas isso é normal. – Ela sorria, e cada vez que fazia isso meu coração ia a mil.

Na escola, Helena entrou em minha sala. Ela era nova na cidade, então eu virei seu amigo. Nos trabalhos de escola ela era minha parceira, e minha dupla nas aulas de química.

Mas o tempo foi passando e parecia que nossa amizade ia diminuindo. Ela conheceu novas amigas e eu fui deixando-a partir.

Quando me dei conta, ela passou a ser uma completa estranha. Senti-me mal com isso porque eu ainda gostava dela, mas agora nunca mais poderia contar-lhesobre meu sentimento... Até que tomei coragem para contar tudo a ela! Comprei um buquê de flores e levei em sua casa, mas quando cheguei lá ela estava beijando o Bruno. Tudo bem, ele era popular e o sonho das meninas, mas ele só queria usá-la e eu sabia disso! Mas aquele beijo, vendo que ela o retribuía de uma maneira tão sincera, quebrou meu coração em pedaços. Meus olhos lacrimejaram e as lágrimas começaram a escorrer. Joguei o buquê no chão e sai correndo, deixando que as lágrimas caíssem livremente por meu rosto.


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