Porque Nada é tão Fácil escrita por CuteMari


Capítulo 26
Profecia




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    - Lih, você não vai entrar? - Gritei para Líliam.

    - Tá frio! Vocês são é loucas! - Respondeu ela. Então eu ri e vi que por suas costas, Lipe corria a toda velocidade.

    - Boba! - Eu respondi, jogando um pouco de água nela, a preparando para o pior. Então Filipe fez o que eu esperava, pulou da beira da piscina e mergulhou na água usando a tradicional "Bomba", espirrando água para todos os lados.

    - Valeu Filipe! - Agradeceu ela, com uma falsa cara de brava. - Vou procurar Jonny. - Disse ela se arrumando e indo em direção da cozinha.

    Logo depois disso Camila também se saiu da piscina.

    - Jenn, eu vou comer alguma coisa. Parece que saiu mais carne.

    Assenti, sorrindo para ela. E logo depois me joguei nos braços de Lipe, que me pegou no colo e me deu um leve beijo, se aproveitando da minha perda de peso na água. Nesse um mês que se passou desde a volta da casa do meu pai, muitas coisas aconteceram. Meu namoro com Filipe corria muito bem, éramos inserparáveis. Ele era um doce, realmente tudo que eu esperava. Mas já Lih e Jonny ganhavam qualquer concurso de casal mais fofinho. Era lindo ver os dois juntos, ela sempre tão carinhosa, ele sempre tão atencioso. Nem pareciam reais, eram mais pra um casal de conto de fadas que seria feliz para sempre. Mas apesar de eu estar bem melhor, uma coisa ainda me incomodava. O jeito como Júlia agia na minha frente. Ela ainda namorava o Luís e eu juro que não entendia porque ela fazia questão de gritar isso para todo mundo ouvir enquanto eu estava por perto. Eu simplesmente não dava a mínima pra ele, mesmo porque agora eu tenho um lindo e muscoloso Filipe só para mim.

    Um Filipe que agora estava me abraçando e beijando como se fosse a primeira vez que me via desde meses.

    - Lipe, o Luís veio a festa ou ficou em casa assim como a Júlia? - Perguntei intrigada, eu podia jurar que já tinha visto o Luís hoje na festa. Mas fazia bastante tempo que ele tinha sumido.

    - E o que te importa saber dele? - Perguntou Lipe, com biquinho. Típico cíumes de Ex.

    - Foi só uma pergunta! Como você é bobinho. - Disse, lhe dando um beijinho de esquimó.

    Então Jonny aparece com uma tonelada de presentes nas mãos.

    - A Líliam não estava aqui, Jenn? - Perguntou ele.

    - Ela saiu te procurando já há um bom tempo Jonny. - Estranhei. - Ela deve ter ido lá para trás.

    - Bom, vou deixar tudo isso lá no meu quarto e depois acho ela. - Disse ele, decepcionado.

    Logo que ele saiu, eu também sai um pouco da piscina para me secar no Sol. Vinte minutos depois e nada de Jonny e Líliam, eu já estava achando estranho e tudo piorou quando ouvi alguém gemer de dor muito alto na cozinha. Achei super estranho e resolvi ir para ver o que acontecia. Será que estava tudo bem? Às minhas costas ouvi que Filipe também saia da piscina para me acompanhar. A maioria dos convidados olhava curiosa para a lateral da casa. Eu passei sorrindo numa tentativa de tranquilizá-los, e também a mim mesma que começava a ficar nervosa com tudo o que acontecia.

    Quando finalmente cheguei mais perto, ouvi a voz grave de Jonny.

    - Luís, vá embora! - Disse. - AGORA!

    Eu já estava entrando quando senti Lipe me segurar pelo braço e me encarar com desaprovação.

    - Espere aqui. - Sussurrou. Eu assenti.

    - Não disse que era um cuzão? - Era a voz enrolada de Luís. Eu nunca o tinha ouvido dizer palavrões, e no mínimo foi estranho. Eu me roía para saber se tudo estava bem e o que estava acontecendo.

    - Venha comigo Luís. - Falou Lipe, quando entrou lá. - Por favor, vamos embora.

    Logo que Filipe saiu da pequena cozinha arrastando Luís eu entrei. Sem hesitar, quebrei o clima de Lih e Jonny, que estavam de mãos dadas e a abracei com  força e ternura.

    Jonny saiu atrás de Filipe e Lih se sentou na mesa sem dizer nada. Eu me ao seu lado, logo depois de pegar um pedaço de carne congelada e colocar na bochecha dela sem esperar permissão.

    - Está tão mal assim? - Ela me perguntou, visivelmente mais animada.

    - Não, mais vai ficar. Acredite. Lih, o que aconteceu?

    Eu me senti horrorizada depois de ouvi-la ditar para mim a históra inteira, nunca achei que Luís fosse capaz disso. Era contra o Luís que eu conhecia, ou achava que conhecia.

    - Nem sei o que falar Líliam. Eu...

    - Jenn, Júlia precisa saber disso... - Me disse ela.

    Eu arregalei os olhos para ela. Eu sabia que era a coisa certa a fazer. Mas...

    - Não devíamos nos intrometer. - Disse, torcendo o nariz.

    - Jenn, não seja criança.

    Eu sabia que ela estava certa sim, mas todo mundo sabe que orgulho é o meu pior defeito. Em minha cabeça várias idéias se chocavam. Lih não deixou de notar minha exitação.

    - Não desejaria ao meu pior inimigo passar pelo o que eu passei hoje. E Júlia passa longe disso, ela apenas não sabe como encarar alguém que se iguala a ela. Por favor! Se você não for civilizada o bastante eu mesma digo a ela.

    Eu concordo com ela, era hora de eu crescer um pouco. Eu contaria a ela a história.

    - Ok, quando chegar em casa eu ligo para ela. - Disse com a voz levemente contrariada. - A gente vai se encontrar amanhã, certo?

 

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    - Bom dia dona Carla, posso fala com a Júlia. - Perguntei mais tarde no telefone. Estava sentada na minha cama, com o telefone na mão. E claro que eu torcia para que desse tudo certo.

    - Alô. Quem é? - Perguntou ela, despreocupada ao atender o telefone.

    - Sou eu, Jenn.

    - Ah, o que a perdedora quer comigo? - Disse ela com sua divertida e superior. - Veio adimitir que eu estava certa sobre o Filipe ser um gay?

    Me segurei para não tacar o telefone no chão e ir até a casa dela, xingá-la com todas as forças. "Seja civilizada, Jenn!" Me repreendi.

    - Você pode se encontrar comigo e com a Lih amanhã a tarde? - Disse, ignorando seu comentário.

    - Por que eu faria isso? - Falou ela me desprezando.

    - Estou só tentando te ajudar, por favor? - Eu estava implorando para poder desligar aquele telefone logo.

    - ... - Ela não respondeu nada.

    - Amanhã te mando uma mensagem para falar a hora e o lugar, ok?

    - Erm... E Sobre o que conversaríamos? - Ela já estava mais indecisa, acho que tinha coseguido convencê-la.

    - Amanhã! Tchau, Júlia.

    - Tch... Tchau.

    Não esperei mais nada, desliguei o telefone e o joguei pro outro lado da cama. Deitei no travesseiro com tantos pensamentos na cabeça que nem consegui organizá-los. Dormi quase instântaneamente mas então, tive o mesmo sonho que me atormentava há dias.

    " Minha visão estava nublada, não conseguia distinguir muitas coisas. Era noite e chovia, estávamos num lugar que eu não conhecia. Apenas eu, Lipe e Luís. Esse parecia totalmente alterado,rancoroso e em sua mão ele tremia enquanto segurava uma arma. Filipe parecia discutir com ele. E eu olhava de um para o outro sem saber o que fazer. 

    Então, que as minhas costas, aparece a mesma senhora de idade que eu encontrei no ônibus. Mas agora era diferente, ela tinha um brilho, uma aurea em volta de si. E os outros pareciam não vê-la. Minha atenção se desvia dela quando Luís aponta a arma para o Lipe. Parece então que tudo fica em câmera lenta. Eu vejo perfeitamente ele apertando o gatilho e o lento trajeto que a bala percorre, até que ela para a uma metro do peito de Filipe.

    Assustada eu olho para a senhora que apelidei de anjo, e ela coloca sua mão quente e acolhedora no meu ombro. Seu olhor me encoraja e seu sorriso me diz que eu estou certa. Corro para a frente de Filipe com o tempo ainda parado e me abraço a ele, entrelaçando meu braços em seu pescoço e afundando meu rosto em seu peito.

    E nessa hora o tempo volta a correr, e tudo acaba quando eu sinto a bala em minhas próprias costas. "

    Como nas outras noites, acordei arfando e tremendo. Era tudo tão real. Reviver essa cena todas as noites apenas piorava meu medo, apenas fazia eu sentir melhor as sensações e mais as temer. Eu não sabia explicar o porque e nem quem era aquele anjo que me fazia tomar a decisão de proteger Filipe e talvez até morrer.

    Limpei o suor do rosto e me deitei abraçando o próprio travesseiro, torcendo para que aquela profecia não se realizasse.


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