Porque Nada é tão Fácil escrita por CuteMari


Capítulo 17
Outra?!




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E foi essa dúvida que ficou martelando e torturando minha cabeça por toda a monótona aula de sexta-feira.  Eu estava mesmo apaixonada? Eu gostava mesmo dele ou estava iludida? Estaria pronta para outros relacionamentos? Ele seria cafajeste como os outros?

- Jenn? Ta aí?

Quase caí da cadeira quando Camila me chacoalhou. Ela me olhava com seus olhos azuis.

- O sinal já tocou há uns cinco minutos, não vamos tomar o lanche? - Ela sorria pra mim como se nada tivesse acontecido. Então tirou uma mecha dourada de cima de seus óculos e levantou indo a direção a porta, onde parou para me esperar.

Olhei ao redor da classe e só havíamos nós duas. Fiquei surpresa mais uma vez com Mih. Só tinha me aproximado mais dela essa semana, apesar de estudarmos juntas há uns quatro anos. Ela era extremamente gentil e prestativa, e apesar de sempre sorrir, ela era a menina mais inteligente que eu conhecia.

Tinha um senso incrível, e me ajudava bastante depois que Lih partiu. Saber que eu podia contar com ela me animava muito. Enquanto a gente descia as escadas para o refeitório mais pessoas se ajuntaram a minha volta para fazer as mesmas estúpidas perguntas sobre o hospital. Eu estva mais do que saco cheio e realmente amei quando Camila as afastou e distraiu. Nõ era a primeira vez que ela fazia isso, e eu estava começando a me culpar por não tê-la agradecido antes.

O lanche da cantina não teve muito gosto para mim e foi um alívio quando o sinal tocou e eu voltei para a sala de aula. Só uma coisa me importava, e era Filipe. Eu acabei deixando Mih falando sozinha para me desligar de novo do mundo e continuar pensando naquele Deus que eu encontrei ontem. Eu realmente preciso agradecer e além de tudo pedir desculpas a Camila.

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O sinal da saída tocou e dessa vez eu estava bem atenta, fui uma das primeiras a sair. Passei voando pela porta da escola e não me despedi de ninguém, meu olhar varreu a rua inteira. Então achei quem eu queria! Lá estava meu Deus Grego mais com nome Português, com feições dignas de um ator de cinema e uma voz angelical. Tentei caminhar devagar até ele, mas não escondi minha ansiedade e corri direto em sua direção. Nos abraçamos e eu o comprimentei. Então pude ver pelo canto dos olhos que Júlia me observava com uma cara sem expressão. Fiz questão de sair de lá agarrada no seu musculoso braço. E quando passamos por Camila ela me olhou e vi em seus olhos e em seu sorriso torto a expressão: "Ah, agora entendi!"

- E aí Jenn, como foi a aula?

"Fiquei só pensando em você." Respondi mentalmente, mas achei que seria melhor começar devagar e me controlar em vez de parecer uma boboca apaixonada.

- Hum... Péssima?

Ele riu.

- Deu pra perceber que você não pretendia ficar muito mais lá.

É, eu realmente devia ter me controlado.

- Então, para onde vamos? - Cortei o assunto.

- Você decide, gata. - Me olhou com as sombrancelhas levemente arqueadas e me fazendo ficar tontinha.

- Me mostra seu bairro! - Foi a primeira coisa em que pensei. Ele não pareceu gostar da sugestão e respondeu frio e automaticamente.

- Melhor não! - Depois retomou a velha expressão sedutora. - Você é quem devia escolher, já que você é quem vai pagar!

Eu engoli seco. Tá brincando? Lembrei que estava sem nenhum tostão na carteira.

- Que tal economizarmos? Posso te preparar minha especialidade lá em casa. - Espero que ele goste de omelete.

Então ele riu escandalosamente se divertindo com minha confusão.

- Bobinha, é brincadeira. Vamos a um restaurante mesmo.

Eu até ficaria brava mas seu sorriso radiante me fez esquecer toda a raiva. Se realmente fôssemos ficar juntos eu teria que aprender a driblar toda aquela beleza.

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- Então foi por isso que sumiu do sítio? - Perguntou.

Já estávamos num dos Self-Services da cidade. Estava contando para ele tudo o que aconteceu desde que meus pais se separam. Claro que eu pulei algumas partes como as noites que eu passei chorando no quarto e também todo o drama da história. Não queria que ele me achasse fraca.

- Muitas pessoas que têm pais separados preferem que seja assim. Não é tão mal. - Disse mais tentando me convencer do que para ele.

- Mas e o porquê desse braço engessado? - Curioso como eu, ele queria saber de cada detalhe da minha vida que itnha perdido.

- Um acidente de carro mês passado. Nada grave, só uma cicatriz a mais. Normal para alguém desajeitada como eu. - Acho que ainda não estava pronta para falar do que acontecera ao meu pai.

Eu estava quase mudando o assunto e perguntando sobre a vida dele, mas então se provou mais uma vez que eu sou a pessoa mais azarada da cidade. Um ser feliz fez o favor de derrubar metade do refrigerante da bandeja na minha calça. AAAH, QUE VONTADE DE FAZER ELE ENGOLIR A BANDEJA INTEIRA!!! Eu realmente estava quase pulando no pescoço do moço que tinha feito aquilo quando ouvi as gargalhadas soltas e alegres de Lipe. Ele realmente estava se divertindo com aquilo. Fiquei roxa na hora e me levantei.

- Vou ve se consigo limpar isso no banheiro. - Fiz uma cara de nojo e sai, me segurando para não me atirar na maldita criatura que acabou com meu clima.

Não consegui tirar grande parte da meleca da minha calça, mas voltei pro restaurante assim mesmo. Mas então quase me arrependi. Havia uma menina sentada na nossa mesa. Aliás, no meu lugar!  Ela olhava para ele com cara de feliz, ou orgulhosa. Eu estranhei a cena e andei rapidamente na direção dos dois.

- Jenn, parece que deu para desfarçar bem o acidente! - Riu Lipe, como se nada estivesse acontecendo.

- Jenn? - Repetiu meu nome a tal garota interrogando.

- É. Jenn. Não se lembra dela, Naty?

- Não. - Respondeu seca, nem tentado se lembrar. - Já estou indo gato, depois a gente se vê.

Eu sinceramente me decepcionei com tudo aquilo. Será que ele já tinha namorada? Será que eu ficaria para trás de novo?

- Bom, que tal acharmos um lugar para sentar?

Ele não me esperou resposta e me arrastou para fora. Sentamos de novo embaixo da árvore do parque, na grama bem cuidada. Hoje estava tudo vazio e passamos grande parte do tempo conversando sobre assuntos rotineiros. Desisti de perguntar sobre sua vida, acho que prefiria não saber.

Então, nós dois paramos de falar. Ele ficou olhando para minha mão na grama. Pousou a sua sobre a minha e se concentrou em meus olhos. Era uma cara de séria, que ao mesmo tempo que eu temia eu também almejava. Minha cabeça se perdia naqueles olhos apenas imaginando minhas românticas fantasias sendo realizadas. E foi quando ele simplesmente me puxou para si num beijo.

Seus lábios eram quentes e se moviam calmamente num ritmo que eu conhecia muito bem. E eu mesma me surpreendi, correspondendo o beijo sem nem pensar duas vezes. Senti uma de suas mãos me acariciando as costas. E a outra segurava minha coxa de um jeito sexy. Nossos corpos estavam bem colados. Eu também podia sentir sua rápida e esguia língua se encontrando com a minha própria causando arrepios. O mundo ao meu redor sumiu, passando agora a ser só ele.

Mas ao mesmo tempo, isso colidia com os meus pensamentos. E aquela garota, Naty? Ele não tinha namorada? Eu não estava errada? Eu não ficaria sozinha no final de novo? Senti que aquilo tudo estava errado. Me separei dele, peguei minha mochila e me levantei às pressas.

- Eu... Eu tenho que ir... - Gaguejei, ele me olhava incrédulo. - Eu, te ligo... Acho...

Sai, sem esperar mais nada. Andando em ritmo acelerado.

- Mas Jenn. Eu. O que aconteceu? O desculpa?!

Cheguei a ficar com dó de deixá-lo lá, tão confuso e sem saber o que aconteceu, mas eu precisa parar com aquilo antes que seu olhar me hipnotizasse e me tirasse a razão outra vez.


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