Im Back To You My Angel escrita por Nacchan


Capítulo 1
One Shot


Notas iniciais do capítulo

Resolvi postar essa fanfic por ser muito, muito fã desse belo musical cheio de amor e conflitos. Gosto muito do Raoul, mas ainda acho que o Erik deveria ter ficado com a Christine u_u Por isso escrevi essa Oneshot xD Obrigada a todos que vão ler e aguardo suas opiniões e críticas =3 Beijos.



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O vento frio daquela noite castigava meu corpo magro e bem conservado para uma mulher de minha idade. Não sou nenhuma anciã, mas creio que alguém quase na faixa dos quarenta não pode ser considerada um exemplo de juventude. O vestido justo azul marinho deixava mais evidente as curvas em definidas do meu corpo. O decote bem ousado era escondido por um pequeno bolero bordado num azul um pouco mais escuro do que o de meu vestido. Os meus sapatos de salto igualmente azuis faziam meus passos ecoarem por aqueles corredores escuros apenas iluminados por um pequeno castiçal dourado em minhas mãos finas. Depois da grande tragédia, esta é a primeira vez que ponho os pés novamente neste teatro. O antigo Opera Lumière, agora chamado Opera Etoile, fora reformado a algum tempo apesar de que conservaram a estrutura original o que acabou facilitando meu acesso ao palco principal. O teatro vazio ainda me causava arrepios, mas agora já não me era conveniente voltar atrás. Era difícil até mesmo de enxergar, porém não deveria me preocupar com um simples medo de escuro e sim com a insanidade que eu estava prestes a fazer. Me acho uma louca por vir aqui depois de todos esses longos anos afastada da música e de todos os meus audaciosos sonhos de adolescência, que envolviam cantar para os mais diversos nobres da realeza. Minha vida de condessa não era bem o que eu esperava que fosse, Raoul era um marido muito gentil e carinhoso, porém, depois de alguns anos todo aquele amor foi se acabando aos poucos, se diluindo ainda mais quando aquelas lembranças repletas de aventura e medo voltavam a me assombrar. Aquela máscara...  Aquela voz ainda ecoava em minha mente todas as noites e em meus sonhos ele ainda estava lá. Adentrei no corredor que dava para o palco e lá estava eu, sozinha, no lugar que nasci para estar, no lugar de onde nunca deveria ter saído. A escuridão  dominava cada canto ao meu redor. Não demorou muito para que eu sentisse aquela agonia dentro do peito, o formigamento da pele, o suor das mãos frias entregava meu nervosismo ao sentir que alguém me observava. O palpitar do coração me fazia lembrar quando Erik cantava pra mim, de quando nossa canção alçava voo em meio às sombras da noite, despertando aqueles sentimentos adormecidos que eu costumava chamar de paz.

- Anjo...? É você..? – Perguntei correndo meus grandes olhos castanhos pelo camarote 5, onde Erik costumava estar sempre a me observar nas noites de espetáculos. Minha voz aguda pairava sob o local. As muitas cadeiras vermelhas vazias a minha frente me davam uma sensação de nostalgia descrita apenas no calor de uma doce canção. Quando o ultimo fio de voz se extinguiu  soltei um breve suspiro. Depois de tantos anos quem me garantia que Erik ainda se escondia no teatro? Já quase convencida a ir embora e esquecer toda essa loucura senti algo macio tocar a minha face. Uma rosa vermelha serpenteava pela pele alva do meu rosto, um braço coberto por um longo terno preto envolvia meu pescoço num gesto sedutor e carinhoso do qual eu me lembrava bem. Erik estava bem atrás de mim, o cheiro envolvente de sua pele junto à sua respiração quente em minha nuca fizeram com que meu corpo reagisse num arrepio.

- Sou eu... Seu anjo da Musica.. – Ele sussurrou bem perto do meu ouvido com sua voz grave, no mesmo tom sedutor e apaixonante que há anos atrás me cativou quando nos vimos pela primeira vez, no espelho do meu quarto. Reconheci de imediato as roupas que ele vestia, eram as mesmas de quando representamos Don Juan juntos, o brilho dos olhos eram os mesmos de quando expus sua terrível imperfeição diante de toda Paris. Um olhar vazio e desacreditado. Erik aproximou-se calmamente de mim, fazendo com que por um impulso eu me desvencilhasse do seu braço, encarando-o de frente. Só agora percebi a capa preta que cobria seus ombros largos. Os olhos verdes fixos nos meus, a metade esquerda do rosto coberta pela mesma máscara branca...

- Quanto tempo, condessa. – Erik me cumprimentou curvando-se de leve ainda sem tirar os olhos dos meus. A rosa vermelha em suas mãos era enfeitada singelamente por uma fita negra que rodeava o caule fino, de um verde vivo e reluzente. Sua marca registrada, por assim dizer.

- Não me chame assim... Prefiro ser chamada só de Christine – Respondi com um peso no coração ao notar a frieza no olhar dele – Pensei que você tivesse deixado o teatro depois.. Daquilo – Concluí em um tom receoso, engolindo seco quando percebi que Erik ainda me observava de cima a baixo como se estudasse cada centímetro do meu corpo.

- Por mais que se queira, não conseguimos abandonar aquilo que amamos. – Ele me respondeu com um sorriso misterioso no canto dos lábios rosados e carnudos – E você? O que te trás de volta aqui? Decidiu visitar a cidade com o Visconde para rever os velhos amigos ? – Erik indagou com um certo tom de provocação na voz. O castiçal em minhas mãos fora abandonado no chão proporcionando uma luminosidade suficiente para uma conversa formal como a que estávamos tendo.

- Na verdade.. Eu vim sozinha. – Mordi o lábio inferior em agonia, me insultando mentalmente por ter sido tão sincera e não tê-lo provocado de volta.

- Então.. o que trouxe a condessa de volta ao reino dos miseráveis ? – Perguntou ele dando passos curtos em minha direção. Seus cabelos continuavam num tom castanho tão escuro que vez ou outra me davam a ilusão de serem negros como o resto deste teatro frio e imerso em pesadelos do passado.

- Já falei pra me chamar de Christine – Erik sorriu mais uma vez de canto de lábio ao perceber que não me afastei quando senti sua mão acariciar meu rosto como se tocasse uma peça rara de alguma coleção de valor inestimável. Fechei os olhos por um momento me deliciando com aquele pequeno gesto de carinho que ele me demonstrava.

- Prefiro chamar de.. Minha... – A voz rouca e sensual me fez sentir um calor gostoso abaixo do ventre, os lábios dele passeando gentilmente por minha orelha me fizeram inclinar um pouco a cabeça para o lado, dando a Erik um acesso melhor a aquela região entre a minha orelha e a base do meu pescoço. Os lábios macios do Fantasma percorreram com beijos mornos um caminho que se iniciava no maxilar e terminava no canto de minha boca entreaberta que suspirava.

- Porque voltou aqui? – Ele indagou levando sua mão até minha nuca, distribuindo beijos calmos e demorados em toda a região do meu pescoço enquanto envolvia minha cintura com o outro braço, colando mais os nossos corpos que praticamente imploravam para se tornarem um só.

- Porque por mais que se queira, não conseguimos abandonar aquilo que amamos.. – Respondi usando as palavras dele quando finalmente nossos olhos se encontraram diante daquela escuridão. As pequenas chamas das velas me davam o luxo de observar com cuidado cada traço do rosto bem desenhado daquele homem a quem eu entreguei tudo o que eu tinha, a quem eu amei e continuo amando com a mesma intensidade com a qual o vento frio da noite um dia levou a nossa canção. Mais nenhuma palavra precisava ser pronunciada naquele instante. Nem a mais bela canção do Gênio poderia expressar a pulsação intensa, o ritmo descompassado e a alegria contida em meu coração quando Erik me envolveu em um abraço tão forte que, por alguns instantes, pensei que ficaria sem ar.

- Você não imagina o quanto eu esperei por você... O quanto esperei pra ouvir essas palavras vindas da sua boca.. O quanto eu desejei te ter aqui comigo todos os dias, me prometa Christine, que nunca mais vai me deixar de novo, prometa..! – Ele pediu com uma emoção tão sincera que por cerca de alguns minutos pude jurar ver através da luz de seus olhos e enxergar o véu fino de sua alma. Esse é o Erik que se escondia por trás das máscaras todos esses anos, mas que agora veio a tona de uma forma tão pura e emocionante que não pude evitar sentir os olhos marejarem diante das palavras dele. Aquele que conseguiu me mostrar a beleza por trás das imperfeições, a luz por trás da escuridão e o amor por trás da mera ilusão de um temor sem fim.

- Eu sou seu Anjo da Música.. – Cantarolei baixinho afagando os cabelos macios dele, que rompeu o abraço para observar meu rosto, mantendo nos lábios um sorriso de felicidade sincera e comovente. Quando finalmente nossos olhos se fecharam e nossas respirações quentes se tornaram uma só... Fui surpreendida por uma pergunta inesperada que me fez estremecer.

- Christine, você.. Aceitaria se casar comigo ? – Erik me perguntou retirando de um dos bolsos de sua calça uma caixinha azul marinho um pouco mais escuro que meu vestido e ao abrir não pude conter as lágrimas ao ver o meu antigo anel de noivado, ainda brilhante e com todos os cristais incrustados perfeitamente. Aquele mesmo anel que deixei nas mãos de Erik quando parti jurando nunca mais voltar.

- Erik, eu.. – A emoção tomava conta de todo meu ser naquele iluminado instante de minha vida cheia de noites sombrias. Os olhos variavam o campo de visão entre Erik e o anel, ambos tão perfeitos, mesmo com todas suas imperfeições... – Eu aceito. – Falei por fim com toda a sinceridade que ainda restava em mim. Após colocar o anel em meu dedo, de forma carinhosa Erik o beijou. Em seguida me entregou aquela rosa vermelha que repousei sob o peito como se fosse a solução para todos os meus problemas. Os braços dele envolveram minha cintura e seus lábios carnudos pressionaram os meus num beijo carregado de saudade e desejo. A pele macia de seus lábios massageava apressadamente minha boca, não demorando muito para que nossas línguas se encontrassem num toque quase que necessitado enquanto ele aprofundava o beijo acariciando minha nuca e eu lhe arranhava o peito com as unhas sob a camisa fina e branca que cobriam aquela pele bronzeada e atraente. O beijo só teve fim quando ambos sentimos a necessidade de respirar. Erik segurou minhas mãos e mais uma vez aquele olhar misterioso me envolveu, os olhos esverdeados mais pareciam um par de esmeraldas cintilantes  diante da pouca luz das velas que quase já se extinguiram.

- Christine eu a amo – Ele declarou ao finalizar os carinhos em minhas mãos.

- Erik.. Eu o amo mais do que.. –

- Ama a música.. – Ele completou minha frase sorrindo sedutor, chegando a me assustar.

- Como você.. ? – Perguntei fitando-o espantada, ele riu e se aproximou novamente do meu ouvido.

-Não se esqueça.. Eu sou o seu Anjo da Música..A voz que ecoa na sua mente.. – Ele sussurrou por fim me fazendo silenciar com um sorriso e acariciando-me após um beijo terno de um amor imaculado. Nunca me apeguei muito a pedidos e desejos.. Mas se eu pudesse escolher um único desejo agora... Desejaria estar ao lado dele pra sempre. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado >< Obrigada pela leitura e pela atenção. Como disse antes, aguardo suas opiniões sobre a história =3 Beijinhos~