Dias mais quentes começaram a chegar, e Asty descobriu o motivo de Daphne estar triste. Em uma das noites a garota deixou escapar que discutira com Pansy enquanto limpavam o rosto de Malfoy, porque ela não deixava ela encostar nele. Porém, as garotas se resolveram. E pelo o que a loira contara, as crises de ciúmes de Parkinson já aconteciam a algum tempo.

"Ótimo, elas também devem gostar dele." Pensou Astoria, enquanto a irmã contava.

As aulas estavam puxadas para todos, ao não ser para Astoria, que finalmente aprendeu a dizer não e agora cuidava de seus deveres, tendo mais tempo para estudar. Daphne e Pansy fizeram amizade com algumas sonserinas, que na opinião de Astoria, só corresponderam por interesses, como por exemplo: Draco Malfoy.

Blaz era o único que Astoria ajudava nos deveres, porém não fazia nada mais do que uma breve explicação. Draco, Vicent e Goyle estavam de mal à pior, e Snape os dava aulas de recuperações. Parecia cruel para os meninos, mas na verdade ele queria que eles estivessem sempre atingindo nota.

...

_Queria ser o queridinho do Snape, igual à Greengrass – Goyle disse enchendo a boca de comida, durante o café da manhã.

_Seria bem mais fácil – Comentou Crabbe olhando para a garota que lia o seu livro de poesias mais a frente na mesa, junto de Daph, Pansy e suas novas colegas. _Talvez se a gente se aproximasse dela, Snape poderia pensar que estamos seguindo seu exemplo e talvez parar com as aulas extras – Sugeriu Draco.

Crabbe e Goyle concordaram, e Draco fez sinal com a cabeça para eles o seguirem. Afinal, tinham que começar uma hora ou outra. Os garotos obedeceram deixando as torradas no prato e pegando o copo com suco de abóbora. Os grandalhões caminharam atrás do líder.

Pansy, que estava sentada em cima da mesa com os pés no banco, logo que viu Malfoy se aproximar endireitou as costas e fez sinal para as garotas olharem na direção em que os o loiro vinha. Mas, Malfoy passou reto pela garota.

_Oi, Draco.

_Olá, Parkinson – Respondeu o garoto desviando o olhar de Astoria, mas logo voltou a olhar para a mesma, que ainda lia o livro.

Pansy fitou os passos do garoto que sentara ao lado de Asty.

_Olá, Greengrass morena – Draco se sentou ao lado da garota.

_Oi – Respondeu envergonhada fechando o livro.

Draco abriu a boca para dizer algo, mas foi interrompido.

_Como vão as aulas extras, Malfoy? – Perguntou Daphne, que se aproximava com Pansy.

_Ia falar sobre isso com Astoria, agorinha mesmo – Ele nem se fez o trabalho de desviar o olhar da garota, que agora bebericava o suco tentando esconder as bochechas coradas. Pansy sentou-se na mesa ao lado de Malfoy, e na mesma hora Snape caminhava pelo salão em direção a porta. _Saia da mesa, senhorita Parkinson – Ordenou ele parando diante a garota. A garota se levantou bufando da mesa e voltou para perto das amigas, puxando Daphne pelo braço.

_Então, Greengrass, como ia dizer, as aulas andam cansativas, Crabbe e Goyle não têm tempo nem de repetirem o almoço às vezes – Comentou o loiro cabisbaixo, e Crabbe e Goyle concordaram com a cabeça.

_Seria mais legal se você pudesse nos dar aulas – Crabbe disse enchendo a bola de bolachas. _Brilhante – Comentou Goyle, lambendo os dedos sujos de chocolate.

_Não tinha pensado nisso – Malfoy comentou pensativo.

_Nisso o que? – Perguntou Goyle.

_Também não sei – Respondeu Crabbe sincero, e Malfoy revirou os olhos.

_Não de bola, são dois patetas - Draco disse à garota.

_Não sei se Snape concordaria - Astoria disse insegura.

_Você poderia tentar, Greengrass – Draco sugeriu, fingindo não ligar muito, enquanto pegava uma maça vermelha da fruteira.

_Tudo bem. Vocês tem aula de recuperação antes do almoço, durante o intervalo, não é? – Astoria nem ligou em concordar, seria um meio de se aproximar de Malfoy.

_Sim – Goyle afirmou triste, fitando um pedaço de torta.

_Poderia tentar falar com ele – Sugeriu Malfoy.

_Ok, temos Feitiços agora, depois podemos temos uma aula vaga, que seria a aula de vocês, então eu poderia ir junto e falar com ele.

_Ótimo, então acho melhor irmos andando, até mais Greengrass.

Assim que os meninos deixaram Asty sozinha, Pansy e Daphne se aproximaram.

_Temos aula daqui a pouco, acho melhor irmos – Astoria disse se levantando, tentando livrar-se de uma possível conversa chata e grosseira.

Entraram na sala de aula e Asty, como de costume, se sentou em uma mesa ao fundo. A garota sempre ficava sozinha e uma vez ou outra Theodore Nott, um amigo de Blaz, sentava-se ao seu lado, mas nunca trocavam muitas palavras além de “oi” e “tchau”. A sala estava se enchendo e Malfoy e a gangue (Blaz, Vicente e Greg) entraram na sala. Astoria estava arrumando o material quando percebeu que alguém sentara do seu lado, levantou o olhar e se assustou, esperava qualquer pessoa sentar ao seu lado, menos ele, Draco Malfoy. A garota deu um sorriso amarelo de canto de boca, muito envergonhada, e ele nem abriu a mochila para arrumar seu material, cruzou os braços e debruçou na mesa.

Astoria prestou atenção na aula e copiou as anotações em seu livro, apesar de o Profº. Flitwic  quase nunca usá-lo.

Enfim faltavam 15 minutos para o fim da aula. E Asty já adiantava a organização do material, para não perder tempo. Afinal, teria que falar com Snape. Um calafrio correu em sua coluna quando foram ispensados. Asty, Malfoy, Crabbe e Goyle se levantaram antes que todos os alunos e seguiam juntos em direção à porta.

_Hey, aonde vão? – Perguntou Pansy.

_Vamos... É... – Astoria não tinha a certeza se deveria falar.

_Ela precisa falar com Snape, e nós temos aula com ele agora – Draco interrompeu, percebendo que a garota sentia-se insegura. – Tchau, Parkinson. Ao chegarem perto da sala dos professores, ouviram ainda do corredor uma voz chorosa seguida de murmúrios. Os garotos diminuíram os passos, até pararem de frente à porta. Asty bateu delicadamente. Demorou um pouco para Snape abrir a porta, e junto dele estava Prof. Quirrell, que parecia um pouco assustado.

_Ainda faltam vinte minutos para aula – Ele disse friamente. – Greengrass! – Exclamou ele ao perceber que a garota também estava presente, enquanto um sorriso torto se formava em seus lábios.

_Prof. Snape – começou Asty sem jeito. – Gostaríamos de falar com o senhor um minuto.

_Quirrell... – Chamou Snape se virando bruscamente para dentro da sala, fazendo suas vestes esvoaçarem. – Pode nos dar licença?

_Si-sim, te-te-nha um bom di-dia – O professor se apressou a sair da sala, e parecia ter se aliviado.

_Entre – Snape esticou o braço para dentro da sala, como cortesia, para que entrassem.

Astoria entrou, e atrás dela veio Crabbe, Goyle e Malfoy cheios de pose. Quando eles iriam dar o primeiro passo dentro da sala, Snape trouxe o braço de encontro com a barriga de Malfoy empurrando-o para trás. Malfoy caiu em cima dos amigos, que o seguraram cambaleando.

_Sente-se. – Disse ele puxando uma cadeira na mesa comprida que havia no centro da sala.

_É... Eu estava pensando que... Bom...

_Eu também estava – Interrompeu. – Gostaria de uma xícara de chá?

_Claro – A garota sorriu, enquanto Snape estalou os dedos e uma bandeja com um bule de chá e xícaras flutuavam até a mesa.

_E então...?

_Bom... Prof. Snape

_Me chame apenas de Snape.

_Como quiser, Snape – A garota concordou sem jeito. – Bom, como ia dizendo, eu estava pensando... Malfoy, Crabbe, e Goyle estão tendo aulas extras com você, enquanto eu fico livre e poderia ajudá-los, o senhor já e bastante ocupado, creio que tenha outras coisas para se preocupar.

_Tecnicamente, seria errado deixar uma aluna dar aulas.

_Sim, mas pense nisso como um grupo de estudos.

_Eles precisam de pulso firme, e um grupo de estudos seria como diversão.

_São só garotos – Asty tentava encontrar algum argumento. – De uma chance a eles, eu terei pulso firme.

_Sabemos que eles não merecem chances – Ele tinha os braços cruzados e uma das mãos apoiadas no queixo.

_De a mim então.

A conversa não foi muito demorada, mas para os meninos lá fora parecia uma eternidade. Estavam ansiosos para saber se estariam livres do professor. De repente, Snape abriu a porta em um solavanco só, e Asty saiu. O professor olhou severamente para os garotos e em seguida bateu a porta. A franja de Astoria desarrumou com o vento provocado.

_E então? Como foi? – Perguntou Draco ansioso, seguindo Astoria pelo corredor.

_Perfeito.

_Ótimo, nos livramos das aulas – Comemoraram os garotos.

_MAS... – A garota se virou bruscamente, fazendo os colegas assustarem. – Vocês terão que estudar todos os dias comigo.

_Todos os dias? – Crabbe perguntou como se fosse o fim do mundo.

_Serão por apenas trinta minutos, antes do jantar. 

_Pelo menos isso. – Comentou Malfoy.

_Pois é, e se vocês acham que vão se livrar de aulas sérias, podem esperar sentados – Asty se virou e deixou os garotos olhando boquiabertos, enquanto seguia o caminho pelos corredores.

_Ela assusta... - Goyle comentou.

_Tanto quanto Snape - Acressentou Crabbe.

...

No café da manhã do dia seguinte, Astoria sentou-se perto de Blaz tentando se aproximar dos “novos alunos”, que sempre estavam perto do moreno. Quando criou coragem, pediu a eles que a seguissem até a biblioteca para apanhar alguns livros que usariam para estudar de noite. Asty pediu para Blaz acompanha-la, pois ainda sentia vergonha, e Blaz não pode deixar de caçoar da amiga.

_Ui, tem vergonha do Draquinho – Sussurrou Blaz no ouvido da amiga.

_Cala a boca – Ela o repreendeu, e na mesma hora abaixou o rosto fitando a torrada em suas mãos para esconder as bochechas rosadas.

Estavam seguindo para a biblioteca quando Draco fez sinal para diminuírem os passos, e apontou para Harry Potter, que vinha seguido do ruivo e da castanha que vira no jogo. Draco ficou de canto para passar bem ao lado dos três e ouvir o que eles diziam.

Astoria pode ouvir as palavras “dragão, confusões e Rúbeo Hagrid”.

_Malfoy, no que vocês está pensando?

_Nada – Ele respondeu dando de ombros. – Porém, seria interessante descobrir o que o selvagem anda aprontando, tem alguma sugestão Greengrass?

_Não, e não estou interessada em saber, vamos – A garota saiu puxando-o pelo braço.

Quando chegaram na biblioteca, percebeu que ainda estava segurando o braço do garoto, soltou envergonhada e lhe entregou um papel com nomes de alguns livros. _Procurem estes naquela sessão – A garota apontou um corredor e saiu disparada em direção a outro. Passou por Blaz que abafava risinhos, e lhe repreendeu com o olhar. Entrou em uma fileira, procurou alguns livros e teve de subir em uma cadeira para alcançar alguns mais altos. Aproveitou para pegar alguns livros que poderia usar nos deveres também. E quando saiu, avistou os garotos em uma mesa folheando os livros que ela mandou buscarem.

_Nossa, são bem pesados – Reclamou ela tentando arrumar os livros que trazia no braço dando um leve impulso com a perna.

_Então deixa que eu leve – Draco se ofereceu, e largou os livros nos braços de Blaz que bufou.

Após a última aula, antes do intervalo, os alunos seguiram para fora do castelo para aproveitar o sol. Daphne e Pansy conversavam com algumas sonserinas, entre elas Tifanny Carrow, uma loira antipática. Astoria, que lia seu livro de poesias, já estava enjoada do papo das garotas. Fechou seu livro e caminhou até uma árvore. Sentou-se perto da mesma, aproveitando a sombra que ela lhe proporcionava, sentindo o vento fresco esvoaçar seus cabelos negros. Sem dar importância para o livro em seu colo, ficou observando a linha do horizonte à sua frente.

_Está se aproximando de Draco, hein!? – Ouviu a voz do amigo que se aproximava, Blaise Zabini.

_Crabbe e Goyle também. E eu só estou AJUDANDO eles – A garota respondeu para o amigo com um sorriso divertido no rosto.

_Você que tá dizendo – Ele levantando as mãos, como alguém que se rende.

Ela apenas riu pelo nariz, abaixando a cabeça.

_Ajudando quem, com o que, Astoria? – A morena assustou ao ouvir a voz da irmã, que pulou de trás da árvore junto de Pansy.

_Crabbe, Goyle e Malfoy, poções... – Respondeu diretamente, evitando explicações.

_Ótimo, poderá nos ajudar também – Pansy, enciumada, se intrometeu.

Astoria assentiu e as garotas acenaram se afastando. Astoria as acompanhou com o olhar, e quando as perdeu de vista no meio dos alunos voltou a encarar o horizonte, soltou um suspiro longo, revirou os olhos e abaixou a cabeça, agora encarando o livro fechado em seu colo.

Blaz, que observava a garota, sorriu.

_Vinte minutos para Herbologia, melhor irmos – Sugeriu à garota.

Os dois seguiram em direção ao castelo, e Malfoy, Crabbe e Goyle se aproximaram. Astoria abriu o livro ainda em suas mãos e começou a ler. Tentando assim, evitar uma possível troca de olhares com o loiro. Chegando a estufa, viram os alunos da Grifinória saindo. Malfoy estreitou os olhos para Potter e seus amigos, que seguiram em direção contrária dos demais grifinórios.

_Vamos Draco? – Disse Pansy que acabara de se aproximar, e agora puxava o garoto pelo braço para dentro da estufa.

_Podem ir, vou demorar um pouco.

Pansy estranou a reação do amigo, e seguiu para dentro da estufa com Daphne. Blaz foi atrás, deixando a Astoria, do lado de fora, sozinha de propósito.

_Vai seguir eles? – Astoria perguntou enquanto guardava o livro dentro da mochila.

_Tenho certeza que eles vão visitar o selvagem da cabana.

_Toma cuidado – Ela disse alto, indo em direção à estufa.

_Se acalme, Greengrass – Ele disse, e a garota continuou andando sem dar bola. – Sangue puro não será desperdiçado.

Ao ouvir isso, a garota parou se virando bruscamente para encará-lo. O garoto agora plantara um sorriso malicioso nos lábios. Asty revirou os olhos, e voltou a caminhar para dentro da estufa.

Draco ordenou que Crabbe e Goyle o deixasse seguir os três sozinhos. Os grandalhões obedeceram, e Draco foi em direção em que Potter e os amigos rumaram. Não tinha certeza do caminho certo que eles fizeram, mas tentou seguir o caminho mais rápido até a cabana de Hagrid.

Quando conseguiu avistar a cabana, parou atrás de um arbusto e observou Potter entrar na cabana com os amigos. Aproximou-se com passos leves até a casa, e subiu em uma pedra abaixo de uma das janelas para enxergar o lado de dentro. Não tinha uma visão muito ampla, mas conseguiu ver um animal pequeno em cima da mesa, com certeza esse seria o dragão. Tentou ficar nas pontas dos pés para ter certeza do que via, mas acabou escorregando e fazendo um barulho quando se segurou na janela. O barulho atraiu a atenção de Hagrid que o vira.

O garoto saiu correndo em direção ao castelo quando sentiu uma mão delicada o puxar. Trombou em alguém mais baixo que ele. Estava pronto para começar a reclamar, quando...

_Shi! – Se acalmou a ver Asty com o dedo na boca, que depois apontou para Minerva McGonagall.

A garota os salvou de ter sido pego fora da aula. E quando os passos da professora se distanciaram, o garoto perguntou:

_O que você faz aqui?

_Pedi à Profª. Sprout para procurar meu livro, e achei que tivesse derrubado ele por aqui – Mentiu.

_Não era aquele que você havia guardado antes de entrar na estufa?

_Não, era outro – A garota desviou o olhar tentando disfarçar.

_Bom... Acho melhor irmos – O garoto deu de ombros, apesar de ter desconfiado.

Seguiram para a estufa, e ao entrarem atraíram olhares, dos quais Astoria preferiu ignorar.