The Secret escrita por Anny Taisho


Capítulo 10
Legado do fogo




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Cap. 10 – Legado do fogo


Os dois giraram a maçaneta juntos. Riza sentiu-se tão bem naquele momento. A solidão que sempre a cercou parecia ter sumido naquele instante.


- Obrigada.


Os dois adentram a grande biblioteca e Roy depara-se com a bagunça deixada que indicava que havia sido ali que loira tinha sido agredida. Um nó formou-se em sua garganta ao imaginar a cena...


- Maldita biblioteca! – a loira sussurrou para si mesma –


Começaram a arrumar a bagunça deixada.


- põe alguns livros sobre a mesa que estava em um ângulo errado – Não tenho uma boa lembrança desse lugar.


- Você não é único.


- Vamos?


- Um minuto. Preciso pegar uma coisa.


A loira caminha para o fundo da grande biblioteca onde havia uma estante com livros mais antigos e pesados. Retira alguns do canto da estante, onde aparece um cofre antigo, abre-o e retira dois diários com o circulo de transmutação do fogo desenhado nas capas.


- escondendo as capas – Vamos.


- Livros?


- Livros.


-


-


Os dois levam Black para casa de Fury, não sabiam quanto tempo aquela situação iria durar e não queriam expor o animalzinho a  tamanho estresse.


- Parece que vai chover. – observou o moreno –


- Nada como uma tempestade para piorar a melancolia.


- Melancolia? – os dois caminhavam para dentro da casa –


- Você não sabe da missa um terço.


- Se você falasse eu poderia saber e assim te ajudar.


- Você não pode me ajudar, na verdade, você é o motivo de grande parte dos meus problemas.


- Eu?


- suspira – Você me entender. Agora vou descansar um pouco.


Roy segura o pulso da loira.


- Ai.


- Desculpe.


- O que foi?


- Se eu sou o motivo dos seus problemas, por que me segue a tantos anos.


- Dois motivos. Um: admiro suas idéias e acho que só você pode mudar a realidade desse país. Dois: uma promessa. – olha para o pulso – Pode me soltar agora?


- Posso. – solto o pulso dela que sobe as escadas o mais rápido que consegue – Você ainda me enlouquece.


Riza entra no quarto e tranca a porta. Não agüentava mais aquela situação. Era perseguida por algo que não compreendia nem queria compreender. Aquele maldito segredo pelo qual o pai dedicou a vida, e que indiretamente, matou a mãe.


Amaldiçoava o momento em fez aquela promessa que foi sua perdição. Se não tivesse prometido que iria cuidar dele, que ficaria ao seu lado até que ele pudesse receber aquele segredo não teria se apaixonado por ele.


Flash back on


Uma jovem de não mais que quinze anos observava o treino do pupilo do pai.


- Elizabeth!


- dá um pulo – Desculpe... Eu...


- sorri – Calma, eu só queria lhe fazer um pedido.


- Um pedido a mim?


- Sim, minha filha.


- Filha? – a pequena não estava acostumada a ser chamada assim –


- Eu sei que não sou nem de longe o melhor pai, mas isso não significa que você não seja minha filha.


- Quer saber, o colégio interno me espera. Já devia ter saído a algum tempo... Não quero que o seu pupilo me veja.


- Espera, Elizabeth.


- O que foi? A conta do cartão estava muito alta?


- Não.


- Então?


- Eu sei que você acha que o Roy roubou um lugar que era seu, mas ele não fez nada.


- Eu não acho nada.


- Deixe-me terminar de falar. – a garota fica calada – O Roy tem potencial, tem um futuro esplendido a sua espera, mas quer entrar para o exercito...


- E eu com isso?


- Está com você o meu maior segredo e um dia, querendo ou não, ele vai procurá-la para pegá-lo. Só que eu não acho que ele está pronto...


- E eu repito: e eu com isso?


- Seja guardiã dele. Cuide dele até que ele possa lidar com tamanho poder.


- E por que eu faria isso?


- Porque, no fundo, você o admira. Caso contrário, não passaria tanto tempo a observá-lo.


- Falta de algo melhor para fazer.


- Esteja ao seu lado sempre, ele precisa de alguém como você. Me prometa.


- Eu não vou fazer nada. Não tenho porque ajudar esse idiota.


- Eu sei que você vai fazer. Essa promessa já está em sua mente.


Flash back off


- Maldito! Sua obsessão matou minha mãe de desgosto e adotou o Roy como filho.


Tudo o que queria era recomeçar. Sumir dali. Carregar aquele peso havia destruído sua vida. Estar tão próxima a Roy havia feito-a apaixonar-se por ele. Justo por ele. Tantos homens no mundo e tinha que amar justo um tão parecido com seu pai. Não iria terminar como a mãe, sozinha, porque o marido não a amava o suficiente para esquecer aquela maldita alquimia.


A chuva parecia aumentar ainda mais sua melancolia. Estava acabada.


No andar debaixo, Roy estava jogado no sofá tentando entender alguma coisa. Mas é tirado de seus devaneios pelo telefone.


Ligação on


- Mochi mochi.


- Roy?


- É. Quem fala?


- O Maes, eu descobri algumas coisas que podem ser do seu interesse.


- Tipo?


- Riza Hawkeye não existe, quem existe é Elizabeth Marie Monteclaire Hawkeye. É neta do general Grummam e filha do falecido general Hawkeye, vulgo seu sensei.


- O que você está me dizendo?


- Não sei porque, mas o general mexeu os pauzinhos para que o real nome da neta não constasse no registros. Ao que consegui captar, ele tem medo de que possam persegui-la a procura das pesquisas do genro. Muita gente queria as pesquisas de seu sensei...


- Ela é a filha? Esteve ao meu lado todos esses anos?


- É o que parece.


- Preciso pensar... Obrigado.


- Vê se não da mancada.


Ligação off


- Precisamos conversar.


A loira apareceu no alto da escada.


- Concordo, Riza. Ou deveria dizer Elizabeth?


- Como você sabe?


- Eu sou um homem bem informado, mas isso não importa. Quem deve explicações aqui é você!


- Eu?


- Bem, quem mentiu desde a primeira vez aqui, foi você!


- Não fale de coisas que não sabe.


- Então você não mentiu? – cético –


- Menti, mas por sua causa. Precisava me aproximar, mas não podia me delatar até a hora certa.


- Anos e anos de mentiras, você me enganou. Eu confiei em você.


Roy estava nervoso. E Riza não agüentava mais ficar calada.


- E por sua causa minha vida é um inferno!


- Minha?


- Meu pai achava que você tinha um grande futuro, mas que não estava preparado para ter tanto poder em mãos. Então me incumbiu de cuidar de você, estar ao seu lado até que estivesse preparado.


- Preparado?


- O legado do fogo. A maior alquimia do fogo, a realização do meu pai.


- Está com você? Sempre esteve?


- Eu não tive escolha. Meu pai não me deu escolha.


- Eu sempre procurando a garota e ela estava ao meu lado. Você deve ter rido horrores da minha cara.


- Rir do que? Por sua culpa tive que dedicar minha vida a esconder algo que não entendo. Você é que foi o filho do meu pai, não eu. Você acha mesmo que eu queria guardar esse segredo?


- Então por que não se livrou dele?


- Por que eu não posso me livrar de algo que está tatuado na minha pele.


- O que?


A loira vira de costas para Roy e ergue a parte detrás de sua blusa revelando a grande tatuagem que tinha nas costas.


- Isso...


- O legado do fogo.


- Eu nunca imaginei...


- Quando eu tinha dez anos fiquei muito doente, fui mandada para o hospital pela diretora do colégio interno. E por coincidência, foi nessa época que ele terminou as pesquisas sobre o fogo perfeito, que não se extingue, que não pode ser apagado... Só controlado. Ele me levou para casa e pela primeira vez foi um pai. Cuidou de mim, foi atencioso... Puro interesse. Quando eu estava melhor, pediu-me um favor. Eu aceitei. Acordei uma semana depois, sentindo minhas costas queimarem. Ele havia usado algumas misturas químicas para desenhar essa coisa em mim. Fiquei meses sentindo essa tinta queimar minhas costas, isso aqui é mais profundo do que uma tatuagem comum, está impregnado na minha pele.


- Eu nunca imaginei... – Roy havia se aproximado para ver melhor –


- Entrei no exercito com intuito de chegar a você, mas não sabia que estaria lá naquele dia...


Flash back on


Academia militar sete anos atrás...


Dois morenos caminhavam pelos corredores do prédio militar a caminho de uma palestra sobre o uso de armas de fogo.


- Será que vai ter alguma senhorita nessa palestra?


- Duvido muito, as mulheres geralmente escolhem a fazer serviços burocráticos para a inteligência. – limpa os óculos –


- Então quer dizer que eu vou passar as próximas três horas em uma sala cheia de marmanjos ouvindo alguém falar sobre um assunto que eu não vou prestar atenção?


- Acho que sim.


- Por que eu vou fazer isso então?


- Por que você é um militar e deve saber usar e manusear armas de fogo.


- Quem bom... – passa a mão sobre os fios negros –


- Você é muito mala...


Na outra extremidade do corredor uma moça que não devia ter mais dezoito anos caminhava em direção a mesma palestra. Havia entrado no exercito a pouco mais de três meses, mas já era conhecido por sua mira perfeita. Assim, recebendo muitos convites para ser subordinada de pessoas importantes, só que não se interessava por isso, tinha apenas um objetivo: tornar-se subordinada do major Roy Mustang.


Quando estava perto da sala onde aconteceria a palestra, viu os dois rapazes que caminhavam para lá e conversavam animadamente.


Era ele. Precisava dar um jeito de aproximar-se...


Apressou o passo com intuito de alcançá-los e acabou por escorregar perto deles sendo segurado pelo moreno mais irreverente.


- Tome mais... – ele percebe que era uma moça e amacia o tom de voz – Devia tomar mais cuidado.


- Oh... Desculpe, acho que estava um pouco distraída.


- Imagine. Eu é que estava na sua frente... E meu nome é Roy e esse aqui é o Maes.


- Ei ai?


- Olá e eu sou Eli... Riza.


- E para onde estava indo Riza?


- Para a palestra sobre armas de fogo.


- Que coincidência, nós também. Quer vir conosco?


- Lógico.


Pouco após isso aconteceu Ishibal, onde a amizade dos três se tornou mais forte.


Flash back off


- Então você ficou ao meu lado todos esses anos porque não podia deixar de cumprir o pedido do sensei...


- Com o passar dos anos vi que não era não mal quanto aparentava e passei a estar ao seu lado por admirar você.


Riza a essa altura havia retirado a blusa e ainda estava de costas para Roy que se aproximou para ver melhor o desenho. Era perfeito em seus mínimos detalhes e se encaixava perfeitamente na silhueta esbelta e delicada dela. As cores fortes contrastavam com a pele clara que lembrava uma boneca de porcelana.


- É perfeito...


- Ainda bem que você gostou... – ela não escondia o sarcasmo – Copie essa coisa logo.


Roy não esperou um minuto para buscar papel e lápis e ao voltar a sala, Riza encontrava-se sentada sobre a mesinha de centro com uma toalha enrolada no busto.


- Com licença.


O moreno desata o nó da toalha deixando as costas da loira desnudas e imediatamente passa a copiar o desenho. E apesar de fazer isso nos mínimos detalhes, não achava que fazia jus ao original. Estava encantado, maravilhado...


Naquele momento sentia-se um grande admirador de arte com Gioconda¹ a sua mercê para admirar. Não resistiu, teve que tocar com as costas dos dedos o desenho, coisa que causou um grande arrepio na loura.


- Terminou?


- Hã? Sim.


- enrola a toalha de novo – Ele deixou dois diários com algumas anotações. – joga para ele os dois livros –


- Obrigado...


- Não me agradeça, eu nunca quis guardar esse segredo. Por culpa dele eu fui de bom grado a minha perdição.


- Eu não entendo.


- Você nunca entenderia. Faça bom proveito dessa coisa.


A loura sobe as escadas de volta para o quarto. Não sabia o que faria de sua vida a partir de agora. Pensava seriamente em seguir o conselho do avô e passar algum tempo viajando. Pelo menos financeiramente fora deixada em excelente condição pelo pai, fora o que herdaria por parte da família da mãe.


E enquanto estivesse fora o avô daria ordens para caçarem Gabriel que dessa vez não teria chance de escapar.


Roy no andar debaixo tentava digerir tudo o que descobriu, não sentia raiva, afinal que culpa ela tinha? Não havia escolhido esse destino... Havia sido vitima dele. E também, não podia duvidar de sua lealdade.


E o que ela quis dizer com “...Fui de bom grado para minha perdição.”? O que era essa perdição? E por que ele jamais entenderia? O que ele havia perdido?


Mas no momento, tudo o que podia fazer era estudar aquela técnica, fazer jus ao que o sensei havia feito para descobri-la e ela para protegê-la.


Continua...


1 – Para quem não sabe, Gioconda é também o nome da mundialmente famosa Mona Lisa.


E ai? O que acharam?


Eu só posso saber se vocês comentarem.


Então me façam feliz e comentem. Aquele botãozinho é tão sexy...


“Enviar”...


Olha que coisa mais sexy!


Kiss


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