Nervosa como estava a Loxar não percebia o céu cinzento que se formava.

Aquele dia seria triste.

Tamborilava de maneira frenética e ritmada na mesa, sua cabeça estava levemente encostada na parede e as palavras de Elfman, seu professor, chegavam como ruídos inaudíveis a seus ouvidos.

Suspirou sonhadoramente, se tudo desse certo aquele dia mudaria para sempre sua vida. Se tudo desse certo – e ela tinha plena convicção de que daria – ela começaria a namorar seu amado Gray-sama.

Como Juvia estava ansiosa!

Bom, definitivamente aquele dia mudaria a vida.

Mas não da maneira que ela imaginava.

O tão esperado sinal anunciando o intervalo tocou. Desnecessário comentar a massa estupidamente grande de alunos que tentavam, ao mesmo tempo, sair da sala de aula.

- Juvia – Erza Scarlet, uma das melhores amigas de Juvia, pronunciou – Você tem mesmo certeza do que está prestes a fazer?

- Sim, Juvia tem certeza! – A Loxar sorriu – Amanhã é o dia em que Gray – sama se forma! Esse é o ultimo dia em que Juvia tem para se declarar! Juvia não pode perder a chance!

            Erza passou as mãos pelos longos cabelos avermelhados, preocupada com o rumo que as coisas poderiam ter.

- Bom, se você está mesmo decidida – A Scarlet soltou o ar pela boca – Então desejo-lhe sorte, embora eu, sinceramente, não veja nada demais nele.

- Gray – sama é perfeito – Os olhos dela brilharam – Além de ser inteligente e bonito toca numa banda de sucesso! Gray – sama é um príncipe encantado.

            Erza revirou os olhos, desistindo de entender a amiga.

- Bom, de qualquer forma, se eu fosse você, iria logo a procura dele.

            Sem nem pensar duas vezes Juvia foi a procura dele.

            Ah, como ela se machucaria naquele dia.

...

            Sinceramente?

            Gray Fullbuster não estava tendo um dia bom.

            Primeiro, ele acabara de saber que não fora aceito em nem uma faculdade e Lyon, seu irmão de criação, não o parava de encher seu saco por causa disso, como se ele precisasse de lembrete.

            Segundo, Natsu, seu melhor amigo e companheiro de banda, estava ficando cada vez mais insurpotavel – se é que isso era possível – e a cada meia hora fazia uma nova besteira, que iam desde faze-lo chegar atrasado na primeira aula até mete-lo em uma briga na escola.

            As coisas não podiam ficar piores, não é?

            Podiam.

            É claro que podiam.

            Era por isso que agora, em seu precioso intervalo, ao invés de estar na cantina se empanturrando de comida ele estava em um dos únicos locais ao ar livre reservados na Magnolia School encarando uma garota – qual era mesmo o nome dela? – que estava mais vermelha do que tomate.

            Suspirou, a única coisa que ele queria era se entupir de comida e cabular a aula.

- Você que me chamou para conversar, o que você quer?  - grunhiu, grosseiro e impaciente.

- B-bom – Juvia estava mais vermelha do que os cabelos da Sacarlet, batia de forma fraca os dedos indicadores em um gesto que seria considerado fofo pela maioria das pessoas – É que amanhã Gray- sama vai se formar e Juvia queria – Parecia que ela ia desmaiar – J-juvia queria dizer que... Que gosta do Gray- sama!

            O garoto a encarou, estático, por alguns minutos que mais pareciam séculos para a menina apaixonada.

            E então fez algo que ela nunca esperaria nem em seus maiores pesadelos.

            Riu.

            Ou melhor.

            Gargalhou.

- Fala serio – Colocou as mãos na barriga – Não acredito que você me fez perder meu tempo.

- É... É que J-juvia... D-des-desculpa...J-juvia...

- Como se eu – Interrompeu o fluxo desconexo de palavras da garota – Eu fosse querer ter alguma coisa com uma garota estranha e ridícula como você! Uma garota que fala em terceira pessoa, é nerd, feia e não tem vida social!– Balançou a cabeça – Faz um favor? Ponha-se no seu lugar!

            A Loxar deu um passo para traz, incrédula.

- Serio, como você achou que  um cara pudesse gostar de você, sua estranha? – Virou as costas – Sinceramente? Se você quer que alguém goste de você aja

como uma pessoa normal! E me deixe em paz!

            Dito isso o Fullbuster fora embora.

            Naquele momento começou a chover.

            Juvia estava estática, lagrimas grossas, que se fundiam com as gotas grossas de chuva, escorriam de seus olhos. Ela não conseguia falar, não conseguia sair dali, não conseguia fazer nada.

            Nesse dia ela aprendeu como a chuva podia ser consoladora.