Perdida Em Seu Olhar - (Finalizada) escrita por Eu-Pamy


Capítulo 4
Capítulo 3 - Seus olhos brilham, mas não me vêem.




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Capítulo três. – Seus olhos brilham, mas não me vêem.

- Sim, está certo.  Eu anotei o endereço. Não se preocupe, eu estarei lá. Muito obrigado e tenha um bom dia o senhor também. Tchau.

Desliguei o telefone, olhei para o papel em minha mão e então o entreguei para Silvia.

- É esse o endereço. Teremos que estar lá três horas da tarde. O advogado já estará nos esperando. – Informei.

- O menino estará lá também? – Ela perguntou.

- Não sei. Só sei que ele o buscou hoje de manhã.

- Ele já está sabendo? – Perguntou Matheus.

- Creio que sim.

- Coitado. Deve ter sido um choque enorme... Nenhuma criança deveria passar por isso. – Disse Silvia, olhando para Matheus.

Ele apertou sua mão.

- Não se preocupe querida, ele vai ficar bem.

- Vivendo em um orfanato? Duvido muito! – Retrucou.

- Não sabemos ao certo se isso irá mesmo acontecer. Se tivermos sorte, encontraremos um parente maior de idade que possa assumir a guarda dessa criança. Não posso acreditar que Anabela ficou esse tempo todo sozinha... Ela deve ter um namorado ou noivo. – Falei com sinceridade.

- Deus queira que sim. – Disse ela.

- Se é para estarmos nesse endereço às três horas é melhor já irmos. Não quero pegar transito. – Falou Matheus.

- Você conhece esse endereço? – Perguntei.

- Sim, é uma avenida do centro. Já estive por lá algumas vezes.

- No centro? Hum, então é perto. Se nós sairmos agora chegaremos sedo demais lá. – Disse Silvia.

- Sim, querida. Mas prefiro chegar sedo demais do que tarde demais. Além disso, eu preciso passar no banco. Com toda essa correria, acabei saindo de casa desprevenido.

- Bom, se é assim... – Murmurei.

- Fui só eu que percebi, ou mais alguém também notou que seremos apenas nós no funeral? Anabela deve ter amigos, não seria melhor avisarmos eles? Ela merece um funeral de verdade. – Falou Silvia.

- Não há tempo. O funeral será as cinco. A viagem daqui a São Paulo, que é onde ela estava morando, é muito demorada. Mas podemos chamar velhos conhecidos que ainda moram no Rio. Eu tenho o telefone de alguns. Posso ligar para eles no carro, assim não perdemos tempo.

- Por mim tudo bem. – Disse Matheus.

- Você vai no nosso carro? – Perguntou, deixando claro seu desagrado.

- Sim, mãe. Mas se você tiver alguma coisa contra, eu posso ir no meu, não tem problema nenhum.

- Imagina! Não há necessidade. – Falou Matheus. Silvia não disse nada.

- Vocês querem fazer alguma coisa antes de irmos? – Perguntei.

- Eu não e você querida?

- Eu também não. Mas Susan, acho que seria melhor você trocar de roupa, essa não está bonita. Está parecendo uma sem-teto. – Ela não podia perder a oportunidade.

- Claro, mãe, eu vou trocar.  – Falei forçando um sorriso. Ela era detestável.

- Isso mesmo. E por favor, não vista aquele seu vestido preto horroroso; estou cansada de ver você com ele em todos os eventos que vou.

- Claro. – Disse e então subi as escadas. Quando voltei, estava usando a minha calça jeans nova, uma jaqueta de frio e botas combinando. E mesmo assim, quando me viu, ela torceu o nariz, mas não disse mais nada a respeito.

Tranquei a porta de casa e entrei no carro. A chuva havia diminuído outra vez. Chegamos ao tal endereço às duas horas e vinte minutos. Matheus nos deixou na frente do escritório, e foi em direção ao banco, dizendo que depois de sacar o dinheiro iria procurar uma vaga ali perto para estacionar. Senti-me triste por estar sozinha com aquela mulher, e alivia por não ter mais que encarar a cara desaprovadora de Matheus. Entramos em silêncio no escritório.

- Boa tarde. – Disse a minha mãe para a secretária.

- Boa tarde. – Murmurei, sem sorrir.

- Olá... Boa tarde, no que posso ajudá-las? – Perguntou com um sorriso forçado.

A secretária era uma jovem ruiva, seus olhos eram castanhos e ela usava aparelhos nos dentes, reparei.

- Temos hora marcada com o advogado Emanuel. – Falei.

- Vocês não seriam as clientes das três horas, seriam?

- Sim, isso mesmo. – Disse Silvia.

- Nossa, vocês chegaram sedo, não são nem duas e meia. – Falou surpresa.

           Silvia sorriu. Ela sempre virava outra pessoa quando estava com desconhecidos.

            - Estávamos ansiosas para falar com ele. – Expliquei.

- E com medo de pegar trânsito. – completou.

- Ah, claro, muito bem pensado. Mas ele está atendendo outro cliente nesse momento, vocês se importariam de esperar um pouco?

- Não, não nos importaríamos. É até bom, porque estou esperando o meu marido chegar.

- Entendo. Então por favor, sentem-se e fiquem a vontade.

- Obrigado. – Falei, me sentando em uma das cadeiras. A secretária voltou sua atenção para o computador. Minha mãe se sentou em uma cadeira distante, e eu agradeci mentalmente por isso. Passei alguns minutos distraída, observando o escritório, depois decidi ler uma revista. Foi assim até que Matheus chegou.

- Boa tarde. – Disse assim que entrou.

- Boa tarde. Você está junto com elas? – Perguntou educadamente.

- Sim, isso mesmo.

- Ótimo. Bom, o Advogado está atendendo um cliente nesse momento.

- Tudo bem, eu espero. – Disse, se sentando ao lado de Silvia. A secretária sorriu e voltou ao computador.

- Aonde você estacionou? – Ouvi Silvia perguntar baixinho. Continuei lendo a revista.

- Achei uma vaga aqui perto. – Falou.

- Que horas são?

Ele olhou no relógio de pulso.

- Duas e quarenta.

- Ótimo. – Disse.

Ficaram em silêncio por uns cinco minutos. Eu estava lendo o resumo de algumas novelas.

- Você acha que a Eliane vai para o enterro? – Perguntou.

- Você a avisou?

- A Susan ligou para ela no carro.

- Então acho que sim.

- Eu não sei não... Do jeito que aquela ali é metida...

Ficaram mais um tempo em silêncio.

- As minhas costas estão me matando... Preciso ir ao médico para ver o que é isso.

- Você deve ter forçado as costas limpando a casa.

- Deve ser.

Mais silêncio.

- Precisamos contratar uma empregada. Estou ficando velha. – Falou depois de alguns minutos.

- É verdade.

- Que precisamos contratar uma empregada ou que estou ficando velha?

- Que precisamos contratar uma empregada.

- Mas eu não sei não. Não gosto da idéia de ter uma pessoa desconhecida dentro da minha casa mexendo em tudo.

- É fácil, é só não contratar.

- Ah, claro, é fácil para você falar, já que não é você que se mata limpando tudo! 

Eu não entendo como ele consegue agüentá-la...

- Querida, vamos conversar sobre isso depois?

- Tudo bem...

Trinta segundos depois.

- A Alice despediu a empregada dela. – Falou.

- É mesmo? Por quê?

Suspirei.

- Ela disse que é porque a coitada falta muito, mas eu sei que é mentira.

- Sabe como?

- Eu sei, ué. A verdade é que ela está sem dinheiro para pagar o salário da empregada, e arrumou essa desculpa para despedir a coitada por justa causa, assim ela fica sem direitos nenhum.

- Ela te disse isso?

- Não, mas não é segredo para ninguém que o marido dela está com medo de ser despedido.

- Quem? O Fernando?

- E ela tem outro marino?

- Não, mas...

- Bom, vai saber né. Do jeito que esse mundo está moderno eu não duvido nada que tem outro macho. Será que é por isso que o casamento deles está tão ruim?

- Eu não sei.

- Deve ser.

Um minuto depois.

- Que horas são?

- Três horas e dois minutos.

- Hum... Será que vai demorar mais?

Eu realmente espero que não!

- Não sei querida.

Dois minutos depois um homem saiu de uma sala, ele estava sério, me perguntei se aquele era o advogado.

- Muito obrigado... Tchau. – Disse para a ruiva, e então foi embora.

Ela esperou alguns segundos, e então levantou e entrou na sala que o homem havia acabado de sair.

- Ai, finalmente. Estou cansada de esperar! – Disse Silvia.

Cansada estou eu de escutar ela reclamar.

A secretária voltou.

- O Doutor Emanuel já está pronto para recebê-los, por favor, me acompanhem.

Ela nos levou até a sala. Abriu a porta e deu passagem para que passássemos. Lá havia um homem sentado atrás de uma mesa. Ele era um senhor de idade, mas transmitia ser uma pessoa muito sabia.

- Pode ir Jéssica, muito obrigado. – Disse para a secretária, sua voz era rouca. – Olá. Muito prazer em recebê-los aqui hoje. Eu sou o senhor Emanuel. – Disse assim que a ruiva saiu, se levantando e erguendo a mão para nos cumprimentar.

- Eu sou a Senhora Cllaus, muito prazer. – disse Silvia, apertando a mão dele.

- Eu sou Matheus, marido dela. – Disse.

Ergui meu braço e apertei a sua mão.

- E eu sou Susan Cllaus, muito prazer em conhecê-lo.

- O prazer é todo meu. – Falou. – Por favor, sentem-se.

Havia três poltronas na frente da mesa dele, cada um sentou em uma.

- Como vocês sabem, chamei os senhores aqui para falarmos sobre a situação do menino Lucas, pois vocês são os únicos conhecidos próximos à senhorita Anabela que encontramos.

- Sim, isso mesmo. – Concordou Silvia. – Ela era como uma filha para mim.

- Entendo. – Ele fez uma pausa – Essa é uma situação muito triste. Pela mãe dele ter falecido e ele não conhecer o pai, a guarda dele ficaria por lei para o parente se sangue mais próximo ao menino, no caso, um avô ou um tio, mas não foi encontrado ninguém que pudesse tomar esse papel.

- A onde está querendo chegar? – Perguntei.

- Por vocês não manterem nenhuma ligação sanguínea com o garoto e por não haver nenhum testamento ou documento que prove qual a vontade da mãe, o garoto Lucas Rodrigues de nove anos deverá ir para um orfanato.

- Mas... – Começou Silvia.

- Não é possível. A Anabela não tem nenhum noivo ou namorado que possa servir de tutor? – Perguntei.

- No caso, apenas um marido ou noivo poderia conseguir a guarda do menino, mas não foi encontrado nem um e nem outro.

- Mas por sermos amigos da mãe, não teremos preferência à guarda dele?

- Sem um testamento, não. A lei é muito clara quanto a isso.

- Mas isso não é justo! – Disse Silvia.

- Senhora, eu não criei a lei, sou só um representando dela.

- Para qual orfanato ele será levado? – Perguntou Matheus.

- Isso ainda não foi decidido.

- Como funciona esse negócio de adoção?

- Eu lamento dizer, mas vocês poderão até tentar, mas é quase impossível que vocês consigam adotar esse menino. Existem milhares de casais esperando na fila... Demoraria muito tempo e até lá o menino já poderá ter sido adotado por outro casal. Ele tem nove anos, o que complica tudo ainda mais. Na atualidade, são pouquíssimos casais que aceitam adotar um adolescente.        

- Mas se nós o queremos, então por que temos que entrar na fila?

            - Por que damos preferência aos casais que estão esperando há mais tempo. Existem casais que esperam três anos por uma criança.

            - Três anos? Isso é um absurdo! – Minha mãe parecia completamente enfurecida.

- É a lei senhora.

- Essa lei é uma porcaria! – Gritou.

- Eu lamento.

- Então você nos chamou aqui só para dizer que não tem nada que possamos fazer? – Perguntei.

- Como eu disse, vocês podem tentar conseguir a guarda...

- Podemos tentar, mesmo que seja impossível, não é? Porque quem vai perder tempo somos nós e não você, não é? Isso é uma palhaçada! – Ela definitivamente não estava bem.

- Silvia, se acalme, por favor.

- Me acalmar Matheus? Como você pode pedir para eu me acalmar? É da vida de um garoto que estamos falando! O futuro dele! Não podemos agir como se isso fosse normal! Ele perdeu a mãe e agora vai ser obrigado a ir para um orfanato, mesmo sabendo que jamais será adotado, pois já tem dez anos! – Ela não falava, ela gritava.

- Nove anos...

- O que? – Perguntou enfurecida.

- Ele tem nove anos. – Disse o advogado.

- AH, MAS EU VOU TE MOSTRAR QUEM TEM NOVE ANOS AQUI! – Ela se levantou e foi para cima dele.

Por favor, me fala que isso não está acontecendo...

- SILVIA! – Gritou Matheus, tentando segura-la.

- Por favor, senhora se CONTROLE! A SENHORA ESTÁ DESCONTROLADA!!

Não, isso não está acontecendo.

- VOCÊ AINDA NÃO VIU NADA! – Ela tentava se livrar dos braços de Matheus.

- Mãe, pare com isso! Está agindo como uma selvagem!

- CALA BOCA VOCÊ TAMBÉM! E pelo menos eu não me visto como uma!

Controle-se Susan... Controle-se... Se você matar ela, você vai presa... E ninguém quer que isso aconteça. Respirei fundo.

De repente, ela pareceu se acalmar, o que me deixou ainda mais assustada.

- Olha aqui senhor, eu só não vou encher essa sua cara de tapas, porque eu sou uma dama. – Senti a raiva em sua voz. – Agora vamos Matheus, eu não quero mais olhar para a cara desse senhor.

- Sim, querida. Estaremos esperando no carro. – Disse, olhando para mim.

- Me desculpe, por favor, eu não sei o que deu nela... – Falei, quando eles saíram. O advogado se sentou na cadeira, estava muito pálido.

- Tudo bem. – Ele forçou um sorriso. – Você não faz idéia de como é comum isso acontecer aqui...

- Ela não é assim. Me desculpe, ela estava descontrolada. Com certeza ela irá se arrepender depois.

- Tudo bem. Ela só estava nervosa. Isso só prova que ela gosta muito desse menino.

Fiquei envergonhada.

- Bom... Na verdade, até ontem nós não sabíamos da existência dele...

- Sério? – Ele pareceu surpreso.

- Sim, mas gostávamos muito da mãe dele, então é como se ele já fosse da família.

- Eu entendo e admiro isso.

Fiquei cabisbaixa.

- Não tem nada mesmo que podemos fazer? – Murmurei, minha voz estava triste.

- Não, sinto muito. Estou nesse negócio há muito tempo e sei do que estou falando. Quando disse que é quase impossível vocês conseguirem, não estava tentando ser desagradável, mas é que já vi muitos casos como esse e todos acabaram do mesmo jeito.

Senti a frustração tomar meu corpo.

- Eu entendo. Muito obrigado Doutor... Eu fico agradecida pela franqueza. Outra vez, desculpe pela minha mãe. – Suspirei. – Acho que não tenho mais nada a perguntar... – Eu me levantei.

- Bom... – Ele começou. – Você disse que não sabia desse garoto até ontem, não é mesmo?

- Sim.

- E suponho que você não deve ter visto ele pessoalmente, não é?

- Sim, está correto. Mas por quê?

- Bom, ele está aqui, você gostaria de vê-lo?

Meu coração acelerou.

- O que? Ele está aqui?

- Sim... Achei que vocês iriam gostar de falar com ele antes do funeral... Para reconfortá-lo um pouco.

- Sim, é claro que eu quero vê-lo!

Ele sorriu.

- Ótimo. Ele está na sala ao lado, esperando. Vou levá-la até lá.

- Tá, tá bom...

Caminhei atrás dele o tempo todo, sentindo a ansiedade aumentar. Aquele era o filho da Anabela... O filho dela... Quando pequenas eu e ela jurávamos que seriamos a madrinha dos filhos da outra, o que é claro não aconteceu de verdade, apesar de eu já sentir uma forte ligação com esse garoto. Anabela era especial, então o filho dela também devia ser.

- Ele não é muito de falar... – Avisou.

- Tudo bem.

O velho advogado parou em frente a uma porta, esperou até eu alcançá-lo e então abriu a porta. Ele me deu passagem e eu entrei. Ela uma sala grande, mas com poucos móveis. Suas paredes eram brancas e havia uma janela em uma delas. Havia três poltronas e dois grandes sofás, além de muitas revistas espalhadas em cima de uma mesinha de vidro. Dava-me a impressão de que estava sendo reformada.

- Olá Lucas. Essa aqui é a Susan, ela é amiga de sua mãe e gostaria de conversar com você. – Falou Emanuel para um menino que estava sentado em um dos sofás. O menino não olhou para nós, estava muito entretido olhando algo pela janela. Parecia até que ele não havia notado a nossa presença.

Emanuel suspirou.

- Bom... Acho que vou deixá-los sozinhos. Qualquer coisa, estou na sala ao lado. – Disse para mim. O menino nem se mexeu. Assenti. Esperei até que ele saísse para então me aproximar mais.

Ele tinha a mesma cor de pele de Anabela...

Sentei no sofá que ficava de frente ao que ele estava sentado, para poder vê-lo melhor. Olhei para a janela, não havia nada ali que pudesse distraído daquela forma tão assustadora. Ele deveria ser muito tímido. Eu esperei ele olhar para mim, mas ele não olhou.

O nariz também é muito parecido... Percebi.

- Você já reparou que as nuvens parecem dançar no céu?

Assustei-me quando escutei a sua voz. Fiquei sem saber o que dizer. Olhei novamente pela janela. O céu? Era isso que ele tanto olhava?

- Sim, e é uma coreografia muito bonita. – As palavras escaparam da minha boca. Ele continuou a encarar o céu... Percebi então que havia um brilho misterioso no seu olhar... Um brilho que eu nunca havia visto. – Você quer ser dançarino? – Não sabia da onde a pergunta havia surgido.

- Não, pintor.

- Você deve ser um ótimo pintor.

- Nem tanto.

Suspirei. Não sabia o que dizer. Ele era só uma criança... Uma criança que tinha acabado de perder a mãe.

- Sinto muito pelo que aconteceu com a sua mãe.

Eu esperei que ele começasse a chorar ou coisa parecida, mas ele não o fez.

- Não sinta. – Disse. – A minha mãe morreu, mas o espírito dela continua vivo. E você só pode sentir pena dos que ainda estão vivos e não dos que já morreram.

Fiquei surpresa.

- Sei que ela deve estar em um lugar muito melhor.

Foi então que pela primeira vez, ele olhou para mim. Senti um arrepio subir pela espinha.

- Qual o seu nome? – Ele perguntou. Seus olhos... Eles eram iguais aos dela... Completamente iguais. Parecia que eu estava a vendo na minha frente...

- Susan... – Falei com a voz fraca.

- Susan do que?

- Susan Cllaus, e qual o seu? – Eu sabia qual era o nome dele, mas queria escutá-lo dizer.

- Lucas... Lucas Mordinalle Rodrigues.

Assustei-me.

- Mordinalle? – Perguntei. Ele assentiu.

- Esse era o nome do meu tio, minha mãe me deu para homenageá-lo.

- Eu sei, eu o conheci. Ele era um bom homem.

- É o que a minha mãe sempre me dizia.

- Você não o conheceu?

- Sim, mas não me lembro... Ele morreu logo depois que eu nasci. Só o conheço por fotos.

- Entendo...

Ficamos em silêncio.

- Bom, Lucas, é um prazer conhecê-lo. – Falei com sinceridade, ergui a mão para cumprimentá-lo, ele não se mexeu. Envergonhada, comecei a abaixá-la, mas para a minha surpresa ele a segurou antes disso.

A mão dele estava gelada. Muito gelada.

- Também é um prazer conhecê-la, Senhorita Cllaus.

Sorri, mas ele não sorriu.

Havia algo de estranho naquele garoto... E isso me intrigava.


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Notas finais do capítulo

Oi? Tem alguém ai?



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