Outlying. escrita por LittleBitOfSemi


Capítulo 5
Capítulo 4: It's okay not to be okay.


Notas iniciais do capítulo

Bom, eu poderia inventar 9283792874982743 motivos pra não ter postado antes, eu realmente fiquei 3 semanas sem internet e tal, mas isso não é motivo, então eu peço desculpa pela demora e tá aí o capítulo pra vocês, sem mais. Boa leitura.



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New York, 06:00 AM, segunda-feira. Selena.

Desliguei o celular por completo antes de virar-me na cama e voltar a dormir. No domingo a noite havia tido uma briga violenta com a minha mãe e não estava com ânimo para ir ensaiar ou fazer qualquer outra coisa parecida que pudesse me forçar a sorrir. Demorei um pouco para pegar no sono outra vez e acabei dormindo demais, pois fui acordada por dedos delicados que esfregavam a linha da minha coluna em uma massagem leve. Virei-me na cama estranhando o acontecimento e abri os olhos lentamente, deparando-me com Ashley sentada próxima a mim. Quando percebeu que havia me acordado, a garota abriu um pouco mais os olhos e voltou a ficar com a coluna ereta, pigarreando alto antes de levantar-se da cama.

 - Eu não queria te acordar. – sorriu um pouco tímida –

- Tudo bem, Ash. O ensaio já acabou? – franzi o cenho antes de esfregar os olhos –

- Sim, você dormiu bastante. – estiquei os lábios em um sorriso – Taylor, Naya, Agatha, enfim... Todas perguntaram por você. Agatha tentou te ligar, mas seu celular deu desligado e como Taylor tinha algumas coisas para resolver hoje eu decidi vir até aqui. Tudo bem?

- Claro, Ash. Você sabe que sim. – encarei os olhos azuis, que pareceram dispersos por alguns segundos –

- Bom... Eu só vim ver se você está bem, acho que é melhor eu ir indo. A sua mãe não pareceu muito feliz em me ver. – ri baixo com a expressão amedrontada da garota – É sério, ela fez uma cara tipo “Você que é a tal da Ashley Benson? Vai lá, Selena está dormindo.” Eu fiquei assustada.

- Ela é assim mesmo, não precisa ter medo. – dei de ombros e suspirei quando senti os braços finos envolverem minha cintura em um aperto reconfortante – Obrigada por se preocupar.

- Você não está bem, não é? – Ashley deslizou a mão através do meu braço até tocar enroscar nossos dedos –

- Nada que não vá passar uma hora ou outra. – fechei os olhos quando senti que lágrimas se formaram nos mesmos –

- Selena, eu não sei o que houve, acho que já imagino porque já vi algumas marcas no seu braço, mas... Está tudo bem não estar bem, sabe? – balancei a cabeça em concordância e mordi meu próprio lábio inferior ao conter o choro – Você sabe que eu sou uma grande fã da Jessie J, e essa música sempre me ajudou quando eu precisei. Se resolver escutar, você sabe... – por estar de olhos fechados não consegui sentir a aproximação da garota – Lembre de mim. Eu vou estar aqui por você.

Precisei lutar contra as lágrimas que escorreram involuntariamente e assim que Ashley saiu, voltei para o quarto e me permiti chorar o quanto quisesse. Não havia motivos para esconder o quão mal eu estava, afinal. Encontrei na primeira gaveta do móvel de cabeceira um fone de ouvido e conectei-o ao celular antes de ligar o mesmo. Antes que pudesse chegar ao nome J recebi diversas mensagens sobre ligações perdidas, duas mensagens de Taylor, uma da Naya e incrivelmente duas de Demi. Abri todas as outras primeiro apenas para constatar que perguntavam onde eu estava e se não iria para o ensaio, e enfim abri a primeira de Demi. “Bom diaaaa!” Um sorriso fraco formou-se em meu rosto e suspirei antes de ler a segunda mensagem. “Já desistiu de me amar? Tão fácil assim?   ;(“ Balancei a cabeça negativamente ao questionar-me se poderia haver outra pessoa tão fofa no mundo quanto Demi, e automaticamente tive a resposta pelo celular tremendo em minhas mãos ao denunciar uma ligação da mesma. Sentei-me na cama instantaneamente apertando o celular com ainda mais força e ao atender, levei-o diretamente ao ouvido, porém não disse nada.

- Alô? – fechei os olhos com a sensação de alívio que tomou meu peito ao ouvir a voz melodiosa – Você não vai dizer nada, não é? – riu baixo – Nem um oi? Você não pareceu tímido quando mandou mensagem ontem, sabia? – riu novamente – Bom, de qualquer forma só queria saber se você ainda estava vivo, agora já sei que desistiu mesmo de me amar... Uma pena, mas vou respeitar sua decisão, tudo bem? Tchau.

Quando a ligação foi encerrada a primeira coisa que me ocorreu foi gargalhar, e então reuni a pouca vontade que me restava e digitei uma mensagem. “Não desisti de te amar, princesa. Tive problemas sérios em casa ontem, e desliguei o telefone pra ninguém incomodar.” Fui até o banheiro ainda com o celular na mão, tirei a roupa e liguei o chuveiro na água mais fria possível, sentindo que em algum momento os arranhados em meu braço e costa começaram a arder. Aproveitei para lavar o cabelo depois de sair do banho e colocar minha roupa, peguei a tesoura e fui para a frente do espelho aparar as pontas do mesmo, mordendo o lábio inferior ao constatar que o corte havia ficado bom. Peguei o celular em meu bolso e toquei o dedo na tela, expondo a nova mensagem. “Quer conversar sobre?” Balancei a cabeça negativamente e suspirei ao sentir novas lágrimas se formando em meus olhos. “Na verdade não. Você já deve ter seus próprios problemas...” Abri a porta do quarto e dei passos lentos até a cozinha, encontrando o vazio e uma bagunça extremamente grande, mas driblei tudo aquilo e peguei uma maçã, voltando diretamente para o quarto. Fazia um dia extremamente quente em Nova York aquele dia, acabei ligando o ar condicionado enquanto assistia um desenho qualquer que era exibido na Disney. Tornei a pegar o celular e li a nova mensagem de Demi. “Só porque eu tenho meus próprios problemas não posso querer ajudar? Talvez VOCÊ não queira ajuda...” Ergui a sobrancelha esquerda ao sentir a chateação da garota por eu ter excluído-a dos meus problemas. Incrivelmente aquilo me fez rir. Se Demi soubesse que o anônimo perfeito era uma garota, ela com certeza não faria tanta questão de participar da minha vida. Antes que pudesse responder a mensagem, meu celular vibrou em minhas mãos e na tela o nome “Nick” tremia de um lado para o outro.

- Alô? – suspirei ao constatar que era Nick. –

- Pensei que fosse Demi. – ri fraco – Oi Nick.

- Oi Sel. – ouvi a risada vinda do outro lado – Como você está?

- Relativamente bem, e você?

- Eu estou bem. Aconteceu alguma coisa? – Nick tentou disfarçar a preocupação –

- Você está perto dela? – levei o indicador diretamente a boca, começando a roer a unha do mesmo –

- Não, nós vamos nos encontrar daqui a pouco.

- Eu e minha mãe brigamos ontem e enfim, ela me agrediu, eu não dormi direito e acabei faltando o balé hoje. Eu ODEIO faltar o balé. – respirei fundo –

- Mas só um dia faz diferença? – Nick riu divertidamente, o que me fez rir também –

- Na verdade não, mas é a única distração que eu tenho. – mirei o teto enquanto passava a mão pela barriga –

- Hmmm... E como andam as coisas com Demi? – perguntou risonho –

- Nick! Não andam, pare com isso. – senti meu rosto esquentar consideravelmente –

- Eu estou parado. – ficamos em silencio e então o garoto gargalhou – Desculpa, mas isso é hilário. Enfim, preciso desligar, mas tente ficar bem... Se quer um conselho, a Demi é ótima em ajudar as pessoas. Sem brincadeiras nem nada, talvez ela te faça chorar apenas por saber que você vai se sentir melhor depois.

- Tudo bem, vou pensar sobre isso. – fechei os olhos e virei-me de bruço –

- Então até outro dia, Sel.

- Até, Nick. Beijo.

Los Angeles, 18:00 PM, terça-feira. Demetria.

O som do relógio parecia cada vez mais alto em meus ouvidos, tornando minha dor de cabeça ainda maior e mais insuportável. Respirei fundo enquanto aguardava ser chamada pela assistente do Simon. Nossa reunião estava marcada para 17:00 e eu já estava aguardando a uma hora. Não que eu me importasse em esperar, entretanto desde ontem quando soube que meu “anônimo” havia tido problemas em casa eu estava estranhamente inquieta e incomodada, e o pior é que ele insistia em não me deixar ajudar. Suspirei pesadamente quando meu celular vibrou em resposta a mensagem que eu havia enviado. “Nada do Simon?  .-.” Levei a dobra do dedo indicador a boca, mordendo o local com força antes de levar as duas mãos novamente ao celular e digitar. “Nada, e o pior é que a minha cabeça ta achando que é bomba de Hiroshima e ta prestes a explodir.” Desviei o olhar para a recepcionista, que parecia séria demais para o meu gosto. Levantei-me e fui até o bebedouro, enchendo um copo com água e virando todo o conteúdo de uma só vez. “KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK    como é besta rs   mas por que a dor de cabeça, ta ansiosa?” Revirei os olhos como se fosse a conclusão mais óbvia a qual ele poderia chegar e prendi o copo entre os dentes, voltando as duas mãos ao pequeno aparelho. “Um pouco... Mas eu também tô meio preocupada com outras coisas e acaba me deixando assim... Tô mega inquieta desde ontem, sabe?”

- Você é a Demetria? – questionou-me a recepcionista com um olhar superior –

- Sim, sou eu. – desviei os olhos do celular rapidamente –

- O Simon falou muito bem de você, disse que seu talento é admirável. – ergueu uma sobrancelha ao dar um sorriso cínico – O Simon não costuma elogiar muitas pessoas.

- Exato. Eu não sou muitas pessoas. Eu sou Demi Lovato.

No momento em que a garota estava prestes a dizer algo, Simon apontou no fim de um corredor e sorriu, caminhando em passos lentos até envolver meu corpo num abraço rápido. Troquei um olhar com a recepcionista e a mesma suspirou, parecendo conter um turbilhão de desaforos.

- Não quero receber nenhuma ligação, e se possível não quero que ninguém bata na minha porta.

Percorri um longo corredor com Simon até estarmos dentro da sala do mesmo, onde haviam vários sofás despostos em posições estratégicas e uma mesa grande. Simon sentou-se em uma das poltronas acolchoadas e apontou a poltrona oposta onde eu deveria sentar.

- Bom, geralmente as pessoas vem até mim e pedem uma chance para cantar, mas não é bem o caso agora. Você acha que consegue cantar algo?

- Eu consigo... Eu tô um pouco nervosa, mas acho que posso cantar. – sorri fraco –

- Você acha que consegue cantar American Honey? Você conhece Lady Antebellum? – as sobrancelhas de Simon ergueram-se em dúvida –

- Eu... Eu... Sim, eu amo Lady Antebellum. – estremeci com a sensação de tensão instalada no ambiente –

- Então vamos lá, vamos ouvir. Antes tome isso. – Simon estendeu um pequeno copo com um líquido transparente dentro do mesmo – É para limpar suas cordas vocais.

Ao ingerir o conteúdo do copo, senti meu corpo tremer por completo. Era insuportavelmente amargo e gelado, e meu esforço para não deixar evidente o quão aquilo era ruim foi em vão, já que Simon gargalhou provavelmente diante da careta que eu havia feito. Respirei fundo e fechei os olhos, tentando imaginar-me em uma situação menos tensa.

- She grew up on the side of the road, where the church bells ring and strong love grows, she grew up good, she grew up slow, like American honey… - estava tomando ar para recomeçar quando Simon estendeu a mão –

- Tudo bem, já pode parar. – franzi o cenho temendo o que viria a seguir – Eu vou fazer alguns contatos, preparar alguns compositores, resolver algumas outras pendencias e te ligo, mas posso te adiantar uma coisa... – Simon levantou-se e eu fiz o mesmo – Você está pré-contratada. Quando você pode vir aqui assinar os papéis?

Ao mencionar a palavra “contratada” Simon despertou em mim uma reação inesperada. Eu passei da garota totalmente controlada ao desequilíbrio total e foram precisos alguns minutos para que eu tivesse força para responder a simples pergunta que o homem diante de mim havia feito. Combinei de encontra-lo na próxima sexta para acertarmos o que faltava, eu assinaria o contrato e então começaria a pensar em letras, melodias, divulgação e todo o resto. Simon deixou bem claro que para uma cantora como eu chegar ao sucesso levaria no mínimo dois anos, mas quem se importaria? Eu estava assinando um contrato com a gravadora de Simon Cowell e aquilo já era o máximo para mim! Ao sair da gravadora peguei o celular e liguei para Nick, Joe, Kevin, Bridgit, Lauren e Hanna e combinei de irmos todos a uma pizzaria qualquer comemorar o meu contrato. Antes de chegar lá tive tempo de ler as duas mensagens que meu anônimo havia enviado. “Simon chegou?” e a outra “Pelo visto sim. Espero que dê tudo certo, princesa. Boa sorte. “ Levei o celular diretamente ao coração, suspirando rapidamente antes de digitar a resposta. “Adivinha quem tem um contrato para assinar sexta-feira com Simon Cowell?” Entrei no restaurante e pedi uma mesa para dez já esperando que minhas amigas levassem alguém, coloquei o celular no colo e mordi meu próprio lábio inferior ao ler a mensagem. “NÃO ACREDITO! VOCÊ CONSEGUIU, DEMI! PARABÉNS!” Senti uma mão tocar meu ombro, mas não me virei para ver pois já conhecia aquele toque de longas datas. Nick. “Eu consegui! Yay!” Cumprimentei Kevin, Bridgit, Lauren e Hanna com um abraço e dei um selinho rápido em Joe, seguindo Nick para fora do restaurante. 

- Me diz de uma vez, por que você não termina com o Joe? – o garoto a minha frente cruzou os braços na região do peito –

- Nick, não é assim... – suspirei – Você sabe, é namoro longo, nós somos amigos, dá trabalho pra terminar... – apertei o celular na mão ao sentir o mesmo vibrar –

- Eu não estou nem aí, Demi! Você sabe que eu sou totalmente contra esse namoro, eu quero ver você e Joe felizes, e acredite em mim, vocês nunca serão felizes juntos.

- Por que você diz isso? – franzi o cenho –

- Olhe só para vocês dois. Primeiro você, que não desgruda desse celular um só minuto enquanto deveria estar curtindo a companhia do seu namorado. Segundo, Joe sabe o quanto você luta para manter esse namoro e ele também sabe que o sentimento que você nutre por ele não é o suficiente. Vocês não precisam disso. – balançou a cabeça negativamente –

- Nick, eu... – mordi o lábio inferior antes de suspirar – Você está certo, mas também precisa entender que é complicado. Eu não quero ver o Joe mal, eu o amo e-  – fui interrompida pelo garoto –

- E nada, Demi! Vocês estão presos em algo que não é bom para nenhum dos dois, então faça acontecer ou eu mesmo vou acabar logo com isso. Você o ama, mas não o suficiente.

Observei Nick em silêncio enquanto mantive minha posição do lado de fora da pizzaria. Nunca pensei que seria pressionada pelo meu próprio cunhado para terminar o namoro, mas estava acontecendo, e eu estava ficando sem muitas opções.


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