Colecionadores De Segredos. escrita por Lioness


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Yo minna!
Então, meus queridos leitores, quero pedir muitas desculpas pelo atraso deste capítulo. Mas antes que comecem a me tacar pedras eu tenho um MOTIVO! Essas duas semanas foram muito turbulentas pra mim, tive prova a semana passada inteira, trabalhei na minha segunda fic (que estava mais do que atrasada) com a Eliana, e ainda recomeçou as provas de novo. Espero que me entendam.
Ah! E ainda tenho um aviso: esse final de ano vai ser complicado pra mim porque vai ser uma prova atrás da outra, então provavelmente os capítulos virão como este, no tempo limite que eu me impus, então por favor, me entendam, e aceitem minhas desculpas adiantadas. (mas isso não significa que sempre vou postar no tempo limite.)
Enfim, aqui vai mais um capítulo. Espero que gostem, este é especial. Boa leitura! XD



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Capítulo 9

O sol novamente surgia iniciando um novo dia de trabalho para os professores e um novo dia de aulas para os alunos. Em um dos quartos femininos se encontrava um enorme silêncio – exceto por alguns roncos pequenos e baixinhos vindos de certa garota loira – e diferente do normal, três camas estavam unidas e eram cobertas por dois lençóis – um azul bebê e outro lilás – e um cobertor, – vermelhos com pequenos detalhes em um rosa bem claro – erguidos por uma corda de lençol improvisada que estava amarrada, o que mais parecia ser uma “barraca”. Dentro dessa “barraca” havia três garotas – uma loira, uma morena e uma de cabelos rosados – deitadas dividas entre duas camas, – parece que elas se esqueceram de que tinha uma terceira – amontoadas e deitadas em posições variadas. A loira esta no meio com as pernas encolhidas, deitada de barriga para cima e um do braço em baixo da cabeça e o outro sob a barriga; a morena estava deitada na direita, virada para a loira, com as pernas encolhidas e agarrada ao seu travesseiro; a de cabelos rosados já estava virada de costas para a loira e estava na esquerda, com uma perna esticada e outra encolhida, um de seus braços estava em baixo do travesseiro enquanto o outro agarrava junto ao corpo um cachorrinho marrom de pelúcia. A garota mordia a pontinha da orelha do cachorrinho, deixando escorrer uma tênue linha de baba. Era uma cena engraçada de se ver.

As garotas dormiam um sono tranquilo, calmo, leve, o silêncio era tanto que se podiam ouvir perfeitamente os pássaros cantando o seu despertar do lado de fora das janelas, mas esse silêncio foi subitamente interrompido por um barulho estridente e alto, vindo de um pequeno despertador que estava envolvido no meio das cobertas e dos vários travesseiros e almofadas que ali estavam. As três garotas acordaram de súbito, assustadas e dando gritos. A morena deu alguns gritos finos enquanto se agarrava ainda mais ao travesseiro, a de cabelos rosados soltou logo seu cachorrinho de pelúcia também assustada enquanto a loira – apavorada – se agarrou as duas garotas pelos seus pescoços – as fazendo bater a cabeça – e começou a gritar, até que se deram conta de que o barulho, que não acabava nunca, vinha do despertador que a loira havia colocado para ficar mais fácil de acordar. Todas as três se agitaram a procura desse despertador, mas quando chegaram a conseguir desligar aquele barulho, tinham se mexido tanto que a barraca improvisada cedeu e caiu sobre elas. Elas saíram – com um pouco de dificuldade – do meio das cobertas rindo de seu pequeno rechame que havia sido prometido não sair daquele quarto.

A garota loira foi tomar um banho. Assim que entrou no banheiro e começou a sua cantoria, a garota morena puxou a amiga rosada – que estava ajeitando alguns cadernos – para um canto do quarto.


–-Hinata, o que foi? – a rosada disse com o cenho erguido.

–-Desculpe Sakura-san, mas é que preciso conversar com você um pouquinho. Acho que você é a melhor pessoa para me responder.

–-Responder...? Mas responder o que? – disse Sakura um pouco impaciente.

–-É que... Bem... Digamos que eu tenha uma quedinha por um garoto.

–-Hinata...

–-Eu não conheço o muito bem, mas com o tempo que passei com ele eu percebi que ele é um garoto incrível. Ainda está muito cedo para dizer que eu realmente gosto dele, mas, eu não sei. Ele me faz sentir bem.

–-Por mais estranho que pareça, você não é a única. – a rosada sussurrou de um jeito quase inaudível.

–-Disse alguma coisa Sakura-san?

–-Não, nada, bom, continue.

–-Então... Tem algo Sakura-san, algo estranho e...

–-Hinata, já pode ir tomar banho se quiser... – era a voz de Ino que cortou a garota morena. A garota loira viu as suas duas amigas em um canto e conversando e achou estranho – E-eu interrompi alguma coisa?

–-Não, não foi nada não Ino-san. Eu estava apenas conversando um pouco com a Sakura-san. É melhor eu ir tomar banho.

–-Ah, então...

–-Eu vou ir tomar banho também, se não acabo me atrasando. Ino pode terminar de arrumar esses cadernos aqui, onegai?

–-C-Claro.

–-Obrigada.

–-Só tome cuidado com a perna quando for tomar banho. – a garota falou baixinho.

–-Tudo bem mamãe.

Sakura soltou um pequeno sorriso de canto e foi na direção do outro banheiro. Assim que entrou olhou para si mesma no espelho. Reparou em suas olheiras devido à insônia da noite passada. Quando isso acontecia ela saia sorrateiramente do quarto e andava pelo colégio. Gostava de caminhar para todos os lados, nos corredores, na área de lazer e especialmente no jardim.

“— Mamãe! Mamãe! – uma pequena garotinha gritava alto e aos prantos quando escutou dois barulhos consecutivos e estrondosos. Ela via em estado de choque, sua mãe se apoiar no muro branco da sua casa e escorrer por ele, deixando assim um rastro de sangue carmesim.

A pequena garotinha ficou imóvel, apenas olhando aquelas cena. Ela tinha aproximadamente sete anos, e estava vendo sua mãe morrer, ali na sua frente. Não conseguiu reagir. Lágrimas escorriam intensamente pelo seu delicado rostinho de criança. Ela soluçava e engasgava com o próprio choro.

–-Mi-minha pequena, n-não c-chore. – a mulher tossiu forte, cuspindo sangue deixando um rastro por seu queixo que chegava a pingar em sua blusa clara, que agora estava manchada de vermelho – A mamãe v-vai fi-ficar bem. – ela tossiu mais um pouco – E-eu te a-amo muito mi-minha pequena.

Um carro derrapava e saia depressa, soltando mais alguns tiros, e toda aquela imagem começava de novo.”

Sakura retraia ao máximo esses flashes que voltavam a sua mente, eram pequenos flashes de seu pesadelo. Ela molhou seu rosto com um de água fria da torneira e tirou sua blusa, em seguida seu soutien rosa bem clarinho. Abaixou sua calça de pijama junto com sua roupa íntima ficando agora totalmente nua. Entrou no Box e temperou a água. Sentiu um pouco de dor quando a água escorreu pelos seus pontos, a fazendo gemer baixinho. Ela olhou para a gaveta onde guardava os primeiros socorros o que a fez lembrar novamente do seu pesadelo. Tentando tirar aquilo da sua cabeça ela se lembrou do que Hinata estava conversando com ela. Sakura não era idiota para não conseguir entender o que Hinata estava dizendo, também não era boba de criar ilusões amorosas sobre alguém que mal acabou de conhecer, mas não gostou de escutar o que a amiga estava dizendo. Achou bom serem interrompidas por Ino. A rosada se lembrava novamente daquele sorriso largo que o garoto loiro de pele bronzeada tinha. Ela soltou um pequeno sorriso de canto ao lembrar-se de como ele a assustou quando estavam na área de lazer e de quando caíram na piscina. Por mais estranho que pareça, ela se sentiu segura quando ele a abraçou e a emergiu. Também achava estranha a forma com que aqueles olhos azuis da mesma cor do céu em dia claro e com poucas nuvens há haviam cativado, a prendendo naquela imensidão azul em todas as vezes que olhou para eles. “Talvez nós nos encontremos por aí.” Ela pensou enquanto se ensaboava. Soltou um pequeno sorriso tímido, porém meigo.

–------------- xx --------------

Em um dos quartos da ala masculina, ao contrario do dia anterior, três pessoas já estavam de pé, se arrumando – inclusive certo loiro dorminhoco.

–-Já de pé Naruto? – perguntou um velho de cabelos brancos com a sobrancelha arqueada e um sorriso de canto.

–-Não quero correr hoje. – o loiro sorriu em resposta.

–-Jiraya-sama, quando o senhor vai começar a dar aulas? – indagou um garoto moreno enquanto vestia a blusa social de seu uniforme.

–-Ainda não sei quando vou dar aulas para sua turma, ainda estou ajeitando meus horários com a Tsunade, mas acho que será em breve.

–-Ero-sennin, você será professor de que? – Naruto perguntou enquanto ajeitava com a mão os seus cabelos rebeldes.

–-Literatura. Será bom ter um escritor famoso como um professor não é?! – o velho sorria.

–-Um escritor pornô?! Acho que nenhuma escola quer isso.

–-Cala a boca baka! – Jiraya tacou um copo no garoto loiro que pegou o copo com a mão – Além do mais, eu não escrevo pornô, escrevo romances para adultos. E não é só por... Quer dizer, romances para adultos, já escrevi outros tipos de livros também. – o velho fazia beicinho e cruzava os braços.

–-Só que não venderam – o loiro murmurou de um jeito quase inaudível.

–-O que disse?!

–-N-nada.

“Droga, esqueci que o Ero-sennin é velho, mas tem um bom ouvido.” Pensou o loiro. Sasuke assistia aquela cena soltando um pequeno sorriso de canto. “Como são irritantes.” Pensou o moreno enquanto terminava de se arrumar. Ele já estava acostumado com essas discussões. Jiraya havia sido um dos treinadores de Naruto e Sasuke quando eram crianças. Os professores eram sempre frios, e não se importavam nem um pouco com seus alunos, os forçando a treinar além do limite. Jiraya havia sido o professor mais amigável de todos, o único entre vários.

–-O que você vai fazer com esse celular? – perguntou olhando para um celular em cima da mesa de estudos – Não é de uma garota?

–-Ah, sim, é de uma garota e eu vou entregar para ela hoje.

–-Sei... Boa sorte. É melhor carregar essa balinha de menta com você. – Jiraya entregou a bala.

–-E-eu não vou b...

–-Aceita logo a bala baka! – disse Sasuke cansado daquela conversa.

Naruto não disse mais nada e pegou a bala. Ele a guardou no bolso e soltou um pequeno sorriso. No fundo ele queria que acontecesse, não entendia o porquê, a atração que sentiu por ela em todas as vezes que estiveram juntos foi muito estranha, mas no fundo ele sentia que não deveria se envolver com garotas tão cedo assim, especialmente ela. Por alguma razão, ele sentia por ela um sentimento forte, uma química, uma atração, sentiu uma leveza em todas poucas as vezes que estiveram juntos, se sentiu bem, um “bem” que nunca havia sentido em toda a sua vida, mas ao mesmo tempo, em alguma parte dele, sentia que algo sombrio estava por de trás dela, tinha algum receio, em alguma parte da sua consciência ele sentia uma desconfiança quanto a ela. Porém, essa parte era oprimida pela parte em que um sentimento forte o dominava quando estavam pertos.

–------------- xx --------------

Caminhava pelo corredor distraidamente, de olhos fechados e tinha os braços apoiando a parte de trás da cabeça. Soltou um profundo bocejo enquanto esfregava os olhos. Sabia o caminho para o refeitório de cor, por isso andava com seus olhos fechados de leve. Sempre escolhia um caminho por onde poucas pessoas passavam, assim não corria o risco de trombar em alguma. Bocejou novamente e levou a mão em seus cabelos os afagando. Hoje já era quinta-feira e o final de semana se aproximava. Não que isso mudasse muita coisa, mas gostava de passar as tardes em casa com seu amigo, olhar para o céu ou até mesmo jogar uma boa partida de shogi com seu pai.

Estava tão distraído enquanto caminhava para o refeitório que não escutou murmúrios de vozes femininas distantes, que cada vez foram ficando mais próximas até que se calaram de uma vez, no mesmo instante em que sentiu algo se chocar contra seu corpo.

–-Droga, olha por onde anda e...

–-Ino?

–-Shikamaru?! Por que você não me viu vindo?! – ela gritou nervosa.

–-Por que, você, não me viu vindo?!

–-Eu estava ocupada conversando. – ela bufou apontando para Sakura e Hinata.

–-Ah, tanto faz. – ele respondeu esticando os braços e voltando a andar.

–-Peça desculpas seu mal educado!

–-Ino-san, não precisa gritar assim. – Hinata pediu para a amiga.

–-Se quer tanto assim as minhas desculpas então aqui está: me desculpe. Mas da próxima, vê se ande por onde anda. Poderia dizer que anda distraída assim apenas para esbarrar nos garotos. Além do mais, você é que deveria me pedir desculpas, afinal eu estava a sua frente, você é que deveria ter me visto. – Ino escutou a tudo calada. As palavras dele saíram forte o suficiente para calar a garota e a deixar sem graça. – Ah! Bom, acho que eu não sou o mal educado aqui, afinal eu te ajudei. A propósito, está melhor agora? – ele perguntou parando.

–-Melhor? – a garota loira franziu o cenho – Melhor de que?

–-Ah, eu acho que eu já tinha te dito, o Shikamaru me ajudou a te levar para o quarto, na noite em que te achei bêbada. Ele se dispôs a te carregar no colo. Ele não se importou com o risco de os monitores o virem na ala feminina. Você não deveria ter falado assim com ele Ino-porca. – disse Sakura fazendo a amiga repensar suas palavras.

–-Shika... – a loira se aproximou um pouco do garoto – Me desculpe por ter falado daquela maneira com você. Quanto a sua pergunta, sim, estou bem melhor agora.

–-Não se preocupe Ino. Você é muito fácil de prever, sabia que iria me pedir desculpas. Sei que não resiste a mim. – ele virou seu rosto para ela e soltou um sorriso de deboche.

A garota ficou vermelha, tanto de vergonha quanto de raiva, quando escutou essas palavras. Sakura e Hinata riam enquanto Ino cerrava seu punho e estava se preparando para acertar um golpe forte na cabeça de Shikamaru. Ela parecia uma chaleira e estremecia de raiva por causa daquelas palavras tão ousadas e atrevidas.

–-Ora seu...! FILHO DA MÃE! – assim que terminou de dizer estas palavras ela acertou o golpe forte na cabeça do pobre Shikamaru que foi ao chão. Iria bater mais nele se não fosse segurada com dificuldade por Sakura e Hinata.

–-I-Ino-san, c-calma! Se lembre, suas f-famílias são amigas. Leve a amizade em con-consideração! – dizia Hinata enquanto segurava a cintura da amiga e tentava se esquivar das cotoveladas.

–-QUE SE DANE! – Ino rosnou em resposta e voltou a espernear e tentar atacar ao Shikamaru, que estava no chão um tanto quanto assustado.

–-INO! Se lembre de que ele te ajudou e foi gentil com você. Pelo amor de Deus, pare de agir assim! – Sakura praticamente implorou a amiga enquanto segurava seus braços. Recebia cotoveladas de Ino já que ela estava frenética.

–-Humpf... – Ino bufou enquanto voltava ao normal – Tudo bem. Não vale a pena, já que é uma mentira. – ela era solta pelas amigas aos poucos.

–-É melhor irmos então, não é Ino-san? – Hinata sorria de alivio que Ino não havia feito nada pior e que havia parado. Tinha levado algumas pancadas dos braços de Ino.

–-Sim. Vamos Hinata.

–-Não vem Sakura-san?

–-Eu já vou.

–-Tudo bem, te esperamos no refeitório. – Hinata disse e seguiu com Ino para o local. Ela acalmava Ino e tentava a tranquilizar.

Enquanto as duas garotas seguiam rumo ao refeitório, Sakura ajudou Shikamaru a se levantar.

–-Está bem?

–-Sim. – disse ele passando a mão sobre o local onde tinha sido acertado.

–-Você mereceu. Ela estava pedindo desculpas para você, diga-se de passagem, uma coisa muito difícil de ela fazer, e ainda zomba da cara dela?!

–-Eu já sabia que ela iria me bater.

–-Então porque disse mesmo assim?

–-Para comprovar o tanto que garotas são problemáticas. – ele respondeu. E para comprovar que o que eu disse não é totalmente mentira. – Shikamaru murmurou de um jeito tão inaudível que Sakura não escutou.

–-Sei... Bom, vou indo. Me acompanha? Só não garanto que não vou te bater.

–-Tudo bem, vou medir minhas palavras.

Os dois seguiram juntos para o refeitório.

–------------- xx --------------

Na entrada para o refeitório se formava duas filas para a entrada. Duas monitoras controlavam a entrada e preenchiam a ficha de presença. Naruto e Sasuke aguardavam a sua vez.

–-Pelo menos, desta vez não encontramos aquelas garotas irritantes. – Sasuke disse.

–-Aquela garota loira pode até ser, mas a Hinata-san é uma garota legal. Seu idiota, porque a tratou tão mal ontem?

–-Não te interessa.

–-Tudo bem, se o Teme não quer dizer por que ele é um idiota com as garotas eu não vou insistir mais.

–-Do jeito que você fala parece que se dá muito bem entre elas. – Sasuke murmurou e foi ignorado por Naruto.

Enfim chegaram a vez deles. Assim que entraram foram direto escolher o que iriam comer. Logo depois que escolheram algo, foram procurar alguma mesa vaga, o que foi um pouco difícil de achar.

Naruto olhava a todo instante para o celular feminino que levava no bolso. Sasuke reparou nisso.

–-Por que está mexendo tanto nesse celular, baka?

–-Não te interessa.

–-Querendo revidar?! Eu sei que esse é o celular da tal Sakura que você consertou, mas não há motivos para olhar pra ele a todo instante.

–-Eu estou apenas checando se está funcionando bem.

Sasuke o olhou com uma expressão de deboche.

–-Coma depressa, daqui a pouco temos que ir para a aula.

–------------- xx --------------

Desta vez, ao contrário do dia anterior, Naruto e Sasuke chegaram cedo à sala de aula, antes de muitos alunos. Como no dia anterior, sentaram-se no fundo da sala. Procuravam não atrair a atenção de outros. Deviam seguir uma vida normal agora, mas era difícil ser sociável com outros, ainda gostavam da solidão a qual estavam acostumados. Entre os dois, o que mais estava desconfortável com tanta gente era Sasuke. Perdeu toda a sua família em uma chacina quando era apenas uma criança, e foi abrigado pelo chefe em troca de sua vida, sua juventude, sua força. Assim como Naruto e a maioria de seus ex-colegas de “trabalho”, começou a treinar quando era apenas uma criança. Se acostumou com a morte muito cedo, acostumou-se em tirar a vida de outros, acostumou-se com a dor tanto psicológica quanto física, acostumou-se com a solidão. Essa era a amiga a mais próxima e reconfortante, até o momento em que conheceu Naruto. Mesmo sendo órfão, ele era uma criança mais alegre. Tiveram muitos conflitos, divergências e problemas, mas se tornaram como irmãos. Naruto o ajudou a enxergar algo além da solidão e da escuridão em que estava, por isso Sasuke o estima tanto.
Mesmo assim, ainda era desconfortante ficar rodeado de pessoas – ainda mais das meninas irritantes que ficavam em cima dele – que não faziam a mínima ideia do que ele e Naruto realmente são. Por isso não queria se envolver com ninguém, poderia muito bem esconder isso até sua morte, mas ainda corria perigo de ser revelado, e se isso acontecesse, seria deixado sozinho novamente. Por isso pensava que o que Naruto estava fazendo era uma idiotice. Por isso tratou mal aquela garota de olhos perolados, sem amor, sem dor.

Um pouco antes de o professor entrar na sala de aula, três garotas chagavam depressa e corriam para seus lugares. Entraram dentro da sala de aula uma de cada vez. Naruto e Sasuke olhavam, mas não prestaram tanta atenção assim á primeira garota que entrou. Ela era loira, usava um rabo de cavalo e sua franja cobria um de seus olhos azuis. Eles a reconheceram, mas não se importaram. A segunda tinha os cabelos tão negros que chegavam a ser violeta, e possuía olhos perolados. Naruto ficou cotente ao vê-la, Sasuke continuou indiferente. A terceira entrava sorrindo, andando com um pouco de dificuldade tentando esconder que mancava. Naruto estava entediado, olhando as garotas entrarem, um pouco distraído, mas mudou quando viu aquela garota caminhar desajeitada para seu lugar na sala, sorrindo, e possuía algo que a distinguia de todas as garotas da sua sala: um cabelo rosado.

Naruto – que estava sentado de um jeito largado – logo se ajeitou em sua cadeira e soltou um sorriso enorme. Olhou para o celular em seu bolso e já ia a chamar quando ouviu um “bom dia” o interrompendo. Era o professor que já havia chegado e junto dele a diretora do colégio. Ao perceberem a presença da mulher, todos os alunos se ajeitaram em uma boa postura.

–-Muito bem, este aqui – Tsunade apontou para o professor – vai ser o seu novo professor de literatura. Tratem-no bem por favor, – seu “por favor” soou mais como uma ordem – quero respeito com ele. Tenham uma boa aula.

–-Olá, bom, eu me chamo Jiraya, e daqui pra frente, assim como a Tsunade disse, serei seu professor de literatura.

–-Hey, você não é aquele autor pornô? – perguntou um dos alunos.

–-E-eu não sou autor pornô! Eu apenas escrevo para adultos! Vai perder um ponto de conceito por isso, garoto!

–-O que?

–-Dois pontos. Continue e fica com zero em conceito.

A sala riu baixinho, bom, podemos dizer que tiveram uma boa primeira impressão de Jiraya, exceto pelo aluno que fez a brincadeirinha.

–------------- xx --------------

Enfim o tão esperado intervalo. Os alunos saiam de seus lugares como um cão vai atrás de um osso. Sakura não gostava de se enfiar no meio de tanta gente, então esperava eles saírem para depois ir, principalmente agora que estava com a perna ferida. Hinata e Ino já agiam diferentes, seguiam junto com o bando de alunos famintos. Depois, se encontravam na lanchonete.

Naruto e Sasuke se levantaram e foram junto com os outros, mas o caminho estava lotado de pessoas, então estava um tanto quanto difícil de andar.

Sakura estava sentada em seu lugar lendo um pouco do livro que Jiraya havia passado como dever. Ela estava concentrada, mas o barulho era tanto das conversas que já estava desistindo de sua leitura e já estava se levantando de seu lugar quando viu uma cabeleira loira e rebelde. Achou aquilo estranho, o dono daquele cabelo era um garoto, mas não havia garotos loiros em sua sala. Estava caminhando na direção daquele estranho quando o viu de perfil. Forçou um pouco as vistas e reparou em um olho azul safira, um sorriso cativante e três marquinhas na bochecha. “Como não o vi antes?” Ela se perguntou, não tinha se dado conta da presença dele durante toda a manhã.

–-Naruto?! É você?

–-S-Sakura-san? – ele respondeu se virando e deixando Sasuke só, que continuou caminhando, indiferente a garota.

–-Puxa, então você agora é da minha sala?! – ela disse sorrindo e se sentando novamente na cadeira. Ficar em pé lhe doía a perna zangada.

–-Parece que sim. Também fiquei surpreso de te ver aqui. Não te vi mais depois que te encontrei na piscina.

–-Hã... Bem, eu não estava me sentindo bem. – ela entristeceu um pouco a voz ao se lembrar de seus pesadelos.

Um silêncio incomodante reinou por um curto período de tempo em que eles ficaram se encarando. Seus olhos brilhavam, e a vontade dele de toma-la para si começava a brotar, a vontade que Sakura tinha de acariciar aquela pele bronzeada e sentir seus lábios carnudos começava a aflorar no seu íntimo. Porém, Naruto quebrou este silêncio e reprimiu esses sentimentos.

–-Ah! B-bom, falando na piscina, eu encontrei o seu celular que você deixou lá. Não estava totalmente quebrado então eu consegui concertar. – ele tirou o telefone do bolso e o entregou, como sempre, sorrindo.

–-Oh, obrigada! Eu nem me lembrava dele, sempre acaba sumindo de mim. Como posso te agradecer?

–-Hmm... Poderia me mostrar o colégio?! – ele tinha um sorriso malicioso no rosto.

–-Não, isso é demais! – ela se virava de costas para ele, fazendo biquinho.

–-Então tudo bem. Não tem problema, a Hinata-san não se importa nem um pouco de me mostrar o colégio. Parece que ao contrário de você ela é educada. – ele saiu, e de costas tinha um sorriso mal, apenas esperando a hora certa.

–-Espera, você está me chamando de mal educada?!

–-E de ingrata também.

–-Beleza, anda de pressa que tem muita coisa pra mostrar desse colégio! – ela se levantou brava e rápida, se apoiando em Naruto e o puxando para fora da sala de aula. Ainda mancava um pouco, mas o seu orgulho ferido suportava a dor.

–-H-Hey, Sakura, vai com calma.

–-Você não queria ver a escola?! Então vamos!

–------------- xx --------------

Sasuke já havia chegado à lanchonete, e a contraste do dia anterior, os alunos estavam formando uma fila única – já que as atendentes os obrigaram.
Ele entrou na fila – que já estava enorme – e ficou esperando, olhando para os lados. Olhou mais a frente para ter uma dimensão da fila e reparou em duas garotas, uma loira e outra morena, sorrindo e rindo. Reparou novamente na garota morena, ela sorria timidamente, não parecia ser tão irritante quanto a sua amiga ao lado. “Droga!” Pensou, quando se viu olhando de mais para ela. Tentou desviar o pensamento olhando para os lados, e reparando melhor em onde estava. Correu os olhos por todos os locais, mas eles pararam quando visualizaram um garoto, loiro, sendo puxado por uma garota – manquitolando – de cabelos rosados. Ele notava os olhares que trocavam e os sorrisos. Nunca havia visto os olhos de Naruto começarem a brilhar daquela forma. Já tinha visto muita coisa naqueles olhos, coisas iguais as que ele sentiu, coisas ainda percorriam neles, já havia visto alegria também, já havia visto solidão, mas nunca esse brilho.

“Naruto seu idiota! O que está fazendo? O que vai fazer se ela descobrir? Vai mata-la?”

–------------- xx --------------

–- Esse é o meu lugar favorito do colégio.

Eles estavam no jardim do fundo do colégio, em uma área abandonada e proibida para os alunos. Não havia nada de mais ali, apenas uma árvore frondosa, uma pequena cabana velha abandonada, onde guardavam ferramentas de jardinagem velhas e enferrujadas. Tinha também várias flores cultivadas de várias espécies. Aquela área, apesar de abandonada, estava bem cuidada.

–-Que lugar é esse?

–-Antigamente, era aqui que guardavam os materiais de jardinagem. Era uma área muito bonita, mas pena que foi abandonada. – ela disse entrando na cabana.

–-E como você descobriu aqui? – ele perguntou se sentando.

–-Uma vez, quando eu não estava me sentindo bem, sai pelo colégio, andei para todos os lados do jardim tentando me acalmar, mas nada me fazia sentir melhor, então eu comecei a andar mais e mais, e entrar em caminhos que eu não tinha entrado antes, até que fiquei perdida e acabei caindo aqui. – ela disse saindo da cabana com um regador na mão e molhando as flores e a árvore – Achei estranho esta parte do colégio estar abandonada e resolvi olhar. Acabei descobrindo o que era aqui, e me apaixonei pela história deste local e pela sua aparência. É tão confortável ficar aqui, principalmente por esta árvore. Acabei passando um bom tempo aqui naquele dia, e quando percebi, o sol já estava se pondo. Consegui achar um jeito de voltar para a parte principal do colégio, e pedi para a Tsunade-sama para que me desse autorização de cuidar desta parte, e ela concedeu. Bom, era uma área sem entrada permitida para alunos, mas depois que passei a vir aqui, Tsunade-sama disse que a placa não seria mais necessária, mas preferi continuar com ela, para evitar que bagunceiros venham aqui e acabem matando as flores e estragando o local.

Ela se sentou ao lado dele.

–-Então eu fui o primeiro que você trouxe aqui? – ele sorriu maliciosamente.

–-Não, Hinata e Ino já conheciam antes de você. – ela riu e respondeu.

–-Oh, não me sinto mais especial. – ele fez beicinho – Deve trazer seu namorado pra cá também.

–-Claro. Com certeza eu traria, se tivesse um.

–-Ah, desculpe. – disse Naruto cínico, já que no fundo estava feliz por esta resposta.

–-Não tem problema, os garotos não gostam muito de meninas avoadas e nervosas como eu.

Permaneceram em um silencio constrangedor, apenas olhando para o céu. Sakura tinha um sorriso singelo e feliz brotando em seu rosto.

–-Sabe o que eu mais gosto aqui? Além dessa árvore, eu gosto da visão que temos daqui. Podemos ver todo o horizonte não explorado da cidade, ver as montanhas e ver a linda vista do céu no horizonte.

–-Você está vendo aquilo ali? – ele apontou para uma nuvem no céu – Parece muito com uma tigela de ramén.

Ela riu e respondeu:

–-E aquela parece com a Ino nervosa. – ela disse rindo e apontando para um formato de nuvem no céu realmente parecido com a amiga.

Continuaram o resto do intervalo ali, sentados um do lado do outro, apontando para as nuvens e dizendo o que elas pareciam, fazendo brincadeiras e rindo. Com o tempo foram se sentindo mais confortáveis, e se achegando um mais próximo do outro, até que ela sentiu sua cabeça escorar no ombro dele. Sentiu os cabelos rebeldes e loiros dele encostarem-se aos seus cabelos rosados e sentir alguns fios loiros lhe espetar suavemente a orelha. Sentiu seu perfume se chocar com o dele. Se sentiu bem.

–------------- xx --------------



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Notas finais do capítulo

Bom, este capítulo marca o inicio de algo importante. Com o tempo vão descobrir. Espero que tenham gostado. Erros de coerência? Português? Digam nos comentários! XD