Colecionadores De Segredos. escrita por Lioness


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Hey!
Então, para meus leitores que demonstraram vida, eu avisei o porque da demora e qual foi minha decisão (avisei aos que consegui, sinto muito por aqueles com a caixa lotada) para os fantasmas apenas digo que esta fic já não é mais minha prioridade. Significa que parei de postar? Não. Apenas que não tenho data para postagem, como o caso da demora de um mês deste capítulo.
Eu acabei usando minha inspiração para outras fics. Caso queiram acompanhar, estou postando Bad Blood (NaruSaku) e Petits Secrets (originais).
Enfim, tenho em mente coisas muito interessantes que irão acontecer após este capítulo ou mais o outro. MMHUAMHAUMHUA XP, me aguardem...
Ah, e agradecendo imensamente à recomendação lida da coisa magavilhosa da Luf chan! Eu amei *-*
Hmm... No momento não estou me lembrando de mais nada.
Boa leitura (:



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Capítulo 17

A aurora iniciava-se na perfeita linha do horizonte. O despertar caminhava para o lar de todos. Os pássaros já se mostravam agitados e uma brisa repleta de ternura e gentileza afagava carinhosamente as árvores causando um farfalhar gostoso aos ouvidos. Foram com os ruídos de galhos e com estes fracos raios solares que a garota despertou.

Estava parcialmente descoberta, deitada de um jeito totalmente torto que provavelmente lhe causaria dores ao longo do dia. Com a mão sobre o rosto, começou a despertar e ao perceber a luz contra seu rosto, franziu o cenho e procurou esconde-lo com seu ursinho de pelúcia, mas já era tarde. Seu corpo também já havia despertado – mesmo que fosse a contragosto. Sua perna dobrada começava a formigar e a luz batia constantemente contra seus olhos. Ao notar que sua derrota era iminente, fez uma expressão emburrada e deixou seu ursinho de lado. Coçou um pouco os olhos antes de abri-los e bateu os lábios algumas vezes, se acostumando com a secura da boca. Coçou um pouco as costas e usou a perna para coçar a outra esticada. Bocejou bastante e quando se preparava pra levantar, rolou um pouquinho para o lado.

Pena que estava deitada na ponta da cama.

Escutou-se apenas um barulho de algo pesado contra o chão. A outra garota ali presente nem ao menos se movimentou, afinal, no meio da noite retornara seus queridos fones aos ouvidos e adormecera ouvindo música.

A garota que havia caído estava envolvida com seu cobertor enroscado no seu pé e metade de sua perna. Como a cereja no topo do bolo, seu ursino estava encaixado perfeitamente no topo de sua cabeça.

Era uma cena engraçada.

Embora o barulho não despertasse a outra garota ali presente, a outra pessoa acordou. Um pouco assustado – admitia – pelo barulho súbito, ergueu a cabeça para um pouco fora da cama e avistou alguma coisa estranha e deformada no chão. Levantou-se curioso, caminhando a pé ante pé e deparou-se com uma cena que lhe arrancou um sorriso leve.

–-Sakura...? – olhou de esguelha, com um sorrisinho curioso. Ela apenas o olhou de baixo ironicamente. A imagem da garota com as costas encurvadas, as pernas trançadas pelo cobertor vermelho, o cabelo completamente bagunçado e com um ursinho sobre sua cabeça como se tivesse sido perfeitamente posicionado o fez rir suavemente.

–-Para de rir! – o olhou emburrada, jogando a pelúcia no garoto que o pegou no ar.

–-Você caiu como uma pedra no chão.

–-Você viu? - ela corou de leve.

–-Não, mas escutei. E não foi um barulho fraco.

–-Cala a boca! – lhe fuzilou com o olhar, mas ao ver como ele sorria, segurava para não sorrir também. Só de pensar que há um tempo ver aquilo em seu rosto era um prazer em anos...

–-Quer ajuda?

–-Nah, é só mexer um pouco as pernas assim e puxar – fazia o que falava, mas estava dificultando mais as coisas – Ora! – esbravejou – Vamos, cobertor, você parece um chiclete! – exclamou enquanto mexia as pernas freneticamente ajudando com as mãos – Vamos, mas que coisa! – começou a rolar e se debater pelo chão como um peixe fora d’água, mas acabou desistindo cansada, esticada e emburrada. O ruivo riu pelo nariz, olhando-lhe como se esperasse algo – Tudo bem! Eu preciso de ajuda. – sussurrou entre dentes.

–-Sakura... – quase murmurava enquanto se abaixava.

–-... Sim...? – o fitou com uma sobrancelha arqueda.

–-Quando você vai ter noção de espaço da sua própria cama? – sussurrou em seu ouvido, já terminado de desembaraçar o cobertor e por fim colocando o ursinho na cama.

–-Quando você deixar de ter o cabelo ruivo. – retrucou apoiando na cama para se levantar, mas uma fincada a fez retroceder.

–-O que foi? – perguntou preocupado, já logo pegando o braço da rosada.

–-Minha perna. – disse entre gemidos, percebendo que havia forçado de mais seus pontos, mas não queria lhe contar que os tinha – Não é nada, só forcei um pouco. Está machucada da queda.

–-Sakura... – olhou desconfiado.

–-Não acredita em mim? – fitou-o com firmeza. Deveria ser convincente se não quisesse que ele visse sua autolesão.

–-Não. – retrucou seco. A conhecia bem.

–-Não faz diferença. – ignorou-o, terminando de se erguer – São apenas arranhões e dorzinhas por dormir de mau jeito! – forçou um sorriso do qual ele não engoliu, mas preferiu não insistir – E algumas daquelas dorzinhas que só sentimos no dia seguinte – massageou o braço.

–-Hn... Você está com um... Uma... Uma sujeirinha aqui – sinalizou coçando o canto da boca.

–-O-Oque? A-Aqui? – coçou no mesmo lugar que ele demonstrara e encontrou uma tênue linha seca de baba.

–-Dormiu tão bem assim? – brincou. Ela corou sutilmente.

–-E você? Dormiu tão bem que perdeu suas roupas? – soltou sem pensar no que havia acabado de falar. Só naquele mesmo instante que percebeu o garoto de cabelos escarlates estava apenas com a camiseta que usava anteriormente e um samba-canção azul marinho. Corou violentamente ao se dar conta de tal fato. “Isso é coisa de tarado!” pensou.

–-Desculpe. Depois que dormiram eu tirei a roupa para ficar mais confortável. – ela escutava com o cenho franzido. Todavia, ele não percebia como aquilo era... “Estranho.”

–-T-Tudo b-bem, s-só vá se trocar ag-agora en-enquanto eu troco o-os curativos. – gaguejava como Hinata quando nervosa enquanto o dava as costas, correndo para o banheiro fugindo para que não a visse mais vermelha que um tomate maduro ou seu próprio cabelo.

–-Ok. – fitava-a quase correr com uma expressão confusa. Contudo, tinha desistido de entendê-la há muito tempo. Deu de ombros e procurou sua calça. Em seguida, caminhou para o outro banheiro.

E durante tudo isso, a garota de cabelos violetas continuava dormindo pesado, apática a toda situação.

–------------- xx --------------

Embora ainda fosse cedo, a cidade já havia despertado há muito afinal, ela nunca poderia parar ou dormir.

O sol já estava quase alto no céu anil, fraco. Nuvens cinzentas escureciam a cidade e cobriam quase todo o azul. A brisa fria e úmida purificava o ar. O vento estava ali para dançar com seus cabelos enquanto esperava o carro estacionar, impaciente. Assim que este parou, abriu logo a porta e entrou em questão de segundos.

–-Bom dia senhor. Qual o final desejado? – o chofer perguntou simpaticamente, olhando-o do retrovisor.

–-Bom dia Freddo. Que tal passarmos no colégio? – sugeriu enquanto buscava o jornal ao seu lado.

–-Não há compromissos marcados para esta manhã?

–-Sim, entretanto quero avisa-la que almoçaremos juntos. Não consigo falar com Akemi-san e minha secretária está doente hoje. Além do mais, passaríamos por lá de qualquer maneira.

–-Eu acho que ela irá apreciar, senhor. – sorriu feliz, dando partida no carro.

–-Ah, poderia parar para comprarmos um café?

–-Sim, senhor. Noite mal dormida?

–-Preocupações.

–-Muitas, não?

–-Não imagina quantas.

–------------- xx --------------

Naquela manhã, os alunos que permaneceram no dormitório masculino agradeciam pelo tempo estar nublado. Assim, o sistema de despertador natural esquematizada pela diretoria não funcionaria afinal, não havia luz solar para acorda-los.

Em um dos quartos um jovem dormia desleixado, de pernas abertas, agarrado ao seu travesseiro enquanto deixava uma linha de baba escorrer por seu rosto, roncando. Aproveitava o dia livre, estava cansado. Contudo, não contava ele com outra técnica – esta não planejada – que o fizesse acordar.

Estava tudo pacífico demais. E claro que não poderia permanecer assim.

No mesmo instante em que os pássaros cantavam ao lado de fora junto com o farfalhar, a porta do quarto se abriu súbita e bruscamente. O outro garoto ali presente – já acordado e lendo serenamente sob as cobertas – sobressaltou-se, mas ao ver de quem se tratava logo se acalmou, mesmo que seja em parte.

No mesmo instante, o quarto se irradiou de um cheiro forte, ácido e cítrico. Um cheiro destilado. Fermentado. E ainda no mesmo instante, o velho adentrou o local a passadas largas e barulhentas, assim como sua risada escandalosa. Cambaleando para todos os lados, tropeçando em seus próprios pés.

–-Ooooye! Tá na hora de acordar seus vagabundos! – dizia enquanto caminhava se apoiando em tudo que encontrava.

–-Jiraya-sama... – o moreno não parecia surpreso.

–-Oy, Sasuuke – embaraçou-se nas sílabas – Mas que menino exemplar! – soluçou – Estudando! – a voz bêbada era mais do que evidente.

–-Jiraya-sama, até quando bebeu?

–-Até... – tentou lembrar – Hoje! – um sorriso torto surgiu. Um de seus olhos estava entreaberto enquanto o outro fechado. Adicionando o cenho franzido, aquela não era a melhor expressão que alguém gostaria de ver pela manhã.

–-Quando a festa acabou ontem? – fechou o livro. Com certeza aquele velho aprontaria bagunças no quarto.

–-Nháaaa... Umas... Duas, três horas da manhã! – abanou a mão em um gesto como se aquilo não fosse nada.

–-É evidente que continuou bebendo. Não seria melhor...

–-Cala a boca, Sasuuuuke! Se quer saber, eu bebi com Tsunade sim!

–-Eu não pergun...

–-E, puta merda, como ela é gostooosa! – cambaleou mais. Sasuke o fitou nervoso. Aquilo era irritante de mais, se não problemático. Não queria nem um pouco estar ali para quando o velho vomitasse ou quebrasse as coisas então saiu sorrateiramente, deixando-o falando sozinho – Mas é uma pessoa boa. E apostar com ela é o mesmo que ganhar na loteria! É um pato! – riu, mas parou ao notar que falava para as paredes – Sasuke? – o procurou, rodando. Quase caindo.

Neste pouco tempo de silêncio, o velho tarado conseguiu escutar grunhidos baixinhos. Algo como “Saku... Sakura-chan...” e riu sadicamente ao ver o garoto loiro deitado, dormindo como um bebê. Até o momento.

Correu desesperadamente até a calma e pulou com força, levantando o corpo por causa do impacto. Assim que “se estabilizou” grudou ao corpo do garoto, o cobrindo por suas pernas. Ainda estava com o uniforme de professores, apenas a ligeira diferença que metade de sua camisa estava para fora enquanto os sete primeiros botões estavam abertos. A barra de sua calça estava desfeita e estava descalço, com os sapatos pendurados no ombro amarrados pelo cadarço, roçando no travesseiro – que era até o instante – branco. Começou a sussurrar ao ouvido do loiro, tentando ao máximo fazer de maneira sedutora:

–-Sakura...

–-Sa... Saku... chan... – ele repetia ainda dormindo. O velho segurou o riso, abafando-o o máximo que conseguisse, mas não conseguia evitar que sua feição fosse assustadoramente estranha enquanto a risada vazava por entre os dentes.

–-Sakura... – prolongou mais a última sílaba.

–-Fica... Sakura... – não conseguiu controlar o riso e afogou o rosto no travesseiro, rindo incontrolavelmente e batendo as mãos. Mesmo ofegante, voltou ao ouvido do garoto que batia os lábios, espremidos pelas bochechas.

–-Eu amo a Sakura...

–-E... Eu... Am... Chan...

–-Ah, garanhão! Então andou fazendo as coisas que eu te ensinei, não foi vagabundo?! – agora não mais sussurrou e sim gritou em alto e bom som, bem rente aos ouvidos do loiro. O garoto acordou no mesmo instante, assustado, enrolando-se. A cena de dias anteriores se repetiu e ele foi ao chão, embaraçado. Enquanto isso, o velho se esparramava no colchão rindo desesperadamente, ao ponto de escorrer lágrimas. Uma mão sobre o estômago e a outra secava a ponta do olho que se encontrava semicerrado.

–-Mas que dia... – resmungava enquanto se levantava bruscamente. Sua cara de indignação foi trocada por raiva ao ver a cena do velho em sua cama – Ero-sennin! – vociferou cerrando os punhos.

–-Bom dia, florzinha. – brincou com um sorriso debochado no rosto, ainda se recuperando da crise.

–-Mas o que diabos você está fazendo aqui e... – franziu o cenho em desgosto – Pelo amor de Deus, você fede mais que um gambá!

–-Baka – atirou o travesseiro com extrema força na direção do rosto de Naruto que virou para trás com o impacto – Isso é jeito de falar comigo?!

–-É jeito de falar com um lobo velho caquético, tarado e bêbado. Então com toda a certeza é jeito de falar com você, seu velho fedido! – Naruto o olhou com desdém. A intenção era justamente provocar Jiraya, entretanto, o loiro não pensou que essas simples palavras acenderiam a ira do homem.

No exato momento em que foi dito isto, o velho cessou suas risadas estrambóticas e fuzilou o garoto a sua frente de tal maneira que se olhar matasse... Cerrou os punhos e os dentes enquanto a raiva subia por sua cabeça tonta fazendo-o estremecer. Brusca, violenta e desajeitadamente – porém de maneira eficiente – Jiraya se levantou e literalmente pulou em cima de Naruto, o pegando de surpresa, e surpreendentemente conseguiu se manter em pé, pisando no rosto do loiro apertando suas bochechas contra o chão.

–-Baaaaaaakaaaaa! – esbravejou tentando se equilibrar sob o rosto do garoto – O que foi que disse seu bastardo?! Repita isso de novo – soluçou – que vai ver o inferno bem pertinho, diante dos seus olhos!

–-Ero-sennin! – apelou batendo as mãos contra o chão, rendendo-se – Tira esse dedão chulerento do meu nariz! Isso tá insuportável!

–-Seu fedelho! Fica aí sonhando com a Sakura graças ao meu precioso e honorável ensino e vem me tratando mal?! Moleque ingrato! – apertou mais seu pé descalço contra as bochechas de Naruto, friccionando. O loiro quase implorava por rendição da parte de seu superior, porém a insolência do garoto a cada fala só piorava a situação.

Enquanto a pequena “brincadeira” continuava no quarto, Sasuke se lembrou de algo que deveria pedir a Jiraya e marchou de volta calmamente. Ao parar encostado no batente da porta, apenas rolou os olhos e bufou de leve. Como hábito, colocou as mãos no bolso e os interrompeu:

–-Er... – pigarreou, mas não obteve nada em resposta – Err... – pigarreou novamente mais forte, mas o velho não escutou – ou ignorou – e continuou com a punição, se divertindo – Jiraya-sama! – elevou a voz a um tom diferente de seu costume e, enfim conseguiu uma resposta.

–-Oye... – virou o rosto buscando o garoto com sua visão embaçada, enxergado dois morenos – Sasuke...? – espreitou os olhos e franziu o cenho, tentando vê-lo melhor e juntar os dois rapazes em um só.

–-Poderia assinar a permissão de saída para mim? Claro, não precisa ser agora. Vejo que está bastante ocupado e não quero te interromper.

–-Oy, teme! Como assim não quer interromper?! – Naruto resmungou balançando o punho fechado. Jiraya apenas pisou com mais força com o intuito de cala-lo.

–-Oh, claro Sasuke... – balançou a cabeça tentando captar com qual garoto estava conversando – Eu passarei na secretária logo depois de... – parou estagnado. Uma reviravolta apontava em seu estômago – De... – parou novamente. Algo subia rapidamente pela boca de seu estômago. Já prevendo o que aconteceria, Sasuke logo se retirou. Não queria ficar pra limpar.

–-Oye, oye, oye! Ero-sennin, não faça isso! – o loiro desesperou – Pelo menos vá para o banheiro! Ou melhor, para longe de mim! – implorava enquanto tentava se livrar do velho.

–-Cala essa boca de mer... Oh-oh. – mal terminou de falar e virou o rosto para o lado, expelindo tudo que havia ingerido naquela madrugada. Por sorte, não atingiu Naruto, mas respingou. O loiro chorava e resmungava enquanto xingava o velho e fazia uma nota mental de nunca mais provocar o lobo velho quando este estava mais bêbado que um gambá. Não sabia o que era pior: ter alguém vomitando em cima de você ou ter de ser o responsável pela limpeza. Contudo, sabia que o teme não o faria, mesmo sendo açoitado e torturado. Provavelmente, aquilo ainda iria durar bastante.

–------------- xx --------------

As passadas rápidas e silenciosas eram imperceptíveis, embora todo o esforço para obter tal resultado seria melhor recompensado com a exceção dos saltos pequenos que ela calçava e o manquitolado que não conseguia controlar.

Assim que constataram que nenhum monitor estava avista a garota arquejou de alívio e relaxou a tensão em seus ombros e pés, mesmo sabendo que era cedo de mais para estarem trabalhando depois um baita porre.

–-Por onde saio? – o ruivo questionou um pouco confuso.

–-Tudo bem – aspirou – podemos sair pela secretaria. Tenho certeza que Ai-san deve estar dormindo na mesa ou por aí agarrada a alguma garrafa de sake. De qualquer forma, ela é muito distraída de manhã então, em um caso mais extremo, é só rastejar sob a altura da bancada e estará tudo bem. – ele a olhou ainda mais confuso.

–-Para a melhor escola do país, os funcionários daqui estão um pouco fora do que se espera.

–-Não se preocupe, são legais e é isso que importa. Tsunade-sama é uma mulher... Excêntrica, digamos assim.

–-Melhor que o colégio ps...

–-Não lembra – interrompeu-o, subitamente mudando seu semblante descontraído para um sério – não vale a pena. – uma pequena ponta de nostalgia surgiu em si, trazendo um aperto angustiado e ligeiramente triste em seu coração.

–-Eu sei. – respondeu seco – Por isso mesmo que as memórias insistem em voltar e me infernizar. Depois que foi embora eu...

–-Gaara! – sua voz era um tom contrastante entre a firmeza e pacificidade – Eu não tenho interesse em saber. Agora, é melhor irmos. – arrancou à frente, um pouco nervosa. Ele apenas a fitou um pouco magoado, um pouco indiferente. Todavia, obedeceu e a seguiu.

Como previsto, a secretária estava literalmente abraçada a uma garrafa de bebida, o “pequeno” detalhe era que ela estava de tal maneira em seu posto dormindo desleixada de modo tão pesado que se o teto caísse sobre ela, possivelmente não acordaria. Sakura sorriu e suspirou aliviada novamente. Como a norma, a porta da secretaria estava aberta, dando alas à saída.

–-Onde você está? – ela perguntou.

–-No Empire, cobertura.

–-Não irá se perder por aí, não é? – sorriu sapeca, ele retribuiu de forma mais serena.

–-Não se preocupe, cherry. – em um gesto rápido, elevou as pontas de seus dedos a altura de sua face rosada e a acarinhou leve e brevemente. Novamente, ela retribuiu com um sorriso.

–-Só não me deixe ir atrás de você, se não sofrerá as consequências. – brincou.

–-Irei a sua casa?

–-Não é você que me diz?

–-Estou pedindo permissão.

–-Não precisa. Meu pai provavelmente não vai estar, mas se estiver, ela achará interessante conhecer o herdeiro do Empire e Cia.

–-Será uma honra, afinal, não posso dispensar futuros sócios ou aliados. – Sakura murchou um pouco o semblante. A maneira de falar era igual à de seu pai, visando apenas os negócios, mas não queria discutir sobre isto com Gaara. O barulho de Ai se mexendo na cadeira despertou ambos e os recordaram do objetivo inicial.

–-É melhor você ir, anda! – empurrou-o para fora – Logo a frente tem um ponto de taxi. Te vejo depois.

–-Sak... – ele tentou despedir-se.

–-Vai logo, Ai-san já vai acordar!

Dito isto, terminou de “joga-lo” para fora do colégio e riu bobamente de si mesma. Estava sendo bom tê-lo por perto após todo esse tempo. Só se perguntava até quando isso duraria... Suspirou profundamente e seu coração apertou. Não queria pensar nisto. Como ela poderia estar cogitando hipóteses como aquela quando há uma evidente melhora e quando ele finalmente estava por perto? Será que pelo menos uma vez, não poderia ficar feliz pelos outros? Não pelos outros, por ele? “Por que tenho sempre de estar com um pé atrás?” questionou-se suspirando novamente enquanto afagava a têmpora esquerda. Seu coração apertou ainda mais. A súbita chegada de Gaara era estranha. Talvez ele apenas quisesse fazer-lhe uma surpresa, o que era de noventa e sete por cento de certeza, mas mesmo assim, essa aparição mexia com ela, tanto para o bom sentido quanto para o ruim. Por alguma razão sabia que não terminaria bem. “Talvez porque tudo que eu faça com Gaara nunca acaba bem.” pensou inconscientemente e logo em seguida repreendeu-se por isso, sentindo-se culpada. Afagou sua têmpora mais forte enquanto puxava uma boa quantidade de ar para seus pulmões. Lembrou-s de Naruto. Estranhamente, ele lhe trazia um pouco de serenidade, mesmo que algumas vezes a irritasse com brincadeiras. Sorriu como uma boba, recordando a forma com que ele a carregou durante a noite passada. Havia sido tão gentil... Entretanto, seu sorriso dissipou ao lembrar-se do fato de que havia o ferido. Iria pedir desculpas e quem sabe conversar um pouco, sentia-se tão a vontade perto dele. Tanto que o peso em sua consciência apitou a lembrando de Hinata. “Droga” murmurou. Não fazia a mínima ideia de como contaria a ela. Também se lembrou de que a deixou dormindo, sem dar alguma explicação sobre Gaara. Obviamente, não explicaria muita coisa. O ruivo era um assunto seu, um assunto que não estava nem um pouco a fim de comentar. Nem mesmo com Ino ou Naruto. “Porque eu comentaria com ele? Sakura, onde está sua cabeça?!” murmurou novamente para si. Bufou nervosa, iria avisar Hinata que passaria à tarde com Hikaru e em seguida tentaria acordar Ai-san para preencher sua ausência e chamar Freddo. Bom, ao menos ela deu o primeiro passo.

–-Sakura-sama? – a voz máscula a interrompeu, atraindo sua atenção.

–-Freddo? – estava surpresa – Estava pensando justamente em você. Veio a calhar porque já iria chama-lo. – ele riu da coincidência.

–-Vamos Sakura-sama, seu pai a aguarda. – fez um gesto para que ela tomasse a frente.

–-Meu pai? – perguntou espantada. Aquilo era absolutamente incomum.

–-Sim. Disse que queria passar no colégio para te buscar e conversar.

–-Posso avisar Hinata que sairei? Ou ao menos Ai-san?

–-Deixe isso para depois, sabe como ele detesta que o façam esperar. Vamos, Sakura-sama. Sabe que ele quase não vem vê-la pessoalmente. – afirmou entusiasmado.

–-Não deve ser coisa boa. – dizia enquanto aceitava o gesto do amigo chofer e caminhava à frente.

–-Não seja tão pessimista, Sakura-sama.

–-Freddo, eu já não lhe disse para não me chamar de Sakura-sama? – questionou com a sobrancelha direita arqueada.

–-Desculpe, é por costume. Mas, então – prosseguiu enquanto caminhavam até o carro – como tem passado desde o incidente com... Noruma...?

–-Bem. – respondeu seca. De fato, aconteceram tantas coisas que nem ao menos se lembrara.

–-Desculpe a pergunta – dizia receoso – mas o que aconteceu com seu rosto e porque está mancando? – um semblante preocupado tomava conta de si. Ela riu com isso.

–-Eu cai, Freddo.

–-Mas como machucou tanto? Poderia ter me ligado, eu poderia ter tratado da senhorita! – exclamou alto enquanto abria a porta da limusine para ela.

–-Temos enfermaria no colégio. Se acalme, não é nada.

–-Mesmo assim. Mama mia, se algo de grave acontecesse à senhorita, não sei o que io faria!

–-Freddo, calma. – divertia com a situação. O chofer só mostrava seu sotaque italiano quando nervoso e era engraçado.

–-Va bene, quero dizer, tudo bem. Por favor, entre senhorita. – apontava para a porta aberta e ela o obedeceu, aconchegando-se ao acolchoado de couro do banco, colocando-se de frente a seu pai.

–-Bom dia, Sakura.

–-Bom dia, pai. – respondeu sem ânimo enquanto o carro dava partida – Para onde iremos?

–-Decida você.

–-Freddo disse que queria conversar.

–-Me espere em casa para o almoço. Conversaremos assuntos importantes depois.

–-Disse que iria me buscar para as aulas de etiqueta e para conhecer parceiros da empresa, mas não apareceu.

–-Desculpe, estive ocupado esta semana.

–-Qual o destino desejado, Sakura-sama? – não adiantava, não conseguiria chama-la por outra forma.

–-O orfanato, por favor, Freddo.

–-Ainda insiste em ver o garotinho? – seu pai perguntou debochadamente.

–-Não vou deixar de vê-lo. – respondeu um pouco indiferente.

–-O que aconteceu com seu rosto? Porque está machucada?

–-Eu cai.

–-Machucou muito?

–-Não tanto.

–-Deve tomar mais cuidado. – apesar da aparente preocupação, Hisashi não tirava os olhos do jornal e seu tom de voz não parecia ser como deveria ser.

–-Desculpe. Gaara irá em casa hoje à tarde.

–-Quem?

–-Meu colega de... Você sabe, clínica. Eu lhe contei sobre ele.

–-O herdeiro do Empire e Cia? É admirável ver que anda em companhia de pessoas influentes, Sakura. Embora ele já estivesse em uma clínica...

–-Assim como eu, não se esqueça!

–-O seu caso é completamente diferente, Sakura!

–-Em quê? Não vejo tanta diferença assim. – obviamente havia diferença, mas esta não importava diante a arrogância de seu pai.

–-Você nem ao menos deveria lembrar-se de que, um dia, já esteve lá. – finalmente abaixou seu jornal e fitou-a nervoso.

–-Mas foi... – ponderou, não valia a pena continuar com aquela discussão desgastante. Apenas estragaria sua manhã. Agiria como sempre: o obedeceria. Qualquer coisa que dissesse não iria funcionar – Desculpe, pai.

–-Não volte a tocar no assunto. Acredito que tudo já esteja resolvido. Por favor, Sakura, não me lembre daquilo. Não pense que gostei de vê-la naquele lugar.

–-É tão difícil pra você quanto pra mim. – murmurou quase inaudível, encolhida em seu canto apertando as mãos contra a calça reprimindo qualquer sentimento que poderia leva-la a fraqueza. Não que tivesse algo contra, mas não gostava de demonstrar tal abertura perto de seu pai.

–-Chegamos, Sakura. – Freddo, a quem escutara tudo, disse gentilmente em uma tentativa de ampara-la enquanto abria a porta para sua saída. Tenha um bom dia. – sorriu docemente. A rosada correspondeu com um sorriso trêmulo.

–-Obrigada.

–-Freddo-san irá busca-la ao meio dia em ponto para o almoço. Não esqueça e não se atrase. – Hisashi pronunciou de dentro da limusine.

–-Não esquecerei, pai. – proferiu enquanto o chofer voltava para o carro e em seguida deu partida, sumindo na avenida.

Sakura apenas observou o carro ganhar cada vez mais distancia, segurando a tristeza que surgia em seu coração. Por mais que tentasse, por mais que estivesse acostumada, as palavras ásperas e frias de seu pai ainda a feriam. Ainda mais quando ele tentava ocultar o que realmente acontecia consigo, negando. Arquejou cansada e deu meia volta, adentrando ao orfanato sendo muito bem recebida. Mal posto os pés no prédio, um garoto loiro correu em disparada á suas costas e pulou com vontade, prendendo ao pescoço da rosada.

–-Mas o q... – agarrou as mãos em volta de seu pescoço em um sobressalto – Hikaru! O que está fazendo moleque?!

–-Estou te imobilizando, Sakura-chan! – o menino dizia enquanto se ajeitava melhor.

–-Mas eu não estou imobilizada. A única coisa que está conseguindo é me enforcar. – afirmou enquanto tentava o pegar.

–-Mas vai ficar. Aiôoooo Silver! – batia os pés de leve contra a cintura da rosada – Vamos vaquinha! Temos muito que fazer!

–-O que acabou de falar, seu moleque?! – parou estremecendo e imobilizada pela surpresa de tamanha audácia.

–-Eu falei que ficaria imobilizada!

–-Ora seu... – tentou euforicamente agarra-lo.

–-Tem que me compensar. Não deu notícias a semana toda! – ela parou novamente, era verdade. Suspirou em derrota e agarrou os pés do loiro com força.

–-Tudo bem, mas vai ter que se segurar. Não garanto nada se cair, porque se isso acontecer... – riu maleficamente – Vai sofre as consequências – seu timbre de voz era assustador, assim como seu sorriso de canto.

–-Sa-Sakura-chan... – ponderou se realmente devia ter feito o que feito e um imenso arrependimento tomou conta de si – Vai com c-calma! – era tarde de mais, ela já havia começado a correr como doida pelo orfanato. Mancando como louca, mas ignorava a dor. As enfermeiras apenas riam. Aquilo era o mais normal que poderiam esperar da dupla.

Sakura se divertia bastante enquanto corria. Hikaru prendia-se com todas as forças à seu pescoço e cruzava fortemente suas pernas contra seu estômago. O que havia acabado de acontecer, suas aflições, expiraram no mesmo instante que o garotinho se jogou contra si. Com certeza, visita-lo lhe faria muito bem.


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Notas finais do capítulo

Eu revisei, mas to meio bêbada de sono então pode ainda ter alguma coisa errada como coesão, coerência e coisas do tipo.
Quero dar boas vindas aos meus novos leitores - que a propósito, quero dizer que também que não mordo então se sintam a vontade de comentar - e agradecer à quem favoritou. Agradeço principalmente a quem me acompanha, que está me acompanhando. À vocês que me compreenderam e não me julgaram.
Desculpem pelo capítulo chatinho.
Não estou lembrando de mais o que tenho que falar, mas tenho a sensação de que não acabou... Ah, foda-se. Estou com muito sono, caso eu lembre eu editarei.
Beijinhos nas testas de todos vocês!
Boa noite, minna!
Até o próximo capítulo :3