Lá estava eu, de novo – naquela mesma ponte no qual costumávamos a nos encontrar com Kakashi para alguma missão. Perguntava-me o que ele queria dessa vez e por que ele teria me enviado uma carta noite passada para nos encontrarmos aqui.

As ruas estavam desertas, o silêncio era agonizante e minha ansiedade perturbava meus pensamentos cheios de perguntas inúteis e sem respostas. A brisa era suave e batia fria em meu rosto, fazendo-me sentir arrepiada por dentro.

Já estava ali á sua espera por mais de uma hora, parecia que aquele bilhete era falso. Então em uma fração de segundos senti sua respiração por trás de mim, estava tão perto que podia sentir seu cheiro.

“Siga-me, se puder!” sua voz era muito familiar e senti um tom desafiador, claro que não perderia por essa. Virei-me e segui seu rastro deixado no chão. Percebi que conhecia aquele caminho, então fiz questão de ir mais rápido. Chegando a uma fonte que se encontrava dentro do bosque de Konoha, procurei por ele e infelizmente não o achei. Sentei no banco da fonte a espera de encontrá-lo alguns minutos depois – o que não necessário, já que ele estava sentado praticamente ao meu lado. Levei um susto, fazendo-me levantar dalí imediatamente em um reflexo de defesa.

“Calma, eu não mordo.” Senti um leve sorriso no canto de sua boca.

“Eu sei” disse indiferente, lutando para que ele não notasse minha surpresa. “Imaginei o que você estaria fazendo aqui e por que você queria falar comigo.”

“Não é obvio?” ele disse em um tom de sarcasmo “Senti sua falta.”

“Mi-minha falta?” gaguejei confusa. “Por que você sentiria minha falta? Tudo o que você sempre fez foi jogar na minha cara que eu não era mulher suficiente pra você” minha voz saiu tão enojada quanto eu queria.

“Sinto muito.” Sua voz estava quase inaudível, mas, pude ouvir cada palavra claramente e notei uma certa tristeza. “Eu entendo que você esteja chateada”

“E magoada” complementei.

“E magoada” repetiu e continuou. “Mas eu espero que você entenda o porquê de tudo isso.”

Alguns segundos de silêncio atordoante passaram-se. “Estou ouvindo” quebrei o silencio.

“Sah” sua voz agora era sincera e como eu adorei ouvi-lo chamar-me assim. “Você lembra que eu tinha um tremendo ódio por meu irmão, não lembra?” senti que ele enrolaria até umas horas, mas deixei pra lá.

“Sim, eu lembro.” Respondi como se fosse algo completamente normal. “E lembro que você também foi embora daqui com o propósito de ficar mais forte e matá-lo.”

“É verdade, mas um tempo depois que fiquei como o Orochimaru me sentia muito sozinho. Senti falta de você sempre na minha cola e do Naruto sempre querendo me superar.” Ele sorriu, pude ver nitidamente através das sombras que as arvores faziam. “Comecei a deixar minha vingança de lado e mudei o rumo do meu objetivo.”

“Que seria?”

“Que ‘é’” ele me corrigiu “proteger você.” Meus pensamentos estavam completamente confusos, fiquei de costas por um tempo – um tempo que me matava por dentro para não fala alguma coisa – e logo pude sentir sua presença atrás de mim, seu cheiro era tão bom que não me contive em respirar fundo e soltar um longe suspiro. “Você está bem Sakura?” sua voz estava preocupada.

“Estou” menti, tanto para mim mesma quanto para ele.

“Não parece” ele ficou de frente para mim e me observava com um olhar penetrante. Tentei desviar meu olhar, mas estava hipnotizada demais para conseguir sucesso.

Nossos corpos estavam apenas alguns centímetros de distância e meu coração batia forte, eu podia vê-lo por completo naquela noite. Lutei com todas as minhas forças contra o desejo de beijá-lo e dei um passo para trás conseguindo olhar para outra direção que não fosse a dele.

“O que você quer?” indaguei-o com a voz baixa e confusa “Por que me chamou aqui?” voltei a encará-lo.

Ele olhou para o lado e vi certa frustração em seu rosto. “Não entende o que eu sinto por você?” me surpreendi com sua voz carinhosamente triste e quando ele voltou a olhar para mim com um olhar desesperado por compreensão. “Você não entende que tudo que eu tenho feito é para poder ficar com você e te proteger de todos os perigos?” naquele momento senti meu coração parar por um segundo, minha mente estava mais confusa que antes. Eu parei para observá-lo e notei que sua mão estava sangrando.

“O que houve com sua mão?” sem um segundo a mais eu segurei sua mão, fiz o Shousen no Jutsu e deixei que esse jutsu o curasse. Ele hesitou no começo, mas deixou que eu terminasse.

“Não precisa fazer isso” com a voz fria e incrivelmente perfeita.

“É o meu trabalho” eu sorri e logo terminei o de curá-lo. “Prontinho” suspirei.

“Obrigada” ele sorrio sincero.

“Tudo bem, mas você ainda não respondeu minha pergunta” ao terminar a frase, vi que ele ficou um tanto desconfortável para responder.

“Sakura, eu tenho mesmo que responder?” ele implorava para que eu dissesse não.

“Somente se você quiser” disse em um tom meio contraditório.

“Obrigada” sorrio no canto da boca.“ Vejo que você deixou de ser aquela garota fresquinha de antes” eu senti uma ponta de irritação quando ouvi aquilo, mas percebi que ele havia feito de propósito e me mantive comportada falando um simples “Hmm.”

Ele se aproximou de mim enquanto, era como se estivesse presa ao chão. Tentei ir pra trás inutilmente, conseguindo somente tropeçar em meus pés e me desequilibrar. Iria em direção ao chão quando Sasuke me segurou pela cintura com as duas mãos com cuidado, me segurei em seu braço esquerdo – podendo sentir seus músculos – para não cair – na verdade, queria era ficar mais próxima dele. Ele me ergueu e ficamos colados um no outro, nos olhando como se existisse um ímã entre nós. Corei assim que ele sorriu satisfatóriamente para mim e em um movimento brusco, ele fez o que eu mais queria naquele momento: me beijou.

Não fiz questão de hesitar, fechei os olhos e me rendi aos seus braços. Pude sentir seu coração bater tão forte e rápido quanto o meu, sentia que perderia as forças de minhas pernas a qualquer momento, mas me enganei. Nosso beijo era surreal, cheio de desejo e paixão, nossas línguas se moviam num sincrônismo perfeito. Sua mão direita passou por minhas costas indo em direção a meu pescoço – o que me deixou arrepiada – e acariciou minha nuca, deixando o beijo mais intenso do que esperava. O sabor de sua boca era um doce suave – e fiquei com mais vontade de continuar o beijo. Minhas mãos deslizaram por seu braço chegando a seu rosto e o acariciei suavemente mantendo o delicioso ritmo do beijo.

Ficamos assim por mais alguns minutos – que parecia nem passar – e paramos a contra gosto. Abri meus olhos lentamente, ainda pensando no acabara de acontecer, e percebi que seus olhos já estavam me olhando novamente. Eu corei em vê-lo sorrir e piscar discretamente para mim. Não sabia o fazer ou o que dizer, mas tinha a certeza que ainda amava aquele, belíssimo, homem a minha frente.

“Sah?” sua voz soou tão gentil que me fez derreter por dentro.

Queria falar algo mais construtivo, mas só consegui me manter na monossílaba “Sim”.

“Acho que eu não preciso explicar o porquê de ter te beijado, não é?” ainda olhando em meus olhos, ele colocou um mechinha de meu cabelo atrás da minha orelha – fazendo-me corar.

“Hum” fiz uma pausa dramática e continuei “Precisa sim!” em um tom, de certa forma, duvidoso.

Ele sorriu. “Está bem, mas antes, quero saber o que você sente por mim.” Eu corei com o pedido dele.

“Não é obvio, Sasuke?” disse em um tom indiferente e sarcástico. Ele simplesmente continuou sorrindo. Fiz cara de irritada e olhei para o lado “Eu.. eu.. eu.. “ não conseguia falar que o amava e ficava cada vez mais nervosa.

“Você?” ele me provocou.

Engoli a seco, corei e falei finalmente “Eu te amo!” nem quis olhar para seus olhos de tão envergonhada que estava. Ele virou meu rosto em sua direção – fazendo-me olhar para ele – e roubo um beijo curto de mim, corei mais, mas adorei.

Enquanto ele acariciava meu rosto e olhava em meus olhos, eu perguntei “Agora pode me explicar por que você me beijou?” ele sorri meio sem jeito, quis pular em cima dele e o beija sem largá-lo em nenhum momento, mas me contive.

“Porque eu não conseguiria mais ficar aqui com você sem nem ao menos beijá-la.” Ele não respondeu por completo, mas corei.

“Por quê?” perguntei curiosa.

“Porque” ele pausou “Porque perto de você sinto como algo estivesse me atraindo.”

“Por quê?” ainda não tinha conseguido minha resposta.

“Porque você é especial pra mim.” Ele continuava enrolando.

“Por quê?” sorria esperando por uma resposta mais... aplausível.

“Porque” dessa vez sua voz parecia sumir aos poucos “Eu te amo.” Ele disse meio friamente, tentando não demonstrar seus sentimentos.

“Eu não acredito” disse chateada, pois não era daquela forma que eu queria ouvir aquilo. “Acabei de me declarar e você age dessa forma?” Falei indignada.

“Bem, eu não sei demonstrar meus sentimentos” falou em um tom de desculpa.

“Chega, Sasuke” me soltei de seus braços e foi andando de volta para a cidade.

“Sakura, eu não quis te magoar. Sinto muito” ele me acompanhava.

Respirei fundo e parei de frente pra ele “Então porque não abaixa um pouco essa guarda e simplesmente tenta se expressar um pouco mais?” minha voz parecia furiosa, mas, ainda assim, estava baixa.

“Eu não sei, mas, acredite em mim quando digo que te amo” ele estava um tanto triste e parecia sincero.

Olhei para baixo, para o lado, mas no fim olhei para seus olhos ônix novamente. Suspirei e disse um pouco confusa “E-eu não sei, Sasuke. Será que eu devo mesmo acreditar em você?”

“Claro que sim, eu jamais mentiria pra você.”

“Então por que não me levou com você quando fugiu de Konoha?” estava confusa e queria a verdade. “Eu estava disposta a largar tudo pra ficar com você e você me dispensou.”

“Não é isso Sakura, você sabe muito bem que” ele pausou “que não foi bem assim. Naquela época eu já te amava, mas mantinha em segredo para que o Itachi não fosse atrás de você para me atingir. Eu sabia que se você ficasse comigo correria perigo. Fiz isso por você... Fiz isso porque eu te amo!” senti uma enorme onda de felicidade.

“Você me ama? Me ama de verdade?” ainda estava cogitando essa notícia.

Ele sorrio pra mim, entrelaçou seu braços em minha cintura, deixou o espaço entre nós nulo e me beijou de forma mais carinhosa e intensa que antes. Fiquei meio sem ar, mas tinha que admitir, estava adorando finalmente poder ter Sasuke só pra mim. O beijo não foi tão longo como o outro, mas me pareceu mais saboroso.

Sasuke parou o beijo com um último selo, sorriu e falou baixinho “Você ainda tem duvidas?”

Eu corei de leve, balancei a cabeça em sinal de não e disse “Nem um pouco.”

Ele tornou a me beijar e ficamos assim até os primeiros raios de sol...

*~ Fim ~*